Chimpanzé (AP)
Cnnportugal.iol.pt 18/01/2023
A adolescência dos chimpanzés, que podem viver até aos 50 anos, ocorre entre os 8 e 15 anos e, como nos humanos, apresentam mudanças rápidas a níveis hormonais, começam a formar novos laços com os seus pares e tornam-se mais agressivos e a competir por um estatuto social, referem os investigadores
Os chimpanzés adolescentes podem ser menos impulsivos que os humanos da mesma idade, embora partilhem alguns comportamentos de risco, refere uma investigação da American Psychological Association.
“Os chimpanzés adolescentes enfrentam, de certa forma, a mesma tempestade psicológica que os adolescentes humanos”, sublinhou Alexandra Rosati, a principal investigadora e professora de psicologia e antropologia da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Os autores da investigação publicada online no "Journal of Experimental Psychology" descobriram que "várias características-chave da psicologia adolescente humana também são observadas nos parentes primatas mais próximos", destacou Rosati, em referência ao animal cujo ADN é 98,6% compatível com o do Homem.
A adolescência dos chimpanzés, que podem viver até aos 50 anos, ocorre entre os 8 e 15 anos e, como nos humanos, apresentam mudanças rápidas a níveis hormonais, começam a formar novos laços com os seus pares e tornam-se mais agressivos e a competir por um estatuto social, referem os investigadores em comunicado.
Os cientistas realizaram dois testes em 40 chimpanzés nascidos na natureza que vivem numa reserva na República do Congo.
No primeiro teste, chimpanzés adolescentes e adultos podiam escolher entre dois recipientes: um continha sempre amendoim, alimento de que gostam muito, e o outro ou uma rodela de pepino, que não gostam, ou uma rodela de banana, de que gostam ainda mais.
Os chimpanzés poderiam jogar pelo seguro e pegar nos amendoins ou arriscar uma cobiçada banana, correndo o risco de acabar com um pepino nada apetitoso.
As reações emocionais e vocalizações dos chimpanzés, incluindo gemidos, gritos, batidas na mesa ou arranhões, foram registadas, assim como foram recolhidas amostras de saliva para monitorizar os níveis hormonais.
Ao longo de várias rondas de teste, os chimpanzés adolescentes escolheram a opção arriscada com mais frequência do que os adultos, mas ambos tiveram reações negativas semelhantes quando receberam pepino.
No segundo teste, inspirado no chamado "teste do marshmallow" feito em crianças humanas, os chimpanzés podiam receber uma fatia de banana imediatamente ou esperar um minuto para receber três. Não houve diferenças na percentagem de adolescentes e adultos que optaram pela segunda opção.
Adolescentes humanos tendem a ser mais impulsivos do que os adultos, tornando-os mais propensos a aceitar recompensas imediatas, aponta a investigação.
“Investigações anteriores indicam que os chimpanzés são bastante pacientes em comparação com outros animais e o nosso estudo mostra que a sua capacidade de adiar a gratificação já está madura numa idade bastante jovem, ao contrário dos humanos”, salientou Rosati.
No entanto, os chimpanzés adolescentes não ficaram felizes enquanto esperavam pelas fatias extras de banana e tiveram mais acessos de raiva durante a espera de um minuto, em comparação com os chimpanzés adultos.
O comportamento de risco em chimpanzés adolescentes e humanos parece estar profundamente enraizado biologicamente, mas o aumento do comportamento impulsivo pode ser específico de adolescentes humanos, concluiu Rosati.
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