Mais de 50.000 pessoas morreram desde 2014 em rotas migratórias, grande parte para tentar chegar à Europa, mas os países de origem, trânsito e destino pouco fizeram para evitar tal situação, de acordo com relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira (23) pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), o número de vítimas mortais em rotas migratórias começou a ser contabilizado há oito anos, quando foi criado o Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM, que lamenta a “pouca ação” dos governos para “enfrentar a crise global em curso de migrantes desaparecidos”.
“Embora milhares de mortes tenham sido documentadas nas rotas de migração, muito pouco foi feito para lidar com as consequências dessas tragédias e muito menos para evitá-las”, afirma a coautora do relatório Julia Black, citada no documento da agência presidida pelo português António Vitorino.
“Independentemente dos motivos que levam as pessoas a migrar, ninguém merece morrer em busca de uma vida melhor”, acrescenta Julia Black.
Mais de metade das 50.000 mortes documentadas aconteceram em rotas para e dentro da Europa, com o mar Mediterrâneo a reivindicar pelo menos 25.104 vidas.
África surge como a segunda região mais mortal para migrantes, com mais de 9.000 mortes documentadas no continente desde 2014. No entanto, investigações realizadas regionalmente indicam que este número global está, quase de certeza, muito abaixo dos valores reais.
No continente americano, por sua vez, foram documentadas quase 7.000 mortes, a maioria das quais nas rotas para os Estados Unidos (4.694), sendo que, só na fronteira terrestre com o México foram contabilizadas pela OIM mais de 4.000 mortes desde 2014.
Outras 6.200 mortes foram registadas na Ásia, sendo que é nesta região que as crianças representam a maior fatia das mortes em rotas migratórias: 11%.
Das 717 crianças mortas contabilizadas, mais de metade (436) eram refugiadas da minoria étnica muçulmana ‘rohingya’.
A OIM alerta ainda para a quantidade de migrantes mortos mas nunca identificados, referindo que mais de 30 mil pessoas registadas no Projeto de Migrantes Desaparecidos têm “nacionalidade desconhecida”, o que indica que há milhares de famílias à espera indefinidamente de respostas.
Segundo adianta o relatório da agência que integra o sistema das Nações Unidas, na Ásia ocidental pelo menos 1.315 pessoas morreram quando tentavam chegar a um novo destino, muitas das quais em países em guerra, tornando quase impossível verificar a sua identidade.
“As obrigações do Direito Internacional, incluindo o direito à vida, têm de ser cumpridas em todos os momentos”, sublinha a OIM no relatório, defendendo que é preciso trabalho conjunto para prevenir e reduzir o número de mortes de migrantes.
Deve ser “dada prioridade a operações de busca e resgate, melhorar e expandir as rotas regulares e seguras de migração e garantir que as políticas migratórias defendem a proteção e a segurança das pessoas”, conclui.
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