segunda-feira, 29 de agosto de 2022

RUMO À LUA: É lançado hoje o maior e mais potente foguetão em direção da Lua

NASA/JOEL KOWSKY

SIC Notícias  29/08/22

Após mais de uma década de desenvolvimento, o novo foguetão lunar da NASA parte para o espaço na primeira missão de reconquista da Lua.

29 de agosto de 2022 poderá ficar registado como mais um dia histórico da conquista espacial. Mais de cinco décadas depois do primeiro passo do Homem na Lua, a 20 de julho de 1969, é lançada a primeira fase do programa Artemis para levar de novo astronautas à Lua, desta vez incluindo mulheres, como parte da missão até Marte.

A missão da NASA com participação da ESA tem hora de partida prevista para as 8h33 em Cabo Canaveral, na Florida, serão 13h33 em Lisboa. Mas se a meteorologia não cooperar, há outras duas datas alternativas: 2 ou 5 de setembro.

 O lançamento em direto no site da NASA.👇

Programa Artemis

O programa norte-americano para o regresso à Lua, Artemis, irmã gémea de Apolo e deusa da caça e da Lua na mitologia greco-romana, é constituído por várias missões. Depois de alguns adiamentos, Artemis I é a primeira, sendo que ainda não levará astronautas a bordo.

Esta primeira missão visa testar o novo foguetão gigante da NASA, SLS (Space Launch System), e a cápsula Orion colocada no topo e onde viajarão as tripulações a partir da missão Artemis II.

O maior e e mais potente foguetão jamais construído já iniciou a sua jornada: a 17 de agosto foi colocado da rampa de lançamento 39B no Centro Espacial Kennedy na Florida.

No topo do foguetão está a cápsula Orion, onde futuramente serão instalados os astronautas mas onde atualmente viajam bonecos e experiências científicas.

A cápsula Orion, uma vez impulsionada pelo foguetão, irá até à Lua e entrará na sua órbita, para depois regressar à Terra, numa missão que pode durar de 39 a 42 dias. Deverá ser recuperada no Oceano Pacífico e depois reutilizada.

Será possível acompanhar o percurso da Orion em tempo real

Em 2024, a missão Artemis II deverá então levar astronautas, mas não são ainda estes que terão o privilégio de pisar a Lua. Farão o mesmo percurso que a Artemis I - uma volta à Lua e o regresso a casa.

Será a tripulação da Artemis III que, em 2025 na melhor das hipóteses, voltará a pisar a Lua, 53 anos depois de o último homem ter lá estado, na missão Apollo VII.

Enquanto o programa Apollo apenas permitiu a viagem a homens brancos, o programa Artemis quer dar a hipótese a mulheres e a pessoas de outra raça.

Dados da Missão Artemis I:

  • Data de lançamento: agosto 29, 2022
  • Duração da missão: 42 dias, 3 horas, 20 minutos
  • Distância total percorrida: 2 milhões de quilómetros
  • Velocidade de reentrada: 39 mil km/h (Mach 32)
  • Splashdown (queda no oceano): 10 de outubro de 2022

Ilustres "passageiros" e experiências a bordo da Orion

A bordo da Orion seguirá um trio de manequins que irão ajudar a NASA a compreender qual a melhor forma de proteger os verdadeiros astronautas durante as futuras missões tripuladas.

EM CIMA OS BONECOS HELGA E ZOHAR,
EM BAIXO O "COMANDANTE MOONIKIN
CAMPOS" / NASA

O "comandante Moonikin Campos" estará ligado a sensores para fornecer dados sobre o que poderá afetar os membros da tripulação numa viagem à Lua. Dois sensores de radiação estão no seu fato espacial - Campos veste o Orion Crew Survival System de primeira geração, igual ao que os verdadeiros astronautas usarão durante o lançamento, a entrada e outras fases dinâmicas das missões. O assento também possui sensores para registar dados de aceleração e vibração.

Ao lado de Campos viajam dois bonecos europeus que fazem parte do projeto conjunto com a Alemanha e Israel Matroshka AstroRad Radiation Experiment (MARE): Helga e Zohar. Zohar usa um colete de proteção contra a radiação equipado com sensores para determinar o risco de radiação no caminho até à Lua, mas Helga não para se perceber as diferenças.

Pequenos satélites apanham boleia até à órbita da Lua

A bordo do SLS seguem dez CubeSat, pequenos satélites do tamanho de caixas de sapatos que serão lançados para o espaço durante a viajem. Pequenos em tamanho mas com enorme potencial para a ciência e exploração espaciais, observação da Terra e para as transmissões de comunicação.

A participação da Europa na missão à Lua

A ESA participa no programa Artemis com o módulo de serviço construído na Europa - European Service Module - que fornece energia e propulsão para a cápsula Orion e também fornecerá água e ar para os astronautas em futuras missões.

Outro projeto fundamental do programa Artemis é o Gateway - será um posto na órbita da Lua que vai fornecer um apoio vital no regresso de seres humanos à Lua. Desta casa temporária, os astronautas seguirão num módulo de aterragem para o polo sul da Lua.

Será também um importante ponto de partida para a exploração do espaço profundo e de uma futura ida a Marte.

NASA

Uma base na Lua para partir para Marte

O regresso à Lua é, por si só, uma conquista impressionante. Mas colocar astronautas na Lua pela primeira vez desde a última missão da Apolo, em 1972, tem um objetivo mais ambicioso: estabelecer uma presença humana permanente na Lua e na sua órbita, construindo uma infraestrutura que permita aos humanos ir ainda mais longe no sistema solar.

O programa Artemis é assim uma etapa para a ambição de longa data de chegar a Marte. No início deste ano, a NASA divulgou os seus objetivos "Da Lua a Marte" com os 50 pontos-chave para a exploração, transporte e infraestruturas na Lua e em Marte.

À procura de água na Lua

Dezenas de experiências robóticas serão enviadas para a Lua ainda antes dos seres humanos. Por vários locais serão espalhados pequenos robôs entre 2022 e 2025.

Exemplo disso será o Veículo de Exploração Polar para Investigação Volátil (VIPER) lançado em 2023 para pousar no polo sul da Lua e procurar água e outros recursos.

Será lançado a bordo de um foguetão Falcon Heavy da empresa privada SpaceX e o local previsto da alunagem será perto do lado ocidental da cratera Nobile, onde irá explorar a superfície numa área aproximada de 93 quilómetros quadrados.

DESENHO DE VIPER, UM ROBÔ MÓVEL QUE PERCORRERÁ O POLO SUL DA LUA EM BUSCA DE GELO. A MISSÃO VIPER VAI PROCURAR ONDE ESTÁ A ÁGUA E QUANTO ESTARÁ DISPONÍVEL, UM PASSO SIGNIFICATIVO PARA O OBJETIVO FINAL DA NASA DE UMA PRESENÇA SUSTENTÁVEL E DE LONGO PRAZO NA LUA - TORNANDO EVENTUALMENTE POSSÍVEL EXPLORAR MARTE E MAIS ALÉM.NASA / AMES RESEARCH CENTER / DANIEL RUTTER

O polo sul lunar é uma das regiões mais frias do Sistema Solar. Dados de missões anteriores levaram os cientistas a concluir que existe gelo nos polos da Lua.

VIPER vai recolher amostras de pelo menos três locais em áreas cuidadosamente selecionadas do polo Sul e analisará as características do gelo utilizando sensores e o berbequim que tem a bordo.

A ÁREA MONTANHOSA A OESTE DA CRATERA NOBILE E AS CRATERAS MENORES QUE COBREM O POLO SUL DA LUA, UMA REGIÃO COM ÁREAS PERMANENTEMENTE NA SOMBRA E ZONAS QUE SÃO BANHADAS PELO SOL A MAIOR PARTE DO TEMPO. O TERRENO NA REGIÃO DE NOBILE É O MAIS ADEQUADO PARA O ROBÔ VIPER NAVEGAR, COMUNICAR E DETERMINAR O POTENCIAL DE ÁGUA E OUTROS RECURSOS. /NASA


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