segunda-feira, 30 de maio de 2022

NIGÉRIA: Raptado o líder da Igreja Metodista da Nigéria por homens armados

© dailypost.ng Methodist Church Prelate, Samuel Kanu abducted in Abia

Por LUSA  30/05/22 

Homens armados não identificados raptaram domingo o líder da Igreja Metodista da Nigéria, Samuel Kanu, e dois outros clérigos enquanto viajavam por estrada no sudeste do país, confirmou hoje a polícia.

"O prelado da Igreja Metodista, Samuel Kanu, e dois outros sacerdotes foram raptados por criminosos na autoestrada entre [as cidades de] Enugu e Port Harcourt, na cidade de Umunneochi, ontem [domingo] por volta das 14:00 locais", disse Geoffrey Ogbonna, porta-voz da polícia no estado de Abia, onde os ataques tiveram lugar.

Segundo Ogbonna, os atacantes dispararam alguns tiros antes de tomarem Kanu e os outros dois clérigos, incluindo o bispo metodista de Owerri (capital do vizinho estado de Imo), Dennis Mark.

"O comando da polícia estatal está em movimento. Estamos a trabalhar com as outras agências de segurança para encontrar os perpetradores e levá-los à justiça (...). A busca das vítimas está em curso", acrescentou o porta-voz.

O sudeste da Nigéria tem sido recentemente palco de graves raptos e assassinatos atribuídos pelas autoridades aos separatistas do Povo Indígena de Biafra (Ipob), um grupo que defende a secessão do território.

No início deste mês, a polícia encontrou a cabeça cortada de um deputado no estado vizinho de Anambra, depois de ter sido raptado por pistoleiros.

Também este mês, e em Anambra, atacantes armados dispararam e mataram uma mulher grávida e os seus quatro filhos enquanto invadiam uma comunidade.

O líder do Ipob, Nnamdi Kanu, está atualmente a ser julgado após ter sido apresentada à justiça pelo Governo nigeriano sob acusações de terrorismo.

A tensão nesta área remonta a 30 de maio de 1967, quando, no meio de tensões étnicas crescentes, devido a sucessivos golpes de Estado, o governador da Nigéria Oriental, Emeka Ojukwu, anunciou a criação da República de Biafra para proteger o grupo étnico Ibo, alvo de massacres no norte do país.

O governo militar nigeriano tentou recuperar o controlo pela força, levando à guerra civil nigeriana (1967-1970), que causou quase dois milhões de mortos, principalmente devido à fome que devastou a região por causa de um bloqueio de dois anos.

Esta insegurança é agravada pela insegurança no centro e noroeste do país, que sofrem ataques incessantes de bandidos e raptos em massa para obter resgates lucrativos.

A Nigéria também sofre da ameaça 'jihadista' que assola o nordeste do país desde 2009, causada pelo grupo Boko Haram e, desde 2015, pela sua fação Iswap (Estado islâmico na província da África Ocidental).

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