21.08.2020 Por SIC Notícias
Militares que tomaram o poder no Mali anunciam eleições dentro de "prazo razoável".
A junta que derrubou o Presidente do Mali vai colocar no seu lugar "um presidente de transição", que vai ser "um militar ou um civil", afirmou na quinta-feira o seu porta-voz em entrevista à televisão France24.
"Vamos instalar um conselho de transição com um presidente de transição, que vai ser ou um militar ou um civil. Estamos em contacto com a sociedade civil, os partidos da oposição, a maioria, toda a gente, para procurar avançar com a transição", declarou o porta-voz da junta, o coronel-major Ismael Wagué. "Esta transição vai ser o mais curta possível", disse.O mandato do Presidente derrubado, Ibrahim Boubacar Keïta, que se demitiu na noite de terça para quarta-feira, quando se encontrava detido pelos golpistas, prolongava-se até 2023.
O porta-voz do Comité Nacional para a Salvação do Povo, que dirige agora o país, recusou a ideia de que o Presidente Keita, que afirmou que não tinha outra escolha, se tenha demitido sob pressão.
Ismael Wagué voltou a justificar a intervenção dos militares com a existência de "um bloqueio do país" desde há muito.
"Uma parte da população sofria. (...) O nível da corrupção era muito elevado. Digo-vos claramente prefiro evitar o termo 'golpe de Estado', porque isto não o é", acresscentouO coronel-major disse também que o destino do ex-Presidente vai ser decidido pela justiça do país, e não pelos militares, e recusou qualquer ligação entre o Comité e o M5, o movimento de contestação, que junta chefes religiosos, sociedade civil e políticos, que reclamava a saída de Keita e saudou a intervenção militar.
Ibrahim Boubacar Keita anunciou a demissão na madrugada de quarta-feira, horas depois de ter sido afastado do poder num golpe liderado por militares, após meses de protestos e agitação social no país.
A ação dos militares já foi condenada pela Organização das Nações Unidas (ONU), União Africana, CEDEAO e União Europeia (UE). Portugal tem no Mali 74 militares integrados em missões da ONU e da UE.
Antigo primeiro-ministro (1994-2000), Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, foi eleito chefe de Estado em 2013, e renovou o mandato de cinco anos em 2018.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.