sábado, 3 de junho de 2017

Funcionários em lágrimas: GENERAL UMARO SISSOCO EMBALÓ PRIVATIZA PORTO DE BISSAU

O governo do Primeiro-ministro General Umaro Sissoco Embaló causou surpresa e indignação no seio dos trabalhadores do Porto de Bissau, que ouviram em lágrimas, no dia 23 de fevereiro passado, o Conselho de Ministros manifestar o seu desejo e interesse em privatizar aquela empresa portuária, tendo já instruído o ministro dos Transportes e Comunicaçoes, Fidélis Forbs no sentido de constituir uma Comissão que trabalhe o assunto.

Dentre os funcionários, a opinião é unanime que o Porto de Bissau respira muito bem de saúde financeira e não precisa de dinheiro de privatizações para sobreviver. Garantem que Porto de Bissau vive e sobrevive com o seu rendimento interno. Não precisa, portanto, de dinheiro da privatização para as suas actividades internas. Como prova desta garantia sustentam que é com a receita interna que a empresa paga os salários dos funcionários e pavimentou todo o perímetro do seu enorme parque.

ESTADO GUINEENSE DEVE CINCO BILHÕES DE FCFA AOS PORTOS DE BISSAU

Os trabalhadores revelaram a ‘O Democrata’ que o Estado da Guiné-Bissau é o maior devedor do Porto de Bissau. Por exemplo, de 2010 a 2014, a dívida do Estado para com a empresa portuária nacional é estimada em cinco bilhões de Francos CFA. Por esta e por outras razões, sobretudo, por tersustentabilidade interna financeiramente, os funcionários de Porto de Bissau não entendem as razões e motivações do governo do Primeiro-ministro General Umaro Sissoco Embaló de querer, a todo custo, privatizar uma das empresaspúblicas nacionais que respira uma enorme saúde financeira.

Por outro lado, informaram que o Banco Oeste Africano para o Desenvolvimento (BOAD) já cedeu ao Porto de Bissau um empréstimo de 25 bilhões de Francos CFA e que aprivatização agora em marcha poderá pôr em causa a absorção adequada desse valor do empréstimo.

Curiosamente na mesma semana em que os técnicos da empresa ‘Necotrans’ estavam a fazer o recenseamento dos funcionários de Porto de Bissau no Departamento dos Recursos Humanos, os técnicos de BOAD também estavam em Bissau para estudar com a autoridade portuária nacional um programa de investimento que poderá permitir o desbloqueamento do 25 bilhões de empréstimo.

Os 25 bilhões de Francos CFA, de acordo com os funcionários do Porto de Bissau já rendeu um juro bancário de 30 milhões de Francos CFA e temem que se a Direcção de BOAD souber da pretensão do governo em privatizar o Porto de Bissau que possa pura e simplesmente cancelar o referido empréstimo bancário. O que na visão da Comissão dos Trabalhadores do Porto de Bissau seria um prejuízo enorme em termos financeiros.

FUNCIONÁRIOS CONSIDERAM A PRIVATIZACÃO DO PORTO DE ABUSO DE PODER DO GOVERNO

Os funcionários do Porto de Bissau consideram que o processo da privatização do Porto de Bissau em marcha sem antes avisar a sua Direcção e os seus trabalhadores é um autêntico abuso de poder do governo de General Umaro Sissako. A privatização a decorrer a uma velocidade estonteante e não deixa margem na berma das estradas. Os funcionários não foram tidos nem achados num assunto de extrema importância nas suas vidas, alguns com 40 anos de serviço.

Cresce ainda mais a indignação e revolta dos funcionários. Ofacto é que até a data do fecho da nossa edição uma das três empresas candidatas a privatização do Porto de Bissau já fez o recenseamento de número dos funcionários que existem naquele estabelecimento portuário de Bissau.

Tudo feito sem que o governo tenha anunciado o vencedor do concurso da privatização e não se sabe ainda quem fará parte da Comissão da Privatização que deveria integrar um elemento de Sector de concurso Publico, um de Alfândegas, um de Porto de Bissau e um de Instituto Marítimo da Guiné-Bissau.

Na verdade, sem ser anunciado publicamente como a vencedora do concurso público da privatização de Porto de Bissau, a empresa ‘Necotrans’ já fez o recenseamento dopessoal e tem passado pente fino ao Departamento dos Recursos Humanos de Porto de Bissau. Os funcionários temem agora que a empresa venha a desencadear uma vaga de despedimentos.

Entretanto, O Democrata tentou contactar o ministro dos Transportes e Comunicações, Fidélis Forbs para abordar a situação da privatização do Porto de Bissau, mas sem sucesso.Todas as vias de contactos possíveis para com o Ministro foram, pura e simplesmente, neutralizadas. 

Por: António Nhaga
OdemocrataGB

Sem comentários:

Enviar um comentário