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POR LUSA 20/09/23
Um ataque com armas ligeiras contra um veículo em que seguiam soldados russos da força de manutenção da paz em Nagorno-Karabakh fez hoje um número indeterminado de vítimas mortais, informou o Ministério da Defesa da Rússia.
"Um veículo com militares russos foi alvo de fogo de armas ligeiras quando regressava de um posto de observação do contingente de manutenção da paz em Cayataq (cerca de 35 quilómetros a norte da capital de Nagorno-Karabakh, Jankendi). Em consequência do ataque, todos os soldados foram mortos", declarou, num comunicado, o Ministério da Defesa na rede social Telegram, sem quantificar.
O ministério russo também não especificou a hora do incidente, pelo que não se sabe se ocorreu antes ou depois do cessar-fogo declarado entre as partes no Nagorno-Karabakh, mas adiantou que investigadores russos e azeris estão no local para apurar as causas do ataque.
As autoridades da autoproclamada república do Nagorno-Karabakh anunciaram um acordo de cessar-fogo ao meio-dia de hoje, 24 horas depois de o Azerbaijão ter lançado uma operação militar no território separatista povoado por arménios.
As duas partes concordaram em desarmar as suas unidades e dissolver as forças de defesa de Nagorno-Karabakh e vão retomar quinta-feira as negociações, sobretudo no que diz respeito à integração do enclave no Azerbaijão e as garantias de segurança para os habitantes do enclave.
Entretanto, fontes da missão de paz russa indicaram que o cessar-fogo entre o Azerbaijão e os separatistas arménios em Nagorno-Karabakh está, "por enquanto", a ser respeitado.
"Não foram registadas quaisquer violações do cessar-fogo", referiu num boletim informativo o contingente russo, sublinhando que continuam as operações de retirada da população civil.
Segundo as fontes, as forças russas já retiraram 3.154 pessoas, incluindo 1.428 crianças, para o local onde estão instaladas.
Entretanto, em Moscovo, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou hoje quer a crise em Nagorno-Karabakh é "um assunto interno" do Azerbaijão.
"Não há dúvida de que a questão em Nagorno-Karabakh é um assunto interno do Azerbaijão", disse Peskov, citado pela agência Interfax.
"O Azerbaijão está a agir no seu próprio território, o que é reconhecido pela liderança arménia", acrescentou.
Segundo o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, os separatistas do Karabakh "começaram" já a entregar as suas armas.
Entretanto, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, falou hoje por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, mais de 24 horas após o início da ofensiva do Azerbaijão neste enclave separatista, segundo informou no Facebook a porta-voz de Pachinian, Nazeli Baghdassarian.
A Arménia responsabilizou hoje a Rússia pela segurança dos cerca de 120 mil arménios de Nagorno-Karabakh, na sequência da decisão dos separatistas de aceitarem depor as armas e negociar com o Azerbaijão.
O acordo, que pôs termo a uma ofensiva militar lançada pelo Azerbaijão em Nagorno-Karabakh há 24 horas, foi negociado pela força de manutenção da paz que a Rússia mantém no território desde 2020.
Situado no sul do Cáucaso, Nagorno-Karabakh é um pequeno território montanhoso que tinha cerca de 150 mil habitantes antes da guerra de 2020, maioritariamente arménios.
Nagorno-Karabakh foi uma região autónoma da então república soviética do Azerbaijão, mas as autoridades locais anunciaram a intenção de pertencer à Arménia no processo de dissolução da União Soviética.
Estados Unidos, Rússia e França têm mediado o conflito entre a Arménia e o Azerbaijão, um exportador de petróleo para a Ásia Central e Europa.