Bissau, Hospital Simão MendesVOA
BISSAU - Os hospitais da Guiné-Bissau país estão a funcionar sem grande parte de profissionais de saúde, que abandonaram as unidades e exigem melhores condições laborais.
A situação agravou-se com a detenção, na última sexta-feira, de dois dirigentes sindicais, que foram postos, na segunda-feira (25) em liberdade por ordem de um juiz.
Com a excepção do pessoal dirigente, os profissionais de saúde espalhados em oito hospitais regionais e 137 centros de saúde e estruturas sanitárias continuam em casa.
Em consequência, as unidades hospitalares reportam cenários de um sistema em colapso.O desespero entre a população está evidente.
“Imagina estar doente e não poder ser atendido. Os médicos e o pessoal de saúde não estão no hospital”, desabafou um doente à VOA, no Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau.
Exames
Paulino Nancabi, afecto aos Serviços de Urgência daquele hospital, é um dos poucos médicos disponíveis, disse que há limitação em termos de acesso a certos exames, devido a falta do pessoal no laboratório principal.
“Temos tido pacientes graves que requerem mais estudos”, disse Nancabi.
Outro cenário crítico se regista em Buba, região de Quinara, sul do país.
Aqui, um dos doentes disse que “as pessoas não estão a ser atendidas. Ninguém está lá. Pessoas são obrigadas a ficar em caso com os seus problemas.Nunca tinha visto uma greve igual na Guiné-Bissau”.
Em Catió, capital da região de Tombali, localizada igualmente no sul, a VOA falou com o enfermeiro Lulu Té, que também reportou um quadro de abandono
“Todas as marquesas, ou seja, leitos do hospital, estão totalmente vazias. Na região não temos outra solução que não seja o Hospital regional. Não há clinicas privadas”, disse.
Té acrescentou que“a única pessoa que está a trabalhar é o director do Hospital, que, mesmo vendo pela ele, nota-se um desgaste, pois é única pessoa que é chamada na Maternidade para assistir uma gravida e é a única a ser chamada quando há uma pessoa a sagrar do outro lado”.
Soluções
De Bafatá e Gabú, há indicações de que os pacientes recorrem à clínicas privadas para as suas enfermidades, onde, apesar dacrítica situação, consta que não tem se registado especulação no custo de consultas e exames.
Entretanto, são vistas movimentações das autoridades na procura de soluções para ultrapassar a crise, tendo avançado com a Requisição Civil, recrutando médicos e técnicos de saúde em idade de reforma.
Um comunicado do Conselho de Ministros, datado de ontem (25), anunciou que o Governo vai "recrutar médicos adstritos à Brigada Médica Cubana", que se encontra em serviço no país e expatriados Cubanos".
De momento, todas a negociações com os sindicalistas estão suspensas.