terça-feira, 2 de julho de 2024

O Presidente do Chade é alvo de um inquérito judicial preliminar em França por suspeita de desvio de fundos públicos e ocultação de despesas em vestuário feitas em Paris, disse hoje fonte ligada ao processo.

© DENIS SASSOU GUEIPEUR/AFP via Getty Images
Por Lusa  02/07/24 
 PR do Chade sob investigação em França por suspeita de desvio de fundos
O Presidente do Chade é alvo de um inquérito judicial preliminar em França por suspeita de desvio de fundos públicos e ocultação de despesas em vestuário feitas em Paris, disse hoje fonte ligada ao processo.


O inquérito preliminar visando Mahamat Idriss Déby Itno, aberto em janeiro passado pela Procuradoria Nacional de Finanças (PNF), está a cargo do Departamento Central de Repressão da Grande Delinquência Financeira (OCRGDF, na sigla em francês).

A investigação foi aberta na sequência de um artigo publicado no portal de notícias Mediapart, em dezembro de 2023, sobre gastos superiores a 900 mil euros, em Paris, em fatos, camisas e outras roupas de luxo, graças a pagamentos recebidos de uma empresa chadiana através de um banco.

Segundo o Mediapart, "os pagamentos foram feitos a partir da empresa MHK Full Business, sobre a qual pouco se sabe e que está registada em N'Djamena, com uma conta no Banque Commerciale du Chari (BCC), um dos oito bancos autorizados no Chade".

Os fundos foram transferidos em 01 de dezembro de 2021 e novamente em 04 de maio de 2023, de acordo com aquele portal de notícias.

A investigação poderá ser alargada aos ativos imobiliários detidos pela família Déby e pela sua comitiva em França.

O general Mahamat Idriss Déby Itno foi eleito Presidente do Chade em 06 de maio, numa eleição muito contestada pela oposição e por organizações não-governamentais (ONG) internacionais, três anos depois de ter assumido o poder à frente de uma junta militar.

Com 37 anos, foi proclamado chefe de Estado pelo exército em 20 de abril de 2021, à frente de uma junta de 15 generais, após a morte do seu pai Idriss Déby Itno, morto por rebeldes a caminho da frente de batalha, depois de ter governado o Chade com mão de ferro durante 30 anos.

O Presidente Emmanuel Macron foi o único chefe de Estado ocidental a assistir ao funeral.

Desde 2021 que o país é cenário de uma violenta "repressão", por vezes sangrenta, da oposição, segundo as ONG.

O Chade, um país pobre e sem litoral na região do Sahel que sofre de seca prolongada, tem uma população de 18 milhões de habitantes.

De acordo com o Banco Mundial, 42,3% da população vive abaixo do limiar de pobreza nacional, apesar de o país ser produtor de petróleo desde 2003.

A ONG Action contre la Faim estimou recentemente que mais de 3,4 milhões de pessoas se encontram em situação de "insegurança alimentar crítica".

O Chade alberga cerca de 1,4 milhões de pessoas deslocadas internamente ou refugiadas de países vizinhos, nomeadamente do Sudão, em guerra desde há um ano.

Em Paris, estão a decorrer outras investigações sobre suspeitas de ganhos ilícitos de famílias de dirigentes africanos, como a família Bongo, no Gabão, e a família Sassou Nguesso, na República do Congo.


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