© Getty/Majid Saeedi
POR LUSA 04/07/23
O Governo talibã no poder no Afeganistão vai proibir os salões de beleza para mulheres em todo o país, aos quais deu o prazo de um mês para encerrarem.
"O ministério enviou uma carta aos municípios para o cancelamento dos salões de beleza" a partir do dia 23 de julho, disse hoje à agência de notícias espanhola EFE o porta-voz do Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, Mohammad Sadiuq Akig Mahajir.
Na mesma missiva enviada para as localidades de todo o país, o Governo talibã alerta que os centros de beleza para mulheres devem terminar todas as atividades ao longo do mês de julho e que, "uma vez ultrapassado o prazo", os espaços passam a ser ilegais.
A medida foi adotada após uma ordem do líder supremo dos talibã, mullah Mawlawi Haibatullah Akhundzad.
Esta proibição, que se junta à lista de restrições impostas às mulheres afegãs desde a chegada ao poder dos talibãs em agosto de 2021, afeta também uma das poucas oportunidades de negócio no país.
"Milhares de famílias encabeçadas por mulheres vão perder rendimentos. Isto é realmente difícil para nós, para podermos sobreviver. É uma espécie de tortura para nós (mulheres)", disse à EFE uma maquilhadora de um centro de estética em Cabul.
Desde que os fundamentalistas islâmicos tomaram o poder, as mulheres têm-se visto privadas de direitos e sujeitas a restrições como a segregação sexual em locais públicos, a imposição do véu islâmico ou a obrigação de viajarem com familiares do sexo masculino.
À lista que suprime os direitos das mulheres incluiu-se desde o passado mês de dezembro a proibição de trabalho para organizações não-governamentais ou frequência universitária, ordem que sucedeu à proibição de mulheres no ensino secundário.
A realidade das mulheres no Afeganistão assemelha-se cada vez mais à época do primeiro regime talibã, que se manteve no poder entre 1996 e 2001, e que tem como base uma intrepretação fundamentalista do Islão.
O Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção contra o Vício esteve em funções até 2001 tendo sido extinto após a intervenção militar internacional que se prolongou durante vinte anos e que voltou a fazer parte do novo governo fundamentalista após a retirada das forças da NATO, incluindo Portugal, lideradas pelos Estados Unidos.
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