segunda-feira, 22 de maio de 2023

IMPRENSA: Guiné-Conacri. Jornalistas boicotam cobertura de atividades junta militar

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 POR LUSA  22/05/23 

As associações de imprensa guineenses anunciaram hoje que vão boicotar todas as atividades da junta militar no poder até que esta levante as restrições à divulgação da informação, nomeadamente a limitação do acesso à Internet.

As organizações que representam as televisões, rádios, jornais e portais privados na Internet também declararam o porta-voz do Governo e ministro das Telecomunicações, Ousmane Gaoual Diallo, como "inimigo da imprensa guineense".

Em comunicado, anunciaram um "dia sem imprensa na terça-feira" e uma marcha de protesto em 01 de junho.

As mesmas associações denunciaram na passada quinta-feira a apreensão dos transmissores de duas estações de rádio pertencentes ao grupo de imprensa Afric Vision, a restrição ou bloqueio do acesso a populares portais de notícias e redes sociais, e os comentários do porta-voz do governo de que as autoridades iriam encerrar todos os meios de comunicação social que contribuíssem para "minar a unidade nacional" ou "incitar os guineenses uns contra os outros".

Ousmane Gaoual Diallo negou, no entanto, qualquer envolvimento das autoridades nos distúrbios na Internet e na operação contra a Afric Vision.

Estas ações coincidem com uma convocação de manifestações por parte da oposição.

Os internautas guineenses queixam-se desde o passado dia 17 da dificuldade ou impossibilidade de aceder a portais de notícias ou a redes sociais como o Facebook, WhatsApp, Instagram ou TikTok sem uma VPN.

As restrições foram confirmadas pelo serviço de monitorização da Internet NetBlocks.

A Guiné-Conacri é governada desde 2021 por uma junta militar liderada pelo coronel Doumbouya.

Os militares concordaram, sob pressão internacional, em entregar o poder a civis eleitos até ao final de 2024, enquanto procedem a reformas de grande alcance.

A junta militar deteve uma série de líderes da oposição e iniciou processos judiciais contra outros.

Paralelamente, proibiu em 2022 todo o tipo de manifestações.

A oposição denuncia a gestão autoritária e exclusiva do país por parte da junta e apela à rápida devolução do poder aos civis.


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