O presidente do PAIGC, partido cujos problemas internos estão na origem da presente crise, pretende lavar as mãos com sabão de vítima e deitar a bacia da água suja para cima de outro partido?
Não conhecemos o teor do processo relacionado com os 13 militantes convocados ao Ministério Público. Nem Domingos Simões Pereira parece conhecer, ou pelo menos não o partilha no texto em epígrafe. No entanto não hesita em presumir acusações, nem em imputá-las a quem lhe convém.
"Agora, estes são acusados e vão ser ouvidos". Não, não tente dar o salto maior que a perna, invertendo o trâmites: vão ser ouvidos, e só depois, eventualmente, acusados. E, caso o Ministério Público avance, quem decide da sua eventual culpa, para os transformar em condenados, é o tribunal. Até lá, são simples testemunhas, e mesmo que sejam acusados, são ainda presumidos inocentes. A ladainha da vítima não pega.
Mas o que choca pelo absurdo é apontar o dedo ao PRS. O Ministro de Estado e do Interior, que acusa de ser o instigador, é porventura um alto dirigente do PRS? Não. O comanditário que aponta, foi porventura quem disputou a liderança do PRS em Congresso? Não. Porventura no "grupo de arruaceiros" identificaram-se com o cartão do PRS? Não, alguns fizeram mesmo questão de mostrar o cartão do PAIGC, não se percebendo por que razão foram impedidos de entrar na sede do seu Partido, ou por que não estava ninguém para os receber e com eles dialogar.
A recente recusa em participar do diálogo ao mais nível, ignorando convocatória do Presidente da República, vem apenas confirmar essa estratégia autista, de quem tem o rei na barriga e julga que é dono disto tudo. Não, um verdadeiro democrata esgrime argumentos, tenta convencer pela força das suas razões, não se esquiva ao diálogo. Nem que no fim decida optar por dizer que não.
Não queira tapar o sol com a peneira, senhor Domingos Simões Pereira.
Foi e continua a ser sua intransigência, que conduziu o país à "saga de divisão e instrumentalização de todas as franjas da nossa sociedade, querendo provocar o caos, a desordem e a insegurança generalizada." Quem são os verdadeiros "senhores sequestradores do Estado, da paz e da ordem interna"? Quem inventou "organizações da sociedade civil" para esse fim e ainda atribui prémio em Congresso ao seu líder que se dizia "independente"? Se entender, use o seu espelho, e em vez de lhe fazer sempre a mesma pergunta que a madrasta da Branca de Neve fazia, questione-o sobre isso, pode ser que chegue à resposta certa.
É de alguma forma compreensível que, perante a ausência de solidariedade do PRS, aquando das circunstâncias que envolveram o adiamento do recente Congresso do PAIGC, por decisão judicial motivada por militantes do PAIGC, haja algum ressentimento em relação a esse partido. No entanto, isso não justifica, como não justificava nessa altura, que tente varrer para cima de um partido que se tem limitado a fazer política. Porque essa tentativa de limpar as suas culpas no cartório é o cúmulo, que só o expõe ao ridículo.
Fonte: bardadimalgueta.blogspot.sn
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