sexta-feira, 17 de novembro de 2017

COLETIVO ACUSA REPRESENTANTE DO UNIOGBIS DE ADOTAR ‘POSTURA PARCIAL’ EM RELAÇÃO À CRISE GUINEENSE

O Coletivo de Partidos Políticos Democráticos (CPPD), acusou esta quinta-feira, 16 de Novembro 2017, o representante do Secretário-geral da ONU e igualmente Chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guine-Bissau (UNIOGBIS) Modibou Toure, de adotar uma “postura parcial” em relação à crise que se vive no país.

A indignação do Coletivo foi manifestada durante uma conferência de imprensa realizada ontem à tarde na sede da União para a Mudança (UM) com o propósito de reagir a repressão perpetrada por agentes de segurança contra os manifestantes. O Coletivo confirmou ainda a realização de mais uma marcha pacífica esta sexta-feira, 17 de Novembro 2017, com o intuito de exigir o Presidente da República, José Mário Vaz, o cumprimento do Acordo de Conacri e o respeito à Constituição da República da Guiné-Bissau.

O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde  (PAIGC) e coordenador do coletivo, Domingos Simões Pereira, disse que a presença da população de hoje “visava responder ao Presidente da República que tem distribuído o dinheiro para receber aplausos”, indicou, enfatizando que o povo respondeu ao apelo dos partidos que defendem a democracia, a liberdade, mas também quis demostrar que compreende muito bem que de facto em democracia é o povo quem ordena.

“Amanhã haverá a  marcha e vamos cumprir o programa. Quero esclarecer que de acordo com a Constituição da Guiné-Bissau, não há autorização para a marcha. A marcha é um direito que assiste o povo e esse direito está consagrado na Constituição da República. Nós temos o direito de marchar, contudo, dois aspectos normalmente se colocam quando se fala da questão da marcha. Coloca-se a questão do espaço para qualquer atividade política e a questão da segurança para assegurar  pessoas que participam na marcha e as instituições”, notou o político.

Exibiu ainda um documento da Câmara Municipal de Bissau (CMB) que autoriza a realização da marcha. O líder do PAIGC sustentou que o referido documento comprova que a questão do espaço não está em causa.

Em relação à resistência por parte dos elementos do Ministério do Interior, proibindo o acesso à Praça dos Heróis Nacionais, Simões Pereira se interroga sobre que ordem pública estava ameaçada.

Sobre à declaração na Rádio França Internacional, do Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé que lamentou o facto de não ter  revelado o nome consenso alcançado em Conacri, Simões Pereira, enalteceu a posição do Presidente em exercício da União Africana e igualmente mediador para a crise da Guiné-Bissau, que segundo ele, prova que não há alternativa à aplicação do Acordo de Conacri.

“Temos que lamentar o facto da CEDEAO não ter estado a altura da expectativa da população guineense!  A Guiné-Bissau é membro do pleno direito da CEDEAO, de fato é muito difícil compreender o porque de dois pesos e duas medidas em relação a várias situações. O mesmo lamento é válido para o resto da Comunidade Internacional , não temos sentido o mesmo empenho da União Africana, não temos sentido o mesmo empenho e a determinação por parte das Nações Unidas”, lamentou.

Relativamente às Nações Unidas, afirmou que o representante do UNIOGBIS na Guiné-Bissau, Modibou Touré, não tem sido capaz de manter uma coerência do discurso.

“Eu penso que tem faltado essa capacidade de representar a Comunidade internacional. Quando eu digo representar a Comunidade internacional, eu sei definir muito bem, aquilo que é a nossa expectativa em relação à Comunidade Internacional. Ninguém pede a Comunidade internacional para substituir o povo guineense naquilo que são as suas atribuições. Existe a cooperação internacional, quando há o cumprimento da lei dentro do país. O tipo do comportamento que temos assistido da parte de alguns elementos da Comunidade Internacional, parece que têm dificuldade de interpretar aquilo que

são pressupostos para essa cooperação. Lamentamos que não tenha havido afirmações mais contundentes quando estamos em presença da Comunidade Internacional, que testemunhou a  assinatura do Acordo de Conacri. Chegou-se admitir a possibilidade de aplicar sanções se esse acordo não fosse implementado”, criticou.

Agnelo Regalla, presidente da União para a Mudança, disse que o representante do Secretário-Geral em Bissau não tem cumprido com o seu papel.

“Ele tem estado adoptar uma postura muito parcial em relação à situação de crise que se vive no nosso país. É uma questão que temos que apresentar às Nações Unidas , porque pensamos que a organização tem um papel extremamente importante a  desempenhar neste quadro, refere. 

Por: Assana Sambú
OdemocrataGB

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