Agência Lusa, 29/09/24
Num palco montado no Rossio, no final da manifestação, Ventura pediu a todos que gritassem o que “a Europa inteira tem de ouvir a partir de Lisboa”: “Aqui mandamos nós, aqui mandamos nós, aqui mandamos nós”, repetiu inúmeras vezes
O presidente do Chega defendeu que a manifestação deste domingo contra o que o partido considera ser a “imigração descontrolada” foi o “tiro de partida” para um movimento de “reconquista da identidade nacional”. Num palco montado no Rossio, no final da manifestação em Lisboa que durou cerca de hora e meia desde a Alameda, André Ventura pediu a todos que gritassem o que “a Europa inteira tem de ouvir a partir de Lisboa”.
“Aqui mandamos nós, aqui mandamos nós, aqui mandamos nós”, repetiu inúmeras vezes. O líder do Chega admitiu que “uma manifestação não fará a transformação que Portugal precisa”, mas considerou que o protesto de hoje “é o tiro de partida”.
“O país costuma dizer que uma andorinha não faz a primavera, uma manifestação não faz a primavera. Mas é essa primavera lusitana, é essa primavera portuguesa que eu quero que vocês tenham no coração a partir de hoje: o maior movimento de sempre, de reconquista da alma nacional, de reconquista da nossa identidade e de reconquista desta bandeira”, disse.
Na audiência, ouviram-se gritos de “Reconquista, reconquista”, que é também o nome de um grupo ultranacionalista de extrema-direita.
Durante o comício e ao longo da manifestação, foram também audíveis os gritos de “Remigração é solução”, outro conceito utilizado pela extrema-direita para o retorno forçado de imigrantes aos países de origem.
No palco, Ventura não usou este termo, mas defendeu que não é ser radical defender que “quem comete crimes deve ser devolvido à sua terra”.
“A esses, sejam eles quem forem nós dizemos: deportação, deportação, deportação”, afirmou.
Dois detidos no percurso da manifestação do Chega contra a imigração "descontrolada"
Entretanto, a PSP fez saber através de um comunicado que deteve um homem e uma mulher, de 25 e 28 anos, por resistência e coação a funcionário e identificou outras quatro pessoas durante as duas manifestações antagónicas sobre imigração que hoje se cruzaram em Lisboa.
Em comunicado, a PSP refere que registou “dois detidos, um homem e uma mulher de, respetivamente, 25 e 28 anos, por resistência e coação a funcionário” e identificou quatro pessoas “que integravam a manifestação promovida pelo Partido Chega por infração à lei de segurança privada”.
A manifestação contra a imigração convocada pelo Chega, que mobilizou milhares de pessoas e a concentração pró-imigrantes na zona do Intendente, registou momentos de tensão.
A Polícia lembra que após a comunicação da realização de duas manifestações para o mesmo dia e para a mesma área geográfica, os serviços da PSP Lisboa avaliaram o risco dado que a “previsível ocorrência de manifestações com posicionamentos ideológicos antagónicos, existia uma forte possibilidade de ocorrência de confrontos, ainda que meramente verbais”.
Para a direção da PSP “a constante visibilidade e mobilidade dos meios policiais destacados para esta operação de segurança terão, assim, contribuído de forma significativa para a inexistência de situações de alteração da ordem pública”.