terça-feira, 9 de abril de 2024

O Exército dos EUA anunciou hoje que transferiu armas ligeiras e munições para a Ucrânia, em 4 de abril, inicialmente enviadas pelo Irão aos rebeldes Huthis do Iémen e apreendidas por Washington.

© Genya Savilov / Getty Images

POR LUSA   09/04/24 

 EUA transferem para Kyiv armas e munições apreendidas ao Irão

O Exército dos EUA anunciou hoje que transferiu armas ligeiras e munições para a Ucrânia, em 4 de abril, inicialmente enviadas pelo Irão aos rebeldes Huthis do Iémen e apreendidas por Washington.

Este carregamento enviado para kyiv para resistir à invasão russa inclui mais de 5 mil espingardas de assalto AK-47, submetralhadoras, espingardas de precisão, lançadores de granadas e mais de 500 mil cartuchos de espingarda, enumerou o Comando Militar norte-americano para o Médio Oriente (Centcom) num comunicado.

De acordo com o Exército norte-americano, estes carregamentos de armas foram apreendidos depois de terem sido transferidos do Corpo da Guarda Revolucionária para os Houthis do Iémen, em violação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

As apreensões foram feitas em quatro barcos entre maio de 2021 e fevereiro de 2023, especifica o Exército norte-americano, que promete "fazer tudo para expor e colocar um fim às atividades desestabilizadoras do Irão".

Em outubro, uma transferência de armas semelhante foi realizada pelos Estados Unidos para a Ucrânia, envolvendo 1,1 milhões de cartuchos apreendidos ao Irão, quando os enviou para os Huthis.

Teerão apoia estes rebeldes iemenitas, que desde o outono passado têm como alvo o tráfego marítimo no Golfo de Aden e no Mar Vermelho, em solidariedade com os palestinianos na Faixa de Gaza, desestabilizando o comércio mundial.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou no domingo que o seu país perderia a guerra se a esperada ajuda dos EUA permanecesse bloqueada no Congresso, à medida que a Rússia aumentava a sua pressão no leste do país.

O programa norte-americano de assistência militar e económica a Kyiv, no valor de 60 mil milhões de dólares (cerca de 50 mil milhões de euros), está bloqueado no Congresso desde o ano passado devido à oposição de congressistas republicanos, com as eleições presidenciais marcadas para novembro próximo.


Leia Também: Rússia reitera acusações contra Kyiv sobre ataques contra Zaporíjia  

OMS: África representa 63% das novas infeções de hepatite B no mundo

© BSIP/Universal Images Group via Getty Images)

POR LUSA   09/04/24 

África representa 63% das novas infeções mundiais de hepatite B, e, em 2022, cerca de 65 milhões de africanos viviam com hepatite B e de oito milhões com hepatite C, anunciou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A OMS divulgou hoje o Relatório Global sobre as Hepatites 2024 na Cimeira Mundial sobre a Hepatite, em Lisboa, e salientou que, apesar da existência de melhores instrumentos de diagnóstico e tratamento e da diminuição dos preços dos produtos, as taxas de cobertura dos testes e do tratamento estagnaram.

"Menos de 5% das pessoas com hepatite B em África foram diagnosticadas e apenas 5% destas receberam tratamento. Estima-se que 13% das pessoas com hepatite C tenham sido diagnosticadas [em África] e apenas 3% tenham recebido tratamento", anunciou a OMS no relatório.

O número de novas infeções por hepatite B, por ano, em África, em 2022, era de 771.000 e o número de mortos era 272.000 e o número de novas infeções por hepatite C era de 172.000, com um número de mortos de 35.100 pessoas, segundo o relatório.

Segundo os dados da OMS, apenas 18% dos recém-nascidos em África foram vacinados à nascença contra a hepatite B.

A Etiópia, Nigéria, Bangladesh, China, Índia, Indonésia, Paquistão, Filipinas, a Federação Russa e o Vietname representam, coletivamente, quase dois terços do número global de casos de hepatite B e C.

Os vírus da hepatite ainda causam 3.500 mortes por dia, um número que está a aumentar, indica-se no relatório da OMS, que pede "medidas rápidas" para inverter a tendência.

O estudo com novos dados de 187 países, mostra que o número estimado de mortes por hepatite viral aumentou de 1,1 milhões em 2019 para 1,3 milhões em 2022.

Trata-se de uma "tendência alarmante", considerou a diretora do Departamento sobre VIH (vírus da imunodeficiência humana), Hepatite e Infeções Sexualmente Transmitidas (IST) da OMS, Meg Doherty, em conferência de imprensa.

Segundo a agência da ONU dedicada à saúde, a hepatite viral (A, B, C, D o E), que causa a inflamação do fígado e nalguns casos a sua deterioração, continua a ser a segunda doença infecciosa com maior mortalidade, ao mesmo nível da tuberculose e apenas atrás da covid-19.

No total, morrem diariamente no mundo 3.500 pessoas devido a uma infeção pelo vírus, sendo o mais letal o do tipo B (responsável por 83% das mortes), seguido do C (17% dos óbitos).

Segundo as estimativas atualizadas da OMS, em 2022, 254 milhões de pessoas viviam com hepatite B e 50 milhões com a C. 


Leia Também: Vírus da hepatite ainda causam 3.500 mortes por dia no mundo  

Israel vai pedir a países aliados e a empresas norte-americanas que deixem de investir na Turquia, depois de Ancara ter imposto hoje restrições ao comércio com o país até que vigore um cessar-fogo em Gaza.

© Eyal Warshavsky/Getty Images

POR LUSA   09/04/24 

 Israel. Telavive responde a restrições comerciais impostas pela Turquia

Israel vai pedir a países aliados e a empresas norte-americanas que deixem de investir na Turquia, depois de Ancara ter imposto hoje restrições ao comércio com o país até que vigore um cessar-fogo em Gaza.

"A Turquia está a violar unilateralmente os acordos comerciais com Israel e Israel vai tomar todas as medidas necessárias em resposta" à decisão, avisou o Ministério dos Negócios Estrangeiro israelita num comunicado.

O ministério afirmou que tenciona designar uma série de produtos que a Turquia não será autorizada a exportar para Israel e apelou para um boicote aos investimentos no país.

Israel também vai pedir ao Congresso dos Estados Unidos que imponha sanções à Turquia, disse o chefe da diplomacia israelita, Israel Katz, citado pela agência espanhola EFE.

A decisão turca de restringir o comércio com Israel em 54 grupos de produtos, incluindo aço, mármore e cerâmica, surgiu depois de Telavive ter impedido Ancara de enviar ajuda humanitária para Gaza por via aérea.

"Não há desculpa para que Israel bloqueie a nossa tentativa de enviar ajuda humanitária aos famintos de Gaza", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan.

"Decidimos tomar uma série de novas medidas contra Israel", acrescentou, citado pela agência francesa AFP.

O Governo turco disse que as restrições entram hoje em vigor e serão mantidas "até que Israel declare um cessar-fogo imediato em Gaza e permita um fluxo suficiente e ininterrupto de ajuda" aos palestinianos.

Em resposta, Israel Katz disse que o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, estava "mais uma vez a sacrificar os interesses económicos do povo turco pelo apoio aos assassinos do Hamas".

Israel e a Turquia cortaram relações diplomáticas em outubro de 2023, retirando os respetivos embaixadores, mas o comércio manteve-se ininterrupto e até aumentou, segundo a Associação de Exportadores Turcos (TIM).

No primeiro trimestre deste ano, a Turquia exportou 1.100 milhões de dólares (mais de mil milhões de euros ao câmbio atual) em mercadorias para Israel.

Passou de 317 milhões de dólares (291 milhões de euros) em janeiro para 423 milhões de dólares (389 milhões de euros) em abril.

Israel foi o décimo maior país cliente da Turquia em 2022, importando bens turcos no valor de quase 7.000 milhões de dólares (mais de 6.400 milhões de euros), principalmente nos setores dos metais, aço, cimento, automóvel e eletrónica.

Erdogan, um dos maiores críticos da guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, tem repetidamente descrito Israel como um "Estado terrorista".

A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo extremista palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.200 mortos e a destruição de grande parte das infraestruturas do pequeno enclave palestiniano.

O Hamas, que controla Gaza desde 2007, é considerado como uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.


INGLATERRA: Inundação "assustadora e sem precedentes" em Inglaterra. Eis as imagens... A inundação ocorreu depois de o rio Arun ter transbordado, na sequência da tempestade Kathleen.

© Twitter/@brightonsnapper

Notícias ao Minuto   09/04/24 

Uma operação de resgate está em curso esta terça-feira depois de uma inundação "assustadora e sem precedentes" atingir West Sussex, em Inglaterra, na sequência da tempestade Kathleen. A inundação ocorreu depois de o rio Arun ter transbordado.

Um morador garantiu que ficou acordado durante a madrugada para colocar proteções ao redor da sua propriedade para a proteger da água. “A quantidade de água é assustadora e sem precedentes", afirmou Gareth Theobald,  de 36 anos. De acordo com a Sky News, o homem viu ainda carros a ficarem presos enquanto "a água ficava cada vez mais alta".

A corporação de Bombeiros e Resgate de West Sussex escreveu numa publicação na rede social X (antigo Twitter) que assistiu a "inundações graves". “Prevemos que os níveis da água aumentem esta tarde. Se for diretamente afetado, por favor, vá para um local mais alto, se possível”, acrescentaram ainda.

Pelo menos 180 pessoas foram retiradas do parque turístico de Medmerry, tendo uma apresentado sinais de hipotermia. Várias pessoas foram transportadas ao hospital, enquanto outras foram assistidas por equipas de ambulâncias.

As previsões meteorológicos indicam que fortes chuvas e ventos vão atingir, nos próximos dias, o sul de Inglaterra, o oeste do País de Gales e Irlanda, bem como o norte da Escócia. Estão em vigor, até quarta-feira, seis avisos amarelos devido ao mau tempo. 



Leia Também: Governo russo declara emergência federal após cheias  



Mais de 200 pacientes acusam médico de abuso sexual nos EUA

© ShutterStock

Notícias ao Minuto    09/04/24 

Uma das mulheres abusadas revela que consultou o médico há 10 anos, devido a dores na coluna. Quando foi observada, a mulher acabou por ser abusada sexualmente.

Mais de 200 pacientes acusaram um médico de Massachusetts, nos EUA, de abuso sexual por realizar exames pélvicos, retais, testiculares e aos seios desnecessários.

A ação movida no Tribunal Superior de Suffolk contra Derrick Todd, cuja especialidade envolve o tratamento de doenças inflamatórias dos músculos, articulações e ossos, indica que os abusos aos pacientes terão começado em 2010.

Uma das mulheres abusadas revela que consultou o médico há 10 anos, devido a dores na coluna. Quando foi observada, a mulher acabou por ser apalpada agressivamente nos seios. Kristin Fritz revelou em declarações à Associated Press que só deu conta de que tinha sido vítima de um abuso quando foi contactada pelo hospital para a questionarem sobre o comportamento do médico.

“Sinto muita vergonha de mim própria por não saber o que fazer naquele momento e dizer que aquilo parecia errado. Eu deveria ter contado a alguém", lamenta a mulher.

O médico foi denunciado por duas pessoas, que fizeram queixas anónimas que davam conta do seu comportamento inapropriado. O hospital acabou por abrir uma investigação interna e descobrir centenas de casos.

O clínico foi depois despedido e acabou depois por chegar a um acordo com o Conselho de Medicina para interromper as funções enquanto médico.

Entre as vítimas estavam homens e mulheres, desde adolescentes a idosos na faixa dos 60 anos. 


Líder do Partido Nossa Pátria, exige do Presidente da República a demissão do Governo da iniciativa porque não têm competências de defender os interesses do Povo guineense

  Radio TV Bantaba

Liga Guineense dos Direitos Humanos, manifesta sua preocupação, face ao crescimento das ondas de violências no país

 Radio TV Bantaba

Cerimónia de posse da nova direcção da Câmara do Comércio

Por Presidência da República da Guiné-Bissau

LONGEVIDADE: Especialistas revelam nove hábitos que contribuem para vida mais longa... Envelhecer sem doenças é possível.

© Shutterstock

Notícias ao Minuto   09/04/24 

Há cinco regiões no mundo que se destacam pela vida longa e saudável dos se3us habitantes, muitos deles centenários. Foi assim que surgiu o conceito de Zonas Azuis (Okinawa, no Japão; Icária, na Grécia; Província de Ogliastra, na Sardenha (Itália); Loma Linda, nos Estados Unidos; e Península de Nicoya, na Costa Rica).

Ao longo dos anos, vários especialistas conseguiram detetar nove aspetos comuns entre estas zonas e que parecem contribuir para a longevidade destas populações. O The Mirror compilou-os: 

1-  Mover-se;

2- Beber vinho de forma moderada com os amigos;

3- Adotar rotinas que reduzam os níveis de stress e reservar algum tempo para descansar;

4- Consumir mais legumes e leguminosas;

5- Ter amigos;

6- Parar de comer ao final da tarde/início da noite;

7- Colocar os entes queridos em primeiro lugar;

8- Ter fé ou um lugar onde se sinta aceite;

9- Refletem sobre o seu propósito de vida.


Leia Também: Homem mais velho do mundo é inglês e tem 111 anos. Segredo? "Pura sorte"  


Leia Também: Sensação de fadiga constante é sinal de carência de nutriente essencial  

NASA mostra-lhe um eclipse solar total como nunca viu... O empresário Elon Musk também partilhou um vídeo gravado por um dos seus satélites Starlink.

© X / @NASA

Notícias ao Minuto    09/04/24 

O eclipse solar total desta segunda-feira, dia 8, serviu para que fossem partilhadas milhares de imagens sobre o fenómeno onde é possível ver o fenómeno ao detalhe e em toda a sua glória.

No entanto, alguma vez pensou como é ver um eclipse a partir do Espaço? Pois bem, a NASA partilhou um vídeo na sua página oficial na rede social X (ex-Twitter) onde é possível ver o efeito do fenómeno na superfície terrestre conforme captado pela Estação Espacial Internacional.

O vídeo (que pode ver acima) tem pouco mais de 30 segundos e permite ver bem a dimensão da sombra que a Lua projeta na Terra como resultado da obstrução do Sol.

O empresário Elon Musk não ficou de fora e, na respetiva página na mesma rede social, partilhou um vídeo gravado por um dos seus satélites Starlink (abaixo) onde também é possível ver o efeito deste eclipse.


Leia Também: Milhares de pessoas em Nova Iorque para "experiência única" de eclipse 

Veja Também:  uma altura em que os Estados Unidos 'pararam' para assistir ao eclipse solar, uma mulher decidiu alertar a todos para os danos que podem ser causados se não forem tomadas as devidas precauções quando se olha diretamente para o sol. 

Apreensão de 3 toneladas de cocaína: grande reviravolta no caso

© Saisie de 3 tonnes de cocaïne : gros rebondissement dans l'affaire

Fonte: Gervasio Silva Lopes  /  Seneweb News

A Divisão Operacional do Gabinete Central de Repressão ao Enriquecimento Ilícito (OCRTIS) está a atingir duramente.  O caso da apreensão de 3 toneladas de drogas vive uma grande reviravolta.  L’Observateur anuncia a prisão do mentor e proprietário do navio desonesto “N’ten Faye”, abordado pela marinha senegalesa em março de 2024.

 Segundo o noticiário diário, trata-se de um poderoso empresário radicado em Bissau, Alexandre Antonio Tcham vulgo Alex.

 A fonte recorda que após a apreensão de drogas com um valor de mercado de 240 mil milhões de francos CFA, que levou à detenção de membros da tripulação do barco, os investigadores senegaleses lançaram a caça às ramificações, cercando os cartéis da América Latina, África Ocidental e Europa .  Alex foi detido graças à colaboração da Interpol e da Polícia Judiciária da Guiné-Bissau.

 Conclui-se dos primeiros elementos da investigação que o armador, à frente de uma empresa de pesca “A. Tcham Filohos SARL” localizada no porto de Bissau, é “o ponto de ancoragem do tráfico internacional de droga”.  Ele foi o responsável pela transferência da carga.

 Colocado sob custódia policial, Alex deverá ser encaminhado esta terça-feira à Procuradoria do Tribunal de Dakar.  Segundo L'Obs, ele já confessou, revelando “que pretendia regressar a Dakar para mais um encontro importante com um rico empresário do Dubai.

 “Como ele viaja em jato particular, ele queria saber quanto custa o estacionamento no aeroporto e também o custo do combustível durante a sua estadia.  Eu então tive que encontrá-lo para esta reunião, no dia 15 de abril.  Infelizmente, fui preso”, disse ele, segundo o jornal.

NO COMMENTS!

 

Rússia tornou-se "galinha sem cabeça que continua a correr" ...WLADIMIR KAMINER

© Frank May/ Getty Images

POR LUSA   09/04/24 

O escritor e cronista de origem russa Wladimir Kaminer lamenta que a Rússia nunca tenha experimentado uma democracia consolidada, preferindo reprimir opositores e agentes criativos, e ficado como "uma galinha sem cabeça" que, apesar disso, continua a correr.

Wladimir Kaminer nasceu há 56 anos em Moscovo e foi lá que cresceu, mas radicou-se em Berlim há mais de três décadas, onde se ligou a projetos de teatro e celebrizou no Cafe Burger as noites de 'Russendisko', que deu o título a um dos seus 'best-sellers' (editado em Portugal), tornando-se também cronista em publicações de referência na Alemanha, nas quais se assumiu como um fervoroso crítico do país natal.

Em entrevista à Lusa, o autor, que participa no debate hoje em Lisboa "O charme discreto da ditadura: o que leva as pessoas a glorificar ditadores?", promovido pelo Instituto Goethe, lamenta que a Rússia nunca tenha tido a oportunidade de ter ciclos de alternância pacífica no poder, o que a ciência política considera ser uma das bases para uma democracia consolidada.

"Os russos conseguiram um bem-estar económico como nunca devido aos preços altos do petróleo", começa por dizer, e condescendem com a mão de ferro do líder do Kremlin, Vladimir Putin, "porque as pessoas não vivem na política, vivem na economia e querem salários decentes, escolas boas para os seus filhos e um sistema de saúde funcional".

Kaminer chama a atenção para o grande apoio de que Putin desfruta entre mulheres acima dos 50 anos, que simpatizam com "uma imagem de austeridade, humildade de contenção e autocontrolo" de um homem que "não grita, não faz grandes dramas e que parece ser eterno".

Apesar do seu regime autocrático, considera que Putin não é comparável ao ditador soviético Joseph Estaline - que em 2008 perdeu para o herói medieval Alexander Nevsky, por apenas cinco mil votos, entre uma participação de cerca de cinco milhões, a vitória no concurso "Os melhores de nós" da televisão Rossiya, indicando uma grande popularidade, à semelhança do que acontecera um ano antes num programa similar com Oliveira Salazar em Portugal.

Estaline, segundo o escritor, ainda é recordado pelo seu papel na libertação da União Soviética da invasão nazi na II Guerra Mundial, e, mesmo que tenha massacrado milhões entre o seu próprio povo, "com o tempo as pessoas tendem a esquecer as coisas más e a manter na memória as boas", e o mesmo se passará com Salazar e as décadas do Estado de Novo, embora deixando entre o seu legado um dos países mais atrasados da Europa.

Já Putin, tem conquistado território nas regiões vizinhas desde que ascendeu à presidência em 2000 e, há dois anos, invadiu a Ucrânia, provocando uma crise sem precedentes na Europa nas últimas décadas com a sua doutrina expansionista e fervor nacionalista, "mas ainda não ganhou nenhuma guerra de forma inequívoca".

O escritor refere que existe um grande interesse na Rússia pela história recente de Portugal, com várias obras editadas sobre o período da ditadura e transição para a democracia, o que poderá ser explicado pela identificação com "uma certa ideia de exclusividade do tempo do Estado Novo", de um país que "não pertence exatamente à Europa, mas uma nação especial, quase uma espécie de Atlântida, que tem o seu caminho próprio", tal como Putin propaga.

Hoje Portugal, afirma, enquadra-se porém no quadro de uma democracia enraizada e resiliente, que lhe permite acomodar no parlamento uma "deriva para a extrema-direita", como aconteceu nas últimas legislativas com a votação expressiva no Chega. E tem esperança de que o mesmo se passe noutros países europeus e, em concreto, na Alemanha, onde se assiste a uma grande subida do partido ultrarradical Alternativa para a Alemanha (AfD).

Quanto à Rússia, Putin tem conseguido criar uma perceção de proteção da população e do país e "não vive num vácuo", tratando-se de um regime alimentado por uma "elite, uns milhares de famílias que são os 'donos disto tudo' e que gerem todos os negócios numa economia assente na exportação".

Nesse sentido, defende que a guerra na Ucrânia "está a ser financiada pelo Ocidente", não se tratando sequer de um assunto existencial para a maioria dos russos, "porque não têm bombas a cair sobre as suas cabeças", e este cenário só mudará se começarem a sentir que o regime não corresponde às suas perspetivas de bem-estar".

O próprio isolamento a que a Rússia estará sujeita devido às sanções em resposta à invasão da Ucrânia e ao encerramento de serviços e presença de marcas ocidentais na Rússia não passa, de acordo com Kaminer, de uma invenção, na medida em que, por exemplo, a Coca-Cola que se bebe no país é proveniente do Irão, o acesso à Internet não foi atingido e os russos veem filmes de Hollywood antes mesmo da sua estreia.

Outra coisa é a produção artística, que diz se ter esvaziado quando a cultura russa abandonou o país e os escritores, autores de 'best sellers' e poetas de altíssimo gabarito, músicos e filósofos emigraram, estão todos no ocidente", e no seu lugar ficou apenas "gente sem qualidade nem talento a repetir chavões" do Kremlin.

"É um corpo sem cabeça e pensava que um corpo sem cabeça não consegue viver", comenta, prosseguindo a metáfora: "Como uma galinha com a cabeça cortada e que continua a correr e a cacarejar e a produzir sons".

O autor, que atualmente se vê mais como alemão, é igualmente 'persona non grata' na Rússia desde que escreveu uma crónica no semanário alemão Der Spiegel sobre a anexação russa da Crimeia em 2014, e não visita o país desde então porque não quer acabar na Sibéria.

Mas acha que "é uma ilusão pensar-se, num mundo com tanta informação disponível e tão transparente como o de hoje, que impedir alguém de por os pés num país vai impedir de se saber o que se passa lá dentro". E a distância, alerta, "por vezes, até permite ver melhor".

Em resultado desta fuga de talentos, Kaminer observa uma cultura na diáspora russa de uma qualidade, intensidade e vivacidade nunca antes vistas", num movimento intelectual que "deveria orgulhar o senhor Lavrov", ironizando com uma declaração em janeiro do chefe da diplomacia russa, ao assinalar "uma certa purificação da sociedade", na qual algumas pessoas "que não sentiam afinidade com a Rússia, com a história ou cultura russa" abandonaram o país ou "reconsideraram a sua posição".

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo "teria inveja" de tantos convites que o autor diz receber para eventos culturais em vários países europeus, apontando ainda o caso do romancista russo de origem georgiana Boris Akunin, um dos autores contemporâneos mais lidos na Rússia, e exilado em Londres desde que se opôs à anexação da Crimeia, acabando na lista de "agente estrangeiro" e de "terroristas e extremistas" de Moscovo após criticar a invasão da Ucrânia e chamar ditador a Putin: "No lugar de Lavrov, teria cuidado com os livros que tem na sua coleção", recomenda Kaminer.



Leia Também: China quer "reforçar cooperação" com Moscovo e vinca apoio a Putin   

China preocupada com cooperação entre Japão e aliança de segurança AUKUS

Anthony Albanese, Joe Biden e Rishi Sunak assinam o acordo Aukus (AP) 

Por  Agência Lusa,   09/04/2024

Japão saudou a sua possível inclusão em alguns projetos militares no âmbito da aliança AUKUS e afirmou que esta é fundamental para a estabilidade no Indo-Pacífico

Pequim manifestou esta terça-feira preocupação com o anúncio da cooperação entre o Japão e a aliança de segurança AUKUS, constituída pelos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália visando contrariar a influência da China no Indo-Pacífico.

"Ignorando as preocupações gerais dos países da região e da comunidade internacional sobre o risco de proliferação nuclear, os EUA, o Reino Unido e a Austrália continuam a enviar sinais para a expansão da chamada 'parceria de segurança trilateral', encorajando alguns países a aderir à aliança, intensificando a corrida ao armamento e minando a paz e a estabilidade regionais", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning.

Pequim opõe-se à formação de "pequenos círculos" exclusivos por parte dos países em causa, com o objetivo de criar confrontos entre as partes", acrescentou Mao, em conferência de imprensa.

"Em particular, o Japão deve aprender com as lições históricas e ser cauteloso nas suas palavras e ações no domínio da segurança militar", vincou.

O Japão saudou a sua possível inclusão em alguns projetos militares no âmbito da aliança AUKUS e afirmou que esta é fundamental para a estabilidade no Indo-Pacífico.

"Estamos conscientes da importância do AUKUS, pelo que tomaremos as medidas necessárias para reforçar as capacidades de defesa", declarou o Ministro da Defesa japonês, Minoru Kihara, em conferência de imprensa.

Kihara sublinhou a importância da aliança "para a paz e a estabilidade na região".

A reação do Japão surge horas depois de a aliança ter afirmado que está a considerar incluir o Japão em alguns projetos militares, o que reforçaria o grupo, de acordo com o Departamento de Defesa dos EUA.

"O Japão foi considerado devido aos seus pontos fortes e às parcerias de defesa estreitas com os três países", disse a porta-voz do Pentágono Sabrina Singh.

O anúncio coincide com uma visita de Estado aos EUA, esta semana, do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, que se centrará na cooperação em matéria de Defesa e no reforço desta aliança estratégica face ao avanço da China na sua esfera de influência asiática.

Na quarta-feira, o Presidente dos EUA, Joe Biden, tem uma reunião com Kishida e, na quinta-feira, com o Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos. Posteriormente, os três líderes participam uma reunião trilateral centrada na luta contra o poder militar da China nas águas vizinhas que fazem fronteira com as zonas económicas dos dois países.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o Japão limitou o desenvolvimento de armamento às capacidades defensivas do seu território, mas mantém uma indústria de Defesa avançada e uma estreita cooperação com os Estados Unidos.

A China está a reforçar a sua projeção de forças no Mar do Sul da China e em torno de Taiwan, o que aumentou as tensões com os países vizinhos.

Na sequência da recente reviravolta em matéria de Defesa, o Japão também concordou, no mês passado, em flexibilizar os intercâmbios militares entre países aliados, a fim de poder exportar os caças de nova geração que está a desenvolver em conjunto com Reino Unido e Itália.

Gravidez em jovens adultas aumenta o envelhecimento biológico

Por cnnportugal.iol.pt,  09/04/2024

As descobertas sugerem que a gravidez acelera o envelhecimento biológico e que estes efeitos são evidentes em mulheres jovens e altamente férteis

A gravidez no início da idade adulta está associada a um maior envelhecimento biológico, de acordo com um estudo que estima que a cada gravidez a idade biológica aumenta entre 2,4 e 2,8 meses.

Esta é a principal conclusão de uma investigação liderada pela Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade de Columbia (Estados Unidos) e realizada com 1.735 jovens saudáveis nas Filipinas.

“A gravidez pode ter um custo”, apontam os autores.

De acordo com esta análise, as mulheres com pelo menos uma gravidez eram biologicamente mais velhas do que aquelas que nunca engravidaram, e quanto maior o número de gestações, maior o envelhecimento biológico.

Este estudo, que mostra que cada gravidez está correlacionada com um envelhecimento biológico adicional de dois a três meses, baseia-se em descobertas epidemiológicas, segundo as quais a fertilidade elevada pode ter efeitos secundários negativos na saúde e na longevidade das mulheres, referiu a universidade, em comunicado.

O que não se sabia, contudo, era os custos da reprodução mais cedo na vida, antes de as doenças e o declínio relacionado com a idade começarem a tornar-se evidentes.

Para chegar a estas conclusões, os investigadores utilizaram um conjunto de novas ferramentas que utilizam a metilação do ADN para estudar diferentes facetas do envelhecimento celular, do risco de saúde e de mortalidade.

A metilação é um processo que direciona quando e como os genes que controlam o desenvolvimento normal do organismo e que podem ser afetados por causas ambientais são ativados e desativados.

As ferramentas utilizadas, denominadas “relógios epigenéticos”, permitem analisar o envelhecimento em fases iniciais da vida, preenchendo assim uma lacuna fundamental no estudo do envelhecimento biológico.

“Os relógios epigenéticos revolucionaram a forma como estudamos o envelhecimento biológico ao longo da vida e abrem novas oportunidades para estudar como e quando os custos de saúde a longo prazo da reprodução e de outros eventos da vida ocorrem”, frisou um dos autores, Calen Ryan.

As descobertas, publicadas na revista PNAS, sugerem que a gravidez acelera o envelhecimento biológico e que estes efeitos são evidentes em mulheres jovens e altamente férteis, resumiu a investigadora.

A relação entre histórico de gravidez e idade biológica persistiu mesmo após a contabilização de outros fatores relacionados ao envelhecimento biológico, como nível socioeconómico, tabagismo e variação genética, mas não foi observada entre os homens da mesma amostra.

Isto implica que é algo especificamente relacionado com a gravidez ou amamentação que acelera o envelhecimento biológico, segundo o estudo.

A investigadora reconheceu, no entanto, que ainda há trabalho a fazer, para aprender sobre o papel da gravidez e de outros aspetos da reprodução no processo de envelhecimento.

Arábia Saudita anuncia celebração que marca fim do Ramadão para 4ª-feira

© ABDEL GHANI BASHIR/AFP via Getty Images

POR LUSA   08/04/24 

A Arábia Saudita, terra dos locais mais sagrados do Islão, anunciou hoje que o Eid el-Fitr, a celebração que marca o fim do mês de jejum do Ramadão, vai começar na quarta-feira.

"O Supremo Tribunal declara amanhã o último dia do Ramadão e quarta-feira o primeiro dia do Eid el-Fitr", adiantou a agência de notícias oficial saudita SPA através da rede social X.

A data do Eid al-Fitr é determinada pelo avistamento da lua crescente, de acordo com o calendário lunar muçulmano.

Os meios de comunicação social sauditas tinham referido que a lua crescente não era visível na segunda-feira.

O feriado é geralmente celebrado em família. Os sauditas celebram uma celebração de quatro dias para o Eid al-Fitr.

Dois outros países do Golfo Árabe, os Emirados Árabes Unidos e o Qatar, também anunciaram hoje que o Eid al-Fitr começa na quarta-feira.

Este ano, o Ramadão foi ofuscado pela guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.


𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐔𝐌𝐀 𝐃𝐄𝐓𝐄𝐍ÇÃ𝐎 𝐀𝐑𝐁𝐈𝐓𝐑Á𝐑𝐈𝐀!

Por LGDH - Liga Guineense dos Direitos Humanos

O empresário e dirigente político Djulde Bá, residente no sector de Pitche, foi arbitrariamente detido hoje dia 08 de Abril de 2024, pelos Agentes da Esquadra de Polícia de Gabú à mando do Ministério do Interior liderados pelo Sr. Botche Candé e José Carlos Macedo Monteiro.

Esta detenção abusiva e ilegal, enquadra-se na estratégia de perseguição política e de intimidação das vozes discordantes, que o Ministério do Interior tem implementado no âmbito da consolidação do autoritarismo na Guiné-Bissau.

A LGDH exige a libertação imediata e incondicional de Sr. Djulde Bá e responsabiliza o Ministério do Interior pela sua integridade física.

O Presidente da República do Gana , Nana Akufo-Addo, ofereceu um Jantar Oficial em honra do chefe de Estado, General Umaro Sissoco Embaló, por ocasião da Visita de Estado que realizou em Acra, Gana. 🇬🇼🇬🇭

Por Presidência da República da Guiné-Bissau

Presidente da Républica Presta Homenagem a Kwame Nkrumah

No âmbito da Visita de Estado a Gana, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, visitou o Museu de Kwame Nkrumah em Acra, em homenagem ao pai da nação ganense. Num gesto simbólico de reverência, o chefe de Estado depositou uma coroa de flores no mausoléu do ilustre líder, honrando a sua memória e papel fundamental na luta pela independência e unidade africana. 🇬🇼🇬🇭

Por Presidência da República da Guiné-Bissau

segunda-feira, 8 de abril de 2024

EXCLUSIVO: Secretário de Estado da Ordem Pública José Carlos Macedo reage sobre a detenção de cidadão Djulde Bá na setor de Pitche.

 




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Oposição cabo-verdiana diz que conferência sobre democracia é "marketing"

© Lusa

POR LUSA   08/04/24 

Os presidentes dos dois partidos da oposição cabo-verdiana acusaram hoje o Governo de não lhes ter permitido participar na conferência internacional sobre democracia na ilha cabo-verdiana, considerando-a como "marketing" para a comunidade exterior. 

"Foi feito um convite geral a todos os deputados" e nenhum foi "direto ao líder do partido", afirmou o presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Rui Semedo, na Praia, em reação à conferência internacional "Liberdade, Democracia e Boa Governança", na ilha do Sal, organizada pelo Governo cabo-verdiano.

Rui Semedo afirmou que o convite só foi feito para "encher a sala com os participantes, como figura de decoração", defendendo que "não foi atribuído nenhum papel a ninguém da oposição para fazer uma comunicação".

O presidente do PAICV apontou que o que falta em Cabo Verde é uma prática de democracia e não conversas sobre o tema que "alimentam os erros dos que atropelam" a vida da população.

"Aqui falta-nos uma cultura democrática e atitudes que permitam aceitar e respeitar a diferença de forma genuína e autêntica. Se analisarmos os custos e os benefícios, a prioridade não era seguramente os investimentos deste montante nesta operação que chamaríamos de marketing sem qualquer retorno para as populações", afirmou.

Para Rui Semedo, em Cabo Verde, onde o "desemprego e a pobreza só não incomodam os desalmados e insensíveis" daqueles que o governam, é "imoral investir 55 milhões de escudos neste evento para convencer a comunidade internacional, mas ignorando por completo o povo sofredor".

Defendeu ainda que se o país quer ser livre e ter uma democracia de qualidade, deve promover a liberdade de expressão e "deixar de condicionar ou perseguir aqueles que não leem pela cartilha do Governo", criar condições para que os cidadãos não tenham medo de criticar os "desmandos da governação que prejudicam o desenvolvimento do país" e fazer uma gestão transparente dos recursos públicos.

Igualmente, o presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), João Santos Luís, disse que recebeu o convite do próprio primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva e respondeu pedindo para participar como um dos oradores, mas o Governo nunca respondeu.

João Santos Luís criticou o Governo por organizar uma conferência sobre democracia e boa governança, mas que "não permite a participação ativa dos dois presidentes dos partidos".

O dirigente político considerou que a "democracia em Cabo Verde é ainda incipiente e nem os cidadãos são completamente livres de opinião".

A principal ilha turística de Cabo Verde, Sal, acolhe hoje e na terça-feira uma conferência internacional sobre "Liberdade, Democracia e Boa Governança".

O programa inclui mais de 20 oradores e, no final, será apresentada a Declaração do Sal, sobre proteção dos direitos humanos, promoção das liberdades e boa governanção em África e no mundo.

O primeiro-ministro cabo-verdiano defendeu na abertura da conferência que, num mundo digital que gera o "caos", "a melhor resposta aos ataques à democracia é mais democracia".



Leia Também: Cabo Verde promove hoje conferência internacional sobre democracia  



GUINÉ-BISSAU: Nova greve geral de três dias nos sectores da saúde e ensino na Guiné-Bissau

Palácio do Governo da Guiné-Bissau AFP

Por: Mussá Baldé   Rfi.fr/pt   08/04/2024 

Na Guiné-Bissau, os sectores de Saúde e Educação estão novamente em greve geral de três dias. É a sua segunda onda de paralisações, após uma primeira realizada em Março passado. Entre outros pontos, os sindicatos exigem o pagamento de 10 meses de salário aos profissionais dos dois sectores.

O porta-voz da Frente Social, João Yoyo da Silva, pede desculpa aos cidadãos guineenses pela greve.

Diz que não era a intenção dos quatro sindicatos, dois da Saúde e outros tantos do sector da Educação, voltar a fazer greve geral, mas que não lhes restava outra saída.

João Yoyo da Silva afirma que a Frente Social apresentou um caderno reivindicativo e um pré-aviso de greve, mas em vez de se sentar à mesa com os sindicatos, o Governo decidiu apresentar uma contraproposta.

A Frente Social não achou pertinente esta forma de abordagem e decidiu avançar para a greve de três dias.

Nos hospitais e centros de Saúde, a Frente Social deu orientações para que haja o serviço mínimo que passa pelo atendimento de casos urgentes.

Nas escolas públicas, algumas estão com as portas encerradas, embora outras, afectas a outro sindicato, continuem a funcionar.

Recorde-se que no caderno reivindicativo apresentado em Fevereiro pela Frente Social constam, entre outros pontos, o pagamento de 10 meses de salário em atraso aos professores e técnicos de saúde, a efectivação de novos quadros contratados pelo Governo para os dois sectores, a adopção de um novo currículo escolar bem como a melhoria das condições laborais.

Rússia e China acusam EUA de dar "carta branca" a Israel para "matança"

© ANGELA WEISS / AFP) (Photo by ANGELA WEISS/AFP via Getty Images

POR LUSA  08/04/24 

A Rússia e a China argumentaram hoje que tentaram travar a "matança" em Gaza vetando uma resolução proposta por Washington no Conselho de Segurança da ONU que dava "carta-branca a Israel para continuar a ação desumana" no enclave.

Numa sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em que tiveram de justificar o veto que aplicaram em 22 de março a uma resolução norte-americana que "determinava" o "imperativo de um cessar-fogo imediato e sustentado" em Gaza, a Rússia e China, ambos membros permanentes do órgão, acusaram Washington de tentar "chantagear" o Conselho de Segurança.

"O documento que os nossos colegas americanos tentaram forçar o Conselho de Segurança da ONU a adotar em 22 de março através de intriga e chantagem não só não continha uma exigência direta a um cessar-fogo, mas na verdade emitia uma espécie de licença para matar ainda mais palestinianos", advogou o vice-representante permanente da Rússia na ONU, Dmitriy Polyansky.

"É significativo que o documento americano também tenha explicitado a possibilidade de Israel realizar operações futuras em Gaza, desde que minimize os danos aos civis. No contexto dos planos abertos de Israel para atacar Rafah e do terrível número de vítimas civis desde o início do conflito, incluindo mulheres e crianças, a proposta americana foi chocante no seu cinismo", acrescentou.

Também o embaixador chinês Dai Bing declarou que, caso fosse aprovada, a resolução norte-americana significaria a continuação da "matança em Gaza" e das "violações do direito internacional e do direito humanitário internacional".

De acordo com o representante de Pequim, a China não hesitará em exercer o seu poder de veto contra projetos de resolução que resultem em graves consequências para os palestinianos.

Ambos os diplomatas recordaram que, depois do veto à resolução norte-americana, o Conselho de Segurança conseguiu aprovar uma outra resolução a exigir um cessar-fogo em Gaza - mas que ainda não foi implementada.

Os embaixadores frisaram que essa resolução, tais como todas as resoluções do Conselho de Segurança, "são vinculativas e devem ser totalmente implementadas".

Estas declarações surgem depois de Washington ter causado polémica ao dizer que a resolução aprovada não era vinculativa.

No domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reiterou que não haverá trégua sem que os 133 reféns ainda detidos pelo Hamas regressem a casa, acrescentando que Israel não vai ceder a "exigências extremas" dos islamitas.

A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 185.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 33.200 mortos, quase 76.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.



Leia Também: Israel considerou hoje que a possibilidade de a Palestina se tornar um Estado-membro da ONU e não um mero observador, como acontece atualmente, é "uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas" e que "perpetua o conflito".