domingo, 4 de agosto de 2024

Retrospectiva de julho 2024: O Presidente da República Umaro Sissoco Embaló, continua a fazer história!

O mês foi marcado por importantes visitas de estado, fortalecendo os laços bilaterais e ampliando a cooperação internacional.
Além disso, diversas iniciativas em infraestrutura e educação foram implementadas, demonstrando um forte compromisso com o desenvolvimento da Guiné-Bissau.

 Presidência da República da Guiné-Bissau

SENEGAL: Sonko autoriza uso de Véu nas escolas e recebe duras críticas

Por Rádio Capital FmSenenews

O Primeiro-Ministro, Ousmane Sonko, afirmou a sua posição clara em relação à questão do véu nos estabelecimentos de ensino.
"Não aceitaremos mais a proibição do véu nos estabelecimentos de ensino", declarou durante a cerimónia de entrega de prémios aos melhores alunos do Concurso Geral de 2024.

 "Algumas coisas não podem mais ser toleradas neste país. Na Europa, falam-nos constantemente do seu modelo de vida e estilo, mas isso depende deles. No Senegal, não permitiremos mais que certas escolas proíbam o uso do véu", disse Sonko com visível determinação.

 As observações de Sonko suscitaram imediatamente diversas reações, refletindo a crescente tensão em torno desta questão.
Madiambal Diagne reagiu fortemente a estas declarações. 

Segundo ele, "para o próximo ano letivo, as escolas católicas privadas prevêem regras estritas de "convivência" nos seus regulamentos internos. Imaginamos que o primeiro-ministro Sonko, que estupidamente acaba de abrir outra frente, colocará policiais em todas as escolas para se fazer obedecer." 

Diagne critica assim o que considera uma interferência desnecessária nos regulamentos internos estabelecimentos de ensino.
Recorde-se que o Abade André Latyr Ndiaye criticou o tom das observações de Sonko, chamando-o de ameaçador.

O Abade sublinhou a importância da polidez e do respeito no discurso político. Evocou vários provérbios e figuras históricas para nos lembrar que assuntos delicados devem ser abordados com diplomacia e discernimento.

 Ndiaye alertou contra declarações públicas potencialmente provocativas, argumentando que tais questões merecem um tratamento mais comedido, como o oferecido pelas tradições da árvore de palavrões. 

O clérigo apelou a Sonko para concentrar os seus esforços em questões políticas cruciais, como a luta contra o custo de vida e o desemprego, e não em debates religiosos.

Para ele, os desafios económicos e sociais devem ter precedência sobre as questões do secularismo e da prática religiosa nas escolas.

França recomenda aos cidadãos para abandonarem temporariamente Irão

© Getty Images
Por Lusa  04/08/24 
A França aconselhou hoje os cidadãos franceses que vivem no Irão a "abandonarem temporariamente o país", afirmando que existe o risco de o espaço aéreo e aeroportos iranianos serem encerrados no meio de tensões extremamente elevadas com Israel.

"Apelamos mais uma vez aos nossos cidadãos para que tenham o máximo cuidado ao viajar, evitem todas as reuniões e se mantenham informados dos acontecimentos atuais e de quaisquer mensagens ou instruções da embaixada francesa no Irão nos próximos dias", de acordo com um aviso de viagem atualizado publicado hoje no portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

Tal como os Estados Unidos, a França teme uma escalada militar entre o Irão e os seus aliados, por um lado, e Israel, por outro, na sequência da morte, na quarta-feira, do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, atribuída aos israelitas, após um outro ataque reivindicado por Israel que matou o chefe militar do movimento libanês Hezbollah, Fouad Shukr, perto de Beirute, na terça-feira à noite.

Na sexta-feira, já tinha apelado aos visitantes franceses "que possam ainda estar no Irão" para abandonarem o país "o mais rapidamente possível".

Paris, que hoje também apelou aos seus cidadãos para abandonarem o Líbano "o mais rapidamente possível", aumentou assim o nível das suas instruções aos cidadãos franceses na região.

Leia Também: O chefe do comando da frente interna do exército israelita assegurou hoje que continuarão a lutar para "mudar radicalmente a situação de segurança no norte" de Israel, onde são constantes as troca de tiros com o Hezbollah. 


Cabo Verde: Cabral promovia igualdade de género, mas sempre houve resistência

© Lusa
Por Lusa  04/08/24 
Lilica Boal, professora na luta de libertação, ao lado de Amílcar Cabral, diz que a alfabetização de mulheres à hora de preparar o jantar incomodava os homens, sobre o projeto que retomou no regresso a Cabo Verde nos anos 1980.

"Quando viemos para aqui [Cabo Verde] começámos a trabalhar na alfabetização", conta a antiga diretora da escola-piloto do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), uma das mulheres escolhidas por Cabral para lugares de chefia, ao promover a igualdade de género.

No ano em que se celebra o centenário do nascimento do líder das independências dos dois países, Maria da Luz Boal - mais conhecida como Lilica - recorda, em entrevista à Lusa, o convívio com a figura histórica e refere que, ainda hoje, há "lutas inacabadas" - quanto ao género e à maneira como a história cabo-verdiana é ensinada

Após o golpe de Estado de 1980, em Bissau, que pôs fim ao projeto de união dos dois países, Lilica Boal regressa às ilhas onde nasceu (Tarrafal de Santiago, 1934), continuando a trabalhar no setor público da educação.

As desigualdades de género estavam presentes, assim como o analfabetismo.

"Quando organizávamos reuniões com as mulheres, os maridos reclamavam: agora na hora de se fazer o jantar é que a Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) se lembra de vir alfabetizar", questionavam.

Uma recordação hoje acompanhada com uma gargalhada, mas que serve para ilustrar a resistência à igualdade de género - mesmo depois de o líder das independências pregar que a luta de libertação face à ditadura colonial portuguesa também dependia das mulheres.

"Não era comum, mas ele [Cabral] já tinha na cabeça o problema do género", refere Lilica, como quem vai descrevendo os traços marcantes de uma personalidade que ela própria foi descobrindo.

"Não era um homem qualquer" e isso percebia-se "logo na maneira de falar".

Mesmo que lentamente, a igualdade de género tem progredido, mas a antiga diretora da escola-piloto tem uma opinião: "Acho que podemos [mulheres] fazer muito mais ao nível da base do que estando lá em cima", em cargos de maior poder e aponta para aquele trabalho de base, de alfabetização, como exemplo.

Lilica Boal enfrentou as desigualdades, de género e não só, desde cedo.

Ainda era criança, no Tarrafal, quando lhe ficaram gravadas na memória as imagens duras da fome no norte da ilha de Santiago.

"Estávamos à mesa e estava um miúdo à porta, com uma casca de coco, a pedir comida. Para mim, era duro ver uma criança da minha idade naquela situação. Isto foi muito importante no percurso da minha vida, marcou-me profundamente", relata, recordando a casa dos pais, comerciantes, célebres pelo apoio à comunidade e aos presos políticos do campo de concentração do Tarrafal.

As imagens da infância encaixaram-se no resto do percurso que a levou à Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa, como uma força que, em 1961, a fez virar costas a uma vida universitária, em Portugal, para arriscar a vida com um grupo em fuga (clandestina) para a luta de libertação -- relatada e documentada na Internet.

Hoje, perante as comemorações do centenário de Cabral, Lilica Boal mostra-se otimista quanto à preservação do legado histórico, apesar de achar que as atividades que têm decorrido mereciam mais relevo: "fazemos muito, mas ainda estamos longe".

"Chamam-nos para ir falar sobre a luta aos liceus, falar sobre Cabral. Portanto, há uma vontade. Começa a haver mais interesse em conhecer o passado", refere à Lusa.

A antiga diretora e professora da escola-piloto do PAIGC enaltece sobretudo as atividades nas ruas, sempre que há motivos para o povo sair, porque "é aí que [a população] mostra o seu descontentamento".

"Não é ao sentar-se na assembleia [parlamento] a ouvir o discurso deste ou daquele partido, do que fez um ou o outro. Não é essa guerra [política] que interessa, mas é o povo na rua, a cantar, saltar ou a mostrar que tem isto ou aquilo", conclui.

Amílcar Cabral celebraria 100 anos a 12 de setembro de 2024, decorrendo atividades em diferentes países para assinalar a efeméride.

Em Cabo Verde, várias comemorações estão associadas à Fundação Amílcar Cabral e incluem um colóquio internacional sobre o líder histórico, a realizar em setembro, como ponto alto do programa.

Leia Também: Cabo Verde quer alcançar 100% de acesso à eletricidade até 2026 


Bola Ahmed Tinubu: Presidente nigeriano apela a fim dos protestos contra elevado custo de vida

© Getty Images
Por Lusa  04/08/24 
O Presidente nigeriano, Bola Ahmed Tinubu, apelou hoje ao fim dos protestos contra o elevado custo de vida no país mais populoso de África e ao fim do "derramamento de sangue".

O apelo surge depois de a organização de defesa e promoção dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) ter denunciado a morte de 13 manifestantes, abatidos pelas forças de segurança.

Milhares de pessoas manifestaram-se na quinta e sexta-feira contra a "má governação" e o aumento do custo de vida na Nigéria, que atravessa uma grave crise económica na sequência das reformas introduzidas por Tinubu, que chegou ao poder em maio de 2023. A inflação alimentar é superior a 40% e o preço da gasolina triplicou.

"Ouvi-vos claramente. Compreendo a dor e a frustração que estão a motivar estas manifestações", afirmou o Presidente nigeriano num discurso transmitido pela televisão, na primeira aparição pública desde o início dos protestos na semana passada.

O chefe de Estado da Nigéria instou os manifestantes a "suspenderem quaisquer outros protestos e a criarem um espaço de diálogo".

"Asseguro-vos que o nosso Governo está empenhado em ouvir e responder às preocupações dos nossos concidadãos. Mas não podemos permitir que a violência e a destruição destruam a nossa nação. Temos de pôr fim ao derramamento de sangue, à violência e à destruição", afirmou.

Enquanto a Amnistia Internacional refere que pelo menos 13 manifestantes foram mortos pelas forças de segurança, a polícia afirma que morreram sete pessoas e nega qualquer responsabilidade.

"As nossas provas, nesta fase, mostram que, nos casos em que ocorreram mortes, os membros das forças de segurança utilizaram deliberadamente táticas destinadas a matar quando confrontados com concentrações de pessoas que denunciavam a fome e a pobreza extrema", escreveu a Amnistia num comunicado publicado na rede social X.´

Os organizadores das manifestações, uma coligação informal de grupos da sociedade civil, prometeram continuar as ações nos próximos dias, apesar dos avisos das autoridades.

"Fomos impiedosamente dispersos, mas penso que isso só reforçou a nossa determinação", disse Damilare Adenola, 29 anos, ativista e líder do grupo de direitos humanos Take It Back.

"A fome é a principal motivação para esta manifestação, e é por isso que estamos a pedir o fim da má governação", acrescentou.

Cerca de 700 pessoas foram detidas durante os dois primeiros dias do protesto, segundo a polícia, sob a acusação de "assalto à mão armada, fogo posto" e destruição de bens".

No discurso, Tinubu sublinhou que "as forças da ordem devem continuar a manter a paz, a lei e a ordem no país, em conformidade com as convenções sobre direitos humanos de que a Nigéria é signatária".

Os participantes nas manifestações, apelidadas de #EndbadGovernanceinNigeria ("Acabem com a má governação na Nigéria"), pedem ao Presidente que anule algumas reformas, como a suspensão dos subsídios aos combustíveis, e que "acabe com o sofrimento e a fome".

No entanto, na intervenção, Tinubu defendeu a sua atuação e garantiu que as medidas beneficiariam os jovens e a economia em geral.

Antes dos protestos de quinta-feira, os funcionários do Governo tinham apelado ao público para que desse tempo às reformas, enumerando uma série de medidas propostas para aliviar as dificuldades económicas, incluindo um aumento do salário mínimo e a entrega de cereais aos vários estados do país.

O último grande movimento de protesto na Nigéria remonta a outubro de 2020 e tinha por objetivo exigir o desmantelamento de uma unidade policial acusada de abusos.

A brigada foi dissolvida, mas pelo menos 10 manifestantes foram mortos, segundo a Amnistia. O Governo e o exército negaram qualquer responsabilidade.

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