terça-feira, 16 de abril de 2024

Descoberto "perto" da Terra o buraco negro estelar mais massivo da Via Láctea

Os astrónomos descobriram o buraco negro estelar mais massivo da nossa galáxia graças ao movimento de oscilação que este objeto induz na sua estrela companheira. A ilustração mostra as órbitas da estrela e do buraco negro, designado Gaia BH3.ESO/L. Calçada
Por sicnoticias.pt  16/04/2024

Os astrónomos identificaram o buraco negro estelar mais massivo na Via Láctea a “apenas” 2 mil anos-luz da Terra.
Foi descoberto o buraco negro estelar mais massivo alguma vez identificado na Via Láctea, chamado Gaia BH3 ou BH3, anunciou hoje o Observatório Europeu do Sul (ESO).

Este buraco negro foi encontrado a uma distância relativamente próxima da Terra, a apenas 2 mil anos-luz de distância, na constelação de Águia, tornando-o o segundo buraco negro mais próximo da Terra que conhecemos.

A descoberta foi feita através de dados da missão Gaia da Agência Espacial Europeia, que revelaram um movimento peculiar de "oscilação" da estrela companheira que orbita o buraco negro.

Foram utilizados dados do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO) e de outros observatórios terrestres para calcular que a massa deste buraco negro é 33 vezes superior à do Sol. Os buracos negros anteriormente identificados na Via Láctea são, em média, cerca de 10 vezes mais massivos que o Sol.

    “Ninguém estava à espera de encontrar um buraco negro de grande massa nas proximidades do Sol, que não tivesse sido ainda detetado”.

Revela o astrónomo da missão Gaia, Pasquale Panuzzo, do Observatório de Paris, do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) francês, sobre a descoberta publicada hoje na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.

    "Este é o tipo de descoberta que se faz uma vez na vida”.


Buracos negros estelares e supermassivos

Os buracos negros estelares formam-se a partir do colapso de estrelas de grande massa.

O buraco negro estelar mais massivo que conhecíamos na nossa Galáxia, Cygnus X-1, a 6 mil anos-luz da Terra, atinge apenas 21 massas solares. Gaia BH3 tem uma massa 33 vezes superior à do Sol.

Sagitário A* (Sgr A* - pronuncia-se Sagitário A-estrela) é o buraco negro supermassivo que está no cento da nossa galáxia, na constelação de Sagitário e localizado a 27.000 anos-luz da Terra, no coração de nossa galáxia. Foi observado na década de 1990 e a sua presença foi comprovada em imagens em 2022.

Esta imagem artística compara três buracos negros estelares da nossa Galáxia: Gaia BH1, Cygnus X-1 e Gaia BH3, cujas massas são 10, 21 e 33 vezes superiores à do Sol, respetivamente. Os raios dos buracos negros são diretamente proporcionais às suas massas, mas note-se que os buracos negros propriamente ditos não foram diretamente fotografados. ESO/M. Kornmesser

Gaia BH3, ou BH3, foi encontrado quando a equipa analisava as observações da missão Gaia e preparava uma futura publicação dos dados.

    "Resolvemos publicar este artigo com base em dados preliminares a título excecional antes da divulgação completa dos dados Gaia, devido à natureza única desta descoberta", explica a coautora Elisabetta Caffau e astrónoma de Gaia do CNRS Observatoire de Paris.

A disponibilização antecipada dos dados permitirá que outros astrónomos comecem a estudar este buraco negro desde já, sem esperar pela publicação dos dados completos, prevista para finais de 2025, na melhor das hipóteses.

Outras observações deste sistema poderão revelar mais sobre a sua história e sobre o próprio buraco negro. O instrumento GRAVITY montado no Interferómetro do VLT do ESO poderá ajudar os astrónomos a compreender melhor este objeto, investigando, por exemplo, se este buraco negro está a atrair matéria da sua vizinhança, explica o ESO.

Esta imagem de grande angular mostra a área do céu que rodeia Gaia BH3, o buraco negro estelar mais massivo encontrado na nossa Galáxia até à data. O buraco negro propriamente dito não é visível, mas a estrela que o orbita pode ser vista mesmo no centro desta imagem, criada a partir de fotografias do Digitized Sky Survey 2.
ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgement: D. De Martin.

 

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