quarta-feira, 15 de março de 2023

PR da Guiné-Bissau ordena "acabar com mendicidade" infantil no país

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POR LUSA  15/03/23 

O presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, deu hoje ordens ao ministro do Interior no sentido de prender o pai ou o mestre corânico de qualquer criança apanhada a mendigar na rua.

Embaló, que falava na localidade de Cumpanghor, na região de Gabu, no leste do país, na inauguração de um complexo escolar construído por uma organização não-governamental turca, constitui "uma autêntica vergonha" a mendicidade de crianças nas ruas de Bissau, uma situação que disse preocupar as autoridades e as Nações Unidas.

Falando no dialeto Fula, a sua etnia, Embaló questionou os presentes o porquê de serem as crianças originárias da região de Gabu - de onde ele é natural - as únicas que andam na mendicidade nas ruas do país.

"Porquê disso? Querem-me dizer que só as nossas crianças é que são muçulmanas. Essa situação não é recomendação islâmica, mandar uma criança mendigar é um ato criminoso, não tem nada a ver com o Islão", defendeu o Presidente guineense.

Dirigindo-se especificamente ao novo ministro do Interior, Soares Sambú, que também é o vice-primeiro-ministro guineense, Umaro Sissoco Embaló deu ordens no sentido de se acabar com a mendicidade de crianças na Guiné-Bissau.

"Dou uma semana ao ministro do Interior para acabar com a criança Talibé. A criança que for apanhada na mendicidade, o seu pai ou mestre corânico será detido pela polícia", afirmou o Presidente guineense.

Criança Talibé é o nome dado aos alunos do ensino corânico. Trata-se de crianças que se deslocam do seu ambiente familiar para centros urbanos, nomeadamente Bissau, e o Senegal com a finalidade de aprender o Corão, mas que na realidade acabam na mendicidade.

O presidente da Associação Guineense de Luta Contra a Migração Irregular e Tráfico de Seres Humanos, Suleimane Embaló, denunciou, na semana passada, que a mendicidade de crianças na Guiné-Bissau está a ganhar uma "proporção fora do normal".

O ativista transmitiu a mesma preocupação ao Presidente da Guiné-Bissau, que o recebeu em audiência também na semana passada.



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