segunda-feira, 23 de junho de 2025

Teerão confirma ataque israelita a prisão com detidos estrangeiros

Por LUSA 

O poder judicial iraniano confirmou hoje que os ataques israelitas atingiram a prisão de Evin, em Teerão, danificando partes das instalações, depois de Israel ter anunciado o estabelecimento prisional como um dos alvos dos bombardeamentos.

O poder judicial iraniano confirmou hoje que os ataques israelitas atingiram a prisão de Evin, em Teerão, danificando partes das instalações, depois de Israel ter anunciado o estabelecimento prisional como um dos alvos dos bombardeamentos.

"Durante o último ataque do regime sionista a Teerão, os projéteis atingiram infelizmente a prisão de Evin, causando danos em algumas secções", declarou o órgão do sistema judicial, Mizan Online.

Os edifícios da prisão no norte da capital iraniana permanecem "sob controlo" das autoridades, disse a mesma fonte, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

A televisão estatal iraniana mostrou o que pareciam ser imagens de vigilância a preto e branco do ataque.

A prisão é conhecida por deter cidadãos com dupla nacionalidade e ocidentais, frequentemente utilizados pelo Irão como moeda de troca nas negociações com o Ocidente.

Evin tem também unidades especializadas para prisioneiros políticos e para os que têm ligações com o Ocidente, geridas pelos Guardas da Revolução, que respondem apenas perante o líder supremo, 'ayatollah' Ali Khamenei.

A prisão é objeto de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, disse nas redes sociais que o ataque à prisão era uma resposta aos últimos ataques do Irão a Israel, segundo a agência de notícias espanhola EFE.

"Avisámos o Irão vezes sem conta: parem de atacar civis! Continuaram, incluindo esta manhã. A nossa resposta: 'Viva a liberdade, caramba!'", escreveu Saar, usando uma frase do Presidente argentino, Javier Milei.

O líder argentino estava em visita oficial a Israel pouco antes do início da ofensiva contra o Irão, em 13 de junho.

A irmã da francesa Cécile Kohler, detida na prisão de Evin com o companheiro Jacques Paris há mais de três anos, considerou como "completamente irresponsável" o ataque israelita.

"Não temos notícias, não sabemos se ainda estão vivos, estamos em pânico", disse Noémie Kohler à AFP.

O ataque "coloca os nossos entes queridos em perigo de vida", afirmou.

Kokler apelou às autoridades francesas para que "condenem estes ataques extremamente perigosos" e libertem os prisioneiros franceses.

"Isto é realmente o pior que poderia ter acontecido", continuou Noémie Kohler, que luta incansavelmente há mais de três anos para libertar a irmã e o companheiro, acusados de espionagem e considerados "reféns do Estado" iraniano pela França.

"Este ataque é completamente irresponsável, Cécile e Jacques e todos os prisioneiros correm perigo de vida", insistiu, preocupando-se também com o risco de caos e motins que o ataque poderá provocar na prisão.

A advogada da família Kohler, Chirinne Ardakani, condenou o "ataque ilegal".

"O risco de motins, de confusão geral e de represálias das forças de segurança contra os detidos insurrectos faz temer um derramamento de sangue. A vida das pessoas está a ser posta em causa por ambos os lados", disse à AFP.

Israel lançou a ofensiva contra o Irão sob a alegação de que o país persa da Ásia central estava prestes a obter uma bomba atómica.

Desde então, os dois países têm-se atacado mutuamente, com mais de 400 mortos do lado iraniano, incluindo altos oficiais militares e cientistas do programa nuclear, e pouco mais de duas dezenas de mortos do lado israelita.

O conflito teve um desenvolvimento inesperado no fim de semana, quando os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares iranianas, incluindo a de Fordo, construída no interior de uma montanha a sul de Teerão.

O Irão prometeu vingar a entrada dos Estados Unidos na guerra ao lado de Israel.


Leia Também: Israel atacou, esta manhã, o estabelecimento prisional de Evin, onde estavam detidos membros pertencentes à oposição do regime do Irão. Outras infraestruturas, como o Relógio da Destruição, também foram danificadas.

Portugueses são dos mais preocupados com uso de armas nucleares e eventual terceira guerra mundial... Um estudo de opinião abrangeu 12 países (Portugal, Dinamarca, Estónia, França, Alemanha, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Espanha, Suíça e Reino Unido) e 16.440 inquiridos com mais de 18 anos.

Por  sicnoticias.pt

Os inquiridos portugueses foram os que demonstraram, num estudo de opinião realizado em 12 países europeus, ter mais receio sobre o uso de armas nucleares, uma eventual terceira guerra mundial e uma guerra europeia além da Ucrânia.

"A maioria dos europeus está a acordar para a realidade de que vive num mundo muito diferente. Embora o receio de um ataque russo ao território da NATO seja menos generalizado do que alguns analistas sugerem - embora seja sentido com intensidade em certos Estados fronteiriços, como a Polónia, a Estónia e a Roménia, bem como em Portugal - é o medo crescente de um conflito nuclear que capta mais claramente a nova ansiedade europeia", indica o Conselho Europeu das Relações Externas (ECFR, na sigla inglesa) num estudo publicado esta segunda-feira.

Um dia antes do início da cimeira de dois dias da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) marcada por fortes tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia e pela necessidade de aumentar o investimento em defesa, o ECFR divulga um estudo de opinião que abrange 12 países (Portugal, Dinamarca, Estónia, França, Alemanha, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Espanha, Suíça e Reino Unido) e 16.440 inquiridos com mais de 18 anos.

Questionados sobre se estariam preocupados com potenciais acontecimentos, os inquiridos portugueses indicaram ter maior preocupação relativamente ao uso de armas nucleares (85%), a uma terceira guerra mundial (82%) e a uma guerra ainda maior em solo europeu além da Ucrânia (77%). Foram as percentagens mais altas entre os países ouvidos.

Em sentido inverso, os questionados portugueses demonstraram-se menos preocupados sobre uma eventual invasão russa do país (54%) e o desmembramento da União Europeia (UE) ou da NATO (65% e 66%, respetivamente).

Os inquiridos portugueses (que foram 1.010, ouvidos entre 16 e 28 de maio) também disseram estar mais inquietos que o Estado invista demasiado em defesa e descure outras políticas do que não invista o suficiente e isso ponha em causa a segurança do país.

Quando ao Presidente norte-americano, Donald Trump, a maioria dos questionados em Portugal (54%) considera que o republicado afetou a relação entre a Europa e os Estados Unidos, mas tal ligação melhorará quando ele sair.

Os 12 países selecionados pelo ECFR para este estudo de opinião têm por base critérios como equilíbrio geográfico e a dimensão.

Aliados da NATO reúnem-se em Haia

Os aliados da NATO reúnem-se na terça-feira e quarta-feira em cimeira na cidade holandesa de Haia sob a urgência de gastar mais em defesa, esperando que não haja guerra, mas preparando-se para o pior.

Esta reunião de líderes e de ministros da NATO servirá para debater os acontecimentos mundiais e o seu impacto na segurança euro-atlântica, com os aliados a preparem-se para a guerra sem esperar que realmente ocorra.

Fala-se de uma meta de atingir 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) com gastos militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de dupla utilização, civis e militares (como relativas à cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica), um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.

Em Portugal, o Governo anunciou que iria antecipar a meta de 2% do PIB em defesa para 2025.

Na passada quarta-feira, Mark Rutte saudou este anúncio português, afirmando que esta é "uma ótima notícia", que chegou ainda antes do arranque da cimeira.

Em 2024, Portugal investiu cerca de 4.480 milhões de euros em defesa, aproximadamente 1,58% do seu PIB, o que colocou o país entre os aliados da NATO com menor despesa militar - abaixo da meta dos 2% -, segundo estimativas do Governo e da organização.

Portugal estará representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo.

PR Umaro Sissoco Embaló, visita às instalações do novo parque dos Transportes urbanos de Bissau e Centro de Pesagem da UEMOA.

Passo a passo, com mapas, ilustrações e imagens antes e depois: como decorreu o ataque americano

Por CNN Portugal

Os detalhes dos ataques foram apresentados em conferência de imprensa no domingo pelo presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA

Como ocorreram os ataques 

O ataque dos EUA às instalações nucleares do Irão envolveu mais de 125 aeronaves, de acordo com autoridades americanas. Bombardeiros furtivos B-2 lançaram mais de uma dúzia de gigantescas "bunker buster" (bombas antibunker) nas instalações de Fordow e Natanz, no Irão, enquanto mísseis Tomahawk atingiram um local na cidade de Isfahan.

Eis um um guia com o que sabemos até agora sobre o ataque:

Como se desenrolou a Operação Martelo da Meia-Noite: 

Nota: os horários e locais são aproximados.. Fonte: Departamento de Defesa dos EUA. Grafismo: Henrik Pettersson e Renée Rigdon, CNN. Tradução e adaptação CNN Portugal

Os detalhes dos ataques foram apresentados em conferência de imprensa no domingo pelo presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Dan Caine, que mostrou apresentou uma cronologia:

MEIA-NOITE (horário da costa leste dos EUA, 5 da manhã em Lisboa): a operação começou na madrugada de sexta-feira para sábado, disse Caine na conferência de imprensa no Pentágono. Quando os bombardeiros B-2 descolaram dos EUA, alguns seguiram para oeste como "isco", enquanto os restantes “prosseguiram silenciosamente para leste com comunicações mínimas durante todo o voo de 18 horas”.

POR VOLTA DAS 17H00  (horário da costa leste dos EUA, 22h00 em Lisboa): segundo Caine, um submarino norte-americano "lançou mais de duas dúzias de mísseis de cruzeiro Tomahawk contra alvos-chave da infraestrutura de superfície" na instalação nuclear de Isfahan, no Irão.

Quando os B-2 entraram no espaço aéreo iraniano, os EUA "empregaram várias táticas de dissimulação, incluindo iscos, enquanto as aeronaves de quarta e quinta geração avançavam à frente em alta altitude e alta velocidade, varrendo a frente do bloco em busca de caças inimigos e ameaças de mísseis terra-ar”, disse Caine.

O responsável acrescentou que, ao aproximarem-se das instalações de Natanz e Fordow, os EUA empregaram "armas de supressão de alta velocidade" com caças para "garantir a passagem segura" dos bombardeiros B-2.

CERCA DAS 18h40 (hora da costa leste dos EUA, 23H40 em Lisboa): o bombardeiro B-2 líder lançou duas enormes bombas "bunker-buster" no local nuclear de Fordow, disse Caine, e "os bombardeiros restantes atingiram então os seus alvos".

Esses alvos adicionais foram atingidos, disse Caine, “entre as 18h40 e as 19h05, hora da costa leste dos EUA”.

Isso coloca o horário desses ataques por volta das 2h10, hora local no Irão, já no domingo.

No total, disse Caine, foram lançadas 14 bombas GBU-57, "Massive Ordnance Penetrators".

VOO DE REGRESSO AOS EUA: as forças dos EUA “iniciaram o seu regresso a casa”, disse Caine, salientando que o Irão não disparou contra as aeronaves dos EUA durante a entrada ou saída.

Esta é a bomba "destruidora de bunkers" que os norte-americanos usaram

Nesta foto divulgada pela Força Aérea dos Estados Unidos a 2 de maio de 2023, pilotos observam uma GBU-57, conhecida como "Massive Ordnance Penetrator", na Base Aérea de Whiteman, no Missouri. Crédito:Força Aérea dos Estados Unidos/AP via CNN Newsource

Os Estados Unidos usaram a bomba GBU-57A/B Massive Ordnance Penetrator (MOP), conhecida como “bunker buster”, nos seus ataques a instalações nucleares iranianas, disseram duas fontes familiarizadas com a operação.

É a primeira vez que se tem conhecimento do uso operacional da bomba. Não é ainda claro quantas MOP foram lançadas.

Antes dos ataques de sábado, alguns funcionários norte-americanos levantaram questões pertinentes sobre se a MOP seria capaz de destruir completamente a arquitetura nuclear do Irão, especialmente onde as instalações de enriquecimento estão enterradas a grandes profundidades.

Acredita-se que a MOP seja o único armamento capaz de atingir instalações profundamente enterradas, embora haja dúvidas de que uma única munição seja capaz de penetrar profundamente o suficiente para alcançá-las. Os bombardeiros B-2 Spirit dos EUA são as únicas aeronaves capazes de transportar as bombas. A CNN informou no sábado que os B-2 foram usados na operação.

 A bomba "destruidora de bunkers" (“bunker buster”) dos EUA é a única arma capaz de destruir a Fábrica de Enriquecimento de Combustível de Fordow, uma instalação considerada fundamental para o programa nuclear de Teerão, que foi construída dentro de uma montanha e se estende profundamente no subsolo.

A munição perfurante de grande calibre GBU-57A/B (MOP - Massive Ordnance Penetrator)  foi concebida para "atingir e destruir as armas de destruição maciça dos nossos adversários localizadas em instalações bem protegidas", de acordo com uma ficha informativa da Força Aérea dos EUA.

Trata-se de uma bomba de 13,6 toneladas, com 2,7 toneladas de "explosivos de alta potência", explicou Masao Dahlgren, membro do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais do Projeto de Defesa Antimísseis.

A bomba tem "um invólucro espesso e duro", explicava Dahlgren, para que os explosivos resistam ao impacto do solo e penetrem nas profundezas que se pretende atingir. “Há a estrutura e há o explosivo no detonador – o explosivo precisa ser robusto o suficiente para não detonar sem ser acionado, a estrutura precisa ser forte o suficiente para descer tão fundo e atingir com tanta força e transmitir energia suficiente para chegar tão fundo. E então o detonador precisa de ser resistente o suficiente para sobreviver a tudo isso e inteligente o suficiente para saber quando explodir”, disse Dahlgren.

Os testes com a bomba começaram em 2004, entre uma crescente preocupação com armas de destruição em massa, contou Dahlgren. Um dos fatores que levaram ao seu desenvolvimento, acrescentou, foram estudos que mostraram que bombardear a entrada de uma instalação “não geraria pressão de explosão suficiente para destruir toda a instalação”.

Em 2009, a Boeing ganhou o contrato para integrar o sistema de armas nas aeronaves dos EUA. O B-2 Spirit da Força Aérea – um bombardeiro pesado multifuncional – é a única aeronave capaz de desacarregar a bomba operacionalmente.

O B-2, fabricado pela Northrop Grumman, é a “espinha dorsal da tecnologia furtiva”, de acordo com a empresa. A aeronave voa a partir da Base Aérea de Whiteman, no Missouri, EUA, e foi exibida publicamente pela primeira vez em novembro de 1988. Os EUA utilizaram bombardeiros B-2 em 2024 para atacar os houthis apoiados pelo Irão no Iémen, visando instalações subterrâneas de armazenamento de armas.

O bombardeiro – pilotado por uma tripulação de dois homens – pode voar aproximadamente 11 mil quilómetros sem reabastecimento, de acordo com a Força Aérea dos EUA. As suas capacidades de “furtividade” permitem-lhe “penetrar nas defesas mais sofisticadas do inimigo e ameaçar os seus alvos mais valiosos e fortemente defendidos”, detalha a Força Aérea.

Não é claro quantas munições os EUA têm em inventário; em 2009, a Boeing entregou 20 à Força Aérea, que estavam em vigor em 2015. Dahlgren estima que há cerca de 30 munições no arsenal dos EUA.

Qual a gravidade dos danos causados pelos ataques dos EUA às instalações nucleares do Irão? 

Imagem de satélite mostra pelo menos seis crateras de impacto na instalação nuclear de Fordow, no Irão, no domingo, após os ataques dos EUA. Maxar Technologies/CNN

Aeronaves de guerra. Submarinos. Mísseis de cruzeiro. Bombas que pesam quase 14 toneladas. Depois de inicialmente favorecer a diplomacia, Donald Trump recorreu a um uso extraordinário da força contra o Irão na noite de sábado, atacando três das principais instalações nucleares do regime.

Segundo Trump, as instalações nucleares do Irão foram “destruídas”, mas algumas autoridades iranianas minimizaram o impacto dos ataques — assim como fizeram quando Israel atacou pela primeira vez as instalações do Irão em 13 de junho.

Com as imagens de satélite dos ataques noturnos a começarem a surgir, eis o que sabemos sobre os danos que os EUA infligiram ao programa nuclear do Irão.

Trump anuncia ataques dos EUA a instalações nucleares no Irão

Fordow

Fordow é a instalação de enriquecimento nuclear mais importante do Irão, enterrada nas profundezas de uma montanha para protegê-la de ataques. Acredita-se que as salas principais estejam a cerca de 80 a 90 metros abaixo do solo.

Analistas afirmam há muito que os EUA são o único exército do mundo com o tipo de bomba necessária para atingir uma profundidade tão grande – a enorme GBU-57, de quase 14 toneladas.

Os EUA utilizaram seis bombardeiros B-2 para lançar 12 dessas bombas “destruidoras de bunkers” no local, segundo disse uma autoridade norte-americana à CNN.

Uma análise da CNN a imagens de satélite mostra que os ataques dos EUA deixaram pelo menos seis grandes crateras no local de Fordow, indicando o uso de bombas destruidoras de bunkers.

As imagens, captadas pela Maxar, mostraram seis crateras de impacto separadas em dois locais próximos em Fordow. As crateras são visíveis ao longo de uma crista que atravessa o complexo subterrâneo.

Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), órgão de fiscalização nuclear da ONU, disse à CNN que houve um “impacto cinético direto” em Fordow, mas que era muito cedo para avaliar se isso causou danos internos ao local subterrâneo.

“É claro que não se pode excluir (a possibilidade) de que haja danos significativos lá”, afirmou.

David Albright, presidente do Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional (ISIS), disse à CNN que as imagens de satélite sugeriam que “poderia ter havido danos consideráveis na sala de enriquecimento e nas salas adjacentes que dão apoio ao enriquecimento”.

“A destruição total da sala subterrânea é bastante possível”, disse Albright, ao mesmo tempo em que enfatizou que uma avaliação completa dos danos levará tempo.

N.R. Jenzen-Jones, especialista em munições e diretor da empresa de pesquisa Armament Research Services (ARES), concordou que há pelo menos seis pontos de entrada em Fordow após os ataques dos EUA.

"Os buracos de entrada maiores e centrais nos dois grupos têm formas irregulares e sugerem que várias munições atingiram o mesmo local preciso", disse Jenzen-Jones à CNN.

"Isto é consistente com a teoria de um ataque a um alvo tão profundamente enterrado como o local de Fordow, que exigiria várias munições penetrantes, lançadas com precisão e cuidadosamente calibradas, para essencialmente “esmagar” e abrir caminho até às áreas mais profundas e protegidas do local", acrescentou.

Imagens de satélite mostraram também mudanças significativas na cor da encosta da montanha onde a instalação está localizada, indicando que uma vasta área foi coberta por uma camada de cinzas cinzentas após os ataques.

Uma análise da CNN às imagens recolhidas antes dos ataques dos EUA sugeriu que o Irão tinha tomado medidas para reforçar as entradas dos túneis que se acredita conduzirem à instalação subterrânea, provavelmente em antecipação a um ataque iminente. Essas imagens mostravam terra empilhada frente a pelo menos duas das seis entradas.

Embora o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão tenha afirmado que os EUA ultrapassaram uma “linha vermelha muito importante”, outros líderes iranianos minimizaram o impacto dos ataques. Manan Raeisi, um deputado que representa a cidade de Qom, perto de Fordow, disse que os danos causados pelo ataque foram “bastante superficiais”.

Mas Albright, do ISIS, disse à CNN que os relatórios iniciais do Irão “devem ser descartados”. E afirmou que, durante as rondas anteriores de ataques às instalações nucleares do Irão, Teerão minimizou o seu impacto, mas as imagens de satélite mostram uma realidade muito diferente.

Natanz

Natanz é o local do maior centro de enriquecimento nuclear do Irão e foi alvo do ataque inicial de Israel ao Irão em 13 de junho. O local tem seis edifícios acima do solo e três estruturas subterrâneas, que abrigam centrífugas — uma tecnologia fundamental no enriquecimento nuclear, que transforma urânio em combustível nuclear.

As instalações acima do solo foram danificadas no ataque inicial de Israel. A AIEA disse que os ataques danificaram a infraestrutura elétrica da usina.

Embora não esteja claro se os ataques de Israel causaram danos diretos às instalações subterrâneas, a AIEA afirmou que a perda de energia na sala subterrânea em cascata “pode ter danificado as centrífugas que lá se encontravam”.

Imagem de satélite mostra duas crateras acima das salas subterrâneas da instalação nuclear de Natanz após o local ter sido bombardeado pelos Estados Unidos em 22 de junho. Imagem de satélite ©2025 Maxar Technologies/Gráfico: Thomas Bordeaux/CNN

Os EUA também atacaram Natanz na operação de sábado à noite. Um funcionário norte-americano afirmou que um bombardeiro B-2 lançou duas bombas antibunker no local. Submarinos da Marinha dos EUA também dispararam 30 mísseis de cruzeiro TLAM contra Natanz e Isfahan, o terceiro local iraniano alvo dos EUA.

Uma análise da CNN de imagens de satélite mostrou que duas novas crateras surgiram no local, provavelmente causadas pelas bombas antibunker. As crateras — uma com um diâmetro de cerca de 5,5 metros e a outra com cerca de 3,2 metros, de acordo com as imagens da Maxar — ficam diretamente acima de partes do complexo localizado no subsolo.

A extensão dos danos subterrâneos no local ainda não é clara neste momento.

Isfahan

Isfahan, no centro do Irão, abriga o maior complexo de pesquisa nuclear do país.

A instalação foi construída com o apoio da China e inaugurada em 1984, de acordo com a organização sem fins lucrativos Nuclear Threat Initiative (NTI). Cerca de 3.000 cientistas trabalham em Isfahan, diz a NTI, e o local é “suspeito de ser o centro” do programa nuclear do Irão.

Após os ataques dos EUA, pelo menos 18 estruturas destruídas ou parcialmente destruídas puderam ser vistas em imagens de satélite, segundo uma análise da CNN. O local ficou visivelmente enegrecido devido à quantidade de escombros lançados pelos ataques.

Segundo Albright, os relatórios iniciais sugeriam que os EUA também atacaram complexos de túneis perto do local de Isfahan, “onde normalmente armazenam urânio enriquecido”.

Se tal se confirmar, isso mostrará que os EUA estavam a tentar eliminar os stocks de urânio do Irão que haviam sido enriquecidos a 20% e 60%. O urânio para uso militar é enriquecido a 90%.

Uma avaliação publicada no domingo pelo Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional afirmou que Isfahan tinha sido "gravemente danificada".

A principal instalação de conversão de urânio do complexo, que converte urânio natural na forma de urânio introduzido em centrifugadoras a gás, ficou "gravemente danificada", afirmou o instituto na sua avaliação.

As entradas dos túneis que conduzem ao complexo subterrâneo também foram observadas como estando danificadas, com pelo menos três das quatro entradas dos túneis a terem desabado.

O instituto afirmou ter visto imagens de satélite de sexta-feira que mostram as entradas dos túneis a ser preenchidas com terra.

"Esta é provavelmente uma medida de precaução para conter uma explosão ou impedir a dispersão de materiais perigosos para fora das instalações", afirmou.

A CNN não conseguiu verificar de forma independente as notícias de que complexos de túneis perto do local de Isfahan foram alvo de ataques. Numa conferência de imprensa no Pentágono no domingo, o general Dan Caine, presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, afirmou que um submarino norte-americano tinha «lançado mais de uma dúzia de mísseis de cruzeiro Tomahawk contra alvos-chave de infraestruturas de superfície» no local de Isfahan.

Netanyahu diz ter informações "interessantes" sobre urânio enriquecido

Por LUSA 

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou no domingo ter informações "interessantes" sobre a localização de 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, após especulações sobre a ocultação deste material radioativo antes dos bombardeamentos norte-americanos contra instalações nucleares iranianas.

Referindo que obviamente não partilhava as suas informações, o chefe do Governo de Israel justificou, em conferência de imprensa, que precisava agir depois de a República Islâmica ter acelerado a sua busca por uma bomba nuclear, no seguimento do assassínio do antigo líder do grupo xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, aliado de Teerão, num ataque israelita em Beirute, em setembro de 2024.

Além das suas ambições nucleares, segundo Netanyahu, o Irão planeava fabricar 300 mísseis balísticos por mês, uma informação que disse ter partilhado com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

"Eu disse-lhe que precisávamos de agir, e ele compreendeu perfeitamente. Sabia que, quando chegasse a altura, faria a coisa certa. Faria a coisa certa pela América. Faria a coisa certa pelo mundo livre. Faria a coisa certa pela civilização", comentou.

O líder israelita, que falava após os ataques dos Estados Unidos na madrugada de domingo no Irão, que se seguiram ao início da ofensiva de Israel em 13 de junho, alegou que os bombardeiros norte-americanos causaram "danos gravíssimos" nas instalações nucleares de Fordow.

"Estamos a eliminar a ameaça", assinalou, afastando a possibilidade de este ser o início de uma "guerra de atrito", embora indique que não vai ser parada até que Telavive atinja os seus objetivos.

No plano político, Netanyahu destacou que a ofensiva no Irão levará a uma expansão dos Acordos de Abraão, que visam a normalização das relações de Israel com o mundo árabe.

"Estão a abrir-se oportunidades extraordinárias, oportunidades que nem sequer poderíamos imaginar", declarou o líder israelita, vaticinando "uma enorme expansão dos acordos de paz" e relações que "agora parecem uma fantasia" em direção a "um futuro brilhante de segurança, prosperidade, esperança e também paz".

Nas suas declarações de domingo, o primeiro-ministro israelita alegou que o seu país "ficou mais perto" dos objetivos que traçou para o Irão, após os bombardeamentos da aviação norte-americana.

"Já conquistámos muito e, graças ao Presidente Trump, estamos mais perto de atingir os nossos objetivos", declarou.

Netanyahu disse que um dia contará as conversas com Trump, que designou como seu amigo, com "detalhes muito interessantes" e que, a par dos dois serviços de informações (norte-americano e israelita), resultaram em "golpes muito duros" para o Irão.

Israel indicou ainda que concluiu os seus ataques contra "todas as bases iranianas" usadas para lançamento de mísseis contra o seu território.

Aviões norte-americanos bombardearam na madrugada de domingo três instalações nucleares no Irão, juntando-se à ofensiva lançada por Israel em 13 de junho, justificada pela criação iminente de uma bomba nuclear, o que é refutado por Teerão.

Poucas horas depois, o Irão lançou cerca de 40 mísseis contra Israel, acusando os Estados Unidos de destruir as possibilidades de uma solução diplomática para a questão nuclear.

No domingo, em conferência de imprensa no Pentágono, o secretário da Defesa norte-americano comentou que os Estados Unidos "não pretendem entrar em guerra" com o Irão, mas avisou que vão agir "rápida e decisivamente" caso os seus interesses sejam ameaçados por Teerão como forma de retaliação.

Preços do petróleo sobem 4% na abertura dos mercados asiáticos

Por LUSA 

Os preços do petróleo subiram 4% no início das negociações das bolsas asiáticas de segunda-feira, antes de limitarem a sua subida, por receios de perturbações no abastecimento devido à guerra entre o Irão e Israel.

Os preços do petróleo subiram 4% no início das negociações das bolsas asiáticas de segunda-feira, antes de limitarem a sua subida, por receios de perturbações no abastecimento devido à guerra entre o Irão e Israel.

Os preços subiram depois de os ataques norte-americanos que visaram no fim de semana centrais nucleares iranianas e das ameaças de retaliação de Teerão terem provocado receios.

No início do dia, o barril de petróleo WTI americano subia 2,53% para 75,71 dólares, depois de ter ultrapassado os 77 dólares, enquanto o barril de petróleo Brent do Mar do Norte subia 2,42% para 78,87 dólares, depois de ter ultrapassado os 81 dólares, o seu nível mais elevado dos últimos seis meses.

Israel tem em curso uma ofensiva contra o Irão desde 13 de junho, que justificou com os progressos do programa nuclear iraniano e a ameaça que a produção de mísseis balísticos por Teerão representa para o país.

O Irão tem repetidamente negado o desenvolvimento de armas nucleares e reivindica o direito a realizar atividades nucleares pacíficas.

Os ataques de Telavive destruíram infraestruturas nucleares do Irão e mataram altos comandos militares e cientistas iranianos que trabalhavam no programa nuclear.

Teerão tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas e várias instalações militares espalhadas pelo país.

Na noite de sábado para domingo os Estados Unidos envolveram-se militarmente no conflito, com recurso a aviões bombardeiros B-2, que, segundo o Pentágono (Departamento de Defesa), conseguiram "eliminar" as ambições nucleares do Irão.

Os ataques "terão consequências eternas", garantiu o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmando que Teerão mantém em aberto "todas as opções para defender a sua soberania, os seus interesses e o seu povo".


Leia Também: A Austrália e o Japão declararam hoje apoio aos Estados Unidos após o ataque de sábado à noite a três instalações nucleares iranianas. 


Kyiv alvo de "ataque maciço" de drones

Por LUSA 

Um "ataque maciço" de drones russos está a acontecer em Kyiv esta noite, tendo deixado pelo menos uma pessoa ferida, segundo as autoridades locais, com os jornalistas da agência francesa AFP a relatarem fortes detonações na capital ucraniana.

Um "ataque maciço" de drones russos está a acontecer em Kyiv esta noite, tendo deixado pelo menos uma pessoa ferida, segundo as autoridades locais, com os jornalistas da agência francesa AFP a relatarem fortes detonações na capital ucraniana.

"Outro ataque maciço à capital. Possivelmente várias vagas de drones inimigos", escreveu o chefe da administração de Kyiv, Timur Tkatchenko, na rede social Telegram.

"Neste momento, há uma pessoa ferida no bairro de Solomyanski", escreveu o presidente da Câmara de Kyiv, Vitali Klitschko.

Os jornalistas da agência de notícias AFP na capital ouviram o som de drones em voo e uma série de detonações, provavelmente fogo da defesa aérea ucraniana.

Num abrigo na cave de um edifício residencial no centro de Kyiv, os jornalistas viram cerca de dez pessoas à espera que o ataque terminasse, sentadas em cadeiras ou bancos, a maioria delas a verificar os seus telemóveis para obter informações. Uma mulher e o seu filho dormiam em camas desdobráveis trazidas antecipadamente para o abrigo.

Todas as noites, as cidades ucranianas são alvo de ataques russos, numa altura em que as negociações de cessar-fogo estão num impasse.

Pelo menos 28 pessoas morreram e mais de 130 ficaram feridas em Kyiv, na noite de 16 para 17 de junho, num ataque russo que utilizou mais de 440 drones e 32 mísseis, de acordo com as autoridades ucranianas.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).


Leia Também: Ucrânia apoia ataques dos EUA no Irão por serem justificados 

Exército ucraniano impede avanço russo e recupera posições em Sumi

O comandante chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksandr Sirski, assegurou este domingo que as tropas ucranianas conseguiram travar o avanço russo na região nordeste de Sumi, recuperando a localidade de Andriivka e avançando na zona de Yunakivka.
© Fornecido por RTP

O comandante chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksandr Sirski, assegurou este domingo que as tropas ucranianas conseguiram travar o avanço russo na região nordeste de Sumi, recuperando a localidade de Andriivka e avançando na zona de Yunakivka.

"A situação ali foi estabilizada. Recuperámos Andriivka e avançámos entre 200 e 700 metros em Yunakivka, numa semana", afirmou o general, durante um encontro com meios de comunicação locais, noticia a agência EFE.

Também a plataforma de análise militar DeepState confirmou hoje que a Ucrânia recuperou o controlo de Andriivka.

A Rússia tenta estabelecer uma zona de segurança nas províncias fronteiriças de Sumi e Kharkiv (no leste) para evitar ataques ucranianos contra o outro lado da fronteira, ou seja, as regiões russas de Kursk e Belgorod.

Na região de Kursk, a Ucrânia controla atualmente uma pequena área, cerca de 90 quilómetros quadrados no distrito de Glushkovo, onde as tropas de Kiev enfrentam cerca de 10 mil soldados russos, segundo Oleksandr Sirski.

A Ucrânia lançou a ofensiva transfronteiriça em Kursk, fronteiriça com Sumi, em agosto passado, e conquistou inicialmente cerca de 1.300 quilómetros quadrados, mas desde então perdeu a maior parte desse território, devido a uma contraofensiva russa no início deste ano.

A Rússia declarou em abril que havia libertado totalmente a região, mas a Ucrânia sempre negou essa afirmação.

Kiev procurava antecipar-se a uma ofensiva russa em Sumi e forçar Moscovo a redistribuir tropas colocadas em Donetsk.

Na região de Kursk chegaram a combater cerca de 60 mil soldados russos, reforçados com militares norte-coreanos, mas depois de considerar o território sob controlo, Moscovo pretendia deslocá-los para as frentes de Donetsk, Zaporíjia e Kherson.

No entanto, segundo Sirski, foi necessário manter 10 mil militares em Glushkovo.

O general afirmou também que unidades de assalto russas chegaram perto da fronteira administrativa da província de Dnipropetrovsk, mas foram repelidas.

Segundo o DeepState, as forças russas ocuparam aproximadamente 449 quilómetros quadrados de território ucraniano em maio, o número mensal mais alto deste ano.

A guerra na Ucrânia, iniciada pela ofensiva militar russa no território vizinho a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

domingo, 22 de junho de 2025

Israel/Irão: Bombardeiros B-2 envolvidos no ataque dos EUA regressaram à base... Os bombardeiros furtivos B-2 que lançaram bombas de grande dimensão sobre várias instalações nucleares iranianas regressaram hoje à base norte-americana no Missouri.

© Aaron M. Sprecher/Getty Images   Lusa   22/06/2025 

Um jornalista da agência de notícia Associated Press (AP) assistiu à aterragem de sete bombardeiros B-2 Spirit na Base da Força Aérea de Whiteman. A base, a cerca de 73 milhas (117 quilómetros) a sudeste de Kansas City, é a sede da 509.ª Ala de Bombardeiros, a única unidade militar dos Estados Unidos (EUA) que opera os bombardeiros B-2 Spirit.

O primeiro grupo de quatro aeronaves furtivas deu uma volta em torno da base antes de se aproximar de uma pista pelo norte, enquanto um último grupo de três chegou 10 minutos depois.

Entretanto, também o Presidente dos EUA confirmou o regresso dos bombardeiros furtivos B-2.

"Os GRANDES pilotos de B-2 acabaram de aterrar em segurança no Missouri. Obrigado pelo excelente trabalho!", escreveu Donald Trump, na rede social Truth Social, recorrendo à escrita em letras maiúsculas, como faz frequentemente para enfatizar a mensagem.

Na véspera, os bombardeiros B-2 tinham feito parte de um vasto plano que visou atingir centros nevrálgicos do programa nuclear iraniano.

Segundo as autoridades norte-americanas, um grupo de aviões furtivos dirigiu-se para oeste a partir da base do Missouri, no sábado, com a intenção de servir de isco para despistar as forças iranianas.

Um outro grupo de sete aviões voou discretamente para leste, empenhando-se na missão no Irão. Auxiliados por uma armada de aviões-tanque de reabastecimento e de caças - alguns dos quais lançaram as suas próprias armas - os pilotos americanos lançaram 14 bombas de 30.000 kg na madrugada de domingo (hora local) sobre duas importantes instalações subterrâneas de enriquecimento de urânio no Irão.

Marinheiros norte-americanos reforçaram a missão, disparando dezenas de mísseis de cruzeiro a partir de um submarino em direção a pelo menos um outro local.

As autoridades norte-americanas afirmaram que o Irão não detetou o disparo de artilharia nem disparou contra os jatos furtivos norte-americanos.

Apelidada de "Operação Martelo da Meia-Noite", a missão realizou um "ataque de precisão" que "devastou o programa nuclear iraniano", referiram as autoridades norte-americanas, mesmo reconhecendo que estava em curso uma avaliação.

Por seu lado, o Irão negou que tenha sido causado qualquer dano significativo, e a República Islâmica prometeu retaliar.

Israel tem em curso uma ofensiva contra o Irão desde 13 de junho, que justificou com os progressos do programa nuclear iraniano e a ameaça que a produção de mísseis balísticos por Teerão representa para o país.

O ataque ordenado pelo Presidente Donald Trump ditou o envolvimento direto dos Estados Unidos, um aliado tradicional de Telavive, no conflito entre Israel e o Irão.


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AIEA afirma que Natanz está arrasada e Isfahan inoperacional... O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, admitiu hoje "claros impactos" nas instalações nucleares iranianas de Fordo, Natanz, que foi arrasada, e Isfahan, que está praticamente inoperacional.

© Lusa   22/06/2025

Os EUA descarregaram toneladas de bombas sobre estas três zonas num ataque sem precedentes contra a república islâmica.

"Há indícios claros de impactos, mas não podemos dizer nada sobre os danos nas instalações subterrâneas", disse Grossi à CNN sobre as instalações de Fordo, protegidas por uma montanha de rocha perfurada esta manhã por "pelo menos duas bombas MOP de alta penetração", a primeira vez que foram utilizadas em combate, segundo os Estados Unidos.

Segundo o responsável da agência de energia atómica da ONU, não se pode excluir que tenham ocorrido danos significativos nestas instalações nucleares subterrâneas.

"Em Natanz, todas as instalações de superfície foram completamente destruídas", afirmou Grossi, referindo que a cidade tem estado sob ataque preventivo israelita há vários dias.

As instalações subterrâneas parecem ter "sofrido muitos danos" devido aos cortes de energia provocados pelos bombardeamentos, disse.

A instalação nuclear de Esfahan, atingida por mísseis Tomahawk americanos nas últimas horas, também sofreu "danos significativos", acrescentou.

O diretor-geral da AIEA reiterou ainda que, embora a sua organização tenha lamentado a falta de informação fornecida pelo Irão nos últimos meses sobre o seu programa nuclear, também não dispunha dos elementos necessários "para demonstrar que planeava desenvolver uma arma nuclear", como afirmam os Estados Unidos e Israel.

Na manhã de hoje, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) tinha referido que "não houve aumento nos níveis de radiação fora do local" após os ataques aéreos dos Estados Unidos a três instalações nucleares iranianas.

Explosão ouvida na região onde se situa central nuclear iraniana... Uma forte explosão foi ouvida hoje em Bushehr, onde se situa a central nuclear iraniana, mas terá sido dirigido a instalações militares na região, segundo fontes iranianas.

© Kobi Wolf/Bloomberg via Getty Images   Lusa   22/06/2025

"Uma grande explosão foi ouvida em Bushehr", noticiou o jornal reformista Shargh, citado pela agência espanhola EFE, que não deu mais informações.

As autoridades políticas de Bushehr indicaram, por seu turno, que houve um ataque dirigido contra "duas instalações militares" na região, e que esse ataque foi repelido.

"A rede de defesa foi imediatamente ativada e, após identificar e intercetar os alvos hostis, eles foram destruídos", disse o vice-governador de Bushehr.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou neste sábado que os Estados Unidos atacaram "com sucesso" três instalações nucleares iranianas, entrando o país assim diretamente no conflito entre Israel e Irão.

Após os ataques, o Centro de Segurança Nuclear do Irão declarou que "nenhum sinal de contaminação foi registado" nos locais atacados: Fordo, Natanz e Isfahan.

O chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, indicou, na sexta-feira, que um ataque direto à central nuclear iraniana de Bushehr teria as consequências mais "sérias", potencialmente libertando grandes quantidades de radiação.

"Este é o local nuclear no Irão onde as consequências de um ataque seriam mais sérias", alertou o representante durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para abordar o conflito entre Israel e o Irão, ainda antes do ataque norte-americano, observando que o local abrigava milhares de toneladas de material nuclear.

O chefe da AIEA fez saber, na mesma intervenção, que tinha sido contactado pelos países da região nas últimas horas, que lhe expressaram as suas preocupações.

Israel desencadeou e tem em curso uma ofensiva contra o Irão desde 13 de junho, que justificou com os progressos do programa nuclear iraniano e a ameaça que considera representar para o país a produção de mísseis balísticos por Teerão.

A acusação é refutada por Teerão, que insiste nos fins pacíficos do seu programa nuclear, e que tem lançado vários ataques aéreos em retaliação contra Israel.

Os Estados Unidos entraram diretamente na guerra de Israel contra o Irão, bombardeando instalações envolvidas no programa nuclear iraniano, por ordem do Presidente norte-americano, Donald Trump, que ameaçou o regime de Teerão com mais ataques se "a paz não chegar rapidamente".

EUA "não pretendem entrar em guerra" com Irão

Por   cnnportugal.iol.pt

A operação envolveu mais de 125 aviões e uma manobra de dissimulação que colocou bombardeiros sobre o Pacífico como “isco”

O secretário da Defesa norte-americano disse este domingo que os Estados Unidos “não pretendem entrar em guerra” com o Irão, mas avisou que vão agir “rápida e decisivamente” caso os interesses dos EUA sejam ameaçados por Teerão como forma de retaliação.

A missão, denominado ‘Operation Midnight Hammer’ (Operação Martelo da Meia-Noite) visou bombardeamentos a três grandes instalações do programa nuclear iraniano e não encontrou resistência iraniana, afirmaram Pete Hegseth e o chefe do Estado-Maior do Exército dos Estados Unidos, Dan Caine, numa conferência de imprensa conjunta no Pentágono para explicar a operação de sábado à noite.

A missão, segundo o líder do Pentágono, não tinha como objetivo a mudança de regime iraniano.

"A operação não teve como alvo as tropas iranianas ou o povo iraniano. Trump afirmou há mais de 10 anos que o Irão não pode obter uma arma nuclear, ponto final. Graças à sua liderança ousada e visionária e ao seu compromisso com a paz através da força, as ambições nucleares do Irão foram destruídas", disse Pete Hegseth.

Por sua vez, o chefe do Estado-Maior do Exército dos Estados Unidos deu conta que o objetivo da operação - destruir as instalações nucleares em Fordo, Natanz e Isfahan - tinha sido alcançado.

“Os danos finais de combate levarão algum tempo, mas as avaliações iniciais dos danos de combate indicam que os três locais sofreram danos e destruição extremamente graves”, disse Dan Caine.

Segundo o chefe do Estado-Maior do Exército dos EUA, a operação envolveu sobretudo sete bombardeiros furtivos B-2, diretamente responsáveis pelo ataque às instalações de Natanz, Isfahan e, sobretudo, Fordo, que foi atingida pelas bombas de alta penetração 'Massive Ordnance Penetrator' (MOP GBU-57), na primeira utilização operacional deste tipo de armamento em combate.

A operação envolveu mais de 125 aviões e uma manobra de dissimulação que colocou bombardeiros sobre o Pacífico como “isco”, segundo o general.

A missão, que partiu de uma base no Missouri, foi a mais longa realizada por bombardeiros B-2 desde os ataques de 11 de setembro de 2001, acrescentou Caine.

Os Estados Unidos entraram no sábado na guerra de Israel contra o Irão, bombardeando as três principais instalações envolvidas no programa nuclear iraniano, enquanto o Presidente Donald Trump ameaçou o regime de Teerão com mais ataques se “a paz não chegar rapidamente”.


Leia Também:  "Não estamos em guerra com Irão, estamos em guerra com programa nuclear"...   O vice-presidente norte-americano sublinhou que os Estados Unidos não pretendiam uma mudança de regime no Irão, tampouco enviar mais tropas para o Médio Oriente, e que ambicionavam a paz "no contexto de não terem um programa de armas nucleares", tendo rejeitado as acusações de que "explodiram" com a diplomacia.

“Estes bombardeiros B-2 Spirit são praticamente invisíveis a todo e qualquer radar existente”

O major-general Isidro Morais Pereira analisa os ataques dos Estados Unidos contra alvos nucleares no Irão.

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Ataque dos EUA ao Irão deixa o mundo em alerta... Os apelos à calma e às negociações diplomáticas são quase unânimes após os ataques norte-americanos na guerra Israel-Irão. Nos Estados Unidos, os congressistas democratas condenaram a ofensiva, dizendo que por não ter passado pelo congresso é inconstitucional.

Por SIC Notícias

Da Nova Zelândia ao Japão, da Arábia Saudita ao México, da Austrália à Venezuela muitos líderes mundiais apelam à calma ao desagravar da guerra e ao diálogo diplomático em vez das armas que podem agudizar ainda mais o conflito.

O ataque norte-americano ao Irão fez o pleno em todos os serviços noticiosos do mundo. A decisão terá sido tomada na sala de crise da Casa Branca em conjunto com o vice-presidente, o secretário de Estado e da Defesa, além do chefe do Estado Maior.

Um ataque que foi bem recebido nos abrigos israelitas. Em solo norte-americano a decisão unilateral do Presidente indignou muitos congressistas democratas.

De acordo com a Constituição norte-americana, apenas o Congresso tem o poder para declarar guerra.

Nações Unidas alarmadas

O secretário-geral das Nações Unidas também está seriamente alarmado com as consequências da ofensiva. António Guterres alerta para o risco de um conflito descontrolado com efeitos catastróficos para civis, a região e o mundo.

O ministro dos negócios estrangeiros da Arábia Saudita apelou à intervenção da comunidade internacional para pôr um fim à guerra.

O primeiro-ministro britânico apela ao Irão para que regresse à mesa das negociações. O mesmo apelo é feito pela presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen diz que o Irão nunca poderá ter armas nucleares. Sem condenar o ataque, defende a estabilidade como prioridade e que é hora para o Irão se sentar à mesa das negociações.

Hamas classifica ataque de "flagrante violação"

Outro entendimento tem o Hamas, que qualificou o bombardeamento de "flagrante violação" do direito internacional e de "perigosa escalada" do conflito.

Da Rússia, o ex-presidente Dmitri Medvedev diz que Donald Trump, que se dizia um negociador, começou uma nova guerra para os Estados Unidos.

A China considera que a ofensiva viola o direito internacional e aumenta o risco de uma crise global.


Leia Também: A Rússia e a China, através dos respetivos ministérios dos Negócios Estrangeiros, condenaram hoje os bombardeamentos norte-americanos contra instalações nucleares no Irão, ataques que levam o chefe da diplomacia iraniana a Moscovo para falar com o Presidente russo.


Leia Também: O secretário da Defesa dos Estados Unidos afirmou hoje que os ataques devastaram o programa nuclear iraniano e representaram um "êxito esmagador", numa operação que resultou de meses de preparação e que não visou tropas ou população do Irão.


O líder religioso Aladje Sana Baió apelou, em conferência de imprensa, à união e entendimento entre todos os líderes religiosos e políticos do país, com o objectivo de promover a paz e a estabilidade nacional.

"Irresponsável". Rússia condena EUA e alerta para "escalada perigosa"

Por LUSA 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia salientou que "as consequências" da ação dos Estados Unidos, "incluindo as radiológicas, ainda não foram avaliadas", mas ressalvou que "é já evidente que se iniciou uma escalada perigosa, suscetível de comprometer ainda mais a segurança regional e mundial".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia condenou "veementemente" os ataques levados a cabo no Irão por parte dos Estados Unidos, tendo alertado para o início de uma "escalada perigosa, suscetível de comprometer ainda mais a segurança regional e mundial".

"A Rússia condena veementemente os ataques dos Estados Unidos na madrugada de 22 de junho contra várias instalações nucleares no Irão, na sequência dos ataques israelitas contra a República Islâmica. A decisão irresponsável de submeter o território de um Estado soberano a ataques com mísseis e bombas, quaisquer que sejam os argumentos que lhe sejam apresentados, viola flagrantemente o direito internacional, a Carta das Nações Unidas e as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que já anteriormente qualificou inequivocamente tais ações como inadmissíveis. É particularmente alarmante o facto de os ataques terem sido levados a cabo por um país que é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas", começou por dizer, em comunicado.

O organismo salientou ainda que "as consequências desta ação, incluindo as radiológicas, ainda não foram avaliadas", mas ressalvou que "é já evidente que se iniciou uma escalada perigosa, suscetível de comprometer ainda mais a segurança regional e mundial".

"O risco de conflito no Médio Oriente, já assolado por múltiplas crises, aumentou significativamente. Particularmente preocupantes são os danos causados pelos ataques às instalações nucleares iranianas ao regime global de não-proliferação baseado no Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Os ataques contra o Irão causaram enormes danos à autoridade do TNP e ao sistema de verificação e monitorização da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) que nele se baseia", lê-se.

Nessa linha, a Rússia disse aguardar "uma resposta profissional e honesta da direção da Agência o mais rapidamente possível, sem frases simplificadas ou tentativas de se esconder atrás da equidistância política".

"Humanidade evoluiu para deixar que um bully sem leis nos leve à selva"

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, atribuiu a responsabilidade de quaisquer consequências que se possam seguir às ações do chefe de Estado dos Estados Unidos, uma vez que "o Irão tem o direito de se defender".

Daniela Filipe | 11:11 - 22/06/2025

"É necessário que o diretor-geral da AIEA elabore um relatório objetivo para ser analisado numa sessão especial da Agência, que está programada para ocorrer em breve", disse.

E rematou: "Naturalmente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas também tem de reagir. As ações de confronto dos Estados Unidos e de Israel devem ser coletivamente rejeitadas. Apelamos ao fim da agressão e à intensificação dos esforços para criar condições para que a situação volte a ser tratada no plano político e diplomático."

Saliente-se que o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, revelou, este domingo, que viajará até Moscovo para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, na manhã de segunda-feira.  Descreveu, inclusive, a Rússia como um “amigo do Irão”.

"Mesmo nos últimos dois ou três meses em que estivemos a negociar com os Estados Unidos, informámos sempre os nossos amigos russos sobre a última oferta, sobre qualquer progresso ou falta de progresso nas nossas conversações”, disse, em conferência de imprensa, na sequência dos ataques dos Estados Unidos a três infraestruturas nucleares do Irão.

Instalações nucleares iranianas foram "completamente destruídas"... O Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou hoje num breve discurso à nação que as principais instalações nucleares do Irão foram "completa e totalmente destruídas" por ataques levados a cabo pela força área dos Estados Unidos.

© Celal Gunes/Anadolu via Getty Images  Lusa  22/06/2025

Trump advertiu ainda Teerão contra eventuais retaliações contra os Estados Unidos, sublinhando que o Irão tem de escolher entre "paz ou tragédia", num discurso em que falou ao lado do secretário de Estado, Marco Rubio, e do secretário da Defesa, Pete Hegseth.

Os comentários de Trump foram produzidos na Casa Branca no sábado à noite, horas depois de anunciar nas redes sociais que as forças armadas americanas tinham realizado ataques contra três instalações nucleares importantes no Irão.

ATAQUE RELÂMPAGO: B-2 dos EUA neutralizam três centros nucleares no Irã...@Milson Alves

Trump apelidou o Irão de "o rufia do Médio Oriente" e alertou para a possibilidade de novos ataques se o país não fizer a paz. "Se não o fizerem, os futuros ataques serão muito maiores e muito mais fáceis", afirmou.

O Presidente retratou o ataque como uma resposta a um problema de longa data, mesmo que o objetivo fosse impedir o Irão de desenvolver armas nucleares.

Há 40 anos que o Irão diz "morte à América, morte a Israel", disse Trump. "Têm matado o nosso povo, arrancando-lhes os braços e as pernas com bombas à beira da estrada", acescentou.

A agência nuclear iraniana confirmou no domingo os ataques às instalações atómicas iranianas de Fordo, Isfahan e Natanz, mas insistiu que o programa nuclear do país trabalho não será interrompido.

"A Organização de Energia Atómica do Irão garante à grande nação iraniana que, apesar das conspirações malignas dos seus inimigos, com os esforços de milhares dos seus cientistas e especialistas revolucionários e motivados, não permitirá que o desenvolvimento desta indústria nacional, que é o resultado do sangue dos mártires nucleares, seja interrompido", declarou a Organização de Energia Atómica do Irão, citada pela agência oficial iraniana, IRNA.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, elogiou a decisão de Donald Trump de atacar o Irão numa mensagem de vídeo dirigida ao Presidente norte-americano.

"A sua decisão corajosa de atacar as instalações nucleares do Irão, com o poder impressionante e justo dos Estados Unidos, vai mudar a história", afirmou Netanyahu, acrescentando que os Estados Unidos "fizeram o que nenhum outro país na Terra poderia fazer".


Leia Também: Teerão diz não haver "qualquer sinal de contaminação" nuclear após ataque

As autoridades iranianas responsáveis pela segurança nuclear afirmaram hoje que não detetaram "qualquer sinal de contaminação" em três instalações nucleares visadas por ataques aéreos norte-americanos.