sábado, 1 de julho de 2023

Campo militar para albergar grupo Wagner em construção na Bielorrússia

© Press service of "Concord"/Handout via REUTERS

POR LUSA     01/07/23 

Imagens de satélite analisadas hoje pela Associated Press (AP) revelam a construção recente de um campo militar na Bielorrússia e admite-se que possa vir a albergar mercenários do grupo Wagner, adiantou a agência de notícias.

As imagens sugerem que dezenas de tendas foram erguidas ao longo das duas últimas semanas numa antiga base militar nos arredores de Osipovichi, uma cidade a 230 quilómetros a norte da fronteira com a Ucrânia.

Uma fotografia de satélite datada de 15 de junho passado não mostrava qualquer sinal das linhas de estruturas verdes e brancas claramente visíveis em imagens posteriores, de 30 de junho.

O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, e os seus mercenários evitaram ser processados, negociando uma saída para a Bielorrússia na semana passada, depois de o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, ter mediado uma solução para pôr fim à insurreição liderada por Prigozhin, que liderou uma rebelião e conduziu uma coluna militar quase até Moscovo.

Lukashenko disse que o seu país, aliado de Moscovo e muito dependente do regime russo, poderia usar a experiência e conhecimento do grupo Wagner e anunciou a oferta aos mercenários de uma "unidade militar abandonada" para montar um campo.

Aliaksandr Azarau, líder do grupo de guerrilha BYPOL, anti-Lukashenko e composto por antigos militares, disse à AP na quinta-feira, por telefone, que a construção do campo estava a decorrer, próximo de Osipovichi.

Mais de oito mil mercenários do grupo Wagner podem ser colocados na Bielorrússia, disse um porta-voz das força fronteiriça ucraniana ao jornal Ukrainska Pravda. Andriy Demchenko disse que a Ucrânia iria, em resposta, reforçar a fronteira de 1.084 quilómetros com a Bielorrússia.

Já antes Lukashenko tinha autorizado o Kremlin a usar território bielorrusso para enviar tropas e armas para a Ucrânia. Também acolheu uma presença militar contínua da Rússia, com campos militares e exercícios conjuntos, aceitando também receber armas nucleares táticas russas.

Segundo afirmou Demchenko, cerca de 2.000 militares russos continuam estacionados na Bielorrússia.

Na sexta-feira, Lukashenko afirmou que as forças armadas da Bielorrússia beneficiaram de treino dado pelo grupo Wagner e garantiu que os mercenários não representam uma ameaça aos cidadãos.

Também disse "estar certo" que a Bielorrússia não teria de usar as armas nucleares táticas enviadas para o território, e que não teria de se envolver diretamente na guerra contra a Ucrânia.

"Quanto mais vivemos, mais nos convencemos que [as armas nucleares] devem estar connosco, na Bielorrússia, num lugar seguro. E estou certo que nunca teremos de as usar enquanto as tivermos e que o inimigo nunca pisará o nosso solo", disse Lukashenko.

O Grupo Wagner, liderado por Prigozhin, iniciou há uma semana uma rebelião com a captura sem resistência da cidade russa de Rostov, sede do comando sul do Exército, com a intenção de se dirigir a Moscovo para afastar as lideranças militares em resposta a um alegado bombardeamento contra os soldados mercenários na Ucrânia.

Em pleno conflito com o Kremlin e a 200 quilómetros da província de Moscovo, uma coluna militar do Grupo Wagner deu meia-volta, na tarde de sábado passado, após mediação do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, num acordo para travar a revolta, amnistiar os mercenários e enviar Prigozhin e alguns dos seus homens para o exílio na Bielorrússia, e oferecendo a outros a possibilidade de serem integrados nas forças regulares da Rússia.

O grupo Wagner esteve na linha da frente desde o início da invasão, tendo assumido protagonismo na conquista de Bakhmut, na província de Donetsk (leste), na mais longa e sangrenta batalha da guerra da Ucrânia, à custa de elevadas baixas, entre acusações abertas de Prigozhin de falta de apoio militar por parte de Moscovo.


Europa lança hoje telescópio que vai estudar lado oculto do Universo

© Lusa

POR LUSA   01/07/23 

A Europa lança-se hoje, a partir dos Estados Unidos, à "conquista" do lado oculto do Universo com o envio para o espaço do telescópio Euclid, numa missão com "cunho" português de cientistas, empresas e engenheiros.

A missão da Agência Espacial Europeia (ESA), com participação da congénere norte-americana NASA, tem lançamento marcado para as 16h11 (hora de Lisboa) da base da NASA de Cabo Canaveral.

O telescópio, que tem o nome do matemático Euclides e está equipado com dois instrumentos científicos, irá para o espaço acoplado a um foguetão Falcon 9, da empresa aeroespacial norte-americana SpaceX, do magnata Elon Musk.

Portugal, Estado-membro da ESA desde 2000, ocupa pela primeira vez um lugar de destaque numa missão espacial da ESA, ao fazer parte de um consórcio que foi criado para desenvolver, construir e explorar o telescópio.

De Portugal são oriundos cientistas, engenheiros e empresas que contribuem para a missão em diversos domínios, desde o controlo das operações de voo até ao fabrico de diversos componentes do telescópio espacial e ao planeamento das observações.

Tiago Loureiro, engenheiro aeroespacial que há 19 anos trabalha na ESA, vai codirigir as operações de voo a partir da Alemanha, onde funciona o Centro Europeu de Operações Espaciais da ESA.

Trata-se da primeira missão espacial concebida para tentar compreender o que está, efetivamente, a acelerar a expansão do Universo e que, segundo as teorias cosmológicas, se deve à energia escura, uma misteriosa força que se opõe à atração gravitacional.

Juntas, a energia escura e a matéria escura (matéria invisível, que não emite nem absorve luz) compõem 95% do Universo que continua por desvendar.

Para ajudar a "fazer luz" sobre o Universo oculto, o telescópio Euclid vai, durante os seis anos que duram a sua missão, fazer cerca de 50 mil observações de galáxias, um trabalho que teve no seu planeamento o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

O telescópio vai observar milhares de milhões de galáxias, sobre as quais a matéria e a energia escuras geram efeitos na sua estrutura, forma, distribuição, movimento e evolução, em mais de um terço do céu e "recuando" até 10 mil milhões de anos.

O Euclid será colocado a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, num ponto estável, sem interferência da luz do planeta, da Lua e do Sol, onde chegará um mês depois do lançamento.

Espera-se a primeira divulgação de imagens em novembro e os primeiros dados científicos em dezembro de 2024.

Caso o lançamento de hoje falhe há uma segunda oportunidade no domingo.

O lançamento do telescópio Euclid chegou a estar previsto para 2020 e posteriormente para 2022, da base da ESA, na Guiana Francesa, num foguetão russo Soyuz.

Contudo, em 2022, a ESA cortou relações com a Rússia quando o país invadiu a Ucrânia, em fevereiro.


Guiné-Bissau numa incerteza se vai ou não participar no VII° Congresso Internacional da Educação Ambiental da CPLP, a ter lugar em Maputo, de 4 à 7 deste mês.

O ponto focal da Rede Luso Guiné-Bissau indignado com as autoridades nacionais.

 Radio TV Bantaba

PAUL RUSESABAGINA: Ruandeses são "prisioneiros no seu próprio país"

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 POR LUSA    01/07/23 

Paul Rusesabagina, um dos maiores críticos do Presidente do Ruanda, afirmou hoje num vídeo publicado no YouTube que os ruandeses são "prisioneiros no seu próprio país" e acusou o regime de Paul Kagamé de "autoritário".

Na primeira mensagem pública desde que foi libertado, em 25 de março, após mais de 900 dias numa prisão ruandesa, o herói do filme "Hotel Ruanda", conhecido internacionalmente por ter salvado centenas de pessoas durante o genocídio dos tutsis em 1994, agradeceu aos Estados Unidos por terem organizado a sua libertação surpresa do que descreveu como "inferno".

Rusesabagina explicou que a mensagem no YouTube coincide com a proclamação da independência do Ruanda, em 01 de julho de 1962.

"Infelizmente, hoje, 61 anos depois, os ruandeses ainda não são livres. Os ruandeses são prisioneiros no seu próprio país", afirmou o opositor ruandês a partir da sua residência em San Antonio, Texas (Estados Unidos).

"[O Governo ruandês] é autoritário, não concede direitos aos seus cidadãos e não tolera a dissidência", acrescentou, acusando o regime de Kagamé de, desde o lançamento do filme em 2014, o ter tentado silenciar "através da política, da vigilância e da violência".

"Eles raptam, prendem à força, torturam, matam e organizam julgamentos forjados para todos os que discordam deles. Tive a sorte de não ter sido morto como tantos outros. O meu julgamento fez manchetes em todo o mundo, mas não sou o único entre milhares de pessoas que passam por esta situação todos os anos", prosseguiu.

Rusesabagina, 69 anos, ficou conhecido pelo filme "Hotel Ruanda", que conta como este hutu moderado, que geria o Hotel das Mil Colinas, na capital do Ruanda, salvou cerca de 1.200 pessoas durante o genocídio dos tutsis em 1994. 

Rusesabagina, de nacionalidade belga e residente permanente nos Estados Unidos, foi libertado em março, após 939 dias de detenção, depois de ter visto a sua pena de 25 anos de prisão por "terrorismo" comutada por decreto presidencial.

A condenação, em setembro de 2021, suscitou a condenação internacional. Os ativistas dos direitos humanos acusam o Ruanda -- governado com mão de ferro por Kagamé desde o fim do genocídio (morreram cerca de 800.000 pessoas) -- de reprimir a liberdade de expressão e a oposição.

Rusesabagina vivia exilado nos Estados Unidos e na Bélgica desde 1996, antes de ser detido em Kigali, em 2020, em circunstâncias obscuras, ao sair de um avião que julgava ter como destino o Burundi.

O opositor foi julgado entre fevereiro e julho de 2021, acusado de "terrorismo" por atentados perpetrados pela Frente de Libertação Nacional (FLN), uma organização classificada como terrorista por Kigali, que fizeram nove mortos em 2018 e 2019.

Os apoiantes do crítico de Kagamé consideram que o julgamento foi uma farsa marcada por irregularidades.

Rusesabagina admitiu ter participado na fundação, em 2017, do Movimento Ruandês para a Mudança Democrática (MRCD), do qual a FLN é considerada o "braço armado", mas sempre negou qualquer envolvimento nos ataques.


Nucleares na Polónia? "Essas armas serão utilizadas", ameaça Medvedev

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Notícias ao Minuto   01/07/23 

A decisão de colocar armas nucleares na Polónia será tomada, no fundo, pelos Estados Unidos. O pedido foi feito por Varsóvia, que pediu uma decisão "célebre".

O antigo presidente da Rússia Dmitry Medvedev comentou, este sábado, o pedido do primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, que disse ontem que queria que o país - vizinho da Ucrânia - entrasse no programa de partilha de armamento nuclear da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

As declarações do chefe de governo polaco surgem na sequência da colocação de armas nucleares russas na Bielorrússia, país que faz também fronteira com a Polónia. O responsável disse ainda que a decisão de ter este tipo de armas em território polaco cabe, sobretudo, aos Estados Unidos, e fez um apelo para que o país presidido por Joe Biden tome uma decisão "célere".

Questionado sobre este assunto, Dmitry Medvedev considerou que a liderança polaca é atualmente "constituída por degenerados".

"Um pedido para instalar armas nucleares na Polónia ameaça apenas uma coisa. Essas armas serão utilizadas", respondeu à agência de notícias Tass. O também ex-primeiro-ministro russo sublinhou ainda que esta era uma decisão que que seria tomada "pelos idiotas que estão por detrás do oceano", referindo-se aos Estados Unidos.

"Mas há um lado positivo nisto tudo. Todos os Duda, Morawiecki, Kaczynski e outras escórias desaparecerão. Outros também desaparecerão, infelizmente...", rematou, referindo-se, também ao presidente da Polónia, Andrzej Duda, e ao vice-primeiro ministro polaco, Jarosław Kaczyński.


Leia Também: O desmantelamento do Grupo Wagner (GW), ou a sua integração no Ministério russo da Defesa ou outra estrutura estatal russa, "em teoria", não mudará o "modus operandi" da política externa de Moscovo em África, afirmaram vários analistas.

Líder da oposição em Timor-Leste contesta composição do novo executivo

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POR LUSA    01/07/23 

O líder da oposição timorense considera que o novo Governo é "antidemocrático" porque o partido da maioria deveria governar sozinho, procurando apenas incidência parlamentar pontual, em vez de uma aliança pós-eleitoral.

"Tendo em consideração os resultados confirmados pelo Tribunal de Recurso, sem contestação, o CNRT foi o grande vencedor das eleições, conquistando 31 mandatos dos 65 no Parlamento Nacional. Mais dois mandatos, e teria tido a maioria absoluta", escreveu Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), numa publicação no Facebook.

"Numa situação como esta, e em democracia construtiva do Estado de Direito Democrático, os ditos 'aliados naturais´ deveriam simplesmente garantir através da incidência parlamentar, pontual ou não, a viabilização da governação durante todo o mandato, reservando para todos entendimento e consenso em áreas estruturantes na consolidação do Estado de Direito Democrático e construção da Nação como uma "Uma Lisan" [casa tradicional] de todo o povo, una, sólida e indivisível", referiu.

A composição do IX Governo, considerou, "é, nada mais, o contrário de todo isto".

Mari Alkatiri publicou o texto no dia da tomada de posse do IX Governo constitucional, formado por elementos do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, o primeiro-ministro, e do Partido Democrático (PD).

As duas forças políticas controlam 37 dos 65 lugares no Parlamento Nacional, onde a Fretilin é a segunda força política, com 19 assentos.

No texto, publicado na sua página oficial no Facebook, Mari Alkatiri saúda o CNRT e o novo primeiro-ministro, Xanana Gusmão, mas considera que "Timor-Leste entrou nitidamente no caminho da viabilização da equação do poder executivo de uma forma deturpada".

"Tudo começou em 2007 onde se negou ao Partido mais votado, Fretilin, a liderança, e mais ainda a participação no Governo. O segundo partido mais votado, o CNRT, reunindo ao seu redor os pequenos partidos, constituiu uma aliança pós-eleitoral maioritária, e recebeu do então Presidente da República o mandato de constituir o IV Governo", recordou.

Segundo Alkatiri, nesse momento começou "o império dos pequenos partidos na democracia multipartidária" timorense, que "atingiu o seu cúmulo, a sua afirmação mais aberrante, mais antidemocrática neste IX Governo".

"Por isso, é tempo de uma reflexão profunda a nível nacional sobre o Estado e a nação. É tempo de se pensar muito seriamente sobre Timor-Leste, o seu povo, as suas gerações vindouras. Vamos todos devolver a vitória ao povo", acrescentou.

O novo Governo, que entra hoje formalmente em funções, é formado, na sua maior parte, por elementos que já estiveram em anteriores executivos em Timor-Leste.

Entre os mais veteranos da governação em Timor-Leste está o novo ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira, que integrou os últimos cinco executivos (ainda que o VIII apenas durante parte do mandato).

Os membros do Governo incluem vários elementos que estavam, até aqui, a exercer funções na Presidência da República, incluindo o chefe da Casa Civil, Bendito Freitas, que é o novo ministro dos Negócios Estrangeiros.


Leia Também: Governo timorense toma posse. Quem não cumprir "será substituído"

TIMOR-LESTE: Governo timorense toma posse. Quem não cumprir "será substituído"

© Lusa

POR LUSA   01/07/23 

O Presidente da República de Timor-Leste deu hoje posse aos membros do IX Governo constitucional, afirmando que vai acompanhar a sua atuação e que quem não cumprir adequadamente as funções será substituído.

"Vou acompanhar o desempenho de cada ministério. Dentro de alguns meses poderemos fazer uma primeira avaliação do desempenho de cada membro do IX Governo. E como o disse muito claramente o senhor primeiro-ministro, quem não executar o seu programa ministerial e ou setorial será substituído", avisou José Ramos-Horta.

"A missão dos deputados, membros de Governo, assessores e funcionários é de servir o povo, e servem implementando com celeridade, competência e honestidade o programa aprovado pelo parlamento nacional", vincou.

José Ramos-Horta falava perante centenas de convidados nacionais e internacionais na cerimónia de tomada de posse dos 47 elementos do IX Governo, liderado por Xanana Gusmão, que volta assim às funções que ocupou na liderança do V Governo constitucional.

O chefe de Estado deixou várias recomendações ao Governo e ao Parlamento, apelando a todos para que "sirvam com honestidade, humildade, profissionalismo, contribuam para o desenvolvimento integrado e sustentável do país".

E recordou que o processo de adesão de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) é "um objetivo estratégico nacional" que exige "mobilizar todas as atenções e recursos nacionais", sendo o tema que "em matéria de política nacional e internacional (...) prevalece sobre todas as outras prioridades".

No que toca em concreto ao Governo, Ramos-Horta pediu reforço da coordenação setorial e interministerial, sob liderança de Xanana Gusmão, procurando cumprir as metas do roteiro fixado pela organização regional para a adesão.

E ao parlamento recomendou a criação de uma "Comissão Parlamentar para ASEAN, para acelerar o processo legislativo necessário, nomeadamente a ratificação de tratados".

Aos deputados, que começaram em junho o seu mandato, pediu ainda uma autorização legislativa "para dar capacidade jurídica ao Governo para realizar todos os atos legislativos necessários, como eliminação de dupla tributação, proteção de investimentos, comissão de arbitragem para resolução célere e justa de disputas".

"Todo o esforço deve ser feito para que a adesão formal de Timor-Leste a ASEAN seja celebrada durante a Presidência da Indonésia, isto é, em 2023", considerou.

A importância do processo de adesão é reconhecida na própria estrutura do Governo, com a designação de Milena Rangel como vice-ministra dos Negócios Estrangeiros para assuntos da ASEAN.

No discurso que hoje proferiu, José Ramos-Horta inverteu o protocolo nas saudações habituais, referindo-se, depois de dar as boas-vindas aos visitantes internacionais de vários países, aos "convidados de honra": centenas de crianças, vendedores ambulantes e outros timorenses.

"Alguns representantes humildes do povo estão aqui como convidados de honra do Presidente da República. As frutas expostas à vossa frente foram compradas aos "Ai-lebas", "tiga rodas" [dois tipos de vendedores ambulantes], pés descalços, subnutridos, convidados de honra do Presidente da República", explicou.

"Mães pobres, mães vendedeiras, mães agricultoras, mães que são pequenas comerciantes. Chefes de suco e de aldeias, professores, académicos, intelectuais, enfermeiros, médicos, estudantes, jovens, são convidados de honra", disse.

Representantes de vários setores da sociedade muitas vezes ignorados que o líder considerou "verdadeiros heróis e mártires, heróis de luta pela sobrevivência e pelo desenvolvimento, mártires acorrentados à pobreza secular".

"Aprendamos a respeitar esses desafortunados da sociedade e pedimos desculpas, penitenciamos pela nossa incapacidade em não termos a inteligência adequada e dedicação genuína para os ajudar eficazmente a libertarem-se da pobreza secular a qual estão acorrentados", afirmou.

O chefe de Estado deixou ainda palavras de agradecimento ao primeiro-ministro cessante, Taur Matan Ruak, que "soube manter-se sereno e determinado na prossecução do programa do seu Governo" apesar de várias crises, incluindo a situação política interna, a pandemia da covid-19, os efeitos da guerra na Ucrânia e desastres naturais.

O novo Governo, que hoje entrou formalmente em funções, é formado, na sua maior parte, por elementos que já estiveram em anteriores executivos em Timor-Leste.

Entre os mais veteranos da governação em Timor-Leste destaque para o novo ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira, que integrou os últimos cinco executivos (ainda que o VIII apenas durante parte do mandato).

Os membros do Governo incluem vários elementos que estavam, até aqui, a exercer funções na Presidência da República, incluindo o chefe da Casa Civil, Bendito Freitas, que é o novo ministro dos Negócios Estrangeiros.


sexta-feira, 30 de junho de 2023

"Estamos a entrar numa zona particularmente perigosa" com a Polónia a querer armas nucleares no seu território

Em resposta à presença do Grupo Wagner e de armas nucleares tácticas na Bielorrússia, a Polónia quer responder à letra. O major-general Arnaut Moreira acredita que estamos a entrar numa altura perigosa deste conflito.

Tvi.iol.pt

PRESIDENTE DA REPÚBLICA VISITA AS OBRAS DA ESCOLA FRANCESA : O Presidente da República, visitou as obras da antiga Cimeira, futuras instalações do Liceu Francês.




 Presidência da República da Guiné-Bissau

PRESIDENTE DA REPÚBLICA RECEBE EMBAIXADOR DA FRANÇA


 Presidência da República da Guiné-Bissau

Presidente da República na reza de sexta-feira com o corpo de segurança e alguns funcionários da presidência.


 Presidência da República da Guiné-Bissau
 

Pelo menos 48 mortos em acidente rodoviário no Quénia

© iStock

Notícias ao Minuto   30/06/23 

A Cruz Vermelha do Quénia informou que o camião abalroou mais de seis veículos e atropelou vários peões. Mais de 20 vítimas foram levadas para hospitais locais.

Pelo menos 48 pessoas morreram num acidente rodoviário em Londiani, na zona oeste do Quénia, na noite desta sexta-feira, quando um camião que transportava um contentor saiu da estrada onde seguia e embateu em vários veículos, segundo a polícia e testemunhas citadas pela Reuters.

Imagens que estão a ser difundidas na televisão mostram os destroços resultantes do acidente, que causou danos em veículos ligeiros, motociclos e vários camiões.

No mais recente balanço sobre a ocorrência, o comandante da polícia regional, Tom Odera, deu conta de que foram contabilizados 48 mortos.

"Vi um reboque em excesso de velocidade em sentido contrário. Desviei-me e evitei bater de frente com ele. A pessoa que estava atrás de mim pensou que eu queria comprar alguma coisa. Ele ultrapassou-me e foi aí que foi atingido. O reboque saiu da estrada e embateu noutros veículos", relatou Peter Otieno, um condutor que presenciou o incidente. 

E acrescentou: "Vi cerca de 20 corpos com os meus próprios olhos. Havia outros corpos debaixo do veículo".

A Cruz Vermelha do Quénia informou que o camião abalroou mais de seis veículos e atropelou vários peões. Mais de 20 vítimas foram levadas para hospitais locais, segundo a fonte aqui citada.

O presidente do Quénia, William Ruto, também já reagiu ao incidente, através de uma publicação na rede social Twitter. "O país está de luto com as famílias que perderam entes queridos num terrível acidente rodoviário em Londiani", escreveu.

O chefe de Estado apontou ainda ser "angustiante que algumas das vítimas mortais sejam jovens com um futuro promissor e empresários que estavam a fazer as suas tarefas diárias".

O acidente é um dos mais mortíferos nas estradas do Quénia nos últimos anos. No ano passado, 34 pessoas também morreram no centro do Quénia, quando um autocarro se desviou de uma ponte e caiu no vale de um rio.


Leia Também: Quase 60 milhões em situação de insegurança alimentar no Corno de África

Austrália autoriza uso médico de 'ecstasy' e de cogumelos alucinogénicos

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POR LUSA   30/06/23 

A Austrália torna-se este sábado um dos primeiros países do mundo a autorizar o ecstasy e os cogumelos alucinogénicos para fins médicos, na esperança de combater determinadas patologias mentais.

Apartir de 01 de julho os psiquiatras poderão prescrever estas substâncias, conhecidas pela designação de MDMA e psilocibina, para o tratamento de estados de 'stress' pós-traumático e certo tipo de depressões, segundo uma decisão adotada em fevereiro pelo organismo australiano de vigilância das drogas.

O Canadá e alguns estados dos Estados Unidos autorizaram o uso médico de psilocibina e/ou de MDMA, mas apenas no quadro de ensaios clínicos ou autorizações especiais.

A Austrália vai reclassificar estas substâncias, após os ensaios da Therapeutic Goods Administration australiana (TGA), avaliando-as como "relativamente seguras" quando forem utilizadas "em ambiente médico controlado".

Os defensores desta decisão esperam que estas substâncias possam permitir avanços decisivos no tratamento de determinadas perturbações mentais.

Mike Musker, investigador em saúde mental e em prevenção do suicídio na universidade Austrália-Meridional, declarou à agência noticiosa AFP que o MDMA pode ser útil para tratar o 'stress' pós-traumático, enquanto a psilocibina pode ajudar no combate à depressão.

Nas suas declarações, explicou que a MDMA fornece aos pacientes "um sentimento de conexão" que lhes permite o contacto com o terapeuta e discutir as suas experiências traumáticas.

O "efeito psico-espiritual" da psilocibina, "que não se obtém com medicamentos tradicionais", disse, "pode alterar a vossa perceção de vós próprios e da vossa vida (...) e com alguma sorte, pode fornecer-vos o desejo de viver".

Musker duvida que estas drogas sejam "amplamente utilizadas" pelos doentes antes de 2024, e declarou que o processo não consiste em "tomar um comprimido e desaparecer na Natureza".

O ecstasy, por exemplo, necessitará provavelmente de três tratamentos num período de cinco a oito semanas, com cada sessão a prolongar-se por cerca de oito horas.

Precisou ainda que os terapeutas permanecerão com os doentes enquanto estiveram sob o efeito da droga e durante sessões que poderão custar, cada uma, cerca de 1.000 dólares australianos (609 euros).

O doutor David Caldicott, consultor em medicina de urgência e investigador em substâncias clínicas na Universidade nacional australiana de Camberra, declarou à AFP que esta decisão permite à Austrália uma vantagem na exploração dos benefícios médicos das drogas.

No entanto, Susan Rossel, neuropsicóloga cognitiva na universidade de Swinburne, declarou que apesar de estes tratamentos "possuírem um potencial", a Austrália "está a avançar em cinco anos antes de o dever fazer".

"Para outros tipos de doença, seja uma doença cardiovascular ou um cancro, é impossível colocar um medicamento no mercado de forma tão rápida como foi feito no caso presente", indicou à AFP.

"Não existem medicamentos no mercado que não tenham sido objeto de ensaios clínicos de fase três e de fase quatro -- e é o que fazemos aqui".

Um porta-voz do ministério da Saúde declarou à AFP que a decisão "tem em consideração o facto de as provas relacionadas com a utilização destas substâncias no tratamento de doenças mentais ainda não terem sido totalmente estabelecidas".

"As vantagens para certos doentes (...) sobrepõem-se aos riscos, e existe atualmente uma ausência de opções para os doentes resistentes aos tratamentos que sofrem de doenças mentais específicas".

"Penso ser necessário advertir o doente, antes de participar no programa, que [as 'bad trips' (más viagens)] constituem em efeito secundário potencial", assinalou Musker.

MALI: Conselho de Segurança da ONU encerra missão no Mali após 10 anos

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POR LUSA   30/06/23 

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou hoje o fim do mandato da sua missão no Mali (Minusma) a partir de 30 de junho e a sua retirada do país após 10 anos de serviço.

"Sou funcionário público há 15 anos e vivo aqui há 30. Nunca vi nada igual. Nem os octogenários se lembram de algo assim", afirmou Sahane Yusuf Barjadle, comissário da aldeia de Magalo Qaran no município etíope-somali de Wajale.

A região afetada regista agora um colapso das temperaturas acompanhado de "neve, também em forma de granizo pedras, e ainda ventos gelados", descreveu o mesmo responsável.

As autoridades estimam que pelo menos 10 quilómetros de estradas entre as cidades de Gobyarrey e Haroreys estão obstruídos pela neve.

Há ainda registo de danos materiais nos telhados das casas, bem como em alguns veículos, mas não de pessoas feridas em resultado da tempestade.


Senegal. Amadou Ba garante eleições "transparentes" e "pacíficas" em 2024

© Mamadou Ba/Facebook

POR LUSA   30/06/23 

O primeiro-ministro senegalês, Amadou Ba, garantiu hoje que o Governo vai organizar eleições "transparentes, inclusivas e pacíficas" em 2024, apesar das críticas da oposição sobre a alegada intenção do Presidente Macky Sall concorrer a um terceiro mandato, proibido constitucionalmente.

"O Presidente pediu ao Governo que preparasse e lhe enviasse o mais rapidamente possível os textos das leis necessárias para criar pontos de convergência para que o país avance, de acordo com o interesse geral, para eleições transparentes, inclusivas e pacíficas", disse Ba, citado pela agência noticiosa senegalesa APS.

Macky Sall vai reunir-se em breve com representantes do setor económico e empresarial do país, acrescentou Ba, salientando que "o diálogo nacional não é apenas político".

"As conclusões do diálogo nacional serão examinadas e aplicadas de forma diligente", afirmou ainda.

A comissão de diálogo propôs na semana passada alterações à legislação eleitoral para permitir que figuras proeminentes da oposição, Khalifa Sall e Karim Wade, condenados por corrupção, concorram à Presidência, numa aparente tentativa de reduzir as tensões.

Sall afirmou durante o fim de semana que irá dirigir-se à nação "muito em breve" para esclarecer se irá candidatar-se a um terceiro mandato, tendo em conta o recrudescimento dos protestos contra essa possibilidade e a recente condenação a dois anos de prisão do líder da oposição Ousmane Sonko por "corrupção da juventude", que este considera uma tentativa de o afastar da corrida presidencial.

O líder senegalês nunca esclareceu se iria concorrer a um terceiro mandato, mas indicou que essa decisão, a acontecer, estaria dentro da lei, apesar de a Constituição do país vizinho da Guiné-Bissau limitar o número de mandatos a dois.

A repressão dos protestos dos apoiantes de Sonko, que é também presidente da câmara de Ziguinchor, sul do país, pelas forças de segurança senegalesas causou mais de 15 mortos e levou as Nações Unidas a pedir investigações "independentes e exaustivas" sobre os incidentes.


Madonna recebe alta hospitalar após internação em UTI

A cantora Madonna recebeu alta hospitalar após ter sido internada em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A artista, que desenvolveu uma grave infecção bacteriana e precisou adiar a turnê mundial The Celebration Tour, já está em sua casa, em Nova York. A artista foi levada ao hospital no sábado (24), quando teria sido encontrada inconsciente.
© Record News  Jun 29, 2023

O assustador momento em que um homem é atingido por um raio na Rússia... Vítima morreu no local e as imagens foram captadas por uma câmara de videovigiância.

© @WeatherSarov1/Twitter

Notícias ao Minuto   30/06/23 

Um homem de 49 anos morreu na terça-feira, ao ser atingido na cabeça por um raio, num parque de estacionamento, na cidade de Krasnodar, no oeste da Rússia.

O momento - que foi registado por uma câmara de videovigiância no local - pode ser visto no vídeo que acompanha esta notícia.

Quando os serviços de emergência chegaram ao local, a vítima já não tinha sinais vitais. 

A polícia de Krasnodar está a investigar o incidente.


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A Ministra da Justiça considera que o acesso à informação é um direito fundamental e para o fortalecimento da democracia. Ela enfatizou a importância de fiscalizar as ações do governo, exigir a prestação de contas e contribuir para a formulação de políticas públicas mais transparentes e eficazes.

Teresa Alexandrina da Silva fez estas declarações durante o encerramento de um workshop no âmbito do projeto do Fundo de Construção da Paz, intitulado "Estabilização Política e Reforma através da Construção de Confiança e Diálogo Inclusivo".

© Radio TV Bantaba

Já são 667 detidos nos protestos em França. Macron convoca nova reunião


© Getty Images

Notícias ao Minuto   30/06/23 

Pelo menos 307 detenções aconteceram na região de Paris. Além disso, 249 elementos da polícia ficaram feridos nos tumultos.

O presidente francês, Emmanuel Macron, vai presidir a uma nova reunião de emergência ainda esta sexta-feira, depois da terceira noite consecutiva de tumultos no país em protesto contra a morte de um jovem às mãos da polícia, no início da semana, informou a BFMTV, citando o palácio do Eliseu.

A reunião acontecerá às 13h locais (menos uma hora em Lisboa), o que obrigará Macron a encurtar a viagem a Bruxelas, onde se encontra a participar na cimeira europeia.

É a segunda reunião de emergência em dois dias, frisa o Eliseu.

A convocação deste encontro acontece quando o mais recente balanço, feito pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, dá conta de 667 detidos na última noite.

Pelo menos 307 detenções aconteceram na região de Paris, tendo a maioria dos detidos idades entre os 14 e os 18 anos.

Além disso, 249 elementos da polícia ficaram feridos nos tumultos.

A polícia recebeu "instruções sistemáticas de intervenção", escreveu o ministro, numa mensagem na rede social Twitter, onde adianta que estes tiveram de responder a uma "violência rara".

Também a presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, convocou uma unidade de crise às 9h (8h em Lisboa).

Milhares de pessoas protestaram, na quinta-feira, em Nanterre, contra a morte do jovem de 17 anos Nahel, num controlo de trânsito na terça-feira, captado pelas câmaras de vigilância.

Foram destacados 40.000 polícias para tentar travar os distúrbios que se arrastam há alguns dias nos bairros sociais em Nanterre, arredores de Paris, e noutros bairros desfavorecidos da capital francesa.

Os manifestantes incendiaram carros, fecharam ruas e lançaram projéteis contra a polícia, após uma vigília pacífica realizada anteriormente.

De acordo com a autarquia de Seine-et-Marne, foi ateado fogo a um centro comercial em Mée-sur-Seine, o que obrigou a realojar os moradores de dois prédios adjacentes. Os bombeiros ainda estavam, esta manhã, no combate às chamas.

Em Estrasburgo, 66 carros foram incendiados e, em Pantin, foi ateado fogo a 12 autocarros.

A morte do jovem Naël de 17 anos, num controlo de trânsito na terça-feira, captado pelas câmaras de vigilância, fez regressar a tensão entre jovens e a polícia nos bairros sociais em Nanterre, arredores de Paris, e noutros bairros desfavorecidos da capital francesa.

Os confrontos contra as forças de segurança surgiram logo na noite de terça-feira em Nanterre e, na madrugada de quinta-feira, foram danificados edifícios públicos e queimados carros, tendo sido detidas cerca de 150 pessoas.

O agente da polícia suspeito da morte do jovem, acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.




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Banco Mundial anuncia nova ajuda de 1,4 mil milhões à Ucrânia

ALEX BABENKO

Por sicnoticias.pt   30/06/23

Novo empréstimo pretende "responder às necessidades dos novos pobres e deslocados pela guerra", "apoiar reformas para melhorar a transparência e a responsabilidade das despesas públicas" e “ajudar os mercados a funcionar melhor durante e depois da guerra”.

O Banco Mundial (BM) anunciou uma nova ajuda à Ucrânia no valor de 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros), a ser subsidiada pelo Japão.

Este novo empréstimo tem como objetivo "responder às necessidades dos novos pobres e deslocados pela guerra", "apoiar reformas para melhorar a transparência e a responsabilidade das despesas públicas" e "ajudar os mercados a funcionar melhor durante e depois da guerra", indicou a instituição, em comunicado.

"Desde fevereiro de 2022, o Banco Mundial tem trabalhado incansavelmente com a comunidade internacional de doadores para fornecer financiamento de emergência que está a ajudar o Governo da Ucrânia a manter as crianças na escola, os hospitais abertos e a assegurar as funções básicas do governo", disse a vice-presidente do BM para a Europa e Ásia Central, Antonella Bassani, na mesma nota.

"A Ucrânia, por sua vez, tem demonstrado uma imensa resistência face à invasão russa. Louvamos o Governo por ter empreendido reformas difíceis durante uma guerra, tendo em vista o futuro e os ganhos de desenvolvimento do país a longo prazo. O Banco Mundial vai continuar a apoiar, de forma inabalável, a Ucrânia a recuperar e a reconstruir uma economia ainda mais forte", acrescentou Bassani.

Ajuda do Banco Mundial

Desde o início da invasão, o BM concedeu mais de 37,5 mil milhões de dólares (cerca de 34 mil milhões de euros) para apoiar cerca de 13 milhões de ucranianos.

Os países que emprestaram dinheiro incluem os Estados Unidos, o Japão, o Reino Unido, a Noruega, os Países Baixos, a Espanha, a Alemanha, o Canadá, a Suíça, a Suécia, a Dinamarca, a Áustria, a Finlândia, a Irlanda, a Lituânia, a Letónia, a Islândia e a Bélgica.

O dinheiro será canalizado para o projeto PEACE (Public Expenditure for Administrative Capacity Resilience in Ukraine) do BM.

De acordo com a instituição, aquele projeto disponibilizou um total de 19,7 mil milhões de dólares (18,2 mil milhões de euros) para os mais necessitados, e para o Fundo Fiduciário de Auxílio, Recuperação, Reconstrução e Reforma da Ucrânia (URTF), que responde a necessidades em setores como os transportes, a energia e a saúde.


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MIGRAÇÕES: Lampedusa, a ilha onde o paraíso e o inferno se tocam

© Reuters

POR LUSA   30/06/23 

Em poucos locais da Europa haverá uma convivência tão chocante entre cenários idílicos e de horror como na ilha italiana de Lampedusa, cujas praias e águas turquesa são atração turística para uns, mas uma miragem e cemitério para outros.

Mais próxima da costa africana do que da própria Sicília, à qual pertence administrativamente, Lampedusa, uma pequena ilha de 20 quilómetros quadrados com cerca de seis mil habitantes, é o ponto mais a sul de Itália, que no início do século se tornou um dos principais pontos de entrada na Europa de migrantes irregulares, na sua maioria subsaarianos, que atravessam o Mediterrâneo em embarcações precárias operadas por redes de traficantes desde a Líbia e Tunísia.

Os que conseguem chegar ao largo da ilha são levados diretamente para o «centro de acolhimento» ('hotspot') de Lampedusa, por estes dias sistematicamente sobrelotado e com condições muito precárias, apesar de também diariamente centenas de migrantes serem transferidos dali para outros centros na Sicília e na península italiana, tal é o fluxo de chegadas que se verifica este ano, o maior desde 2017.

Mas muitos morrem no mar durante a travessia daquela que é hoje apontada pela Organização Internacional para as Migrações como "a rota mais perigosa do mundo", a do Mediterrâneo Central, onde este ano já terão perdido a vida mais de 1.500 pessoas, segundo estimativas 'por baixo'.

"É muito provável que o número trágico de pessoas que se sabe terem perecido ou desaparecido no Mediterrâneo esteja significativamente subestimado. Muitos naufrágios podem ter ocorrido sem testemunhas", diz à Lusa Laurence Bondard, da SOS Mediterranee, uma das várias organizações não-governamentais que prestam socorro no Mediterrâneo.

Lampedusa é também destino de eleição para muitos turistas que, nos meses de verão, 'invadem' a ilha, conhecida pelas suas praias exóticas, onde tartarugas depositam ovos, e fundos marinhos protegidos.

A artéria principal é como a de qualquer destino balnear de sucesso, com restaurantes e bares cheios, lojas de artigos de praia e de 'souvernirs', bancas de venda de bijuteria, artesanato ou fruta, e agências turísticas que organizam excursões de barco.

Desde o café do seu amigo Giacomo, localizado no ponto de interceção entre o porto velho e o porto novo da ilha, localizados na mesma baía, Gianluca habitou-se a ver embarcações turísticas com festa e luxos a bordo cruzarem-se diariamente com os navios da guarda-costeira que trazem os migrantes recolhidos ao largo da costa.

"Chegam, fazem-nos sentar ali, por vezes uma hora ou mais ao sol, enquanto tratam das burocracias, para depois os levarem para o 'hotspot'", diz à Lusa este músico radicado há muitos anos na ilha, apontando para o local habitual de desembarque dos migrantes, que da ilha só conhecerão o centro de acolhimento. "Centro de detenção", corrige Giacomo.

Natural de Lampedusa, a maior das três Ilhas Pelágias que formam o pequeno arquipélago, Giacomo sente-se revoltado com a gestão da crise migratória e criou mesmo um "movimento político e cultural", denominado «Pelagie Mediterranee», cujo grande objetivo é travar aquilo que classifica como "a militarização de Lampedusa, que chegou a um nível nunca antes visto, com a presença de casernas e áreas militares disseminadas por toda a ilha e a deturpação da ilha com antenas e radares que poluem o ambiente".

"Apenas é aceitável uma pequena presença militar, proporcional à dimensão de Lampedusa", defende Giacomo, que, num espaço adjacente ao seu café construiu um pequeno museu de homenagem aos migrantes, com objetos recuperados das embarcações precárias tão distintas dos barcos turísticos, como biberões, latas de conserva, medicamentos, panelas e até sapatos.

De "visita técnica" de poucos dias a Lampedusa, Rafael, um académico brasileiro da Universidade de Vale do Itajai, em Santa Catarina, que coordena um mestrado em direito das migrações transnacionais, diz à Lusa que a principal impressão que leva de Lampedusa é precisamente "o contraste de duas realidades tão contraditórias", que seria ainda mais evidente não fosse a criação de áreas de acesso extremamente restrito, longe dos olhares dos turistas, como o prório 'hotspot', que a Lusa teve autorização para visitar.

"Há um esforço no sentido de tornar os migrantes irregulares invisíveis, esconder essa realidade para não prejudicar a chegada dos migrantes que lhes interessam, os que têm dinheiro", comenta.

Também Gianluca admite que o contraste de duas realidades tão opostas, "entre os que tudo têm e os que nada têm senão desespero", é "particularmente intenso em Lampedusa".

De amigos ouviu o testemunho de quando Lampedusa assistiu, a 06 de outubro de 2013, à que foi a maior tragédia no Mediterrâneo até ao recente naufrágio em águas gregas, cujo número de vítimas mortais está ainda por apurar.

A curtíssima distância da mais emblemática e paradisíaca praia da ilha, a Spiaggia dei Conigli (Praia dos Coelhos), que já foi eleita a melhor do mundo, uma embarcação com centenas de somalis e eritreus naufragou cerca das 05:00 da madrugada, causando a morte de pelo menos 368 migrantes,

"Os meus amigos tinham saído para uma noite de festa a bordo de um barco, que se prolongou pela madrugada. Quando começou a alvorecer e a fazer luz, viram o mar cheio de corpos", conta.

"Ainda socorreram aqueles que puderam, enquanto a guarda-costeira, que demorou uma hora a chegar, observava à distância, a aguardar autorização para intervir. Apresentaram denúncia contra as autoridades. Mas ainda hoje estão traumatizados", diz.

Dez anos volvidos, as tragédias nas águas do Mediterrâneo sucedem-se, e, em Bruxelas, os Estados-membros da União Europeia continuam a refletir sobre o tema e a tentar 'fechar' o novo pacto sobre migrações e asilo, a partir de 01 de julho sobre presidência da Espanha, outro dos países europeus mais afetados pela crise migratória e que tem a 'sua' Lampedusa nas Ilhas Canárias, outra das 'portas' procuradas por quem tenta de forma desesperada chegar à Europa.


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