© ReutersPOR LUSA 06/05/23
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai nomear um histórico piloto da Força Aérea para enfrentar a ascensão da China e servir como o próximo chefe do Estado-Maior Conjunto, de acordo com duas fontes próximas do processo.
Caso seja confirmado pelo Senado, o general da Força Aérea, CQ Brown Jr., vai substituir o atual chefe do Estado-Maior Conjunto, o general do Exército Mark Milley, cujo mandato termina em outubro, noticiou a agência Associated Press (AP).
Brown há muito que é considerado um favorito para o cargo e é provável que Biden anuncie a sua indicação em breve, de acordo com as mesmas fontes, que falaram hoje sob a condição de anonimato.
O general da Força Aérea, de 61 anos, é um piloto de caça F-16 de carreira com mais de 3.000 horas de voo e experiência de comando a todos os níveis.
No ano passado, foi amplamente visto como o favorito para substituir Milley, enquanto o Pentágono muda o foco na preparação para as grandes guerras terrestres do passado para a dissuasão de um potencial conflito futuro com Pequim.
Este esforço pode depender fortemente da capacidade dos militares em enfrentar rapidamente a ascensão da China numa guerra cibernética, no espaço, com armas nucleares ou hipersónicas, todas as áreas em que Brown se concentrou fortemente nos últimos anos como o principal líder militar da Força Aérea, a fim de modernizar o poder aéreo dos EUA para uma luta do século XXI.
Brown quebrou barreiras ao longo da sua carreira, sendo o primeiro negro a servir como comandante militar das Forças Aéreas do Pacífico, onde liderou a estratégia aérea do país para combater a China no Indo-Pacífico, enquanto Pequim militarizava rapidamente as ilhas no Mar da China Meridional e testava o seu alcance de bombardeamento com voos perto de Guam.
Três anos antes, tinha-se tornado o primeiro chefe de gabinete da Força Aérea negro, o principal oficial militar do serviço, sendo também o primeiro afro-americano a liderar qualquer um dos ramos militares.
O chefe do Estado-Maior Conjunto é o oficial de mais alta patente no país e atua como conselheiro militar sénior do Presidente, do secretário de defesa e do Conselho de Segurança Nacional.
Apesar de não comandar tropas e não estar formalmente na cadeia de comando, o chefe do Estado-Maior Conjunto desempenha um papel crítico em todas as principais questões militares, desde as decisões políticas até ao aconselhamento sobre as principais operações de combate, e conduz reuniões com todos os chefes conjuntos que chefiam as várias Forças Armadas.
Arnold Punaro, major-general reformado e ex-diretor da equipa do Comité de Serviços Armados do Senado, que trabalhou com muitos indicados durante o processo de confirmação, realçou que Brown tem credibilidade e experiência para levar as Forças Armadas norte-americanas para uma guerra moderna.
"Ainda não fizemos os ajustes necessários para lidar com a ameaça representada pela China", salientou Punaro em comunicado, considerando Brown "o candidato perfeito" para este momento da história.