segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Guiné. Advogado de tentativa de golpe prevê adiamento do julgamento

© Lusa

POR LUSA  05/12/22 

O advogado guineense Marcelino Intupé, que representa 18 detidos, entre militares e civis acusados de tentativa de golpe de Estado, disse à Lusa recear que o julgamento daqueles, cujo início está marcado para terça-feira, venha a ser adiado.

Intupé disse ter este pressentimento com base "nas manobras em curso", alegadamente por parte do poder político, em transferir o processo do Ministério Público para a Promotoria da Justiça Militar, afirmou.

O Tribunal Regional de Bissau marcou para terça-feira, dia 06 de dezembro, o início de julgamento de 25 dos cerca de 40 detidos suspeitos de envolvimento na tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro passado.

Entre as 25 pessoas a serem julgadas, três serão à revelia por se encontrarem em paradeiro incerto.

O advogado referiu ainda que o espancamento de que foi alvo na sua residência, no dia 29 de novembro último, conforme disse, por homens fardados com uniforme militar, faz parte do plano para impedir que compareça na sala "de um eventual julgamento", caso venha a ter lugar no dia 06 de dezembro.

"Não acredito (no julgamento) porque até agora não tenho conhecimento de que de facto os suspeitos foram notificados. A informação que tenho é de que o Estado-Maior (das Forças Armadas) recusou que estas pessoas sejam notificadas", disse Marcelino Intupé.

O advogado acrescentou que sem que os suspeitos tenham sido notificados não pode haver o seu julgamento, ainda que os seus defensores oficiais tenham sido informados legalmente do início do processo no Tribunal Regional de Bissau.

Marcelino Intupé afirmou estar na posse de informações que indicam que, "pelo menos duas vezes", o novo Procurador-Geral da República, Edmundo Mendes, a ministra da Justiça, Teresa Alexandrina da Silva, e o presidente do Tribunal Militar Superior, Quintino Quadé, teriam feito reuniões para mandar o processo para a justiça militar.

Para o advogado, a estratégia do poder político "é de mandar acusar" algumas pessoas "que considera como envolvidas" na tentativa de golpe de Estado por não terem sido acusadas neste momento pela justiça civil, observou.

Intupé receia que a situação venha a retirar credibilidade ao processo e que "faça demorar ainda mais a descoberta da verdade sobre o que realmente se passou" no dia 01 de fevereiro passado.

Nesse dia, homens com armas do exército guineense atacaram o palácio do Governo, numa altura em que decorria uma reunião do Conselho de Ministros, presidida pelo chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló.

Mesmo com os receios, Marcelino Intupé prometeu estar presente na sala de julgamentos na próxima terça-feira.

Questionado sobre se tenciona apresentar queixa-crime contra os autores do ataque de que foi alvo, o advogado disse que pessoalmente não pretende tomar nenhuma diligência, mas disse ter conhecimento da intenção da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau de tomar medidas judiciais nesse sentido.

"Penso que por ser um crime público nem é preciso a minha intervenção, a Polícia Judiciária tem de fazer o seu trabalho", observou Marcelino Intupé.

President Touray Sworn-in at the 62nd Ordinary Session of the Authority of ECOWAS Heads of State and Government in Abuja

 Ecowas - Cedeao 

Abuja, December 4, 2022 – H. E. Dr. Omar Alieu Touray, the President of the ECOWAS Commission, was sworn-in at the 62nd Ordinary Session of the Authority of ECOWAS Heads of State and Government in Abuja, Nigeria on December 04, 2022. 

In his augural speech, H.E. Dr. Alieu Omar Touray thanked the Heads of State and Government for the honour bestowed on The Gambia to take the Presidency of the ECOWAS Commission and promised to live to the highest standard of the Office in discharging his responsibilities and duties. He noted that the new management assumed duties at a critical period with several political, economic and governance challenges in the region.

 He added that delivering shared prosperity to the citizens of the community remains the focus point of the new management which is embodied in the Commission’s 4x4 priority objectives namely: Enhanced Peace and Security, Deeper Economic and Social Integration, Good Governance and Leadership and, Inclusive and Sustainable Development which has two enablers: Capable Institutions and Equitable Partnerships. He assured the leaders that the new ECOWAS Commission management will continue the programmes and projects of the previous administration particularly in the areas of reforms and re-organization towards making progress on the ECOWAS Vision 2050.

In his welcome address, H. E Muhammadu Buhari, the President of the Federal Republic of Nigeria thanked the previous administration for their achievements and welcomed the new management of the commission with a promise to support them achieve their strategic objectives. He urged the new management to work assiduously towards the goals of the founding fathers of the regional bloc in promoting peace, security and development. 

H. E. Umaro Sissoco Embaló, the Chairman of the Authority of ECOWAS Heads of State and Government and President of the Republic of Guinea-Bissau, in his opening remarks, encouraged the new management of the ECOWAS Commission led by H.E. President Touray to be steadfast in confronting the numerous challenges facing the sub-region. He added that there is an urgent need to steam the waves of unconstitutional changes to democratically elected governments in West Africa while addressing holistically the root causes of agitation and unrest. He thanked the Government of the Federal Republic of Nigeria particularly President Buhari for showing leadership in the community and for committing to safe-guarding democratic norms.

AMÍLCAR CABRAL: Cabo Verde vai celebrar "triunfo" de Amílcar Cabral 50 anos após a morte

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POR LUSA  05/12/22 

A Fundação Amílcar Cabral vai celebrar em 20 de janeiro o "triunfo" do patrono 50 anos após a sua morte, num colóquio em Assomada cujas discussões vão ser à volta do engenheiro agrónomo, disse hoje fonte oficial.

"Este ano, ao refletir sobre isso, afinal, nós o que estamos a celebrar é o triunfo pós-morte de Amílcar Cabral e não o seu desaparecimento. O triunfo pós-morte e a continuação da vida", explicou à agência Lusa, na cidade da Praia, Pedro Pires, presidente da Fundação Amílcar Cabral (FAC), referindo que sempre teve dificuldade em encontrar argumento para celebrar a data do assassínio do patrono da fundação.

"Fui obrigado muitas vezes a buscar razões para celebrar a data, porque na minha perspetiva é muito complicado celebrar a morte, o fim da vida, quando temos de celebrar o início da vida. Vivi durante muito tempo esse drama, esse dilema, mas a contragosto e obrigado a encontrar os argumentos e justificações", explicou.

O também antigo Presidente cabo-verdiano (2001 a 2011) e antigo combatente da liberdade da pátria disse, por isso, que o mais importante é que Amílcar Cabral triunfou depois da morte, o que lhe dá uma nova dimensão, uma nova projeção, fazendo com que o 20 de janeiro seja também o Dia dos Heróis nacionais em Cabo Verde e na Guiné-Bissau.

"É nesta perspetiva que podemos falar do triunfo pós-morte na projeção atual da figura", insistiu Pedro Pires, que privou com Cabral, informando que o evento vai decorrer na cidade de Assomada, em Santa Catarina de Santiago, concelho onde viveram os familiares e de onde pelo menos o pai era natural.

"Achamos que o mais interessante era que o ato tivesse lugar na Assomada, na Universidade de Santiago, estamos a trabalhar nesse sentido", referiu o presidente da fundação, de 88 anos, destacando a parceria com esse estabelecimento de ensino sedeado no interior na maior ilha do arquipélago.

Apesar de considerar que o evento terá "pouca intervenção", Pedro Pires considerou que "seria bom" que conseguisse servir de mote para a remodelação da casa onde Cabral viveu parte da infância, em Achada Falcão, cujos atuais donos estão a exagerar no preço e que está a degradar-se, adiando um museu e um centro de investigação.

Pedro Pires disse que os 50 anos da morte de Amílcar Cabral (em 20 de janeiro de 1973) estão a suscitar "muito interesse" de instituições fora de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, nomeadamente de três universidades do Senegal e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

"Mas acredito que haja mais, e nós, do nosso lado, verificamos que tínhamos que também organizar um ato importante que fosse digno desse tempo, dos 50 anos", salientou o também antigo primeiro-ministro de Cabo Verde (1975 a 1991), que vai convidar vários oradores para fazerem uma reflexão sobre a figura, o papel, o lugar e a projeção, e mais centrado no agrónomo, não fosse Santa Catarina um concelho predominantemente agrícola.

O cinquentenário, deu conta ainda, enquadra-se nas comemorações do centenário do nascimento de Amílcar Cabral, que vai ter o seu ponto alto em 12 de setembro de 2024, tendo já sido realizadas várias atividades no país, nomeadamente um colóquio internacional em dezembro e a publicação de uma revista dedicada ao líder histórico.

Mas muitas outras atividades vão ser realizadas nos próximos tempos, sendo que já em 07 de dezembro arranca uma exposição de três dias, na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, de filmes, livros, fotografias.

Em 10 do mesmo mês haverá a atribuição a título póstumo do grau de doutor Honoris Causa por parte da Universidade do Mindelo, num ato que deverá contar com a presença do Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

Filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora, o líder histórico nasceu na Guiné-Bissau em 12 de setembro de 1924, partiu com oito anos, acompanhando a sua família, para Cabo Verde, onde viveu parte da infância e adolescência, antes de ir estudar Agronomia em Portugal.

Posteriormente, foi fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que deu lugar ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), líder dos movimentos independentistas nos dois países, e foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri, aos 49 anos.


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VOLODYMYR ZELENSKY: O presidente ucraniano foi eleito 'Personalidade do Ano' pelo Financial Times. Em causa esteve a sua coragem e luta pelo apoio ao povo ucraniano.

© Ukrainian Presidency via Getty Images

Notícias ao Minuto  05/12/22 

 "Sou mais responsável do que corajoso. Odeio desiludir as pessoas"

O presidente ucraniano foi eleito 'Personalidade do Ano' pelo Financial Times. Em causa esteve a sua coragem e luta pelo apoio ao povo ucraniano.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, considerado pela comunidade internacional com um “herói” por não ter abandonado o seu país no início da invasão russa, a 24 de fevereiro, admitiu ser uma pessoa “mais responsável do que corajosa”.

O chefe de Estado foi eleito ‘Personalidade do Ano’ pelo jornal Financial Times, que o comparou ao antigo primeiro-ministro Winston Churchill.

“Tal como Winston Churchill foi à rádio para reunir o seu país durante o Blitz [intensos bombardeamentos alemães ao Reino Unido durante a II Guerra Mundial], Zelensky utilizou os meios de comunicação social para fazer campanha incessante em prol de apoio militar e financeiro ocidental, transformando a situação do seu povo numa alavanca moral sobre os líderes na Europa e nos EUA”, escreveu o jornal.

Além da sua campanha pelo apoio à Ucrânia, o presidente ucraniano “incorporou a coragem e a resistência do povo na sua luta”. No entanto, Zelensky rejeita ser uma pessoa corajosa. “Eu sou mais responsável do que corajoso… Odeio desiludir as pessoas”, afirmou.

O presidente ucraniano diz que tentou telefonar várias vezes ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, antes do início da guerra para lhe dizer que seria um “grande erro, uma grande tragédia”, mas não teve sucesso. “Estamos a lutar contra pessoas doidas”, acusou. 

Mais de nove meses após o início da invasão russa, afirmou que, se não estivesse a combater uma guerra, gostaria de estar a pescar com o filho. “Só quero apanhar uma carpa no rio Dnipro”, disse.

O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.

A ONU confirmou que cerca de seis mil civis morreram e mais de dez mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.


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CABO VERDE: Mais de metade das crianças cabo-verdianas não mora com o pai

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POR LUSA  05/12/22 

Mais de metade dos menores cabo-verdianos com o pai biológico vivo não residem com o progenitor, segundo um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Cabo Verde com base nas conclusões do Censo de 2021.

De acordo com o relatório final sobre a situação das crianças em Cabo Verde aquando do quinto Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH-2021), residiam no arquipélago 165.370 menores, até 17 anos. Destes, 83,1% tinham a mãe biológica viva e residiam no mesmo agregado familiar da progenitora. Já 15,8% dessas crianças (26.068) não viviam com a mãe, segundo o relatório.

No mesmo estudo concluiu-se que dos menores com o pai biológico vivo 45,7% viviam no mesmo agregado familiar do progenitor. Contudo, 51,4% (85.001) viviam à data do RGPH-2021 fora do agregado familiar do pai.

"É um valor muito elevado que pode constituir pistas para melhor aprofundamento da questão", aponta o INE, no relatório.

No documento também se concluiu que em 2021 existiam 2.015 crianças e adolescentes que "não são registadas ou o representante informou que não sabe", correspondendo a 1,2% do total desse grupo populacional, sem diferenças entre sexos.

"De realçar que essa percentagem era de 2,8% em 2010, indicando assim que houve uma diminuição relativa de 1,6 pontos percentuais, devido às medidas implementadas pelo Governo, visando a melhoria dessa problemática", lê-se ainda.

Os tribunais cabo-verdianos têm pendentes quase 1.300 processos de averiguação de paternidade, uma redução superior a 20% no espaço de um ano, segundo dados do Ministério Público (MP).

De acordo com o relatório anual sobre a situação da Justiça, relativo ao ano judicial 2021/2022, elaborado pelo Conselho Superior do Ministério Público, para o atual ano judicial (de 01 agosto a 31 de julho de 2023) transitaram 1.256 processos de averiguação oficiosa de paternidade, quando um ano antes eram 1.580.

"Nos processos de averiguação oficiosa de paternidade/maternidade, a pendência nacional diminuiu em 20,5%", refere-se no relatório, sendo que no ano anterior essa pendência já tinha caído 53,9%, tendo em conta os 3.429 processos pendentes no final do ano judicial 2019/2020.

A fuga à paternidade é um problema recorrente reconhecido pela sociedade e poder político em Cabo Verde, motivando anualmente centenas de processos judiciais, nomeadamente para efeitos de perfilhação.

A ministra da Justiça de Cabo Verde admitiu em maio último a necessidade de responsabilizar os pais (homens) pelos custos dos testes de ADN em processos de fuga à paternidade.

O objetivo é fazê-los "pagar os custos dos exames para que possam saber que isso custa ao Estado e que também o Estado tem de garantir a saúde, garantir a educação, as outras responsabilidades e vai gastando dinheiro devido à irresponsabilidade de uns tantos", afirmou Joana Rosa, no parlamento cabo-verdiano.

"Tínhamos cerca de 5.000 processos, houve uma redução drástica e com a intervenção do projeto [de redução de pendências com o apoio de um programa da Unicef] acabamos por resolver um grande número. Temos ainda uma parte ínfima por resolver", explicou aos deputados a ministra da Justiça.

Além do apoio da Unicef, que constituiu uma equipa conjunta com a Procuradoria-Geral da República, Cabo Verde contou igualmente com o apoio português neste processo. Um acordo rubricado em 22 de novembro de 2019, na ilha do Sal, entre os governos de Portugal e de Cabo Verde, estabeleceu o apoio do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses de Portugal à Polícia Judiciária cabo-verdiana, para reduzir os processos pendentes de investigação de paternidade.

Em causa a necessidade de realização de testes e perícias de ADN para confirmar, legalmente, processos de investigação de paternidade pendentes nos tribunais de Cabo Verde. Essas perícias passaram a ser feitas em Portugal ao abrigo do aditamento, então assinado, ao Memorando de Entendimento celebrado entre os dois países, também em 2019.

Cabo Verde tinha, em 2021, uma população residente de 491.233 pessoas, uma ligeira redução face a 2010, segundo dados definitivos do quinto RGPH-2021, anunciados em abril passado pelo INE, mas muito abaixo das estimativas, que apontavam para mais de meio milhão de habitantes.


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ECOWAS Leaders Lay Foundation for a New Headquarters Building in Abuja

Ecowas - Cedeao 

Abuja, December 4, 2022 – The Heads of State and Government of the Economic Community of West African States (ECOWAS) laid the Foundation of a new ECOWAS Headquarters building on December 4, 2022 in Abuja, Nigeria. The new headquarters Project which is being financed by the Chinese Government through China Aid is expected to be completed in 26 months.

In his opening address, the President of the ECOWAS Commission, H.E. Dr. Omar Alieu Touray thanked the Government of the Federal Republic of Nigeria for providing the plot covering an area of seven hectares along the Airport Road in Abuja for the building Project and the Chinese Government who provided technical and financial support for the construction of the headquarters. He added that the New headquarters will enhance productivity among staff and reduce operational costs as the ECOWAS Commission currently operates from three (03) locations in Abuja.

H.E. Cui Jianchun, the ambassador of the People’s Republic of China to the Federal Republic of Nigeria and ECOWAS, said the government of China is keen on expanding diplomatic relations with Africa through support for construction projects like the new ECOWAS Commission headquarters. He highlighted that these buildings demonstrate China’s sincere determination to support the unity, peace and development of the African region along her efforts to promote and support Africa’s infrastructure development programme.

In his remarks, H. E. Muhammadu Buhari, President of the Federal Republic of Nigeria, highlighted that the project represents China’s commitment to West Africa’s subregional bloc and evidence of a strong and cooperation between Africa and China. He added that the new Headquarters is a symbol of the unity and brotherhood of ECOWAS Member States and signifies a re-commitment to regional integration and development of the countries in the sub-region. He thanked the Chinese Government for their technical and financial support for the building.

H. E. Umaro Sissoco Embaló, the Chairman of the ECOWAS Authority of Heads of State and Government and President of the Republic of Guinea Bissau, thanked the Government of the Federal Republic of Nigeria for their contribution towards the realization of the building complex. He said the new and modern headquarters will enable the staff of the ECOWAS Commission perform their duties better and provide a suitable working environment.

The new ECOWAS Headquarters will house the ECOWAS Commission, Community Court of Justice and the ECOWAS Parliament all Headquartered in Abuja, Nigeria.


África Ocidental!: Em Abuja, o chefe de Estado guineense participou na cerimônia de inauguração da sede da CEDEAO @ecowas_cedeao ao lado do presidente @MBuhari.

Umaro S. Embaló/Presidente de Concórdia Nacional

Rússia instala sistema de mísseis em ilhas reivindicadas pelo Japão

© Lusa

POR LUSA  05/12/22 

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou hoje a implantação de um sistema de mísseis costeiros em Paramushir, a maior ilha das Curilas, um arquipélago reivindicado pelo Japão.

"Os mísseis costeiros da Frota do Pacífico irão manter vigilância 24 horas por dia para controlar as águas adjacentes e as áreas do estreito", avançou o ministério, citado pela agência noticiosa russa Tass.

O comunicado revelou que foi instalado na ilha um acampamento militar autónomo, que inclui condições de serviço, alojamento, recreio e alimentação do pessoal ao longo do ano.

"Para o funcionamento e manutenção dos equipamentos, foram instalados equipamentos dos postos técnicos, implantados armazéns de equipamentos e meios materiais e criados acessos aos postos de saída", acrescentou o ministério.

Em dezembro de 2021, a Frota do Pacífico indicou que havia instalado mísseis semelhantes na vizinha ilha de Matua. Anteriormente, o exército russo tinha confirmado a criação de um aeródromo na ilha.

As Ilhas Curilas, situadas a norte do arquipélago do Japão, foram ocupadas pela União Soviética nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial.

O Presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro japonês da altura, Shinzo Abe, acordaram em 2016 desenvolver atividades económicas conjuntas nos setores de pesca, turismo, saúde e meio ambiente nas Ilhas Curilas, reivindicadas por Tóquio desde 1946.

No entanto, em 08 de junho, a Rússia suspendeu o acordo de pesca com o Japão, acusando Tóquio de violar as suas obrigações estabelecidas bilateralmente em 1998.

As atuais tensões bilaterais devido à guerra na Ucrânia -- país que em outubro reconheceu a soberania japonesa sobre as Curilas -- desaceleraram a reaproximação nos últimos anos entre Moscovo e Tóquio, com o objetivo de normalizar as relações e assinar um tratado de paz pendente desde a Segunda Guerra Mundial.

A Rússia sempre defendeu a assinatura de tal tratado, antes de abordar a disputa territorial sobre as quatro ilhas Curilas, sob controlo soviético - e depois russo - desde 02 de fevereiro de 1946.

Por sua vez, o Japão considera essas ilhas como "uma parte ancestral e inalienável do seu território".

Na quinta-feira, o Governo do Japão manifestou "grande preocupação" e considerou uma ameaça as manobras aéreas conjuntas realizadas entre Rússia e China próximo ao arquipélago japonês, que incluíram aviões bombardeiros de combate.

A participação de aviões bombardeiros estratégicos em manobras nas proximidades do território japonês representa "uma ameaça" à segurança nacional, disse o porta-voz do executivo nipónico, Hirokazu Matsuno, numa conferência de imprensa.

Tóquio e Seul deslocaram caças preventivamente na quarta-feira, após a invasão de várias aeronaves chinesas e russas nas Zonas de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) dos dois países sem aviso prévio.

África Ocidental: Os Chefes de Estados criam a força antigolpe.

Por: Geraldo C    Radio TV Bantaba

Os Líderes da África Ocidental planejam força de manutenção da paz para combater a reputação de ‘cinturão golpista’.

A intenção dos Líderes da Sub-região foi conhecida este domingo (4.12) no âmbito da cimeira dos Chefes de Estados e governos da África Ocidental na Abuja – Nigéria.

“Os lideres africanos estabeleceriam uma força regional de manutenção da paz para intervir nos Estados membros e ajudar a restaurar a segurança e a ordem constitucional em uma região que testemunhou vários golpes nos últimos dois anos”, avançou Agência Reuters.

A África Ocidental e Central fez progressos na última década para se livrar de sua reputação de “cinturão golpista”, mas a Comissão Econômica para os Estados da África Ocidental (CEDEAO) quer fazer mais para impulsionar o governo constitucional em seus estados membros.

“Os líderes da CEDEAO decidiram recalibrar nossa arquitetura de segurança para garantir que cuidemos de nossa própria segurança na região”, disseram os líderes em um comunicado após uma cúpula anual na capital da Nigéria, Abuja”, noticiou.

De acordo com Agência Reuters, “os líderes estão determinados a estabelecer uma força regional que intervirá em caso de necessidade, seja na área de segurança, terrorismo (ou para)… restaurar a ordem constitucional nos países membros.” A CEDEAO não deu detalhes sobre como a força será constituída, mas disse que os chefes de defesa se reunirão no próximo mês para definir como ela funcionará”.

RTB/Reuters

O Poder Militar da China

O ritmo da expansão nuclear acelerada da China pode permitir que Pequim tenha um arsenal de cerca de 1.500 ogivas até 2035, segundo o relatório anual “Poder Militar da China” do Pentágono enviado ao Congresso, e divulgado ontem.

A China é para os Estados Unidos o seu principal desafio a nível mundial.

VOA Português

Eleições Legislativas: Fernando Dias clama pela seriedade no tratamento da caducidade da CNE


O lider em exercício dos renovadores voltou abordar o caso da operacionalidade da CNE, tendo exigido seriedade na abordagem desta questão.

Fernando Dias que esteve em Antula num torneio de futebol organizado pela estrutura partidária no circulo 25, no estádio Maracanã, garantiu que é necessário chegar a soluções consensuais quanto ao preenchimento dos cargos na CNE.



domingo, 4 de dezembro de 2022

Leopold Sedar Domingos is live now

Rádio Jovem por favor ka bo entra na é palhaçada di Marcelino Ntupe pa desacredita reportagem di RTP África ku noticiado.
Também Direção superior di MADEM-G15 tem ku konta Marcelino Ntupe bardadi.
Agora pouco Rádio jovem posta vídeo nunde ku nhu Marcelino Ntupe kuma viatura dupla cabine ku bai si casa tene bandeira di MADEM-G15.
Poxa vida é palhaçada i montagem pa calúnia djintis...Leopold Sedar Domingos

Os Médicos Italianos da Brecha terminaram este fim de semana a Missão realizada a Bissau, a convite do Hospital Pediátrico de Bor para cirurgia gratuita aos pacientes Guineenses com a necessidade.

 Radio Voz Do Povo

| CASO DE ESPANCAMENTO DO ADVOGADO MARCELINO NTUPÉ

A vítima lançou hoje duras ameaças ao Presidente da República e ao chefe do corpo de segurança da presidência.

Marcelino Ntupé organizou uma conferência de imprensa este domingo, na sua residência para explicar o ocorrido, na qual declarou uma "guerra aberta" contra o chefe de Estado!

Por Rádio Jovem Bissau


As misteriosas pinturas rupestres que "caíram do céu" no Namibe

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POR LUSA  04/12/22 

As pinturas rupestres de Tchitundo-Hulo, discretamente desenhadas em grutas remotas do sul de Angola, estão entre os vestígios arqueológicos mais importantes do país, mas a falta de proteção ameaça o valioso património.

Diz-se que "caíram do céu" - o significado de Tchitundo-Hulo na língua local - e encontram-se a cerca de 130 quilómetros da sede do município do Virei, província do Namibe, sul de Angola, numa região desértica à qual se acede seguindo uma picada arenosa.

À volta, o cenário é cor de areia e o terreno seco e pedregoso. Alguns cabritos mordiscam arbustos raquíticos e são visíveis os 'sambos' (currais circulares fechados com ramos) dos pastores mucabais que ali habitam, invisíveis, mas vigilantes, sempre atentos aos visitantes.

"Aqui, ninguém pense que está sozinho, estão sempre a ver-nos. E ai dos forasteiros que venham visitar as grutas sem se apresentarem. Houve uns turistas que vieram visitar as grutas sem avisar, mas não os deixaram avançar e tiveram de voltar", diz Paihama Catenga, responsável da área de cultura e turismo da Administração Municipal do Virei, que acompanhou uma equipa da Lusa ao local.   

Não se sabe exatamente quem deixou os desenhos, nem porquê. Alguns assemelham-se a formas de animais, adivinhando-se peixes e tartarugas, outros são círculos e formas abstratas que poderão ser representações do céu e dos astros.

Os especialistas estimam que os autores tenham sido khoisan ou cuisses-tua, povos ancestrais que estavam já instalados no sul de Angola antes da chegada dos bantus, o grupo étnico maioritário no país.

O 'soba' Ananás, do Virei, diz que foram os seus antepassados, "há milhares de anos", mas acrescenta que existem outras teorias.

"Alguns mais velhos dizem que não foi feito pelo homem, que é sobrenatural. Quando os brancos vieram até aqui e perguntaram quem fez, eles disseram: encontrámos já assim, veio de Deus, veio do céu", explica o representante das autoridades tradicionais.

Até porque "as pinturas estavam tapadas e nenhum homem pinta para depois tapar", argumenta.

O soba garante que antes o local era respeitado, seguindo as regras próprias dos mucubais, "mas a cultura atual já não segue os antigos", acelerando a degradação pelo efeito combinado dos agentes climatéricos e da ação humana.

Os desenhos pré-históricos, que serão mais de mil, espalhados entre o interior das duas grutas e o morro granítico que constituem o complexo, começaram a ser estudados nos anos 1950 pelo geólogo português Camarate França.

Mas até hoje o seu significado mantém-se um enigma e a decifração pode nunca chegar a acontecer face ao risco de desaparecimento das gravuras, cujo acesso não é controlado e se encontram expostas à intempérie.

A gruta inferior (Casa Maior) é facilmente acessível e chegou a ter uma vedação, entretanto retirada pelas autoridades angolanas, que querem elevar o complexo a Património Histórico da Humanidade, já que a UNESCO exige acesso livre.

A retirada da vedação não agrada a Ildeberto Madeira, sociólogo e membro da Associação dos Naturais e Amigos do Namibe, que alerta para os riscos de destruição da arte milenar, sem uma proteção que as defenda.

"Estas pinturas têm mais de 2.000 anos, têm de ser preservadas", apela, defendendo que o acesso deve ser controlado.

"Os bois chegam a todo o lado, entram por aí dentro, tocam com os chifres e destroem as pinturas. Estamos num sítio onde a vida dos povos são os bois. Andam por aí à vontade, os jovens podem entrar com as manadas em busca de pasto e os chifres estragam", exemplificou.

Em alguns sítios, as gravuras aparecem já maculadas por inscrições contemporâneas e há também turistas e forasteiros que removem as placas de granito, que se soltam com facilidade, para levarem pinturas consigo.

"Tive informações que dão conta que os turistas partem placas de pedra para retirar as pinturas e levarem consigo, já que se retiram muito facilmente", lamenta o especialista, já reformado.

Ildeberto Madeira salienta que o acesso à grutas ou património protegido noutros países é muito diferente e sugere que até poderia gerar receitas.

Também o responsável de cultura e turismo do Virei, Paihama Catenga lastima que o património não esteja protegido e concorda com a ideia de vedar o local.

Afirma até que já houve mais gravuras nas grutas, mas a erosão, as infiltrações e a escorrência de água e o desgaste do tempo não perdoam.

"Têm de ser protegidas mesmo", exorta.

DIPLOMATA DOS EUA: Obiang "deveria ser ostracizado por outros líderes africanos"

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POR LUSA  04/12/22 

O diplomata norte-americano Charles Ray disse hoje à Lusa que o chefe de Estado da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, reeleito com 94,9% dos votos, "deveria ser ostracizado por outros líderes africanos".

Em causa estão as eleições gerais de 20 de novembro, que deram ao Presidente Teodoro Obiang - no poder há mais de 43 anos - uma polémica vitória, validada pelo Tribunal Constitucional do país, que o reelegeu com 94,9% dos votos para um sexto mandato de sete anos.

"Parece haver pouca dúvida de que esta eleição não foi livre, nem justa. O fato de o atual Presidente ter assumido o cargo inicialmente através de um golpe militar e nos seus cinco mandatos - apesar de ter enriquecido a si mesmo e aos seus comparsas -, não ter feito nada para melhorar a vida do cidadão comum país é deprimente e uma farsa. Eu preocupo-me com a estabilidade contínua do país sob o seu Governo de mão pesada", disse Ray.

Em entrevista à Lusa, Charles Ray, que já serviu como embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) no Camboja e no Zimbábue, avaliou haver poucas dúvidas de que "não há apenas fraude sistemática, como também fraude e corrupção desenfreadas".

Para o diplomata, uma mudança no país terá de partir, em primeiro lugar, dos próprios cidadãos da Guiné Equatorial, e poderá ser alavancada por agrupamentos regionais no continente, como pela União Africana.

"Obiang deveria ser condenado ao ostracismo por outros líderes africanos e os Estados Unidos e os países da União Europeia deveriam ter pouco a ver com ele ou com os membros do seu Governo", advogou.

"Se os outros membros da União Africana e outros agrupamentos regionais no continente se recusarem a permanecer firmes contra a fraude e a corrupção, provavelmente pouco poderá ser feito para arrancar as mãos gananciosas da família das alavancas do poder", concluiu o diplomata, que foi também o primeiro cônsul-geral dos EUA na cidade de Ho Chi Minh, no Vietname.

Na terça-feira, o Governo norte-americano manifestou "sérias dúvidas" sobre a credibilidade dos resultados eleitorais na Guiné Equatorial.

"Tendo em conta o peso das irregularidades verificadas e os resultados anunciados que atribuem 94,9% dos votos ao PDGE (Partido Democrático da Guiné Equatorial), temos sérias dúvidas sobre a credibilidade dos resultados anunciados", realçou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em comunicado.

Price expressou a preocupação de Washington com "práticas irregulares de apuramento" dos votos a favor do PDGE, como a contagem de votos fechados e de outros em que nem todos os partidos políticos estavam representados.

"Estas irregularidades violariam a lei da Guiné Equatorial", sublinhou o porta-voz da diplomacia norte-americana.

Teodoro Obiang, de 80 anos e o Presidente com mais tempo no poder no mundo, desde 1979, recebeu 405.910 dos 411.081 votos válidos como candidato do PDGE, que participou nas eleições em coligação com 14 formações políticas.

Em segundo lugar, de acordo com a contagem oficial, ficou o secretário-geral do Convergência para a Social-Democracia (CPDS, única força política de oposição autorizada), Andrés Esono, principal rival de Obiang na votação, com 9.684 votos.

Na terceira e última posição ficou o líder do Partido da Coligação Social Democrata (PCSD, tradicionalmente ligado ao PDGE), Buenaventura Monsuy Asumu, com 2.855 votos.

Depois de reeleito em 2016 com 93,7% dos votos, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo parecia estar, nos últimos anos, a preparar um sucessor, um dos seus filhos, o vice-presidente Teodoro Nguema Obiang Mangue, também conhecido por 'Teodorin', conhecido pelo seu estilo de vida luxuoso e condenado em França no caso dos "ganhos ilícitos".

Mas os caciques do poder, bem como a guarda próxima de Teodoro Obiang, pensaram que era demasiado cedo e provocador impulsioná-lo oficialmente como sucessor, numa altura em que a queda nas receitas dos hidrocarbonetos desde 2014 e a pandemia de covid-19 estavam a tornar o país ainda mais dependente da ajuda e do financiamento externo.

O PDGE decidiu então, contra todas as probabilidades, não fazer nenhuma nomeação, apenas dois meses antes das eleições que o chefe de Estado tinha antecipado.

CULTURA: TABANKA DJAZ NA CELEBRAÇÃO DOS 25 ANOS DE BAO

Radio Voz Do Povo 

Tabanka Djas In Concert

 Radio Voz Do Povo 

Setor de Canchungo: LÍNGUA WOLOF DO SENEGAL “DEVORA” CRIOULO EM BAJOPE CAPOL E AMEAÇA A IDENTIDADE NACIONAL

 JORNAL ODEMOCRATA  03/12/2022  

O uso recorrente da língua wolof, do Senegal, pela maioria da população da secção de Bajope Capol, setor de Canchungo, região de Cacheu no norte da Guiné-Bissau, em detrimento docrioulo, constituiu uma ameaça para a identidade nacional, lamenta o chefe de tabanca. 

A influência da cultura senegalesa e da sua língua (wolof) por causa dos filhos daquela aldeia que emigraram para o país vizinho à procura de melhores condições vida e se retornam à aldeia, preocupa as autoridades tradicionais, particularmente no que concerne à perda da identidade nacional e de certas práticas culturais da etnia manjaca.

A aldeia de Bajope Capol, encontra-se a nove quilómetros da cidade de Canchungo, tem uma superfície de 9,5 quilómetros quadrados e uma população estimada em 807 habitantes, segundo os dados apresentados pelas autoridades locais.  

Bajope Capol é habitada maioritariamente pela etnia manjaca e corre sérios riscos de perder a sua tradição e identidade nacional, devido a influência da cultura senegalesa. Uma das manifestações culturais da etnia manjaca em extinção naquela aldeia é a comemoração tradicional da cerimónia “Cadjar Uleek – cultivo de feijão, em português”, que está a ser abandonada a favor de celebração de 15 de agosto, dia de assunção de Maria aos céus, mãe de Jesus Cristo, celebrado e considerado feriado no Senegal. 

CHEFE DE TABANCA: “ROUBO DE GADO E FENÓMENO MIGRATÓRIO MINAM A CONVIVÊNCIA NA COMUNIDADE “

“A língua nacional do Senegal, o wolof, está a ganhar grandes proporções na nossa comunidade, devido ao fenómeno migratório que deixou a comunidade totalmente deserta, sem jovens para produzir. A influência da cultura senegalesa mina a cada dia a nossa identidade nacional”, revelou o chefe de aldeia de Bajope Capol, Pedro Vaz, na entrevista ao Jornal O Democrata, na qual falou da preocupação do poder tradicional e dos anciãos sobre a influência da cultura senegalesa na aldeia, bem como da perda da identidade nacional, da emigração e da questão do roubo de gado.         

A população vive essencialmente da agricultura, da criação de gado e do comércio, mas essas atividades estão ameaçadas por causa do roubo de gado e do fenómeno migratório que afetou as mentes dos jovens, que neste momento se encontram dispersos pelo território nacional e pelo Senegal à procura de melhores condições de vida.

O roubo de gado, por exemplo, levou muitos criadores locais a abdicarem dessa atividade por insegurança e roubos sistemáticos de que são vítimas. O repórter de O Democrata que esteve naquela aldeia constatou “in loco” a realidade crua vivida pelos locais.    

O chefe de tabanca lamentou ainda a angústia da população,abalada pelo fenómeno de roubo de gado que, segundo a sua explanação, tem provocado medo no seio dos criadores e quebrando desta forma rendimento de muitas famílias que vivem daquela atividade.

“Mesmo dormindo armado, não conseguem assegurar ou evitar os roubos e os ataques dos ladrões que lhes invadem os curais com armas automáticas”, referiu, afirmando estar preocupado com o fenómeno que abalou o país, em especial a região de Cacheu, particularmente as localidades de Canhob, Tam, Bgodjam, Caió, Canchungo e as tabancas arredores.

Pedro Vaz explicou que o roubo de gado ganhou proporções nessas localidades, depois do conflito político militar de 7 de junho de 1998, devido à entrada de diferentes pessoas nas forças de defesa e segurança, como também a conjuntura social e religiosa daquela zona, que anteriormente era conhecida como “terra sagrada” em que ninguém se atrevia a roubar.

Afirmou que a saída dos jovens em busca de melhores condições de vida permitiu a entrada das pessoas estranhas na aldeia, facilitada pelos próprios filhos da comunidade, que querem ver a sua vida mudar a 360º apenas num dia e a todo o custo.

“Os nossos dirigentes não podem escapar às críticas, por não terem garantido segurança aos cidadãos. O povo vive numa constante insegurança, sob ameaças e perigo de vida. Os malfeitores usam armas automáticas no roubo. De onde saem essas armas automáticas que usam para roubar e assaltar?”, questionou.

Vaz revelou que o roubo de gado proliferou na zona, pela incapacidade das autoridades para pôr cobro à situação. Contudo admitiu que estão mobilizados e engajados para inverter a tendência, através de vigias nas ruas e proibição da entrada a pessoas não identificadas, sobretudo nos períodos noturnos, caso contrário “nunca mais teremos sossego e os riscos que corremos são incalculáveis”.

Criticou os jovens da comunidade de serem improdutivos e mandriões, porque “não labutam para terem uma vida condigna”. 

“É preciso mais trabalho, empenho e dedicação. Os jovens têm de permanecer nas comunidades, produzir localmente e evitar sair das zonas rurais para cidades sem necessidade, porque acabam por se tornar em cobras venenosas e delinquentes para as comunidades”, assegurou.

O chefe da tabanca disse ainda que outro fator que reflete negativamente na comunidade é o domínio da cultura senegalesa, que a cada dia está a roubar terreno ao crioulo e a minar a única manifestação cultural da etnia manjaca “Cadjar Uleeque”, realizada cada ano no fim da lavoura de feijão.

“Outra ameaça é que essa manifestação cultural está a ser abandonada a favor do dia 15 de agosto, data em que é celebrada o dia de assunção de Maria aos céus, feriado nacional no Senegal”, referiu.

ASSOCIAÇÃO ABRE CENTRO MULTIFUNCIONAL PARA TRAVAR EMIGRAÇÃO DE JOVENS

A secção Bajopé Capol tem uma escola do Ensino Básico, do primeiro ao quarto ano de escolaridade, construída na época colonial. Um dos pavilhões foi reabilitado com a ajuda da associação dos naturais de Bajopé Capol e dos amigos da tabanca residentes no país e na diáspora.

Para além do ensino básico, a comunidade local conseguiu implementar o ensino pré-escolar, um jardim de infância.

A tabanca está praticamente deserta, porque muitas pessoas, sobretudo jovens, abandonaram-na à procura de melhores condições de vida ou por motivos de estudo ou emigração. A maioria dos habitantes e filhos da aldeia têm dificuldades em falar fluentemente o crioulo, por dominarem mais o wolof, uma das línguas nacionais do Senegal. 

A associação “N’gtche Balollé – somos iguais, em português”, de   filhos e amigos de Bajope residentes na França, à semelhança do trabalho de reabilitação da escola, construiu um centro multifuncional, com seis quartos dormitórios, um salão de conferência com capacidade para albergar 60 pessoas, um armazém, um salão de espetáculos e uma sala de informática, para travar as ambições da emigração dos jovens e lutar contra a fome na zona.

A iniciativa, segundo a organização, visa minimizar o sofrimento e travar a fuga das populações locais, sobretudo dos jovens da zona rural para as cidades, em particular para a República vizinha do Senegal. O centro vai permitir o regresso de muitas pessoas que saíram à procura de melhores condições de vida e por motivos de estudo para a cidade de Canchungo, em   Bissau e no Senegal, sobretudo no domínio da informática, que às vezes acabam por abandonar a aldeia pela eternidade.

Na sequência dessas iniciativas, doaram vários materiais, nomeadamente: mesas, cadeiras, armários, secretárias, materiais didáticos, tintas para todo tipo de trabalho de exercícios de carimbagem no jardim, assim como brinquedos. Também enviaram 18 computadores de mesa, 04 painéis solares com respetivas baterias e demais materiais para equipar a escola e o centro multifuncional.

A organização anunciou que tem em perspetiva projetos como recuperação, em breve, do posto sanitário local, inativo há vários anos por falta de colocação dos profissionais de saúde, bem como a construção de uma residência para professores e profissionais de saúde que vão trabalhar no centro.

“Essas realizações revelam a determinação e a união dos populares da tabanca para o bem-estar social da comunidade localidade” revelou Luís Gomes, gestor financeiro da associação, para de seguida acrescentar que a associação está a envidar esforços junto da delegacia regional da saúde de Cacheu para resolver a questão dos recursos humanos para o centro.

A propósito, a associação “N’gtche Balollé” informou que vai abastecer o armazém com produtos de primeira necessidade para facilitar e evitar que os moradores continuem a percorrer quilómetros e quilómetros à procura de bens essenciais na cidade de Canchungo ou outras localidades da região.

“Porque são produtos aos quais podem ter acesso com maior facilidade sem ter que se deslocar à cidade de Canchungo. Também vai facilitar e permitir aos que estão na diáspora adquirir produtos alimentares para os seus familiares, através de uma conta bancária da associação”, salientou.

Por: Francisco Gomes

Foto: FG