Ansiedade é grande para conhecer quem será o sucessor da Presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf, laureada em 2011 com o Prémio da Paz. Eleições gerais (presidencial e legislativas) têm lugar no país na terça-feira.
A Presidente Ellen Johnson Sirleaf
No próximo dia 10 outubro, a Libéria vai às urnas para escolher o seu novo líder. Depois de 12 anos no poder, e após cumprir dois mandatos, a atual Presidente, Ellen Johnson Sirleaf, não vai se reeleger. Aos 78 anos, Sirleaf declarou abertamente que espera que o novo escolhido do povo seja um candidato jovem. Entre os principais concorrentes estão o vice-presidente, Joseph Nyumah Boakai, o ex-jogador de futebol, George Weah, e a ativista de direitos humanos, MacDellaa Cooper, única mulher na disputa entre os 20 candidatos à Presidência do país.
A poucos dias da eleição, a Presidente Sirleaf fez declarações que estão a causar polémica em todo o país. Ma Ellen, como é conhecida entre os liberianos, foi a primeira a admitir que o seu mandato não conseguiu uma representação significativa das mulheres na política.
Em entrevista à CNN, a Presidente afirmou que o seu Governo não trabalhou duro o suficiente para conquistar a igualdade de gêneros. "Isso me entristece, porque as pessoas esperavam que o meu Governo quebrasse o teto de vidro da África", lamentou.
Mulheres sem poder
Os liberianos vão votar para Presidente, vice e para deputado federal. Apenas um sexto dos candidatos é composto por mulheres. Dos 30 senadores na Libéria, três são mulheres. Desde 2005, esses números continuam praticamente inalterados. Enquanto isso, níveis de gravidez na adolescência e violência sexual contra meninas só crescem e menos da metade das mulheres sabe ler ou escrever.
Outra manifestação da Presidente cessante que gerou muita crítica na opinião pública liberiana foi a sua preferência por um jovem para ser o novo Presidente do país. Com esse desejo, Sirleaf demonstrou claramente que não apoia a candidatura de seu vice, Joseph Boakai, com 72 anos de idade.
Na reta final da campanha, quem está a se beneficiar dos comentários da Presidente são os candidatos mais jovens da oposição. Aos 40 anos, MacDella Cooper disse estar muito satisfeita com a posição da atual mandante do Governo da Monróvia. "Estou muito feliz de ouvir isso, porque ela está certa. Ela sabe bem o que significa ser Presidente aos 70 anos, sabe que é preciso ter muita energia para manter o processo em andamento. Por isso, se a Presidente está sugerindo que Boakai não é capaz, eu concordo. Se ela não o apoia, isso é bom. Eu não acredito que tenhamos tempo e espaço no nosso país para um líder que já está no fim do seu caminho", assegurou.
Juventude versus capacidade?
A Presidente Ellen Johnson Sirleaf, e o seu vice-Presidente, Joseph Boakai (esq.), na cerimónia de tomada de posse para o segundo mandato presidencial em 2012
Por outro lado, os partidários do vice-Presidente Boakai mantêm-se implacáveis. Eles afirmam que Boakai vai contar com o apoio de qualquer um e fazer alianças com qualquer partido.
Em entrevista à DW, Robert Kpadeh, atual chefe da Comunicação do Partido da União, disse que a Presidente tem o direito constitucional de expressar sua opinião, mas entende que, no fim, o eleitor é quem vai decidir. "O importante é que percebemos, e estamos a comemorar, que o vice-presidente Boakai está a conquistar o apoio massivo de todo país", contou Kpadeh.
Para o chefe da Comunicação do partido da União, o que está em jogo não é a idade, mas sim quem é o candidato mais preparado para assumir o comando da Libéria. "O vice-Presidente é o mais preparado. A nossa Constituição não proíbe que pessoas com 70 anos concorram às eleições federais. Nós sabemos que o vice-Presidente tem o que é preciso para fazer uma boa governação. Ele já foi testado e conquistou a confiança do povo. Trata-se de um homem íntegro e sabemos muito bem que o vice-Presidente é capaz", afirmou.
A oposição do país tem uma visão diferente sobre o pedido de mudança de geração na liderança do país. Segundo Darius Dillon, do partido Liberal, a Presidente Sirleaf foi fiel às suas palavras ao se ausentar de uma recente campanha de seu vice-Presidente. Dillon acredita que este posicionamento de Ma Ellen vai continuar a esquentar os debates até o último dia da batalha pela presidência da Libéria.
Dw.com/pt