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Filipe Garcia, analista de mercados, refere que a vitória de Donald Trump é vista, para já, como um impulso positivo para os mercados financeiros, mas traz incertezas a nível global, sobretudo para a Europa e a China.
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA gerou uma reação otimista nos mercados, mas trouxe também preocupações para a Europa e para a China.
O analista de mercados Filipe Garcia explica que os mercados já tinham, de certa forma, antecipado esta vitória, refletindo-se numa valorização contínua de certos ativos antes mesmo dos resultados finais.
“A reação dos mercados foi positiva (...) com uma subida do dólar e dos índices de ações americanos, que atingiram máximos históricos. Além disso, notou-se uma subida das taxas de juro de longo prazo e um ligeiro recuo no preço do petróleo".
Contudo, a situação acalmou rapidamente, com o foco a desviar-se para as próximas reuniões dos bancos centrais, nomeadamente da Reserva Federal dos EUA, onde se espera um corte nas taxas de juro.
“Não podemos falar de uma grande revolução nos mercados”, afirmou o analista, destacando que não houve grande volatilidade, apesar das movimentações iniciais.
Impacto na Europa: riscos de políticas protecionistas
Na Europa, a vitória de Trump é vista com alguma apreensão, especialmente pelo receio de políticas mais protecionistas por parte dos EUA, que podem afetar o comércio internacional. Os líderes europeus reúnem-se hoje na Hungria
"A Europa está preocupada essencialmente com três dimensões: uma dimensão de política, de mais protecionismo; o tema da cooperação estratégica económica entre os dois lados do Atlântico e o tema mais geoestratégico ligado à NATO e à Ucrânia num prazo mais curto".
Garcia explica que “Trump não é propriamente um admirador da instituição União Europeia” e poderá “tentar dividir para reinar, gerindo cada tema com cada país”.
A Europa tem, assim, de decidir entre uma posição unida ou uma resposta fragmentada, que, segundo o analista, a enfraqueceria.
"A parte do protecionismo é provavelmente aquela que vai ser discutida durante o dia de hoje, porque é importante perceber como é que a Europa vai reagir se os Estados Unidos efetivamente implementarem ou reforçarem tarifas, porque a Europa tem duas escolhas que é se vai reagir em conjunto ou se vai reagir de forma bilateral, país a país."
Impacto na China e a guerra comercial com os Estados Unidos
Para a China, a vitória de Trump trouxe imediatamente um efeito no yuan, que caiu para mínimos de três meses, uma desvalorização já esperada.
"O yuan sofre de algum dirigismo económico e, portanto, é frequentemente intervencionado pelas autoridades locais e também sabemos que a forma como essa gestão da moeda é feita tem uma influência grande de como é que o dólar se comporta relativamente às outras moedas".
Filipe Garcia refere que “as variações do yuan não se comparam” com as do euro/dólar, que têm um impacto mais direto na economia europeia.
Trump já afirmou que pretende manter a sua política de tarifas sobre os produtos chineses, o que poderá intensificar a guerra comercial.
O analista recorda que “Trump é um negociador” e que as tarifas poderão ser usadas como ferramentas negociais.
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