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Notícias ao Minuto 25/01/22
O empresário russo Yevgeny Prigozhin, alegadamente próximo do Presidente Vladimir Putin e suspeito de estar ligado ao grupo paramilitar Wagner, saudou hoje o golpe de Estado no Burkina Faso, considerando-o um sinal de uma "nova era de descolonização" em África.
"Todos estes chamados golpes de Estado são devidos ao facto de o Ocidente estar a tentar governar os Estados e suprimir as suas prioridades nacionais, para impor valores estrangeiros aos africanos, por vezes zombando-os claramente", disse Prigozhin, num comentário publicado na rede social russa VK pela sua empresa, Concord.
"Não é surpreendente que muitos Estados africanos estejam à procura de libertação. Isto está a acontecer porque o Ocidente está a tentar manter a população destes países num estado semi-animal", disse o empresário.
Saudando o golpe militar no Burkina Faso, Prigozhin disse que estava a ter lugar em África um "novo movimento de libertação" e uma "nova era de descolonização".
Apelidado de 'cozinheiro de Putin', por ter sido um dos fornecedores do Kremlin com a sua empresa de catering, Yevgeny Prigozhin é também acusado de financiar a empresa militar privada Wagner, que tem sido identificada como estando envolvida nos conflitos na Ucrânia, Síria, Líbia e vários países da África Subsaariana.
A Wagner, com o qual as autoridades russas negam qualquer ligação e que tem sido alvo de sanções da União Europeia, desde dezembro, fornece serviços de manutenção de equipamento militar e de formação, mas é acusada, particularmente pela França, de agir em nome do Kremlin onde as autoridades russas não querem aparecer oficialmente.
Prigojine, ele próprio sob sanções europeias e americanas, nega qualquer ligação ao grupo Wagner.
Hoje, Alexandre Ivanov, conhecido como um dos representantes dos "instrutores" russos na República Centro-Africana, também elogiou os golpistas de Ouagadougou num comunicado publicado no Twitter, dizendo que a França não tinha conseguido "nenhum sucesso" na luta contra o terrorismo na região.
Ivanov disse estar pronto a "partilhar a experiência" dos "instrutores" russos na República Centro-Africana para treinar o exército do Burkina Faso, caso as autoridades o solicitassem.
Na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo disse estar "preocupado com a considerável complicação da situação política interna" no Burkina Faso, dizendo que "espera uma rápida estabilização" do país.
Centenas de manifestantes manifestaram apoio nas ruas da capital burquinabê, Ouagadougou, à ação dos militares e ao derrube de Kaboré, cuja "libertação imediata" foi exigida pela ONU em Genebra.
Os militares que iniciaram no domingo um golpe de Estado no Burkina Faso confirmaram na segunda-feira, também numa declaração na televisão estatal, que tomaram o poder e anunciaram a dissolução do Governo e do parlamento, pondo fim ao poder do Presidente Roch Kaboré, que governava este país da África ocidental desde 2015.
Na mensagem, o chamado Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração anunciou que iria trabalhar para estabelecer um calendário "aceitável para todos" para a realização de novas eleições, sem adiantar mais pormenores.
O Presidente Kaboré, no poder desde 2015 e reeleito em 2020 com a promessa de lutar contra os terroristas, vinha a ser cada vez mais contestado por uma população atormentada pela violência de vários grupos extremistas islâmicos e pela incapacidade das forças armadas do país responderem ao problema da insegurança.
Kaboré chegou ao poder após uma revolta popular que expulsou o então presidente, Blaise Compaoré, no poder durante quase três décadas.
Os ataques ligados à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico têm vindo a aumentar sucessivamente desde a sua chegada ao poder, reclamando já milhares de vidas e forçando a deslocação de um número estimado pelas Nações Unidas de 1,5 milhões de pessoas.
Também os militares vêm a sofrer baixas desde que a violência extremista começou em 2016. Em dezembro último, mais de 50 elementos das forças de segurança foram mortos na região do Sahel e nove soldados foram mortos na região centro-norte em novembro.
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