Cnnportugal.iol.pt 06/09/22
Boris Johnson despediu-se dos britânicos lembrando que o seu governo conseguiu realizar o Brexit.Também garantiu apoio a Liz Truss, a nova primeira-ministra eleita pelo Partido Conservador, e deixou recados a Vladimir Putin
Boris Johnson, o primeiro-ministro cessante do Reino Unido, discursou pela última vez esta terça-feira em frente do número 10 de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico em Londres. No discurso de despedida, logo às 7:30, Johnson garantiu que irá oferecer um apoio "fervoroso" ao governo de Liz Truss, que venceu ontem as eleições para a liderança do Partido Conservador, e que o novo executivo tudo fará "para ultrapassar a crise energética".
Assinalando que saiu antes de terminar o mandato porque a contestação interna assim o exigiu e as regras mudaram a meio da corrida - "mas isso não importa agora", acrescentou rapidamente - Boris Johnson não deixou de sublinhar que cumpriu a sua função e que agora, perante o novo governo, adotará uma postura discreta.
"Deixem-me dizer que sou agora um daqueles propulsores que cumpriu a sua função e irá reentrar na atmosfera suavemente e mergulhar de forma invisível num canto remoto e obscuro do Pacífico", afirmou. "Não oferecerei a este governo nada mais do que o meu apoio fervoroso", disse ainda.
Num balanço do seu mandato, o antigo governante sublinhou que conseguiu mais polícias, novos hospitais e mais enfermeiros, recordando também que aumentou salários dos professores e melhorou as vias férreas e rodoviárias. Johnson também lembrou que fez cumprir o Brexit e que fez a mais rápida distribuição da Europa da vacina contra a covid-19.
A propósito da atualidade internacional, Boris Johnson falou também sobre a guerra na Ucrânia: "Putin não consegue chantagear-nos", garantiu, acrescentando que o presidente russo não será capaz de fazer bullying aos britânicos com a crise energética que provocou e que está muito iludido se pensa o contrário. "Sei que Liz Truss e este governo tudo farão para ultrapassar a crise energética", referiu.
Num discuso breve, Boris Johnson não deixou de agradecer à equipa de Downing Street todo o apoio, agradecendo igualmente ao seu cão, Dilyn, e dizendo que se até Dilyn e Larry, que é o gato de Downing Street, conseguiram ultrapassar as suas diferenças e deixar para trás "dificuldades ocasionais", o mesmo conseguirá fazer o Partido Conservador britânico.
Johnson concluiu dizendo que colocou alicerces que resistirão ao tempo, seja porque o Reino Unido reconquistou o controlo da sua legislação ou porque foi criada infraestrutura nova e vital.
No final do seu discurso, o antigo primeiro-ministro entrou num automóvel com a mulher, Carrie, para se dirigiem ao aeroporto. Seguirão depois de avião para Balmoral, na Escócia, onde Boris Johnson será recebido pela rainha Isabel II antes de a monarca indigitar, na tarde desta segunda-feira, Liz Truss como nova primeira-ministra do Reino Unido.
Boris Johnson demitiu-se no início de julho, garantindo logo que ficaria na liderança do governo até ser eleito novo líder. O anúncio da saída de Johnson surgiu depois de mais de 50 membros do executivo britânico terem apresentado a demissão, em protesto pelos contínuos escândalos que envolveram Boris Johnson, relacionados nomeadamente com a quebra das regras de contenção impostas durante a pandemia de covid-19.