domingo, 4 de setembro de 2022

METEOROLOGIA PREVÊ CHUVAS NORMAIS QUE FAVORECEM BOA CAMPANHA AGRÍCOLA

JORNAL ODEMOCRATA  04/09/2022  

O Ponto focal da Previsão Climática Sazonal do Instituto Nacional da Meteorologia da Guiné-Bissau (INMET), Cherno Luís Mendes, disse que de acordo com a previsão, a Guiné-Bissau vai ter um período húmido com tendência de haver chuvas normais.

“Normalmente sempre damos as previsões do ano ao nosso parceiro da agricultura e em função dessas informações é que orientam os seus trabalhos. Por exemplo, quando a previsão indica pouca chuva, os técnicos do ministério da Agricultura tomam diligências e trabalham em função da quantidade das chuvas, ou seja, terão que cultivar produtos com ciclos curtos. Este ano a previsão aponta para um período húmido de chuvas normais, então podem trabalhar com variedades de produtos de ciclos longos, mas não quer dizer que devem esperar até os últimos meses da época para fazer cultivos”, alertou.

CHUVA ESTÁ BEM REPARTIDA PARA UMA BOA LAVOURA E NÃO HAVERÁ MUITA ÁGUA NAS BOLANHAS

Em entrevista concedida ao nosso semanário (30.08.2022) para falar de, entre outras medidas a adoptar, Cherno Luís Mendes explicou que a missão do Grupo de Trabalho Pluridisciplinar (GPT), composta pela Meteorologia, pela estatística agrícola, pela direção-geral da pecuária e pelo serviço da proteção vegetal, realizou um inquérito que teve a duração de cinco dias de (17 a 21 de agosto) nas regiões cujo objetivo é acompanhar e detetar problemas, face à presente época chuvosa e a campanha agrícola.

Como resultado dos trabalhos de pesquisa, as entidades envolvidas nesse inquérito concluíram que se deu o início tardio das atividades da lavoura e em algumas localidades estão a fazer-se ainda as transplantações, particularmente de arroz.

“É satisfatório o que constatamos no terreno e concluímos que a previsão será de boa colheita este ano. Essa satisfação não apenas dos inquiridores, mas também dos inquiridos que se demostraram esperançados com as informações recolhidos de que será um ano agrícola bom e com fortes possibilidades de haver rendimento económico para muitas famílias”, afirmou.

O Ponto focal da Previsão Climática Sazonal do Instituto Nacional da Meteorologia da Guiné-Bissau assegurou que a chuva está bem repartida para uma boa lavoura e que não haverá muita água nas bolanhas, salientando que, durante a missão, constataram que há algumas   variedades de sementes distribuídas aos agricultores que não germinaram, cuja razão ainda é desconhecida.

O chefe da missão GTP não descartou a possibilidade de serem abertas bombas de drenagem juntos dos campos agrícolas, mesmo se as chuvas se intensificarem, contudo, advertiu que será necessária uma boa gestão das drenagens, sobretudo depois das transplantações.

“Felizmente este ano estamos a ter uma chuva regular não abundante comparativamente a 2020, onde choveu fora do normal e as bolanhas foram inundadas, o que criou barreiras para o cultivo e transplantações”, indicou.  

Realçou que ter grande quantidade de chuva não significa ter boas colheitas, mas ter uma chuva normal fornece maior chance de a colheita ser boa.

“Não constatamos grandes problemas durante o inquérito. A chuva está a cair normalmente em todas as regiões. Relativamente à saúde animal, os dados recolhidos demonstram poucas doenças e mortes em comparação aos anos anteriores. E as pragas nos vegetais são inferiores aos dados anteriores. O que significa que o terreno está calmo”, afirmou.

Cherno Luís Mendes criticou que, às vezes, as instituições portuárias não dão atenção merecida aos boletins fornecidos pelas estações meteorológicas.

Segundo explicou à nossa equipa, se esses boletins diários fornecidos a essas instituições fossem bem explorados, muitas situações de grandes riscos que ocorreram devido às agitações do mar que, às vezes, acabam em afogamentos, teriam sido evitadas.

“Às vezes é triste, porque há instituições que não exploram as informações que fornecemos. Há situações de risco que acontecem e que poderiam ter sido evitadas, principalmente os afogamentos. Muitas pessoas que se fazem ao mar alegam muitas vezes conhecerem o mar, mas enganam-se porque ninguém conhece o mar”, desafiou.

Questionado sobre a relação do INM com outras instituições em termos de fornecimentos de dados periódicos, nomeadamente serviços aéreo e marítimo, disse que as informações são partilhadas diariamente, através de emails, a todas as instituições prioritárias.

Defendeu que é necessário tomar medidas de acautelamento que devem passar não só pelo uso de salva-vidas, como também mais atenção aos boletins meteorológicos disponibilizados diariamente pelos serviços de meteorologia, que são passados em algumas estações radiofónicas.

Cherno Luís Mendes criticou a falta da divulgação das previsões meteorológicas do estado do tempo na única estação televisiva pública (TGB).

Mendes disse que é “normal” as descargas elétricas verificadas durante o mês de agosto, porque “a chuva na Guiné-Bissau é convectiva”.

“Outra razão que está relacionada com essas descargas tem a ver com a pouca quantidade de chuvas verificadas neste ano em comparação aos anos anteriores, o que acaba por elevar às condensações de nuvens e, consequentemente, descargas elétricas”, informou.

“Para nós não há nada de estranho, embora seja um fenómeno muito perigoso”, admitiu e aconselha a população a não ficar sob ou perto de árvores de grande porte, porque as árvores apresentam mais chance de receberem essas descargas.

Quanto aos ventos fortes, Cherno Mendes pediu à população a seguir as recomendações das autoridades competentes, manter a casa fechada e abrigar-se em locais seguros até os ventos fortes passarem.

Salienta-se que a meteorologia da Guiné-Bissau conta com 09 técnicos observadores distribuídos em três estações, nomeadamente no setor de Bolama, que é responsável pela observação da zona sul que conta com três observadores, sendo que um se encontra em tratamento médico. A estação do setor de Bafatá é responsável pelas observações da zona leste e tem apenas um técnico e Bissau, responsável pela zona norte e centro, conta com cinco observadores meteorológicos. 

Por: Epifânia Mendonça

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