sexta-feira, 22 de novembro de 2024
O Presidente da República recebeu a Coligação API - Aliança Patriota Inclusiva, o PUSD (Partido Unido Social Democrata), o COLIDE-GB e o PUN (Partido de Unidade Nacional), para uma auscultação inclusiva.
Temas como estabilidade, prazos legais para eleições e soluções sustentáveis foram debatidos, reafirmando o compromisso com a democracia.
Declaração de Imprensa do Baciro Djá, da Coligação Eleitoral API, CABAS GRANDI após audiência com o PR Umaro Sissoco Embaló.
Juliano Fernandes, presidente da COLIDE-GB, fala a imprensa após audiência com o PR Umaro Sissoco Embaló.
Diego Gomes, representando a Direção Superior do PUN, na audiência com o PR Umaro Sissoco Embaló.
Luís Álvaro Campos Ferreira - Secretário-geral da UCCLA
Luís Álvaro Campos Ferreira - Secretário-geral da UCCLA. Por uccla.pt/noticias 21-11-2024
É com honra e sentido de responsabilidade que assumo as funções de Secretário-geral da UCCLA. A instituição, ao longo dos seus 39 anos, tem desempenhado um papel fundamental na promoção da cooperação, solidariedade e diálogo entre cidades, empresas e comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo.
O compromisso que me guia neste novo desafio é o de reforçar essa missão, aprofundando os objetivos e adaptando-a aos desafios atuais.
Quero deixar uma palavra de agradecimento às nossas cidades e às nossas empresas e a todos os nossos parceiros de jornada que, em conjunto, têm contribuído para o fortalecimento da UCCLA. Vamos reforçar ainda mais os laços que nos unem, com um olhar firme no futuro.
Não poderia deixar de dar uma palavra aos meus antecessores, que muito fizeram, e de prosseguir esse caminho, com dedicação, e levá-lo ainda mais longe.
Unidos pela língua, pela história e pela memória, em conjunto faremos ainda mais enquanto comunidade global.
Luís Álvaro Campos Ferreira
Secretário-geral da UCCLA
Ucrânia prepara entrada de uma nova arma para transformar o futuro da guerra
Drones têm papel cada vez mais importante no exército ucraniano (AP Photo) Cnnportugal.iol.pt 22/11/2024
MIL DIAS DE GUERRA || Já são utilizados em pequena escala, mas ainda não são públicos. Em dezembro chegam à linha da frente entre 30 a 50 mil drones com inteligência artificial, e prometem mudar a guerra a favor de Kiev. Uma vantagem numa questão "de vida ou de morte" que também levanta receios de que "os robots assasinos autónomos" estão cada vez mais perto
Na imagem do ecrã, um soldado aterrorizado olha para o céu. O zumbido característico do drone denuncia a sua presença. Ciente do perigo, o jovem corre desesperado, mas o som aproxima-se rapidamente. Ele atira-se ao chão, escapando por pouco quando a explosão ocorre alguns metros à frente, fruto de um erro do piloto. Este cenário, demasiado comum nos campos de batalha ucranianos, está prestes a tornar-se ainda mais mortífero. A Ucrânia prepara-se para lançar drones capazes de rastrear e atacar alvos automaticamente com o apoio da Inteligência Artificial. O CEO de uma das maiores empresas de drones ucranianas revela à CNN Portugal que dezenas de milhares destas aeronaves vão chegar à linha da frente ainda este ano para transformar o futuro da guerra.
“Atualmente, mais de metade dos drones que estamos a produzir vêm com um sistema de orientação automática, capaz de marcar um alvo e atacá-lo automaticamente. O piloto só tem de encontrar o alvo, carregar num botão e o drone faz o resto. É como um piloto automático. Até ao final do ano, cerca de 30 a 50 mil drones de várias empresas com este sistema vão chegar à linha da frente”, afirma Oleksii Babenko, o jovem de 25 anos que fundou a Vyriy Drones, uma start-up de veículos aéreos não-tripulados ucraniana.
Para a Ucrânia, o desenvolvimento destes sistemas é crucial. Kiev está, há quase três anos, a tentar travar os avanços de um inimigo com uma população quase quatro vezes maior que está a conseguir avançar em vários pontos do campo de batalha. Apesar das perdas pesadas, a Rússia continua a ter forças suficientes para continuar a pressionar as defesas ucranianas, que muitas vezes dependem da precisão dos seus pilotos de drone para travar as investidas russas. Só que isso está prestes a mudar.
“Estes sistemas já são utilizados em pequena escala na frente, mas ainda não são públicos. Mas em dezembro, vamos ver estes drones a aparecer na frente de batalha em grandes números”, insiste o diretor-executivo da Vyriy.
Este salto tecnológico só foi possível devido à empresa norte-americana Auterion, que encontrou uma forma de integrar sistemas sofisticados em computadores miniatura baratos que são integrados em pequenos drones FPV como os da empresa de Oleksii Babenko. O sistema não é novo, só que este desenvolvimento permitiu tornar esta tecnologia significativamente mais barata para ser produzida em larga escala. Estes pequenos computadores que cabem na palma de uma mão custam apenas 15 dólares por unidade.
E a magnitude desta inovação não deve ser descartada. No início de outubro, o presidente Volodymyr Zelensky afirmou que a Ucrânia é capaz de fabricar quatro milhões de drones por ano, tendo comprado 1,5 milhões em 2024. Atualmente, os drones kamikaze representam “quase metade” de todos os disparos do exército ucraniano e são responsáveis por mais de dois terços dos blindados russos destruídos. No entanto, a taxa de eficácia destas armas ronda apenas os 50%. Em parte devido a erros do piloto, mas principalmente devido às capacidades de guerra eletrónica russa. Esta inovação, que está a ser testada de forma intensiva nas academias de pilotos de drone em Kiev, apresenta uma taxa de sucesso bem mais mortífera.
“Na escola de drones, em Kiev, nós e outras empresas estamos a ensinar os nossos pilotos a trabalhar com este sistema. Os resultados têm sido incríveis. Cerca de 90% dos drones acertam no alvo com sucesso”, explica o jovem empresário, que insiste que estes drones “não são totalmente autónomos”, são apenas “um primeiro passo” nesse sentido.
Para os soldados ucranianos, no campo de batalha, estas soluções são fundamentais para atravessar as defesas russas. No início do conflito, a Ucrânia recorreu a vários tipos de drones para atingir veículos e concentrações militares russas. Mas o inimigo soube adaptar-se e apostou significativamente em capacidades de guerra eletrónica que permitem interferir na ligação entre o piloto e o drone, levando a que os ucranianos percam o controlo da aeronave. Com estes microcomputadores, os drones ucranianos passam a ser capazes de atingir o alvo, mesmo que sem sinal com o operador.
“Para os drones mais pequenos, o importante é a capacidade de acertar no alvo sem o piloto. Isto é muito importante, porque os russos têm muitos jammers [bloqueadores eletrónicos de sinal] que utilizam em conjunto com um amplificador muito potente para cortar o sinal entre o drone e o piloto. Estes novos sistemas permitem que o veículo cumpra a sua missão mesmo com a interferência no sinal”, esclarece Babenko.
O humano fora do circuito
Este desenvolvimento coloca a humanidade cada vez mais perto de ter aeronaves não-tripuladas, capazes de voar, detetar alvos e tomar a decisões de atacar de forma totalmente autónoma. A decisão final de atacar um alvo continua nas mãos de um humano, num modelo conhecido como “human-in-the-loop” (ou humano no circuito, em português). Só que para a Ucrânia, para quem a necessidade de manter a vantagem tecnológica sobre a Rússia é uma questão “de vida ou de morte”, há a vontade de não ficar por aqui.
O ministro da Transformação Digital da Ucrânia, Mykhailo Fedorov, referiu no início do ano que se o país quer ter alguma hipótese de derrotar a Rússia no campo de batalha precisa de atingir “a máxima automação”. Esta necessidade existencial de inovação pode levar a Ucrânia a passar para um sistema conhecido como "human-on-the-loop", ligeiramente diferente do que está prestes a entrar no campo de batalha. Neste modelo, o drone cumpre a sua missão de forma autónoma, voa, deteta o alvo e ataca-o sempre com a supervisão de um humano, que pode parar o processo a qualquer momento.
Este é o caminho escolhido por empresas como a norte-americana Shield AI, que também opera na Ucrânia e está a criar um sistema de Inteligência Artificial para “substituir os pilotos de drones e aeronaves”. O almirante Bob Harward, vice-presidente executivo da empresa para a área internacional, defende que as realidades do campo de batalha e o desenvolvimento tecnológico dos adversários torna fundamental criar dispositivos capazes de continuar a operar sem GPS ou sem comunicação com o operador. Se isso não for feito, defende, outros o farão e isso pode colocar em causa a nossa segurança.
“Não interessa o que eu penso. Interessa o que os outros pensam e os nossos adversários pensam. Olhe para o que outros países estão a fazer. Penso que se o drone não conseguir comunicar com o operador e não for possível ter acesso a GPS, ele vai ter de tomar uma decisão. Não sei quando é que isso vai acontecer, mas precisamos de ter essa opção em cima da mesa”, defende Harward em declarações à CNN Portugal.
Este sistema é conhecido como “human-out-of-the-loop” (humano fora do circuito, em português), e não envolve qualquer interação humana. Com este modelo, a aeronave levanta voo, observa o terreno, distingue entre objetos amigos ou inimigos e toma a decisão de destruir o alvo, tudo de forma autónoma. Isto só é possível devido ao deep learning, uma forma de Inteligência Artificial que utiliza grandes quantidades de dados para identificar padrões e tomar decisões. Esta possibilidade tem feito com que muitos especialistas questionem a segurança de atingir esse patamar tecnológico, sugerindo que esta pode fugir do controlo dos próprios humanos e virar-se contra eles.
A tecnologia ainda não chegou a esse ponto. Atualmente, os humanos ainda fazem parte do processo de deteção e decisão dos drones, apesar de estes já terem elementos de Inteligência Artificial. Mas há quem queira optimizar este processo. A empresa ucraniana Swarmer quer colocar cada piloto a comandar um número cada vez maior de aeronaves. O software que a empresa está a criar permite que cada operador comande sete aeronaves em simultâneo. Serhiy Kupriienko, diretor-executivo da empresa, acredita que esta tecnologia não vai substituir completamente os humanos, vai simplesmente torná-los mais mortíferos, sendo capazes de controlar um número cada vez maior de armas.
O impacto quase imediato no campo de batalha leva a que muita da discussão em torno destas armas seja feita acerca das suas possíveis desvantagens. Mas, para Bob Harward, a utilização maciça de drones autónomos pode vir a desempenhar um papel fundamental na prevenção de futuros conflitos. “Penso que, se formos inteligentes e capazes de desenvolver as capacidades e as tecnologias que desejamos, vamos poder dissuadir futuros conflitos. Pense no dia em que centenas de tanques russos estavam alinhados na fronteira prontos a entrar. Se tivéssemos 500 drones a sobrevoá-los em simultâneo, talvez tivessem mudado de ideias”, sugere.
Uma questão moral
Antes da guerra começar, Oleksii Babenko, então com 23 anos, tinha um pequeno negócio em Kiev de espetáculos de pirotecnia. A empresa fazia dinheiro suficiente para viver e poder dedicar-se à sua grande paixão, passear de mota pela Europa. Nunca pensou que a sua vida passasse pelo fabrico de armas, até porque acreditava que Putin não seria capaz de invadir. Mas estava errado. E a primeira coisa que fez quando a invasão começou foi dirigir-se a um posto militar para saber o que podiam fazer para ajudar. A resposta mudou a sua vida: “combustível, rádios e drones”, disseram os soldados.
“Isso fez com que eu quisesse começar a aprender tudo o que fosse possível acerca de drones. Juntei um grupo de amigos e, durante cinco meses, tentámos aprender tudo o que podíamos sobre drones. Fizemos alguns, testámo-los e entregámos alguns aos soldados. Eles depois testaram-nos [no campo de batalha] e nós aprendemos melhor aquilo que funciona e o que não funciona. Na linha da frente compreendes muitas mais coisas que são impossíveis de compreender num escritório em Kiev”, recorda o jovem.
Oleksii Babenko utiliza precisamente o seu caso para ilustrar um dos principais desafios que esta tecnologia vai trazer no futuro. Qualquer pessoa com motivação, tempo e recursos suficientes poderá ser capaz de criar drones baratos e cometer ataques contra alvos não militares. “Atualmente, é possível fabricar drones no interior de uma cidade europeia e atingir alvos dentro dessa cidade. Estes sistemas vão ser utilizados por pessoas más com maus interesses”, alerta.
A imagem de centenas de drones capazes de tomar decisões de forma autónoma a voar coordenadamente nos céus está a causar cada vez mais preocupações. Grupos de ativistas, políticos e empresários temem que a utilização da Inteligência Artificial nestes sistemas possa vir a ter consequências muito graves. Muitos acreditam que estes sistemas podem vir a levar a uma escalada das guerras, incidentes de mortes por fogo amigo e criticam o conceito de “morte por algoritmo”, que dizem levantar várias questões éticas.
No início do ano, a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou a sua primeira resolução que visava promover negociações para a criação de um novo tratado internacional para banir e regular a utilização de “drones assassinos”, criticando estes sistemas por definirem e aplicarem força em alvos escolhidos por sensores e não por decisão humana. Só que a competição geopolítica global faz com que seja difícil encontrar um consenso. Quatro países votaram contra: a Rússia, a Índia, a Bielorrússia e o Mali.
“Toda a gente tem de compreender as ramificações legais e morais que vêm com estas opções, mas temos de ter esta opção [de utilizar drones autónomos] em cima da mesa. Acredito que os drones podem contribuir para dissuadir e impedir ações agressivas por parte dos nossos adversários”, sugere Bob Harward.
O governo austríaco tem sido um dos pioneiros para criar um tratado internacional para travar as consequências imprevisíveis destas armas, que podem acabar por sair do controlo dos humanos. Anna Hehir, chefe do programa de armas autónomas do think tank Future of Life Institute, afirmou ao Politico que, no passado, houve um período em que os principais poderes militares pensaram “precisar de armas biológicas para contrariar os programas biológicos dos seus adversários”.
Mas, enquanto nos corredores políticos se debate e tenta compreender as consequências e o impacto desta tecnologia, na Ucrânia milhares de soldados correm risco de vida todos os dias. Para estes homens, o debate sobre um desastre que pode vir a acontecer pouco importa. Para eles, a morte já está à espreita. “Às vezes pergunto-me se devemos ir em busca desta tecnologia ou não. Sei que pode vir a ser um problema, mas, para nós, isso não é uma questão. Se nós não a desenvolvermos, os russos vão desenvolvê-la primeira e nós morremos. Assim temos uma hipótese”, insiste Oleksii Babenko.
A China disse hoje que está "disposta a dialogar com os Estados Unidos" para "gerir diferenças" na área económica e comercial, antes da chegada à presidência de Donald Trump, que prometeu taxar até 60% produtos importados do país asiático.
© Lusa 22/11/2024
China disposta a dialogar com EUA para resolver divergências
A China disse hoje que está "disposta a dialogar com os Estados Unidos" para "gerir diferenças" na área económica e comercial, antes da chegada à presidência de Donald Trump, que prometeu taxar até 60% produtos importados do país asiático.
"A China está disposta a dialogar, expandir as áreas de cooperação e gerir as diferenças com os Estados Unidos, a fim de promover o desenvolvimento estável das relações económicas e comerciais", disse Wang Shouwen, representante da China para o comércio internacional e vice-ministro do Comércio, em conferência de imprensa.
Wang afirmou que as relações devem basear-se no "respeito mútuo, na coexistência pacífica e na cooperação".
Wang advertiu que Pequim "salvaguardará firmemente a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento durante este processo".
"A China pode suportar o impacto de choques externos", porque a economia chinesa tem demonstrado "forte resiliência e grande potencial", disse Wang, quando questionado sobre a possível imposição de taxas alfandegárias punitivas, o que pressagia o agravamento das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Wang afirmou que as economias da China e dos EUA são "altamente complementares" e que um desenvolvimento "estável, saudável e sustentável" das relações comerciais será "benéfico para ambos e para todos os países do mundo".
"Além disso, a história recente demonstrou que, se um país impuser taxas alfandegárias à China, não resolverá o problema do défice comercial dessa nação. Pelo contrário, o custo final do aumento das taxas será suportado pelos seus consumidores", afirmou.
De acordo com alguns especialistas, Trump poderia impor taxas de quase 40% sobre as importações oriundas da China no início do próximo ano, o que teria um impacto no crescimento da segunda maior economia do mundo de até um ponto percentual.
As relações entre os dois países deterioraram-se drasticamente durante a primeira presidência de Trump (2017-2021), com disputas em áreas como o comércio, a diplomacia e a tecnologia. Com Joe Biden na Casa Branca, as tensões voltaram a aumentar com disputas sobre Taiwan e restrições às exportações de semicondutores e outras tecnologias-chave para a China.
Em 2018, depois de chegar ao poder pela primeira vez, Trump impôs várias rondas de taxas sobre cerca de 370 mil milhões de dólares (353 mil milhões de euros) anuais de produtos chineses, cerca de três quartos das exportações do país asiático para os EUA, ao que Pequim respondeu com taxas sobre as exportações norte-americanas.
Leia Também: China atribui ausência de reunião sobre Defesa à posição dos EUA sobre Taiwan
Livro sobre descolonização portuguesa visa "corrigir" história contada pelos movimentos de libertação
Por cnnportugal.iol.pt, 22/11/2024
João Vieira Borges disse à Lusa que, 50 anos depois do 25 de Abril, “há feridas” e que o livro “visa sarar algumas das feridas, mas não consegue sarar tudo porque são profundas”
O historiador Pedro Aires Oliveira, um dos coordenadores do livro “Crepúsculo do Império – Portugal e as guerras de descolonização”, disse esta sexta-feira à Lusa que, entre outras questões, a obra procura "corrigir" a história contada pelos movimentos de libertação.
“Os partidos dominantes na Guiné, em Angola, em Moçambique quiseram fazer passar a ideia de que eles tinham tido um bocadinho o monopólio da luta armada, que tinham sido eles os que deram os primeiros tiros na luta de independência nacional e as coisas não são exatamente assim”, afirmou.
“As coisas são um bocadinho mais complicadas. Nós procuramos corrigir um bocadinho no livro esta história feita a partir do ponto de vista dos vencedores”, acrescentou.
Coordenada por Pedro Aires Oliveira e pelo major-general João Vieira Borges, a obra, editada pela Bertrand e lançada quinta-feira ao fim da tarde em Lisboa, conta com textos de 37 autores de várias instituições universitárias portuguesas e estrangeiras e ainda de especialistas reconhecidos na área da história, da estratégia, das ciências militares, da sociedade e da economia.
João Vieira Borges disse à Lusa que, 50 anos depois do 25 de Abril, “há feridas” e que o livro “visa sarar algumas das feridas, mas não consegue sarar tudo porque são profundas”.
“Foram demasiado profundas para aqueles que perderam a vida, são profundas para aqueles que viveram a guerra e a descolonização. Este livro não quis de maneira alguma recriar uma história institucional”, defendeu.
Para João Vieira Borges, presidente da Comissão Portuguesa de História Militar, “era importante ir ao encontro das últimas investigações (...), a vários níveis, trazer uma obra diferente".
"Talvez contribua para sarar alguma destas feridas. Não vai sarar certamente todas, mas é o nosso contributo. É o nosso contributo pela diversidade de autores, pela diversidade de temas, pela diversidade de opiniões, algumas associadas a ideologias”, declarou.
Trata-se de uma publicação científica, porque, explicou, “não são artigos de opinião".
"São artigos científicos, têm que ser fundamentados. Mandámos todos para trás, porque quando punham observações que não estavam fundamentadas, achávamos que, a bem da verdade, era bom alterarem. Ou fundamentavam ou tiravam”, disse.
Para Pedro Aires Oliveira, professor no Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, os 50 anos que marcam a distância temporal entre a descolonização e a atualidade “dão um recurso suficiente para se examinar este período com algum rigor e com informação diversificada e múltiplas fontes”.
“Eu acho que um aspeto interessante do livro, se me permite, é [que] nós não nos podemos substituir aos historiadores dos países de língua oficial portuguesa que alcançaram a sua independência no contexto destas guerras de libertação nacional, na escrita da história da luta independentista. Mas a obra, de alguma maneira, na sua estrutura, procura oferecer ao leitor os dois pontos de vista”, salientou.
Os dois coordenadores fizeram apenas uma recomendação aos autores: “na medida do possível darem os dois lados da questão”.
“Há uma série de capítulos, digamos assim, que acabam talvez por revestir-se de um sentido mais inovador, na medida em que espelham o avanço da investigação, por exemplo, no papel das mulheres nas lutas independentistas dos países africanos. Isso é objeto de um capítulo à parte. O próprio envolvimento das mulheres da sociedade portuguesa em diferentes facetas também da guerra colonial, também a questão dos prisioneiros de guerra era uma questão muito pouco tratada na historiografia”, destacou.
Pedro Aires Oliveira destacou ainda o capítulo, do lado dos movimentos de libertação, sobre os esforços desenvolvidos no domínio da propaganda e da comunicação.
“Por exemplo, a maneira como a literatura que foi produzida sobretudo depois das independências tratou da questão da guerra também tem dois capítulos autónomos”, com um capítulo sobre as contribuições das representações literárias da guerra por autores portugueses, de Margarida Calafate Ribeiro, e outro de Alexandra Dias Santos, que aborda especificamente a literatura dos autores africanos.
Pedro Aires Oliveira referiu ainda o capítulo do suíço Eric Morier-Genoud, da Queen’s University Belfast, que trata especificamente da maneira como também os países africanos procuraram construir narrativas de legitimação da sua luta.
"III Guerra Mundial já começou", alerta ex-líder militar ucraniano
© Valentyna Polishchuk/Global Images Ukraine via Getty Images Notícias Ao Minuto 22/11/2024
Conflito intensificou-se na última semana com recurso a armas que até então não tinham sido usadas, durante os já mais de mil dias de guerra.
O antigo comandante militar ucraniano, Valery Zaluzhny, afirmou, esta quinta-feira, que o envolvimento direto dos parceiros da Rússia na Ucrânia são a prova de que a III Guerra Mundial já começou oficialmente.
"Acredito que podemos dizer com certeza que a III Guerra Mundial em 2024 já começou", afirmou o ex-militar, citado pelo Politico.
Valery Zaluzhny, que é agora embaixador da Ucrânia no Reino Unido, afirmou que o conflito atingiu uma nova escala global depois de as tropas norte-coreanas terem entrado no país, no início do mês.
Para além da presença de armas norte-coreanas e iranianas na linha da frente, Zaluzhny afirmou que a sua nação está cercada por forças internacionais, instando os aliados de Kyiv a responderem da mesma forma.
"É óbvio que a Ucrânia já tem demasiados inimigos. A Ucrânia sobreviverá com a tecnologia, mas não é claro se conseguirá vencer esta batalha sozinha", rematou.
As afirmações do antigo militar foram proferidas durante a cerimónia de entrega do prémio UP100 do Ukrainska Pravda, evento que celebra cem líderes da sociedade civil, política, militar, empresarial, desportiva e cultural ucraniana.
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