quinta-feira, 2 de março de 2023

Oligarca diz que Rússia pode "ficar sem dinheiro" devido às sanções

© Getty Images

Notícias ao Minuto   02/03/23 

O empresário Oleg Deripaska chegou a ser o homem mais rico e diz que país precisa de mais investimento estrangeiro.

O oligarca russo Oleg Deripaska alertou para o forte impacto económico das sanções aplicadas à Rússia, que diz estarem a ter um maior prejuízo do que o Kremlin tem afirmado, sugerindo a hipótese de que o país pode entrar na bancarrota já no próximo ano.

Numa conferência de investidores na região da Sibéria, o oligarca, ligado ao ramo da energia e da metalurgia, disse que a Rússia tem de garantir investimento de países "amigáveis" ao regime, sob pena de se ver em graves dificuldades económicas.

"Não haverá dinheiro já no próximo ano. Precisamos de investidores estrangeiros", disse Deripaska, citado  pelo The Guardian.

O empresário, fundador da Rusal, o maior exportador de alumínio do mundo a seguir à China, chegou a ser o homem mais rico da Rússia mas, após o início da guerra e das sanções aplicadas pelo ocidente às suas empresas, Oleg Deripaska admitiu que os fundos do país estão a desvanecer. "É por isso que eles [o governo russo] já nos começaram a ajudar", apontou.

O oligarca reiterou que a pressão criada pelas sanções ocidentais é "séria", pelo que a Rússia terá de 'deixar' de ser um país europeu. "Pensava que éramos um país europeu. Agora, durante os próximos 25 anos, pensaremos melhor no nosso passado asiático", disse.

Os comentários de Oleg Deripaska surgem depois de entidades financeiras apontarem que o défice russo poderá subir para 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), bem acima dos números projetados pelo governo russo - que tem desvalorizado as sanções e Putin veio mesmo garantir que a economia russa está mais forte sem as exportações para os países europeus.

A agência europeia de rating Scope explicou que o país tem-se ressentido muito com as perdas nas exportações que costumava ter para a Europa ocidental, além da enorme despesa que o país está a ter para manter a sua indústria militar em pleno funcionamento, para corresponder às necessidades da invasão na Ucrânia.


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Agenda Africana: França troca bases por parceria económica num continente não alinhado

Protesto junto à embaixada da França em Kinshasa contra a visita de Emmanuel Macron à República Democrática do Congo, 1 Março 2023

Por voaportugues.com 02/03/23 

Análise à visita do Presidente Emmanuel Macron a quatro países africanos

WASHINGTON — O Presidente francês reconheceu que a política de Paris para África está ultrapassada e ao optar por visitar quatro países, dos quais dois não foram suas colónias, Angola e República Democrática do Congo, Emanuel Macron assume que é necessária uma nova parceria com os países africanos.

“O nosso modelo não deve ser mais bases militares como as que temos agora", afirmou Macron na terça-feira, 28, ao anunciar a sua "nova estratégia", que vai permitir que "amanhã, a nossa presença (militar) passará por bases, escolas, academias, que serão geridas conjuntamente” por quadros franceses e africanos.

Ele prometeu reduzir o número de tropas francesas na África sob uma "nova parceria de segurança" e implementar políticas económicas mais ambiciosas, porque, disse, "existe outro caminho”.

Fernando Fonseca, especialista em Relações Internacionais e pesquisador do INEP, Guiné-Bissau

Este outro caminho já é, em parte, trilhado particulamente na África Austral, onde a presença francesa é nome e sem o prejuízo de ter o cunho colonial.

O analista político angolano Cláudio Silva acentua o facto de a presença francesa em África ter duas percepções: uma nos países das antigas colónias, como no Sahel e da África Ocidental, de muita crítica, e outra por exemplo na África Austral, nomeadamente em Angola onde essa cooperaçao é bem-vinda.

Fernando Fonseca, investigador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas da Guiné-Bissau (INEP), é de opinião que Paris perdeu espaço e terreno e deve definitivamente optar por uma estratégia win-win com os países africanos, e não na posição de verticalidade como tem actuado, como se a África Ocidental fosse o "seu quintal".

Convidados da Agenda Africana, da VOA, para analisarem o objectivo e impacto da visita de Emanuel Macron ao Gabão, Angola, República Democrática do Congo e República do Congo, aqueles especialistas passam em revista o percurso de Paris no continente, abordam a estratégia anunciada pelo Presidente francês e opinam sobre o papel protagonista que a África deve desempenhar actualmente no mundo, facto que levou recentemente a vários países do continente dirigentes de peso dos Estados Unidos, China, Rússia e, agora, da França.

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