domingo, 21 de outubro de 2018

Prolongar recenseamento na Guiné-Bissau não resolve processo anormal - PSR

O vice-presidente do Partido de Renovação Social da Guiné-Bissau, Orlando Viegas, disse hoje que o prolongamento do recenseamento eleitoral para as eleições legislativas de 18 de novembro na Guiné-Bissau não resolve os problemas de um "processo anormal".


"A prorrogação da data não resolve os problemas. É que o processo está a decorrer de uma forma completamente anormal, já registamos por diversas vezes e várias ocasiões questões que não ajudam minimamente", afirmou Orlando Viegas.

O vice-presidente do Partido de Renovação Social (PRS), segunda maior força política da Guiné-Bissau e membro do atual Governo, precisou que há aspetos que têm de ser resolvidos, nomeadamente "auditar os kits" de recenseamento biométrico.

Orlando Viegas disse também que o PRS apresentou por várias vezes queixas no Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE), mas que não resultaram.

"Agora temos um processo, uma providência cautelar, que temos de interpor junto do Supremo Tribunal de Justiça para manifestar a nossa preocupação sobre estes problemas", disse Orlando Viegas.

Questionado sobre se o PRS vai continuar a integrar o Governo, tendo em conta os problemas com o recenseamento eleitoral, Orlando Viegas disse que quem organiza o processo não é o Governo, é o "primeiro-ministro e a ministra" da Administração Territorial, ambos militantes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

"O PRS continuará porque não se pode fazer política de cadeira vazia e nós vamos continuar", disse.

O vice-presidente do PRS salientou também que o partido nunca pediu a demissão do Governo.

"O PRS pede e continua a pedir que as coisas sejam bem claras e organizadas", afirmou.

Além do PRS, os partidos sem assento parlamentar e a sociedade civil também têm criticado o processo eleitoral em curso, com esta última a pedir o adiamento de eleições.

Em causa está, essencialmente, o recenseamento eleitoral que não decorreu entre 23 de agosto e 23 de setembro, como previsto, devido a atrasos na chegada dos equipamentos para recenseamento biométrico.

A Nigéria é que teve de avançar com a doação de 350 kits para recenseamento eleitoral, mas, até ao momento, só chegaram ao país 150.

O recenseamento acabou por ter início a 20 de setembro e, segundo o Governo, deveria ter terminado hoje.

Na quarta-feira, a ministra da Administração Territorial, Ester Fernandes, disse que o recenseamento iria decorrer no prazo previsto por lei, que é de 60 dias, ou seja, deverá terminar a 20 de novembro, dois dias depois da data prevista para as legislativas, que terão de ser adiadas.

O vice-presidente do PRS disse que não tem ainda qualquer posição em relação a um eventual adiamento das legislativas, porque primeiro tem de ouvir o Governo e depois o Presidente da República.

MSE // MLS

Lusa/Fim

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