segunda-feira, 20 de abril de 2020

Diplomatas denunciam: africanos são espancados e discriminados na China


20 Abril, 2020 M. Azancot de Menezes

Diplomatas africanos estão indignados e protestaram pela violenta discriminação e espancamentos de africanos a residir na China. A antiga embaixadora da União Africana nos EUA, Arikana Quao, na sua conta do Twitter, mostrou a sua  profunda indignação e apelou ao presidente Xi Jinping para tomar medidas urgentes.

De acordo com os testemunhos a que tive acesso, por causa da pandemia provocada pelo novo coronavírus, os africanos são obrigados a fazer quarentenas, apesar de não terem viajado, e são “orientados” a sujeitarem-se a tomar vacinas, sabendo todos nós que ainda se vive um período experimental.

Africanos espancados com barras de ferro, murros e pontapés

Segundo vídeos e relatos partilhados nas redes sociais, vários cidadãos de origem africana a residir na China, muitos deles estudantes, têm sido sujeitos a discriminações de todo o tipo, são impedidos de entrar em supermercados e em outros locais públicos.

Mas, muito pior, como demonstra o vídeo, há espancamentos violentos contra africanos, uma situação lamentável que também já foi denunciada pela Amnistia Internacional.

No vídeo observa-se um africano a ser espancado na rua por 7 ou 8 chineses, em plena luz do dia.

Estudantes expulsos dos apartamentos dormem nas ruas

Em Guangzhou (China), estudantes negros foram obrigados a sair dos seus apartamentos, apesar de terem pago seis meses de renda, acusados pela população chinesa de terem transportado o novo coronavírus para a China. A revolta é enorme, através do vídeo é visível a indignação dos estudantes ao referirem que “não são animais, não são cães”.



Arikana Chihombori protesta pelo Twitter e apela ao presidente chinês

A antiga embaixadora da União Africana nos EUA, Arikana Chihombori Quao,  médica, conhecida mundialmente por ser uma grande activista em prol dos mais indefesos, no dia 14 de Abril de 2020 publicou na sua conta do Twitter um veemente protesto contra a violação dos direitos humanos na China contra africanos, uma “discriminação inaceitável”, refere Arikana, com contornos xenófobos e racistas.


Listen to enraged message of Amb. Arikana Chihombori Quao, former AU Ambassador to the US.

"Not once, have I heard of any -n disobeying under the pandemic laws of ... Why is it then, that Africans are now being singled out?"

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Para além de demonstrar a sua indignação, Arikana Chihombori apelou ao Presidente Chinês, Xi Jinping, para que tome medidas urgentes no sentido de parar a violência e fomentar a irmandade entre os povos de África e da China.

China e África, cooperação comercial ou neocolonialismo?

A ideia do desenvolvimento de uma cooperação entre a China e muitos países africanos ganhou força nos últimos anos com detrimento para os EUA e os países da União Europeia.

Apesar de não haver ocupação geográfica violenta como fizeram os países europeus durante a colonização,  nem derrubes de governos como bem sabem fazer os EUA na América Latina e em alguns outros países, a questão colocada por muitos intelectuais e políticos africanos é que esta nova realidade pode começar a apresentar contornos de um novo neocolonialismo.

A relação da China com África tem-se pautado pelo forte investimento da China neste continente sendo certo que na última década esse investimento é superior a 250 bilhões. Os principais países africanos a serem envolvidos incluem África do Sul, Angola, Burundi, Egipto, Etiópia, Malawi, Nigéria, Quénia, RDC e Zâmbia.



Até 2016, segundo um estudo do «Afrobarometer», uma rede pan-africana que avalia as atitudes públicas em questões económicas, políticas e sociais em África, cerca de 65% da população africana encarava o relacionamento da China em África como uma vantagem porque estava a contribuir para o aumento da qualidade de vida, com a construção de hospitais, edifícios públicos e estradas nos países africanos que referi.

Um dos maiores exemplos da cooperação entre a China e África é o projecto «Standard Gauge Railway», a construção de um sistema ferroviário que liga a Tanzânia aos países vizinhos do Ruanda e Uganda e a partir destes a conexão do Burundi à República Democrática do Congo, num total de 2.9 mil quilómetros de linhas férreas.

No âmbito da aproximação sino-africana  mais de um milhão de chineses vivem em África. Apesar da interrogação «cooperação ou neocolonialismo?» , eu não acredito que vá haver um recuo no relacionamento entre a China e África, contudo, se esta situação de violência não for travada pelas autoridades chinesas poderá despoletar uma reacção contrária e os cidadãos chineses, também eles, serem molestados de forma violenta.

jornaltornado.pt

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