terça-feira, 11 de outubro de 2016

Entrevista: TRICAMPEÃO AFRICANO DE LUTA LIVRE ‘PEDE ESMOLA’ PARA TRATAMENTO MÉDICO


O tricampeão africano da luta livre, Augusto Midana, que recentemente esteve nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (Brasil), encontra-se em dificuldades, sobretudo com a falta de meios para efectuar o tratamento médico da lesão que sofreu na clavícula direita. O ‘Guerrilheiro’ guineense da arena da luta livre na categoria de 74 quilogramas, concedeu uma entrevista [30/09/2016] ao semanário “O Democrata” para abordar o seu percurso bem como as suas conquistas no mundo da luta livre e as suas perspectivas para o futuro.

Durante a entrevista, Midana contou que conquistou até aqui 16 medalhas para a Guiné-Bissau, das quais, dez (10) de Ouro, três (3) de Prata e três (3) de Bronze. Acrescentou ainda que luta há muito tempo, recebendo apenas um ‘Obrigado’, mas pediu as autoridades para verem os seus resultados e que tente ser justo.
“Eu consegui esses feitos para o Estado da Guiné-Bissau. O que é que o Governo fez por mim? Nada até aqui… Não estou aqui a pedir milhões, mas que, pelo menos, haja uma justiça entre os desportistas, porque não pode haver o mais importante e o menos importante. O que país pode exigir são os resultados, mas nós conseguimos os resultados que o povo guineense podia exigir, sem nenhum apoio e a custa de grandes sacrifícios”, espelhou o rei de arena da luta livre.

Explicou ainda que neste momento deveria começar a preparar-se para defender o título de campeão africano da luta livre em 2017, mas até agora não conseguiu tratar a sua lesão.

“Como vou defender esse título?! Tenho lesões na clavícula direita desde antes dos Jogos Olímpicos, até agora não consegui o tratamento. A ideia era que a federação internacional da luta livre assumisse o meu tratamento, mas não consegui tratar-me e fui para os Jogos Olímpicos. A responsabilidade agora é do Comité Olímpico, de assumir o meu tratamento, mas nada até agora. Se o Comité Olímpico não conseguir ajudar-me, então falarei com um meu amigo, no Senegal e talvez ele possa ajudar-me”, assegurou.

O Democrata (OD): Onde nasceu Augusto Midana?
AUGUSTO MIDANA (AM): Nasci no sector de Nhacra, numa tabanca chamada Sucuto, mas nós balantas a chamamos de “Tsucutu”, onde cresci e vivo até hoje.

Estudei até 4ª classe em Nhacra, mas quando comecei a estudar 5ª classe, faleceu o meu tio – irmão mais novo do meu pai. Na nossa tradição, naquelas circunstâncias fazia-se a lavagem de casa, na base da referida cerimónia – entrei na luta.

A primeira pessoa que me descobriu ou melhor que viu em mim uma potência foi um senhor chamado “Nelo”. Na altura, organizou-se um evento de luta aqui em Bissau, no bairro de Quelélé. Um jovem que veio de Bafatá, o ‘Nhamma’, e por coincidência somos sobrinhos da mesma tabanca.

Nhamma derrotou os meus colegas na luta. Os meus colegas pensaram logo numa pessoa que pudesse vencer e convencê-lo. Concluíram que eu era a pessoa certa para fazer frente ao bravo Nhamma.

Foram procurar-me na nossa aldeia, mas a partida não me encontraram em casa. Encontraram-me mais tarde e trouxeram-me para Bissau. Lutei com Nhamma e felizmente saí como vencedor. Daí descobriram-me como um grande lutador.

A minha primeira saída como lutador foi para Ziguinchor, Senegal. Venci todos os combates que disputei no solo senegalês na altura. Naquele período, o meu falecido irmão também lutava e era grande lutador.

OD: Achava que a luta seria um caminho para a sua ascensão no mundo do desporto?
AM: Não esperava que pudesse conseguir os feitos que estou a exibir agora. Mas eu tinha a minha determinação em prosseguir, tendo em conta o meu talento. Antes de iniciar a minha carreira, muitos colegas meus seguiram o mesmo caminho, mas acabaram por desistir devido ao sacrifício enorme que há nessa caminhada. Eu tenho a minha determinação e decidi enfrentar os obstáculos, por isso consegui chegar ao nível onde estou hoje.

OD: Nhacra é o lugar de onde saem mais lutadores no país?AM: Posso dizer que sim, mas não é superior às outras localidades. Antes havia grandes lutadores como Talata Embaló e N’Palmutcha, ambos eram grandes lutadores. Claro que agora as pessoas podem falar de Nhacra, porque todo o mundo fala de Augusto Midana. Mas não significa que Nhacra seja melhor na luta em relação às outras localidades da Guiné-Bissau.

Se a Guiné-Bissau organizasse eventos de luta livre como o Senegal, certamente que veríamos que o país tem muitos e bons lutadores, tanto em Nhacra, nas regiões e até mesmo aqui em Bissau. Nas tabancas, as pessoas lutam sem receber um tostão. Fazem tudo com grande prazer.

OD: Como é que Augusto Midana sente-se agora no seio da sociedade de Nhacra, em relação aos tempos passados?
AM: Sinto-me bem, porque na primeira vez que fui recebido de uma forma calorosa no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, após ter conquistado o meu título de tricampeão africano, muitas pessoas deixaram os seus afazeres em Nhacra e vieram juntar-se a mim naquele dia tão especial. Foi um momento inédito na minha vida e na minha careira como atleta.

OD: Já se sentiu que a sua dimensão ultrapassa a vila de Nhacra?AM: Não! Jamais vou ultrapassar Nhacra, talvez morto. Acho que nunca vou ultrapassar Nhacra, porque percebi que cheguei onde estou hoje através dos nhacrenses. E o nome que estou a ter hoje é graças a eles.

Mas no que concerne a fama, Augusto Midana tem uma dimensão internacional. Mereço um enorme respeito entre meus colegas assim como de cidadãos comuns. Garanto que o respeito que tenho fora do país é maior que o que tenho na Guiné-Bissau.

No Senegal por exemplo, chamam-me de campeão…campeão, mas sou campeão de nada!

OD: Augusto Midana faz alguma coisa além de luta?
AM: Além de luta livre, também sou camponês. Nunca abandono a minha actividade agrícola, a minha segunda profissão. Vejam só as minhas mãos como estão calejadas devido prática de lavoura antes da minha participação nas olimpíadas do Brasil.

Se tivesse meios, talvez não estaria a praticar lavoura com minhas próprias mãos, talvez contratasse pessoas para o efeito, mas como não tenho dinheiro tenho que assumir o cultivo do meu campo. Até na véspera da nossa ida ao Brasil estive no meu campo, cultivando.

Mas se tivesse meios, certamente que concentrar-me-ia apenas nos treinos e não no meu campo. Mas como estou sem meios financeiros, sou obrigado a ficar na lavoura.

OD: Onde conquistou a sua primeira medalha?
AM: Conquistei a minha primeira medalha [Prata] no Níger, em 2006, numa competição da francofonia. Na altura viajei junto com o Vitorino Cassamá que era o presidente da federação da luta livre.

Antes de conquistar a minha primeira medalha, sentia uma enorme vontade de representar condignamente o meu país como tenho feito até hoje. E amanhã continuarei a fazer o mesmo por amor a Guiné-Bissau.

Quando perco um combate fico muito triste. Às vezes, antes das competições não consigo comer, tudo pela força e vontade de representar o nosso país. Sempre jurei defender a bandeira nacional nas arenas internacionais.

OD: Foi essa primeira medalha de Prata em Níger que lançou Augusto Midana no mundo da luta livre?
AM: Foi sim! Porque a conquista daquela primeira medalha deu-me uma alegria tremenda. Naquele dia senti-me confiante de poder dar algo mais ao país, na modalidade de luta. O mesmo feito de Níger fez os responsáveis do Comité Olímpico da Guiné-Bissau acreditarem em mim e concederam-me uma bolsa olímpica para o centro de alto rendimento de Thiès – Senegal, onde, com os treinos tornei-me no Augusto Midana que as pessoas conhecem hoje.

OD: Qual é sua relação com outros lutadores africanos?
AM: Tenho uma boa relação com quase todos os atletas africanos, todos querem aproximar-se de mim. Por exemplo, se nos vemos num restaurante vivemos momentos de harmonia, incluindo o grande atleta nigeriano com o qual tive vários combates. Mas a minha aproximação aos meus colegas deve-se em parte ao meu treinador. Tenho uma relação saudável com os lutadores do nosso continente, sejam egípcios ou seja, com todos da arena africana.

Até alguns têm seguranças ou guardas, mas eu acredito que Deus é minha segurança.

OD: Qual é o treinador que teve influência na careira de Midana, seja nacional ou internacional?
AM: No país, Aristóteles Soares da Gama (Tótó) era o meu treinador. Até me hospedava na sua residência e dava-me de comer antes de deixar a Guiné-Bissau para ingressar ao centro de alto rendimento de Thiès no Senegal. Ele influenciou bastante na minha evolução como atleta. Actualmente a minha treinadora é a Leopoldina Ross Dayves.

OD: Lutava com Tótó no momento de preparação. Será que consegue lutar também nos treinos com Ross sem dificuldades?
AM: Ela tem enfrentado muitas dificuldades, porque o meu nível actual é diferente do da Ross. Ela é treinadora e devo respeitá-la e ouvir as suas orientações. Devo ouví-la e ela a mim, mas na verdade o meu nível é superior ao dela.

OD: Augusto Midana é hoje um atleta internacional de um nível muito alto, com uma treinadora de um nível inferior. Não dificulta seu trabalho?AM: Claro que dificulta os meus trabalhos!

OD: A Ross foi sua escolha ou foi indicada pela federação de luta?
AM: Não foi minha escolha. Ela foi praticante da modalidade de luta. Mas a luta actualmente é diferente do passado. Agora precisa pesquisar muito para saber do nível dos outros atletas.

OD: A mudança de treinador, de Tótó para Ross, não influenciou o seu desempenho nos jogos olímpicos?AM: Não! Mesmo que tendo um bom treinador, se ficarmos num único lugar, nunca seremos bons atletas. É importante ter contactos com outros atletas. Imagine aqui na Guiné-Bissau, não tenho nenhum atleta do meu nível para poder sondar o meu nível.

Mesmo se Tótó e Ross fossem bons treinadores, se eu não conseguisse manter contactos com outros atletas do meu nível e saber do nível onde estou, não seria tão bom atleta na modalidade. Outra coisa é que eu estava no Senegal, longe de Ross e Tótó, mas o problema era um parceiro com quem pudesse fazer um estágio antes das olimpíadas do Brasil. Foi isso que aconteceu comigo. Não tive um parceiro (partenaire) com quem fizesse o meu estágio.

Treino com Quintino Ntipe, mas já nos conhecemos. Assim os treinos não têm piada. Há toda a necessidade de fazer combates-treino com outros atletas de outros países.

OD: Quais são os ganhos que Augusto Midana teve até aqui?
AM: A minha mãe pediu-me para deixar de lutar, porque para nós balantas, é complicado quando vêm uma pessoa como Midana a ter êxitos internacionais sem nenhum ganho. Alguns familiares podem pensar que apenas a minha mãe que está a beneficiar dos meus ganhos. E isto provoca mal-estar no seio da família. Por isso ela é da opinião que eu pare de lutar, porque não ganho nada na luta.

Há muita gente que sabe lutar muito bem, mas abdicaram da luta, porque não ganham nada. Eu sou da opinião de que mesmo que custe a minha vida, vou lutar. Mas quero que a minha família beneficie do meu trabalho.

A minha mãe sempre insistiu que eu deixasse de lutar, porque não vê nada de ganhos na luta.

Não conseguiu oferecer nada ao meu falecido irmão com profissão de luta livre ao serviço da Guiné-Bissau. Imagine! Até sou obrigado a pedir empréstimos à minha mãe para resolver os meus assuntos particulares. Recentemente ela emprestou-me 100 000 (cem mil) francos CFA.

“Pare de lutar, porque você não faz nada para mim e toda família pensa que fazes tudo só para mim. Mas não como nada de ti. Eu trabalho com as minhas mãos” – oiçosempre essas palavras da minha mãe, e ela tem toda a razão.

A minha mãe arruma areia, cultiva inhame e explora a lenha para ganhar o seu dinheiro. O exemplo disso foi o dinheiro que lhe pedi emprestado. É da sua exploração de areia.

OD: Augusto Midana é tricampeão africano e com muitas mais medalhas. Quanto custa, em termos monetários, cada medalha arrecadada pelo país?
AM: O país não me dá nada… o país não me dá nada! Apenas lutamos por amor a pátria. Nós atletas da luta livre, antes das competições temos que fazer um regime alimentar para baixar o peso. Talvez se o país desse um pouco de dinheiro de bolso (perdiem) quando fossemos competir, talvez isso facilitasse o regime de subir e baixar de peso. O meu peso normal é 78 a 79kg, às vezes chego aos 80. Quando assim é, sou obrigado a baixar quatro ou cinco quilos antes das competições para estar nos 74 quilos que correspondem à minha categoria. O nosso peso é confirmado na tarde da véspera do combate.

O meu irmão mais novo, Quintino Midana, chegou a descer o seu peso dez quilos, mas no caso de nós atletas da Guiné-Bissau, muitas vezes não conseguimos meios financeiros para podermos fazer uma recuperação adequada de pesos perdidos.

Chegamos ao ponto de beber água para poder competir no dia seguinte. E atenção, a luta livre tem três partes de três – três minutos. Nós, atletas da Guiné-Bissau, sempre quando chegamos a última parte dos combates sentimo-nos fracos devido a má alimentação… ficamos sem forças nos braços e nas pernas.

OD: Tem a noção dos feitos que conseguiu para a Guiné-Bissau. Sente-se reconhecido pelas autoridades nacionais?
AM: Não me sinto reconhecido como uma pessoa que trouxe medalhas de Ouro para o país, ou melhor, que levou a bandeira da Guiné-Bissau para o mundo fora. Eu sou o tricampeão africano da luta livre na categoria de 74 quilogramas, mas não sou reconhecido no meu próprio país. É impossível comparar a vida que os meus colegas lutadores levam nos seus respectivos países com a vida que levo.

Sinto-me triste e até envergonhado de apresentar-me perante a minha família e perante os meus próprios colegas de profissão. Aliás, eles levam uma vida melhor que a que levo. Confesso que essa situação toda deixa-me muito triste. Mas o que me leva a dedicar-me à luta é o amor pela minha pátria e a paixão que sinto pela luta livre. Sei que não me reconhecem pelos esforços consentidos ou pelos feitos obtidos em nome da Guiné-Bissau.

Eu não gosto de falar muito e, particularmente de criticar as pessoas, porque os guineenses são difíceis e qualquer coisa é interpretada de várias formas. Sabe que nós africanos somos ‘complicados’, aliás, não temos a ousadia de encarrar a verdade. Sinto-me muito mal com a situação que estou a enfrentar, por isso não me apetece apresentar-me com o nome de campeão perante as pessoas.

Digo apenas as pessoas que o meu nome é Augusto, sem acresentar ‘Midana’… às vezes apresento-me com o nome de ‘Binghaté’, que é o nome da tabanca. Sou tricampeão africano da luta livre em nome da Guiné-Bissau e não é em nome da Nhacra ou da minha tabanca Sucuto. Mereço ser valorizado como um combatente que luta para erguer a bandeira da Guiné-Bissau no mundo. Aliás, qualquer pessoa que luta na sua área profissional para representar o nosso país com a dignidade merece ser respeitada e valorizada.

OD: Conseguiu grandes feitos na África e uma boa posição no mundo da luta livre. Chegou a ser recebido por altos dirigentes do país para falar sobre as suas conquistas?AM: Nunca. Lembro-me apenas que fui convidado recentemente para tomar parte no jantar promovido pelo Presidente da República, José Mário Vaz, no âmbito da comemoração de 24 de Setembro, data da proclamação de independência. O Presidente perguntou-me naquela ocasião se eu não queria ter uma audiência com ele, respondi-lhe que queria.

O Presidente disse-me que há muito tempo que queria ver-me. Disse-lhe que também andei atrás dele, mas não consegui. Espero que ainda haja a possibilidade de conseguir uma audiência com o Presidente da República, José Mário Vaz. Não estou a pedir nada à ninguém, mas a única coisa que exijo que nos tratem com honra e dignidade, como combatentes que lutam para erguer a bandeira da Guiné-Bissau no mundo, porque merecemos e a prova disso são as nossas conquistas. Elas falam por nós.

OD: A promessa das autoridades de construir uma casa para si e estabelecer um salário base já foi materializada?
AM: Até neste momento que estamos a falar, tudo não passa de uma simples promessa. Eu acho que pode ser concretizado, mas até agora nada ainda. Antes do Governo de Carlos Correia, que formalmente tomou a iniciativa que construir-me-ia uma casa e estabelecer-me-ia um salário base.

Não é a primeira vez que o governo compromete-se em fazer isto e mais aquilo… já nos habituamos às promessas. Lembro-me que tínhamos assinado um contrato com o governo no último mandato do Presidente Nino Vieira, onde o governo comprometia-se em estabelecer um salário base para pagar.

Assinamos o contrato com muitas esperanças que passaríamos a receber um salário no final de cada mês, o que nos permitiria resolver alguns assuntos da família. A pessoa que tinha esse dossiê acabou por falecer e todo o sonho foi com ele. Era um homem chamado de ‘Bela’, ocupava um cargo no Comité Olímpico, mas também foi designado como chefe da delegação Olímpica no ano 2008. Foi ele quem fez ‘finca-pé’ para que pudessemos ter um salário mensal, mas infelizmente morreu e a iniciativa foi com ele.

O Governo de Eng. Carlos Correia tomou a iniciativa, na reunião do Conselho dos Ministros, que construir-me-ia uma casa e até estabeleceram-me um salário mensal de um milhão de Francos CFA. Apesar de toda aquela euforia na altura, ninguém comunicou-se comigo para informar daquela iniciativa do governo. Eu vi a notícia na internet em Dakar e fiquei a espera de uma comunicação oficial sobre a referida decisão.

O antigo Secretário de Estado da Juventude, Cultura e dos Desportos, Francisco Conduto de Pina, foi uma das pessoas que se comprometera também nesta história de implementar um salário para mim, bem como a construção de uma casa. Lembro-me que uma vez o Conduto perguntou-me se tinha energia eléctrica em casa, respondi-lhe que não.

Ele prometeu que ia providenciar a instalação de um painel solar na minha casa em Socuto, infelizmente não chegou a concretizar a promessa. Sobre o salário, pediram-me o número da minha conta em Dakar, de forma a poder enviar-me o salário mensalmente através daquela conta. Tudo isso não passou de promessa. Não sei se se concretizará ou não.

Os amigos, famílias e conhecidos ligavam-me para felicitar e até há os que pensam que já comecei a ganhar aquele dinheiro. Confesso que até agora não recebi nem 25 xof. Aliás, não recebo nada do Estado da Guiné-Bissau como salário ou subsídio mensal, como uma pessoa que se esforça para representar o país com honra e dignidade pelo mundo fora.

Hoje não se pode falar da luta livre na África e no mundo sem mencionar o nome da Guiné-Bissau. Isso foi graças ao Augusto Midana, tricampeão africano da luta livre. Consegui para a Guiné-Bissau 16 medalhas, das quais, 10 (dez) de ouro, 3 (três) de prata e 3 (três) de bronze.

Consegui esses feitos para o Estado da Guiné-Bissau. O que é que o Governo fez para mim, nada até aqui… Não estou aqui a pedir milhões, mas sim pedir que pelo menos haja uma justiça para os desportistas, porque não pode haver um que seja mais ou menos importante. O que país deve exigir são os resultados. Nós conseguimos os resultados que o povo guineense poderia exigir, sem nenhum apoio e à custa de grandes sacrifícios.

Nós já conseguimos medalhas de ouro, prata e bronze. Conseguimos títulos de melhor em África na nossa modalidade. A única coisa que queremos é um tratamento igual, porque merecemos. Somos campeões de Africa da Luta Livre três vezes consecutivas.

Estou cá a pensar nos próximos jogos africanos de 2017, sobretudo para defender o título.

Como vou defender esse título? Tenho lesões na clavícula direita desde antes dos Jogos Olímpicos do Brasil, até agora não consegui ainda um tratamento. A ideia era que a federação internacional da luta livre assumisse o meu tratamento, mas não consegui tratar-me e fui aos Jogos. A responsabilidade de assumir o meu tratamento agora é do Comité Olímpico, mas nada até agora. Se o Comité Olímpico não conseguir ajudar-me, então falarei com o meu amigo no Senegal e talvez ele possa ajudar-me.

Preciso tratar-me e prosseguir com os treinos de preparação. Preciso buscar um parceiro para treinos que corresponda ao meu nível. Treino com uma única pessoa no centro olímpico de Thiès, mas a regra recomenda variar os parceiros.

Eu teria que deslocar-me sempre de um lugar para outro para a preparação, mas o governo guineense não me proporcionou essas condições. Estou aqui a conduzir uma motorizada (TVS), sem seguro de vida.

OD: O seu título de tricampeão africano de luta livre valeu-lhe uma motorizada TVS?
AM: Até agora não recebi nada do Governo da Guiné-Bissau. A motorizada que conduzo é do meu irmão. Ele é que ma empresta para poder movimentar-me e resolver alguns assuntos no centro da cidade. Eu vivo em Nhacra e concretamente na aldeia de Socuto, portanto peço-lhe que ma empreste sempre que pretendo vir à Bissau.

OD: Acha que com o seu título de tricampeão africano de luta livre é normal pedir esmola…

AM: Não é normal pedir esmola para viver, muito menos para tratamento médico. Acho que mereço um tratamento condigno, porque sou um lutador. Luto para dignificar o país, luto para honrar o nome da minha família. Sinto-me como um combatente que luta para o bem-estar do seu país.

OD: Sente-se explorado pelas pessoas que ganham alguma coisa em nome de Augusto Midana?AM: Sim, eu sinto que estou a ser explorado pelas pessoas que nos representam. Não sabemos o montante real disponibilizado pelas autoridades para nos apoiar. A única coisa que sabemos é que, se nos entregam 100 mil Francos CFA é porque levantaram um valor muito superior daquilo que nos deram. Imaginem, como campeão não tenho nada. São os meus colegas (adversários) que derroto em combates que me convidam para sair, depois dos combates, mas eu não posso convidar ninguém, porque não tenho nada.

Luto pela minha pátria, sobretudo para defender a bandeira e o nome do meu país. Quero advertir às pessoas, que eu, Augusto Midana, estou a tolerar muitas coisas… isso não significa que não sei nada, ou seja, que porque vim do interior, não percebo nada. A luta livre é a minha paixão, eu amo a minha terra. Portanto vou combater e honrar o nome da Guiné-Bissau até ao fim da minha vida.

Não pedi nada a ninguém e a única coisa que peço é que me tratem com dignidade e honra. Eu mereço isso, porque represento o país com suor e sacrifício. É urgente que se comece a pensar no desporto da Guiné-Bissau em geral, sobretudo em criar condições necessárias para os desportistas. Os jovens estão a crescer na modalidade da luta livre, portanto é bom que se comece a reorganizar para evitar que as situações deste género se repitam.

Se nos organizarmos melhor, podem surgir mais Augusto’s Midana’s e quiçá, atletas com mais qualidades que o Augusto. Mas isso faz-se com organização e respeito. Tínhamos Talata Embaló e N’Palmutcha e hoje estamos a falar de Augusto Midana. Se não houver condições e dignificação de atletas, eu não acredito que possa haver novos Augustos. Hoje todos nós vemos muito longe, particularmente os jovens que estão a crescer. Jamais ninguém lutará para obter o pago de ‘Obrigado’.

Há muitos anos que estou a combater por ‘Obrigado’. É verdade que sou guineense e que estou a defender o meu país, mas também a maior verdade é que tenho família. Tenho que lutar para o futuro dos meus filhos.


NB: continua na próxima edição… 
Por: Assana Sambú/Sene Camará

Foto: Marcelo N’Canha Na Ritche

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Estados Unidos vão deportar Bubo Na Tchuto

Bubo Na Tchuto
Porta-voz da Procuradoria Federal diz que deportação acontecerá depois de o antigo homem forte da armada guineense cumprir a pena.
 

O antigo Chefe de Estado Maior da Armada da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, condenado na terça-feira, 4, a quatro anos de prisão por por tráfico de droga por um Tribunal de Nova Iorque, vai ser deportado em 2017 quando cumprir a pena.

A informação foi avançada nesta quarta-feira, 5, por um porta-voz do Procurador Federal à AFP, que não citou o nome da fonte.

A extradição, segundo o porta-voz, deverá ocorrer nos primeiros meses de 2017, depois de Na Tchuto cumprir o que falta da pena, o que deve acontecer a 4 de Abril.

A mesma fonte revelou ainda que, caso volte a entrar nos Estados Unidos depois da sua extradição, o almirante guineense será colocado sob supervisão por um periodo de cinco anos.

Bubo Na Tchuto foi preso a 4 de Abril de 2013 por oficiais da Agência de Combate à Droga (DEA) dos Estados Unidos nas águas internacionais perto da Guiné-Bissau que se disfarçaram de representantes de fornecedores de droga da América Latina.

Na Tchuto e mais cinco acompanhantes foram detidos na operação, mas apenas o antigo Chefe de Estado-Maior da Armada guineense e três cúmplices, Tchamy Yala, Papis Djeme e Malam Mane Sanha foram trazidos para os Estados Unidos.

No ano passado, Yala e Djeme chegaram a um acordo com a justiça americana e aceitaram a culpa, tendo sido condenados a cinco anos e seis anos e meio de prisão, respectivamente.

Malam Mane Sanha, cumpriu 36 meses da pena de prisão e foi extraditado para Portugal por ter nacionalidade lusa.

No início do processo, o antigo homem forte da armada da Guiné-Bissau encarava a prisão perpétua caso fosse condenado, sob a acusação de distribuição de 5 quilos ou mais de cocaína, com a intenção de os fazer chegar aos Estados Unidos.

Bubo Na Tchuto, no entanto, chegou a um acordo com a justiça, reconhecendo a sua culpa.

"Eu não tenho muito a dizer, além de que sinto muito pelos meus actos", disse o militar guineense na audiência em que foi lida a sentença.

A operação da DEA também tinha como alvo o Chefe de Estado-Marior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, que liderou o golpe de Estado em 2012, mas António Indjai terá desistido à última hora de ir ao encontro dos tais representantes latino-americanos.

A Procuradoria Federal dos Estados Unidos acusou Bubo Na Tchuto de cobrar um milhão de dólares por cada operação.
VOA

Baciro Djá defende regresso de Bubo na Tchuto à Guiné-Bissau

António Guterres novo secretário-geral da ONU


Antigo primeiro-ministro português foi declarado "vencedor nato" pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas
 
António Guterres
O antigo primeiro-ministro português António Guterres é o "vencedor nato" da eleição para o cargo de secretário-geral, anunciou há momentos o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Guterres não recolheu nenhum veto na sexta votação do Conselho de Segurança realizada nesta quarta-feira, 4.

A embaixadora americana junto das Nações Unidas Samantha Power também escreveu "o Conselho de Segurança das Nações Unidas escolheu o novo secretário-geral, António Guterres".

António Guterres venceu as cinco primeiras votações para o cargo, que aconteceram a 21 de Julho, 5 de Agosto e 29 de Agosto, 9 de setembro e 26 de Setembro.

Amanhã, o Conselho de Segurança endossará o nome do também antigo Alto Comissário dos Refugiados das Nações Unidas para a Asembleia Geral que ainda este mês deverá ratificar o nome de António Guterres.
VOA

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Ex-chefe militar guineense Bubo Na Tchuto condenado a quatro anos de prisão nos EUA

O ex-chefe de Estado-Maior da Armada da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, que confessou crimes de tráfico de droga em maio de 2014, foi hoje condenado a quatro anos de prisão por um tribunal de Nova Iorque.

Com a leitura da sentença sem o caso ir a julgamento, é certo que o ex-militar guineense negociou um acordo com a acusação, como já acontecera com outros acusados no mesmo caso.

Na Tchuto, que arriscava uma pena que podia ir até prisão perpétua, já cumpriu assim a maior parte da pena, visto que se encontra detido há mais de três anos.

Bubo Na Tchuto foi capturado pelos Estados Unidos numa ação antidroga em 2013 e confessou os crimes no ano seguinte, bem como outros três homens que foram detidos com o militar guineense.

Tchamy Yala foi condenado a cinco anos de prisão, Papis Djeme foi condenado a seis anos e meio de prisão e Malam Mane Sanha já cumpriu os 36 meses de pena e foi deportado no final do ano passado para Portugal, por ter nacionalidade portuguesa e guineense e por ter usado o passaporte português no processo de deportação.

Em abril de 2103, Na Tchuto e os companheiros foram detidos em águas internacionais, ao largo de Cabo Verde, por uma equipa da agência de combate ao tráfico de droga norte-americana.

Segundo a acusação, Na Tchuto cobrava um milhão de dólares por cada tonelada de cocaína da América do Sul recebida na Guiné-Bissau.

AYS // EL
Lusa/Fim

Bubo Na Tchuto condenado a quatro anos de prisão

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

COMUNICADO DE IMPRENSA DO PRS SOBRE A RECONCILIAÇÃO NO PAIGC E O ACÓRDÃO DO STJ


Da leitura atenta do último comunicado do PAIGC apelando à reconciliação interna com os 15 deputados, entretanto expulsos das suas fileiras, o Partido da Renovação Social responsavelmente e comprometido que está com os últimos desenvolvimentos políticos, não podia ficar indiferente a este ato, primeiro, por que sempre apoiou e encorajou reconciliações intrapartidárias, e segundo, pelo tardio desta iniciativa, alguns dos seus contornos merecem alguma reflexão que deve ser partilhada com o povo guineense.
Por isso, numa primeira reação, o Partido da Renovação Social reitera o seu apoio à iniciativa de reconciliação interna do PAIGC. Porém, e porque em política nada acontece por acaso, queremos apenas lembrar ao povo guineense e à comunidade internacional, que este súbito arrependimento revelado pelo Eng.º Domingos Simões Pereira, Presidente do PAIGC em conceder perdão e reconhecer a capacidade de recuperação do homem, que apesar de bem-vinda, ela provocou durante mais de um ano, a paralisia das instituições do Estado, com as consequências que todos conhecemos, e que têm vindo a repercutir-se negativamente nas condições quotidianas da vida de todos os guineenses. Esta estratégia do caminho da reconciliação, agora apontada, que afinal já se conhecia há mais de um ano, vem, claramente, demonstrar, como várias vezes o PRS tem repetido, que o verdadeiro fator de instabilidade, tem origem na desastrosa gestão da direção do PAIGC.


Em relação a esta iniciativa da “mea culpa” interna do Eng.º Domingos Simões Pereira, Presidente do PAIGC, se for sincera, e cremos que não é pedir muito: ela só será inteiramente aplaudida pelo Partido da Renovação Social, se for extensível a todo o povo guineense que injustamente tem sofrido com esta crise política, porque também queremos acreditar que ela irá propiciar uma nova era nas relações interinstitucionais, o que a acontecer, certamente, trará de volta a paz e a estabilidade.

Relativamente ao último acórdão pronunciado pelo Supremo Tribunal de Justiça acerca da providência cautelar interposta pelo Governo do Dr. Baciro Djá, contrariamente, ao useiro e vezeiro comportamento do PAIGC de não acatar decisões judiciais que não lhe agradem, ou que não lhe sejam favoráveis, o Partido da Renovação Social, como parte integrante do atual executivo, como não podia deixar de ser, aconselha vivamente as partes a acatarem as decisões do referido diploma. Contudo, queremos ressalvar a nossa dúvida e estranheza sobre se numa reunião da plenária do STJ de um coletivo de 11 juízes, onde a lei exige a presença mínima de quórum de 9, ou seja de 4/5 do coletivo, se só 6 juízes podem validar uma decisão. Dúvidas que, certamente, serão esclarecidas após a interposição de um recurso.

Para finalizar, o PRS agradece os esforços consentidos pela comunidade internacional, e da CEDEAO em particular em trazer a paz e a estabilidade ao nosso país, e queremos também assegurar ao povo guineense de que o Partido da Renovação Social, irá seguir e cumprir escrupulosamente com a única solução da crise política que é o “ACORDO para a SAÍDA da CRISE na GUINÉ-BISSAU”, assinado a 10 de Setembro último, sob os auspícios do Presidente da República, do Presidente da Guiné-Conakri e do Presidente da Serra Leoa, contrariamente ao PAIGC, que apesar de ter assinado esse documento, vem agora dar o dito por não dito.

Bissau, 30 de Setembro de 2016
O Secretariado Nacional de Comunicação

http://prsgbissau.blogspot.sn/

Grupo dos 15 reage a pedido de reconciliação do presidente do partido.


O Partido da Renovação Social (PRS) e o chamado grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC reagiram, esta sexta-feira, 30, ao apelo da reconciliação interna lançado por Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC.

Na quinta-feira,29, a direcção de Simões Pereira convidou os dissidentes para encontros em separado a partir da segunda-feira, 3 de Outubro.

O PRS disse apoiar a iniciativa, enquanto o grupo dos 15 parlamentares dissidentes do PAIGC, com alguma desconfiança da oferta, impôs condições para qualquer reencontro com a direção do partido.

Os deputados expulsos do PAIGC por terem desrespeitado as orientações do partido aquando da aprovação do Programa do Governo, liderado por Carlos Correia, exigem o levantamento de todas as sanções e o retorno imediato aos seus respectivos postos e funções de que foram afastados na Assembleia Nacional Popular.

Não obstante a iniciativa lançada pela direcção do partido para a tal reunificação, os 15 parlamentares, além de responsabilizarem Domingos Simões Pereira pela situação interna do partido, querem a demissão do líder do partido.

“O grupo dos 15 responsabiliza o presidente do PAIGC pelo estado de deterioração e prejuízos que provocou ao partido, consequentemente ao país, e em nome de interesses superiores do partido deve demitir-se e permitir a criação de uma Comissão de Gestão até o congresso”, exige Tumane Camará, um dos deputados expulsos.

Por sua vez, o PRS, partido que sustenta o actual Governo, pela voz do seu porta-voz, Victor Pereira, diz que a decisão “só será inteiramente aplaudida pelo Partido da Renovação Social, se for extensível a todo o povo guineense que injustamente tem sofrido com esta crise politica”.

VOA

World - Pakistan To Start University Of Begging


Trying to monetize its expertise in begging as well as to train the fourth world countries which include Somalia, Libya, Sudan, Nigeria, etc., Pakistan Government under the supervision of its army chief General Raheel Sharif has announced University of Begging. The development came just after Pakistan urged World Bank to stop Indian key projects on rivers of Jammu & Kashmir. “We are damn good in the art of begging. When yesterday I was having a family get together with General saahib an idea came to my mind of having a University that teaches all the arts of begging from the world. General saahib was pleasantly surprised with my idea and asked me to make a formal plan so that we could monetize on our expertize. He suggested me to include few other chhote Pakistans like Somalia, Sudan and Libya who are deprived of these essential skills which would help nations like us live with pride at free of cost,” Pakistan’s Prime Minister Nawaz Sharif told media.

Plan Is Ready
Explaining the plan, Sharif told media that in the first phase Pakistan will set up University in the heart of Islamabad and teachers will be esteemed scholars, diplomats and politicians, which include former prime ministers. In the second phase, the country will set up colleges in major cities like Rawalpindi, Karachi and Lahore. In the third phase, the colleges will be set up in Sudan, Somalia and Libya.

“We plan to take technical inputs from North Korea a competitor of Pakistan in the art of begging. However, Pakistan has an edge as it has developed all the skills of begging while North Korea only uses blackmailing as the technique of begging. We invited Janab Kim-Jong-Un to take guest lecture which he happily accepted,” said Sharif, explaining the plan.

Pakistan Media Reacted Positively
According to Pakistan media, the idea of University of Begging will have positive results on Pakistan’s economic clout. Pakistan’s bonds with key countries like Somalia and Sudan which are trying to learn art of begging since decades will improve significantly. However, the media also expressed caution over India being a destructive force.

“Pakistan needs to remain cautious. Although, Begging University will generate crores of jobs as most of us are real beggars, India will not sit quite and destroy the idea from its roots. We need to take China into confidence and ask them to set up entire infrastructure so that the powerful country will protect us and our esteemed universities from probable attack by India,” a Dawn article suggested.

An article by the Tribune, another leading English daily, suggested that government should import newer techniques and skills from its counterparts. It said “We need to have a dialogue with ISIS which has generated tremendous expertise in the art of scoulding which we could use effectively for begging in front of world. Although, Al Qaeda and Afghan Taliban are mostly bankrupt, we should ask them to join us and give us their key skills. Course content should also cover Prime Minister’s life who loves to obey his army general and beg in front of world. Also how the army general personally trains him to go every door of every country with that bowl.”

According to sources close to Nawaz Sharif, the university will give free begging bowl with high tech systems like bluetooth and wifi for every new joining.

Course Contents (Confidential):
1. Licking sleepers of army generals
2. Licking sleepers of jihadis or extremists whatever related to your country
3. Ways to hold begging bowl so that you will look original beggar
4. Begging on the street
5. Begging on the streets of key developed countries like US, Europe and Russia
6. Begging to key personnel such as presidents and prime ministers of above mentioned key countries/regions
7. Begging at UNGA
8. Art of grabbing
9. Art of blackmailing
10. Art of scoulding
11. Art of kidnapping

(This is totally a fake news and satire)

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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

PAIGC CONVOCA OS 15 PARA UMA REUNIÃO DE 3 DIAS

Sede do PAIGC em Bissau
GBissau (29 de Setembro de 2016) – O Partido Africano para a Independência da Guine e Cabo Verde (PAIGC) emitiu um comunicado, esta quarta-feira, dando a conhecer ao publico a convocatória de um encontro com o grupo dos 15 deputados previamente expulsos do partido. 
Neste comunicado, o PAIGC justifica a necessidade deste encontro para permitir a “materialização do superior desiderato,” sem no entanto, especificar.
 
Mas, o mesmo comunicado fala do “reagrupamento da família” deste partido politico à volta de um dos recentes apelos de Domingos Simões Pereira para reunificar as diferentes alas partidárias. Numa dessas alocuções, o Presidente do partido dizia que “não há nenhum mal que não possa ser corrigido, nenhum pecado que não possa ser perdoado, nenhum homem incapaz de se recuperar.”
 
De acordo com o comunicado, a reunião terá lugar entre os dias 3, 4, e 5 de Outubro, na sede do partido em Bissau.
Comunicado do PAIGC - 28 de Setembro de 2016

MÁRIO SISSOKO DEFENDE A EXTINÇÃO DO PAIGC COMO SOLUÇÃO PARA A CRISE DO PAÍS

O historiador guineense Mário Sissoko defende que a solução para a crise que afecta a Guiné-Bissau há mais de quatro décadas passa pela extinção do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que, segundo ele, já não tem mais nada para dar aos guineenses. Sissoko falava a “O Democrata” [segunda e última parte da Grande Entrevista] para fazer uma abordagem histórica da criação do partido libertador bem como das causas que originam o conflito interno que tem abalado o partido de Cabral, sustentando ainda que a actual direcção daquela formação política não tem nenhuma ideologia clara para desenvolver o país.

Durante a entrevista, falou das circunstâncias da morte do líder da guerra, Amílcar Cabral. De acordo com as suas pesquisas, Cabral foi o responsável pela sua própria morte. Explicou igualmente a questão do alegado envolvimento do Presidente Sekou Touré na morte de Cabral. Contou ainda que os grandes comandantes do PAIGC sabiam da tentativa do assassinato de Cabral, mas nada fizeram para protegê-lo.

“Vejam só um pormenor muito importante…se nenhum comandante de grande envergadura tomou medidas para proteger Amílcar Cabral é porque, certamente, os guineenses estavam fartos dele e das suas acções, sobretudo, da sua ‘supra murdi’ ao mesmo tempo…”, espelhou o historiador.

OD: Pode explicar as circunstâncias ou as causas que estariam por detrás do assassinato de Amílcar Cabral, segundo as informações de que dispõe?

MS: A morte de Amílcar Cabral para mim é partilhada. Fiz uma abordagem sobre a morte de Cabral no terceiro volume do meu livro, onde apurei pormenores muito interessantes no concernente ao seu assassinato. Cabral tinha enviado uma carta para o Rafael em Bissau, mas a carta foi parar às mãos de um agente da Polícia Internacional e de Defesa do Estado  (PIDE).

A grande questão que se coloca até hoje é: porque é que a carta foi parar às mãos de PIDE? Na carta ele dizia que a luta chegara ao ponto que se exigia a tomada de todas as decisões. Portanto, ele estava em condições de tomar as referidas decisões.

 O agente de PIDE pediu ao Rafael que respondesse a carta, de forma a poder reenviá-la para Conacri. O Rafael respondeu que se ele [Cabral] estava a dizer aquilo, que tinha poder para fazer aquilo que entendesse, então que saiba também que era ele [Rafael] quem enviava os homens para a luta.

Não eram apenas os “estafetas” que traziam recados ao Rafael que revelavam os segredos sobre as coisas que se preparavam contra ele, mas também havia pessoas que lhe contavam tudo. Havia até pessoas que foram enviadas à Bissau para assassiná-lo, mas eles não concretizaram a missão.

Ficaram com medo de regressar à Conacri, porque seriam todos mortos. Até o próprio Rafael instruiu-os a voltarem à mata, junto da base do comandante Osvaldo Vieira, mas mesmo assim recusaram voltar e ficaram em Bissau. As pessoas que faziam parte daquele grupo eram meninos que foram à escola e sabiam o que estavam a fazer. Lembro-me ainda de um pormenor importante que abordei no livro que vou publicar…

Os cabo-verdianos acusavam o Rafael Barbosa de ser um agente da PIDE, mas o próprio Amílcar nunca o acusou como servidor da PIDE. Uma vez na minha presença, em 1968, quando um grupo de dirigentes criticaram as declarações proferidas por Rafael, depois de ter saído da prisão. Rafael afirmara que se “sentia mais tuga do que próprio tuga”.

A partir dalí algumas pessoas indicaram o camarada Pascoal Alves para substituí-lo como presidente do Comité Central. Quando Amílcar chegou, disse assim em português: Eu conheço o Rafael… o Rafael não é agente da PIDE! Em Bissau falaremos…Citei esta frase textualmente no livro que estou a produzir. A grande questão que se coloca sobre essa situação da acusação contra o Rafael pela ala cabo-verdiana, de ele ser colaborador da PIDE é o silêncio de Amílcar, ou seja, a sua lentidão na resolução daquela situação levou a que o problema se agudizasse e à criação de mais tensão.

Qual era o preço do silêncio de Amílcar Cabral relativamente à acusação feita pela ala cabo-verdiana contra o Rafael? Qual foi a reacção do Rafael, se não acusar o Amílcar de ser um acólito ao serviço da segurança portuguesa, a PIDE, para poderem destruir os seus adversários políticos em Bissau.

Além disso, há outra situação que ocorreu em Conacri e que acabou por transformar-se num conflito. Momo Turé, que desempenhava a função do Comissário Político a nível da direcção superior do partido, beneficiou de uma bolsa para visitar todos os países e as organizações que apoiavam a luta com meios materiais e financeiros.

Ele aproveitou para observar e inteirar-se de todas as documentações de apoios ao partido em termos de materiais e em dinheiro para a luta armada. Foram-lhe facultados documentos sobre os apoios que os respectivos países e organizações disponibilizavam para o partido. Ele aproveitou a oportunidade e reuniu todas as informações sobre bolsas de formações, tratamentos, apoios materiais em armas, géneros alimentícios e apoios financeiros.

Depois do seu regresso, Momo pediu ao Amílcar o extrato de conta do partido, mas este não queria entregar-lhe. Momo exigiu-lhe que apresentasse o extrato da conta na reunião, depois iriam realizar uma conferência nacional do partido para esclarecer algumas coisas.

Cabral não quis entregar este documento que espelhava as contas do partido. Momo queria o esclarecimento porque havia casas que foram compradas na altura, mas os documentos estavam em nome de Amílcar Cabral. Esta era a razão pela qual Momo Turé pediu a convocação de uma conferência nacional, que podia transformar-se em congresso.

OD: Podia explicar de forma sintética as circunstâncias da morte de Amílcar?

MS: Deixa-me terminar esses factos históricos. Essa situação aconteceu no momento em que o Amílcar estava envolvido num outro conflito, entre a ala cabo-verdiana e a guineense. Havia também no seio da ala cabo-verdiana um grupo de pessoas que estava em conflito contra o próprio Cabral, porque não concordava com a forma como as coisas se desenrolavam, sobretudo a questão da divisão racial que se registava no seio de camaradas.

O conflito interno que havia no seio do partido em Conacri, sobretudo a questão da divisão racial, foi a razão principal do abandono da luta por parte de vários cidadãos cabo-verdianos. Um dos casos é o do recém-falecido Presidente de Cabo Verde, António Mascarenhas Monteiro, que decidiu abandonar a luta juntamente com a sua esposa.

OD: Porque é que ele abandonou a luta?

MS: Por causa de uma situação de desigualdade racial que ocorria no internato em Conacri, na Escola Piloto. A maioria dos alunos eram crianças guineenses (pretos) e uma minoria cabo-verdiana (burmedjus). Uma vez, a mulher do Mascarenhas chegou à escola e viu os meninos pretos a comerem tocinhos, couro de porco frito. Dirigiu-se directamente ao frigorífico e viu peixe e carne.

Seguiu para o refeitório dos professores e encontrou crianças cabo-verdianas “burmedjus” a comerem carne. Dirigiu-se para uma das responsáveis, a Lilica, que é mestiça (burmedju), perguntando-lhe o porquê daquela situação de separação, se na verdade as “crianças são flores da nossa luta e razão do nosso combate”.

A esposa de Mascarenhas acabou por discutir com a Lilica e ameaçando que brigaria com ela. As pessoas foram informar ao Amílcar, que se deslocou até ao local. Depois de inteirar-se da situação, voltou ao seu gabinete alegando que iria analisar o ocorrido. Voltou mais tarde e disse que a Lilica tinha a razão, relativamente ao desentendimento com a esposa de António Mascarenhas Monteiro.

Foi a partir dali que Mascarenhas Monteiro e a sua esposa decidiram abandonar a luta, porque entenderam que não podia haver desigualdades nem no seio das crianças e muito menos a nível dos combatentes. Além deles, havia também outras pessoas (cabo-verdianas e mestiças) descontentes com a situação e abandonaram a luta. Tendo em conta as situações anormais que se registavam, começou-se a levantar questões sobre as circunstâncias da morte de várias pessoas bem como dos julgamentos descabidos, o que acabou por criar muita desconfiança.

As circunstâncias da morte de comandante Domingos Ramos continuavam a suscitar interrogações. Amílcar foi visitar os combatentes em Boé, depois acabou por envolver-se em discussão com Domingos Ramos. Os guarda-costas perceberam que estavam a discutir e aproximaram-se do local. Perguntaram ao seu comandante, Domingos Ramos, o que se passava e este respondeu que ele e o Amílcar estavam a discutir alguns assuntos e o Amílcar tinha dito que era o chefe. Mas que ele, o Domingos, respondeu ao Cabral que quem mandava eram os que estavam na frente de combate.

Disse ainda ao Amílcar que puseram-lhe no secretariado para secretariar. Uma semana depois daquela discussão com Amílcar, Domingos Ramos foi ferido em combate.

Diz-se que o Domingos atacou um aquartelamento e que foi aí que ficou ferido por um tiro de obus de bazuca que acertou num tronco. Segundo as minhas pesquisas, se fosse na verdade um tiro do inimigo, não haveria ninguém para socorrê-lo, porque seriam todos abatidos pela tropa portuguesa.

Essa situação que abordei é uma das caudas entre tantas outras, que podem estar por detrás da morte de Cabral, que foi assassinado pelos próprios combatentes do PAIGC. Até hoje, muitas questões se colocam a volta das circunstâncias da morte de Amílcar. Eu mesmo estou a trabalhar nestas questões e nas respostas que poderão ser encontradas no livro que estou a preparar. Testemunhei algumas situações em Conacri, porque trabalhei no secretariado bem como partilhei muitas informações com grandes comandantes.

Estou a trabalhar nesta matéria. Depois da publicação do livro as pessoas poderão encontrar muitas respostas sobre as questões levantadas à volta das situações que ocorreram no período da luta de libertação.

OD: Essa situação que acabou de explicar foi certamente uma das razões que criou fricções e divisões internas no seio do partido. Qual foi a contribuição dada por grandes comandantes para sarar as feridas e consequentemente evitar a morte de Amílcar?

MS: Nenhuma… O Serviço de Segurança do partido tinha informações sobre uma (eventual) tentativa de assassinato de Amílcar. Até os grandes comandantes sabiam disso. Mas porque não tomaram as diligências necessárias para protegê-lo?! Ou seja, porque é que não enviaram homens e porque não activaram um alerta para garantir a segurança ao Cabral, uma vez que todos eles sabiam que ele era um alvo atado para matar?! Porque não fizeram questão de protegê-lo?

Vejam só um pormenor muito importante… Se nenhum comandante de grande envergadura tomou medidas para proteger Cabral, é porque, certamente, os guineenses estavam fartos dele e das suas acções, sobretudo da sua `supra murdi´ ao mesmo tempo. Toda a agente sabia da tentativa do assassinato contra Amílcar Cabral e até nós que estávamos em Moscovo sabíamos disso, mas nenhuma estrutura do partido e, sobretudo, a segurança tomou a iniciativa de protegê-lo.

O grande enigma está aqui… porque não foram tomadas medidas para proteger Cabral, se toda agente sabia que era alvo a abater? A Guiné-Conacri, através do seu serviço secreto, tinha informações, tomou diligências e alertou a direcção superior do partido.

OD: Um historiador cabo-verdiano acusou o Presidente Sekou Touré de ser o mandante do assassinato de Amílcar Cabral. O senhor também chegou à mesma conclusão, segundo as suas pesquisas?

MS: O historiador cabo-verdiano, se calhar, tem informações que o levou a chegar àquela conclusão, a da implicação do Presidente Sekou Touré. Deixa-me só explicar uma coisa sobre isso: outro historiador da própria Guinée-Conacry, Ibrahim Kaba, que também falou do envolvimento das autoridades conacri-guineense, considera o Presidente Ahmed Sekou Touré o mandante do assassinato de Amílcar Cabral.

A grande verdade é que este livro pode ser viciado, ou seja, as informações avançadas pelo escritor carecem de fundamentos, porque ele (escritor) escreveu para agradar o regime do Presidente Lanssana Conté.

O escritor contou no seu livro que um Capitão do exército conacri-guineense, Koiaté, detido na zona do pavilhão dos serviços secretos do Presidente Sekou Touré, disse ao outro preso político Alassan Djop que ele (Koiaté) sabia que ia morrer, porque matara o Amílcar Cabral por ordem de Chefe do Estado, Sekou Touré.

Esta foi a versão que Alassan Djop contou ao historiador Ibrahim Kaba. Outro oficial daquele país confirmou ao historiador que a missão do Capitão Koiaté era de matar aqueles homens todos, se não cumprissem a missão de matar o Amílcar. Significa que se os elementos do PAIGC não conseguissem matar Cabral naquela noite, seriam mortos todos pelo Capitão Koiaté e que iria por sua vez assassinar Cabral. O livro onde constam essas informações foi escrito no momento em que cada qual falava mal do período do Presidente Sekou Touré, para agradar ao novo regime.

OD: Sekou Touré tem uma quota de responsabilidade na morte de Amílcar, de acordo com as suas pesquisas?

MS: A relação entre o Presidente Sekou Touré e Amílcar Cabral não podia ir mais longe, porque os compromissos acordados entre as duas partes, se fossem abandonados, isso criaria problemas, tal como acabou por acontecer. Sekou Touré tinha a intenção de unificar as duas Guiné’s, a Guiné-Bissau e a Guinée-Conacry.

Amílcar falava na unificação da Guiné-Bissau e as Ilhas de Cabo Verde. Mas no princípio era esse acordo (unificar as duas guiné’s). Só que mais tarde Cabral mostrou a sua verdadeira intenção de unificar a Guiné-Bissau e as Ilhas de Cabo Verde. Para o Presidente Sekou Touré, apenas Portugal ficaria a ganhar com isso. Essa situação acabou por criar um mal-estar entre os dois. O Presidente Sekou Touré tinha os seus interesses geoestratégicos e geopolíticos que queria levar a frente.

Depois da independência, o Presidente Sekou Touré visitou a Guiné-Bissau. Durante a visita proferiu uma declaração na qual voltou a mostrar a sua verdadeira intenção. Disse que a República da Guinée-Conacry e a República da Guiné-Bissau são um país de dois portos. Essa declaração teve o seu significado e toda agente sabia disso.
 E mais, durante a sua visita a Bafatá, ele pôs o seu dedo no olho de Nino Vieira e este afastou-o. Então, disse ao Nino Vieira que pensava que ele não enxergava bem. Isso aconteceu na presença do próprio Presidente Luís Cabral, irmão de Amílcar Cabral.


Outra coisa que quero lembrar aqui é a questão das duas ilhas, na região de Bolama, que Sekou Touré dizia pertencerem ao seu país. Trata-se das ilhas de Poilão e João Vieira. Ele estava disposto a fazer uma guerra contra a Guiné-Bissau para recuperar aquelas ilhas. E afinal, a verdadeira preocupação do Presidente Sekou Touré era a presença do Presidente Luís Cabral, irmão mais novo de Amílcar Cabral.

Isso demonstra claramente o seu racismo em relação aos mestiços, por causa de ódio que tinha de Amílcar Cabral. Ele sabia que era difícil manter uma boa relação com o irmão de Amílcar que exercia a função do Chefe de Estado na Guiné-Bissau. Depois de golpe de 14 de Novembro de 1980, nunca mais reivindicou aquelas duas ilhas. Sekou Touré nunca ajudou a Guiné-Bissau, porque não chegou de aconselhar o Presidente Nino Vieira. Se tivesse aconselhado Nino Vieira, se calhar toda a sakalata (trapalhada) que aconteceu ou feita por Nino Vieira podia ter sido evitada.

O Presidente Sekou Touré não queria nada ou que ninguém na Guiné-Bissau, naquela altura, fortalecesse o Estado, porque o fortalecimento do Estado guineense não facilitaria a sua intenção geopolítica da unificação das duas Guiné’s.

OD: Quer dizer que o Presidente Sekou Touré pode ter estado por detrás da morte de Amílcar Cabral…

MS: A única coisa que sei, é que as relações entre os dois eram de desconfiança…ninguém acreditava no seu companheiro, porque cada qual tinha o seu projecto ou interesses geoestratégicos e geopolíticos. O que posso dizer sobre a morte de Amílcar Cabral é que o próprio, Amílcar Cabral é o factor da sua morte.

OD: Amílcar é responsável pela sua própria morte, porquê?

MS: Cabral é responsável pela sua própria morte. Porque, quem mata é morto.

OD: Cabral matava pessoas?

MS: Quem mata, é morto. Na Guiné, quem mata, é morto…

OD: Qual foi o envolvimento dos serviços secretos portugueses. É verdade que a PIDE teve uma quota de responsabilidade na morte de Cabral?

MS: Foi imputada à polícia portuguesa ‘PIDE’ essa responsabilidade pelo próprio partido. A grande verdade é que a “PIDE” foi sujada, porque a responsabilidade da morte de Amílcar Cabral é unicamente do próprio PAIGC. As pessoas que estavam naquela missão são combatentes do PAIGC.

OD: Havia guineenses e cabo-verdianos na luta, sob a orientação do partido. Depois da luta, os cabo-verdianos foram para o Cabo Verde. Qual foi o segredo que estaria por detrás do sucesso dos cabo-verdianos que conseguiram organizar-se e hoje tornaram-se em exemplo de democracia, enquanto nós enfrentamos uma crise de mais de quatro décadas com guerras, sobressaltos militares e instabilidades política e governamental. Tem alguma explicação lógica para isso?

MS: A única explicação é que nós, os guineenses, estávamos debaixo do colonialismo cabo-verdiano, que não nos permitiu ter homens preparados para estar na administração do país. Fundamentei esse meu argumento no terceiro volume do livro que estou a preparar, mas também outra razão é que o próprio Nino Vieira, depois de assumir o poder, não conseguiu organizar o país.

É compreensível a situação dele, porque não tinha nenhuma preparação e acabou por levar o país ao abismo. No primeiro tempo da sua governação instaurou um regime de terror e de ditadura, porque tinha grande complexo para que não viesse a ser descoberto como um operacional de Amílcar Cabral no período da luta de libertação, sobretudo implicado no assassinato de alguns comandantes esclarecidos.

OD: Nino Vieira era operacional de Amílcar para matar os seus próprios colegas?

MS: Sim. Nino Vieira é acusado de ser um operacional de Amílcar, sobretudo para eliminar os comandantes que eram considerados de perturbadores.

OD: O senhor é considerado crítico de Amílcar Cabral. Ocorreu alguma coisa no passado na vossa relação em Conacri, que pode ter influenciado negativamente as suas análises relativamente à pessoa do Amílcar Cabral?

MS: Muitas pessoas acham que tenho alguma coisa contra o Amílcar. Quero aproveitar o vosso jornal para esclarecer que eu, Mário Sissoko, não tenho nada contra o Amílcar Cabral. Eu não fui à luta como uma pessoa inocente, que não sabe nada. Sou uma pessoa esclarecida com formação e bem instruída.

Eu trabalhava no secretariado do partido em Conacri, e isso permitiu-me estar a par de várias situações. Vivíamos numa casa de duas moradias e a segunda moradia foi dividida em duas partes. Nós ocupávamos o primeiro, onde estava eu, o Vasco Cabral, o José Araújo e o Rui Cardoso. A outra parte que foi aumentada com um pré-fabricado era ocupada por Amílcar Cabral, Aristides Pereira e pela secretária de Cabral.

Outra moradia constituía os aposentos de Amílcar Cabral, mas ele passava pelo nosso gabinete. Eu era o encarregado de arquivo morto no secretariado do partido em Conacry (Arquivo Morto – armazena documentos de frequente uso, consulta ou referência quase nulas. Embora não sejam significantes, precisam ser guardados).
 Havia todas as informações no arquivo morto. Portanto, estou em condições de acompanhar muitas coisas e, aliás, como se sabe, a minha profissão é historiador. Vi muitas coisas que aconteceram em Conacry, Boke, Koundara. Havia uma situação de apartheid no seio de camaradas do partido, sobretudo entre os guineenses (pretos) e os cabo-verdianos (burmedjus).


OD: Então, havia uma separação racial no seio do PAIGC entre cabo-verdianos e guineenses?

MS: Sim, havia separação racial. As pessoas sentiam isso, mas simplesmente ignoravam. Eu vivi isso, mas não havia como. Tudo aquilo que eu disse que aconteceu na luta é verdade. E qualquer pessoa que esteve presente na luta pode confirmar isso, excepto os criminosos que cegamente tentam camuflar a história, mentindo que tudo era maravilha e que Amílcar era santo.

OD: Havia uma ideologia defendida por todos combatentes para libertar a Guiné-Bissau e Cabo Verde, sob a orientação da direcção do PAIGC. Será que a actual direcção do PAIGC tem uma ideologia clara hoje, para desenvolver a Guiné-Bissau?

MS: Um partido político dividido, no meio, entre “meninos bonitos” e “inimigos”, é um partido político? Acha que esse partido tem uma ideologia clara, ou uma mentalidade de lutar para o desenvolvimento do país? A direcção de um partido que tem medo de diferença de opinião e que prioriza apenas os que dizem sim senhor… será que esse partido é democrático?

OD: Falemos da crise que hoje abala o PAIGC e que consequentemente acabou por atingir o país. O que acha que pode ser feito para ultrapassar a crise e unificar o partido, de acordo com a sua experiência?

MS: A única solução para o partido PAIGC é a sua extinção, de forma a dar o sossego aos guineenses.

OD: Porque é que o PAIGC deve ser extinto, um partido histórico…

MS: Porque reproduz apenas ajustes de conta entre camaradas. Já não tem mais nada para dar aos guineenses, portanto é um partido que já está ultrapassado. Pode tirar essa direcção e afastar todos os dirigentes dos seus diferentes órgãos. Eleger novas pessoas para a direcção. Tenho a certeza, que não se vão entender e mergulharão na crise.


É um partido de intrigas e de ódio, por isso, a única solução é a sua extinção e levá-lo ao museu. Sabe que é difícil curar um doente biologicamente acabado. Portanto, nesta fase é difícil curar o doente. Não há cura para o PAIGC e a solução é a sua extinção, como uma solução para a crise constante que se vive no nosso país há mais de quatro décadas.

OD: A CEDEAO enviou recentemente uma missão presidencial para mediar os guineenses. No seu ponto de vista, isso representa um falhanço para a Guiné-Bissau ou o quê?

MS: Qual foi o papel jogado pela CEDEAO para estarmos nesta situação? Eu fiz uma abordagem do papel ou da ingerência da CEDEAO na política interna da Guiné-Bissau num dos meus livros inédito.

OD: Podia explicar um pouco sobre a ingerência da CEDEAO de que está a falar?

MS: Não. Quando o livro for publicado, poderá ler.

OD: Quer culpar a CEDEAO de toda a situação da crise do nosso país?

MS: Não estou a culpar a CEDEAO. Aliás, a geração dos Chefes de Estado é diferente agora. A verdade é que a primeira geração da CEDEAO, depois da independência, não queria a paz na Guiné-Bissau, sobretudo a parte francófona. Tenho provas daquilo que estou a dizer, que são documentos escaneados.

Por: Assana Sambú/Sene Camará
Foto: Marcelo N’Canha Na Ritche

odemocratagb.com

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

STJ: ACORDÃO Nº 2/2016

Por favor leiam o acórdão para melhor se informarem, evitem ouvir mentiras, manipulação e desinformação. De sublinhar que o Jiló Mentiroso Cipriano Cassamá não foi poupado no documento. STJ, pede que seja intimado o presidente da ANP, nos termos dos artigos 138º e 139º do regimento da ANP, para convocar a sessão plenária e se agende para essa sessão a apresentação do programa do governo já na sua posse, para apreciação e submissão à votação; que seja reconhecido que o governo entregou à ANP, desde o dia 24 de Junho de 2016, o seu programa de governação; e, que seja reconhecido que o governo entregou tempestivamente, dentro do prazo de agendamento e sua apreciação, com vista à eventual aprovação, pelo parlamento.

O Supremo Tribunal de Justiça do país entende que não lhe compete obrigar o Presidente do Parlamento a convocar a sessão parlamentar para a discussão do Programa do Governo.  O acórdão número dois do Tribunal Supremo fundamenta que o Poder Judicial não pode substituir os órgãos próprios instituídos, ordenando lhes a prática de actos administrativos que só a estes competem, sob pena de manifesta e grave violação do Princípio Constitucional de Separação de Poderes. Por isso, a conduta em causa não é sindicável em sede da jurisdição administrativa.

Para aceder o acórdão completo, clique em ler mais








CRISE POLÍTICA: ANP SAÚDA DECISÃO DO STJ DE CONSIDERAR” IMPROCEDENTE” A PROVIDÊNCIA CAUTELAR REQUERIDA PELO GOVERNO

(ANG) – A Assembleia Nacional Popular (ANP) saudou hoje a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de considerar “ improcedente” o requerimento da providência cautelar do recurso contencioso administrativo apresentado pelo Governo contra o seu Presidente, Cipriano Cassamá.
A informação consta num comunicado de imprensa do gabinete do Presidente da ANP Cipriano Cassamá, entregue a Agência de Notícias da Guiné( ANG).

O documente refere que o acórdão nº 2/16 veio a confirmar a cada órgão, o exercício efectivo da sua competência constitucional e legalmente atribuída.

 Segundo o referido acórdão, “o poder judicial não pode substituir os órgãos próprios instituídos, ordenando-os a prática de atos administrativos que só a estes competem, sob pena de manifesta e grave violação do princípio constitucional de separação de podres. Por isso, a conduta em causa é in sindicável em sede da jurisdição administrativa”.

O acórdão acrescenta que é ao tribunal administrativo que compete declarar a anulabilidade ou nulidade dos atos administrativos viciados, nas ações declarativas.

“Nas providências cautelares, compete o tribunal administrativo declarar a suspensão da produção dos efeitos dos atos administrativos, cujos prejuízos a acautelar sejam superiores ao provocado pelo ato viciado impugnado”, lê-se no Acórdão.

 O Governo representado pelo Primeiro-ministro requereu uma providência cautelar contra a Assembleia Nacional Popular e seu presidente, alegando que existe uma tentativa e intenção de conduzir ao bloqueio da ação governativa.

Em causa esta a não convocação de uma sessão para discussão e eventual aprovação do programa de governo, por parte da ANP, atitude que o governo considera “deliberada”.

ANG/LPG/SG

Morreu Shimon Peres

Shimon Peres

 Prémio Nobel da paz tinha 93 anos.
 
O antigo primeiro-ministro de Israel e Prémio Nobel da Paz Shimon Peres morreu aos 93 anos nas primeiras horas desta quarta-feira, 28, após ter sofrido um Acidente Vascular Cabral (AVC) a 13 de Setembro.

Figura marcante

Peres era o último sobrevivente da geração dos fundadores do Estado de Israel e foi um dos participantes nos Acordos de Oslo nos anos 1990, que lhe rendeu o prémio Nobel da Paz em 1994, ao lado do então primeiro-ministro israelita, Yitzhak Rabin, e do líder palestino Yasser Arafat.

Nascido na antiga cidade polca de Wiszniew, hoje a bielorrussa Vishnyeva, Peres transferiu-se para Tel Aviv, então na Palestina, com 11 anos.

Mais velho, trabalhou em comunidades agrícolas de judeus, conhecidas como 'kibbutz', e integrou a juventude do movimento trabalhista.

Cada vez mais envolvido com a política, Peres entrou no Haganah, que viria a ser as Forças Armadas de Israel com a criação do Estado judeu, em 1948.

No novo Governo israelita, Shon Peres, passou a ser um dos nomes mais importantes do Ministério da Defesa e em 1959 foi eleito pela primeira vez para o Knesset, o Parlamento israelita.

Peça central do Partido Trabalhista, Peres comandou o Ministério dos Transportes antes de se tornar ministro da Defesa na primeira gestão do primeiro-ministro Yitzhak Rabin (1974-1977), quando defendeu a implantação das primeiras colónias na Cisjordânia.

O político tentou vencer as eleições gerais como líder trabalhista cinco vezes entre 1977 e 1996, mas não foi bem sucedido.

Mesmo assim, foi primeiro-ministro em duas ocasiões: entre 1984 e 1986, quando os trabalhistas se uniram ao rival Likud, e entre 1995 e 1996, substituindo Yitzhak Rabin, assassinado por um fanático israelense.

Na segunda gestão de Rabin (1992-1995), Peres, então ministro das Relações Exteriores, aliou-se ao primeiro-ministro e ao líder da Organização para a Liberação da Palestina, Yasser Arafat, para assinar os acordos de Oslo.

Nobel da Paz

Apesar do recebimento do Nobel da Paz, os três líderes não conseguiram avançar além disso.
Shimon Peres, President Mahmoud Abbas and Papa Francis
 A actuação de extremistas de ambos os lados, insatisfeitos com o acordo, e a política de assentamentos do sucessor de Peres, Benjamin Netanyahu, nos territórios palestinos, impediram uma transição de facto para que as bases políticas do tratado fossem atingidas.

Peres assumiu mais uma vez o cargo de Ministro das Relações Exteriores, dessa vez durante o Governo de Ariel Sharon, entre 2001 e 2002, e posteriormente foi Presidente, de 2007 a 2014, antes de deixar definitivamente o Governo.

Aos 93 anos, o ex-primeiro-minisro ainda era uma figura ativa em Israel, através do seu Centro Peres para a Paz, que promove a convivência entre judeus e árabes.

Ele dizia que o segredo da sua longevidade era fazer exercício diariamente, comer pouco e beber um ou dois copos de um bom vinho

VOA



terça-feira, 27 de setembro de 2016

Presidente guineense faz visita "relâmpago" à Gâmbia

José Mário Vaz, Presidente da Guiné-Bissau
Com um forte aparato de segurança, José Mário Vaz disse que foi visitar seu “amigo irmão” Yahiia Dieme.

O Presidente da Guiné-Bissau realiza nesta terça-feira, 27, uma visita de algumas horas à Gâmbia, onde, disse, vai ver o seu “amigo irmão” Yahiia Dieme, com quem tem uma boa relação de amizade.

A partida do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira foi marcada, uma vez mais, por um enorme aparato de segurança, que tem marcado as recentes aparições públicas de José Mário Vaz.

As deslocações do Presidente, nos últimos tempos, ao estrangeiro, tem sido motivo de muitos comentários em Bissau.

Algumas opiniões qualificam-nas uma ofensiva de “charme” para tentar inverter o quadro desfavorável da sua magistratura face à comunidade africana sub-regional, em virtude da incessante crise política que se arrasta há mais de um ano.

Fonte da Presidência da República, indicou à VOA que José Mario Vaz deverá seguir esta quinta-feira, 29, para Cuba.

Lassana Casamá
VOA

Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) tem 81,2 ME de operações em curso na Guiné-Bissau

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) tem 81,2 milhões de euros de operações em curso na Guiné-Bissau, em projetos nacionais do sector público e projetos regionais, anunciou hoje em comunicado.

"A carteira de ativos doméstica inclui nove operações" para um total de compromissos líquidos de 50,6 milhões de euros, "enquanto uma outra conta inclui duas operações multinacionais" no valor de 30,5 milhões de euros, de acordo com o documento.

Os dados surgem depois encontros entre dirigentes do BAD e do governo guineense, realizados em setembro.

"O nível de autorizações do Banco [para operações financeiras] é uma ilustração da forte parceria forjada entre a Guiné Bissau e o Banco Africano de Desenvolvimento ao longo de mais de quatro décadas de cooperação", destacou o BAD.

De acordo com o banco, o desempenho operacional na execução de projetos melhorou e a duração média dos trabalhos apoiados em território guineense baixou de 6,6 para quatro anos.

As autoridades e o BAD vão criar "um controlo regular e aprofundado com base na descentralização dos serviços do escritório regional do BAD, em Dakar, que desde 2005 tem dado um suporte mais forte a operações de proximidade com os parceiros da Guiné-Bissau", concluiu o BAD.

LFO // APN
Lusa/fim

domingo, 25 de setembro de 2016

Àguas passadas não movem moínhos

PAIGC ESTEVE AUSENTE DAS COMEMORAÇÕES DO DIA DA INDEPENDÊNCIA

O PAIGC, partido que lutou pela libertação da Guiné-Bissau, esteve ausente das comemorações do Dia da Independência, reflexo da tensão política no país. "Fomos todos surpreendidos com uma determinação do governo" em como "mais ninguém podia usar da palavra" além do Presidente da República, José Mário Vaz, justificou o presidente do PAIGC Domingos Simões Pereira... Ler mais »»