sexta-feira, 24 de junho de 2022

Quanta falta faz a Educação para a Cidadania...

Por Fernando Casimiro 

Continuamos a decrescer a Guiné-Bissau, em função de idolatrias, entre o essencial e o acessório; entre o pessoal, o partidário, e o coletivo.

A Educação/Ensino, através da Escola/Academia, é a Base que alicerça e projeta o Desenvolvimento de qualquer Sociedade e, consequentemente, País.

Negar ou minimizar o reconhecimento do mérito alcançado por alguém no seu percurso académico, profissional ou outro, é um ato doentio, de ignorância e de contradição com a lógica da evolução social por via do Conhecimento, nas suas múltiplas formas, quais: o Científico; o Empírico; o Filosófico; oTácito e o Teológico.

Em todo o mundo as conquistas académicas ou profissionais de alguém, não se sobrepõem à Agenda Política e Governativa de seja qual for o País. 

A Guiné-Bissau é, infelizmente, um caso à parte, porque o acessório sobrepõe-se, sempre, ao essencial. 

Que alguém tenha concluído com distinção a sua Tese de Doutoramento, e receba as felicitações pelo brilhantismo do percurso académico, compreendo e associo ao reconhecimento, porém, não percebo que se continue a insistir na lógica de que só há uma referência académica e intelectual guineense, por via das suas realizações/conquistas, quando a Guiné-Bissau tem, desde há vários anos, diversos Quadros, sobretudo Jovens, com Doutoramento e Pós-Doutoramento em várias áreas do Conhecimento, e até com nota máxima de conclusão, ainda que nunca aproveitados/enquadrados na Administração Pública, ou convidados a contribuir para o País, nas suas áreas de formação. 

Chegar ao patamar mais elevado da Academia, é também o momento de assumir o desafio maior do Conhecimento, que consiste na sua partilha/disponibilização à Sociedade.

Não tenho visto a lógica da Academia e do Conhecimento Científico nas políticas públicas da Guiné-Bissau, relativamente à Educação e ao Ensino. 

Como ser político e governante, dotado de Diplomas e Certificados, no âmbito da Academia, e ignorar a Ignorância de uma Sociedade e de um Povo que continua a não ter Escolas condignas, num País onde os Professores, simplesmente, são desconsiderados e forçados à corrupção tendo em conta a sobrevivência humana?

Quantos Doutores Guineenses, entre políticos e governantes, em função dos princípios e valores da Academia, fizeram questão, alguma vez, de propor um Debate Nacional de Urgência, alargado aos Quadros Guineenses na Diáspora, sobre a Educação e o Ensino na Guiné-Bissau?

Frequentar a Academia até ao último patamar, apenas para um reconhecimento de formação, ou para liderar um partido político, ignorando que para lá da formação, o desafio que se segue é a competência e isso não é por via do Diploma, mas do trabalho prático, quiçá, da obra feita e dos resultados obtidos face aos objetivos estabelecidos, não me parece um investimento em prol da valorização, promoção e partilha do Conhecimento Científico numa perspetiva coletiva. 

Aprecio imenso os Quadros Guineenses que leccionam em várias universidades do mundo, de quem nunca se falou dos seus Doutoramentos ou Pós-Doutoramentos, e que disponibilizam o Conhecimento Científico ao Coletivo através da Educação e do Ensino. 

Não estou a insinuar que a participação dos senhores Doutores ou das senhoras Doutoras apenas tem que ser resumida à atividade Académica.

Estando na Política e, ou, na Governação, um Académico deve fazer tudo para que a Política das políticas públicas não acabe com a Educação e com o Ensino na Guiné-Bissau, e verdade seja dita e sei que dói, nenhum se tem preocupado com a Educação e com o Ensino, numa vertente Coletiva, em prol de Todos, porquanto, no Poder, ou beneficiários do Poder, terem alternativas privadas para a Educação e o Ensino, pessoal e familiar.

O resto (entre gente que até pode ter Diploma, mas não tem Competência), para travar os "invejosos", vai aplaudindo os novos Doutores da Política, como se de uma novidade se tratasse, ignorando a Importância que a Ignorância Política e Governativa tem dado à Educação e ao Ensino na Guiné-Bissau e, claro está, aos Guineenses.

E os senhores Doutores não têm sido capazes de Educar e Ensinar os seus pupilos das suas diversas comunidades políticas, sobretudo no essencial do Conhecimento Científico, entre a lógica e o pensamento crítico e analítico. 

Quanta falta faz a Educação para a Cidadania...

Didinho 24.06.2022

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