O primeiro e único guia turístico da Guiné-Bissau contemporânea, publicado em 2016, vai ter este ano uma segunda edição atualizada para consolidar o país enquanto destino de viagem, disse à Lusa a autora, Joana Benzinho.
«Nos últimos meses tem havido desenvolvimentos na área turística», nomeadamente com o aparecimento de nova oferta hoteleira, o que justifica uma revisão do guia, referiu.
O trabalho no terreno está em curso e a segunda edição deverá ser publicada a meio do ano, mantendo quatro línguas: português, inglês, francês e espanhol.
O guia «À descoberta da Guiné-Bissau» contará com uma versão digital gratuita na Internet, acessível em diferentes endereços – bastando pesquisar pelo título num motor de busca, tal como já acontece com a primeira edição.
A segunda edição vai ter um novo aspeto gráfico, mais mapas do país e ilustrações de Jorge Mateus a pontuar fotos e textos sobre as nove regiões do país – incluindo as ilhas Bijagós, uma das pérolas guineenses em que a biodiversidade é o principal trunfo.
O projeto surge numa altura em que o país continua mergulhado numa crise política, mas Joana Benzinho realçou que «a instabilidade política não interfere de forma nenhuma com o turismo».
«Nunca tivemos problemas sociais de monta e não temos assaltos ou criminalidade contra estrangeiros na Guiné-Bissau», referiu.
Joana Benzinho lidera a organização não-governamental portuguesa Afectos com Letras, que desenvolve projetos nas áreas da educação, saúde e alimentação em território guineense.
O guia surgiu como um projeto paralelo daquela responsável, em articulação com as autoridades guineenses, e é financiado na totalidade pela União Europeia, com 50 mil euros de investimento total nas duas edições.
«Temos que dar a conhecer a Guiné-Bissau, desconstruir um pouco esse mito» de que o país não é seguro, acrescentou à Lusa, Inês Pestana, gestora de projetos na delegação guineense da União Europeia (UE).
A primeira edição do guia da Guiné-Bissau já serviu para mostrar o país em certames como a Bolsa de Turismo de Lisboa e noutras iniciativas no Parlamento Europeu – nomeadamente junto de quem reside noutros países que não têm uma relação histórica com a Guiné.
Ao mesmo tempo que sugere percursos pelo país, o guia mostra os projetos que a UE tem apoiado ao longo de 40 anos de trabalho na Guiné-Bissau.
Serve de exemplo o memorial à escravatura, um museu inaugurado em 2016 em Cacheu, cidade no norte do país, ponto de chegada dos portugueses à Guiné no século XV e entreposto da rota de escravos do Atlântico.
Ou outros trabalhos relacionados com o meio-ambiente e promoção dos saberes tradicionais.
«Aqui não falamos de um turismo de massas, mas sobretudo de atividades sustentáveis, como ecoturismo», conclui Inês Pestana.
Lusa
Abola.pt
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