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Por LUSA 08/02/22
Um grupo de anciãos muçulmanos da Guiné-Bissau prestou hoje solidariedade ao Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, a quem pediu para "deixar tudo de lado e seguir em frente", disse o porta-voz do grupo, Alanso Faty.
O grupo, composto por cerca de 50 anciãos da comunidade islâmica, deslocou-se ao Palácio da Presidência, em Bissau, para conversar com Umaro Sissoco Embaló "depois do ataque de que foi alvo" no passado dia 01 deste mês, por homens armados ainda por identificar, referiu Faty.
Em declarações aos jornalistas, no final da audiência, o porta-voz destacou que o grupo não se solidariza com Sissoco Embaló, que professa a religião islâmica, "por causa do tribalismo ou da religião".
"Viemos cá no âmbito da comunidade islâmica porque a nossa Constituição da República pede o respeito pelas leis do país. Quem estiver aqui como Presidente é porque obedeceu à lei. Deus recomendou que seja seguido, que os profetas sejam adorados e que respeitemos a autoridade do Estado", observou.
O também deputado no parlamento eleito pelo Movimento para Alternância Democrática (Madem G-15) sublinhou que mesmo que fosse outro cidadão guineense que estivesse no palácio como chefe de Estado teria a mesma manifestação de solidariedade.
"O Presidente que temos aqui foi eleito com voto da maioria da população da Guiné-Bissau, não está cá pelo golpe de Estado, ouvir que ele foi atacado como foi, tínhamos de vir cá solidarizarmo-nos com ele", notou o porta-voz do grupo.
Alanso Faty afirmou que Umaro Sissoco Embaló recebeu o grupo de "bom grado" de quem ouviu um pedido no sentido de "sofrer e deixar tudo de lado, para seguir em frente" como Presidente "de todos os guineenses".
Questionado sobre se o grupo pensa realizar a mesma visita de solidariedade ao primeiro-ministro, Nuno Nabiam, também presente no Palácio do Governo no dia em que Umaro Sissoco Embaló foi atacado, Faty respondeu que tudo irá depender de uma análise a ser feita pelos anciãos da comunidade islâmica.
Homens armados atacaram na semana passada o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro.
O Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado que poderá também estar ligada a "gente relacionada com o tráfico de droga".
O porta-voz do Governo adiantou no sábado, em conferência de imprensa, que o ataque foi feito por militares, paramilitares e que estarão envolvidos elementos dos rebeldes de Casamansa, bem como outras "personalidades", que não especificou.
O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou, entretanto, uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.
Na sequência dos acontecimentos, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou o envio de uma força de apoio à estabilização do país.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.
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