quarta-feira, 18 de julho de 2018

Angola assume em 2020 presidência da CPLP. Candidato português eleito secretário-executivo

O embaixador Francisco Ribeiro Telles com António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa
TIAGO PETINGA/ LUSA

O embaixador Francisco Ribeiro Telles é o próximo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, eleito para um mandato de dois anos, a começar no final de 2019

Angola irá assumir a próxima presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a partir de 2020, anunciou esta quarta-feira o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca. O anúncio foi feito por Jorge Carlos Fonseca numa sessão à porta fechada da XII Cimeira da CPLP, que decorre em Santa Maria, na ilha do Sal, Cabo Verde, e foi tomada por unanimidade, disse à Lusa fonte diplomática.

Nesta cimeira, Cabo Verde assumiu a presidência rotativa da CPLP por dois anos, sucedendo ao Brasil. A presidência cabo-verdiana temrina em 2020, quando vai ser então ser substituída por angola.

Criada há 22 anos, a CPLP tem atualmente nove Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial - cuja adesão, em 2014, criou polémica.

Na terça-feira, no início da XII Cimeira da CPLP, que termina esta quarta-feira, já o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa disse esperar que entre 2020 e 2022 esta comunidade tivesse uma presidência "africana forte", que desse continuidade à atual presidência de Cabo Verde. Questionado sobre a pretensão da Guiné Equatorial de assumir a próxima presidência rotativa, questão que não quis abordar diretamente.

"Eu espero é que haja uma solução que dê continuidade a esta presidência [de Cabo Verde], que é uma presidência forte e que haja, portanto, uma presidência forte. E, muito provavelmente, africana", afirmou.

FRANCISCO RIBEIRO TELLES É O PRÓXIMO SECRETÁRIO EXECUTIVO

O embaixador Francisco Ribeiro Telles, candidato português ao cargo de secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), foi eleito “para um mandato de dois anos, de 1 de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2020”, lê-se no texto.

Na sessão plenária, todos os participantes aplaudiram a eleição do embaixador, que se levantou e agradeceu a saudação. Francisco Ribeiro Telles irá suceder à são-tomense Maria do Carmo Silveira, cujo mandato termina no final deste ano.

Numa declaração durante a sessão plenária, o diplomata português afirmou ser "uma grande honra" ter sido proposto por Portugal para este cargo e de a sua candidatura "ter merecido o apoio dos Estados-membros da CPLP".

"Gostaria de enfatizar o meu compromisso de trabalhar intensamente para afirmar os valores e objetivos da CPLP enquanto plataforma de cooperação solidária e horizontal e de vocação global", afirmou. A CPLP "é uma criação dinâmica que tem a sua história e o seu futuro" e, 22 anos após a sua fundação, "todos temos consciência do muito que já concretizou e do muito que continua por fazer em diferentes domínios", sustentou.

"Regresso hoje aqui a Santa Maria com a satisfação, a responsabilidade e o privilégio de poder servir uma comunidade plural, onde todos somos herdeiros daqueles que ajudaram a fundar as nossas soberanias, a consolidar as nossas independências e a projetar a nossa presença no mundo", declarou o futuro secretário executivo da organização lusófona. "Estamos unidos por uma língua que pertence a todos na diversidade com que a usamos e a enriquecemos", acrescentou.

O diplomata recordou que exerceu funções em Cabo Verde, Angola e Brasil e participou nas negociações para a independência de Timor-Leste e disse ter "a grata satisfação" de conhecer todos os países-membros da CPLP. Portugal assumirá no próximo biénio o Secretariado Executivo da CPLP, que funciona na sede da organização, em Lisboa, na sequência de uma proposta de Portugal.

Segundo a sucessão neste cargo, que decorre normalmente por ordem alfabética, caberia a Portugal assumir o lugar no biénio 2017-2018. A escolha da personalidade que iria suceder ao moçambicano Murade Murargy em 2017-2018 no secretariado executivo da CPLP causou mal-estar na comunidade, depois de alguns países terem invocado a existência de um "acordo de cavalheiros" segundo o qual Portugal abdicava de ocupar este cargo por acolher a sede da organização em Lisboa. Durante uma reunião dos chefes da diplomacia da CPLP em Lisboa, em março de 2016, o Governo português cedeu a vez a São Tomé e Príncipe - o país que se seguiria a Portugal -, ficando desde logo acordado que aquele país africano abdicaria de renovar o mandato, como tradicionalmente acontece.

expresso.sapo.pt

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