82% dos guineenses não gostam do rumo que o seu país está a tomar, e 74% acham que a situação económica da Guiné-Bissau é má ou muito má. Os dados são da sondagem "Vozes do Povo", divulgada esta quarta-feira (18.07) pela organização não-governamental "DEMOS - Centro pela Democracia, Criatividade e Inclusão Social", que revela ainda que grande parte da população deixou de confiar nos políticos.
Miguel Carter, diretor da ONG DEMOS |
A sondagem financiada pela União Europeia (UE) mostra que, se as eleições legislativas fossem agora, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) conquistaria 42% dos votos, o Partido da Renovação Social (PRS) ficaria com 20% e o grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC somaria apenas 3%.
O representante da UE na Guiné-Bissau, Vítor Madeira dos Santos, frisa que cabe agora aos atores políticos melhorar as estatísticas. "Os dados são indicativos e os atores políticos podem lê-los da maneira que quiserem. Agora, eles refletem, sim, e de uma amostragem com uma margem de erro bastante limitada, aquilo que os guineenses fariam se fosse hoje", diz.
Retrato social
Madeira dos Santos considera que o estudo é um instrumento importante para compreender a condição social da população da Guiné-Bissau. "Cerca de 30% dos guineenses não completaram sequer os estudos primários, mas isso é extremamente importante para a compreensão de questões mais complexas que a população não sabia responder", explica.
"Cerca de 50% dos inquiridos tiveram muitas dificuldades em responder o que é a democracia, mas aqueles que responderam sabem bem o que ela representa, e sabem, sobretudo, que não querem viver numa ditadura", acrescenta.
O estudo "Vozes do Povo" é tido como uma pesquisa inédita, ao revelar as opiniões da sociedade guineense como um todo sobre um vasto leque de temas, incluindo a vida pública do país, a qualidade da governação e a sociedade. A pesquisa mostra, por exemplo, que um em cada quatro guineenses tem dificuldades em aceder a comida e metade da população tem problemas no acesso à água, sobretudo no interior do país.
A sondagem baseia-se numa metodologia do Afrobarómetro, que promove sondagens noutros 37 países africanos. A amostra foram 1.200 pessoas, residentes em 150 distritos, distribuídas por todo o território nacional. Os dados foram recolhidos entre 17 de junho e 8 de julho deste ano.
dw.com/pt
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