quinta-feira, 17 de maio de 2018

Umaro El Mokthar Sissoco Embalo - Caros Irmãos e amigos muçulmanos

Fonte: Umaro El Mokthar Sissoco Embalo

1. Chegou novamente o tempo do Ramadão. Nesta ocasião, estou feliz por vos cumprimentar e vos apresentar as minhas felicitações. Durante este mês especial a refeição comum, iftâr, que interrompe o jejum no final do dia, reúne os membros da família e os amigos num clima de alegria.

Frequentemente, algumas pessoas de outras religiões são convidadas a compartilhar este momento de convívio, e está aumentando o costume de cristãos que organizam um iftâr para os próprios amigos muçulmanos. Estes sinais de amizade são dignos de apreço, especialmente neste período em que existem muitas inquietações e tensões no mundo. E é neste espírito de fraternidade que apresento as minhas felicitações pessoais e de todo o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso a todos os muçulmanos no mundo, em particular por ocasião do 'Id al-Fitr, a Festa que conclui o mês do Ramadão.

2. Como é habitual, com esta Mensagem anual, desejo compartilhar convosco algumas reflexões.

Parece-me apropriado que elas se concentrem na necessidade de construir a paz. O meu ponto de partida é uma carta que o Papa João XXIII enviou a todas as pessoas de boa vontade, em 1963, há 40 anos. Esta carta, intitulada Pacem in Terris, "Paz na Terra", propõe considerar a paz como um edifício que se apoia em quatro colunas: Verdade, Justiça, Amor e Liberdade. Cada um desses valores deve estar presente para que existam relações boas e harmoniosas entre os povos e nações.

3. A verdade é a primeira coluna, pois inclui o reconhecimento de que os seres humanos não são donos de si mesmos, mas são chamados a cumprir a vontade de Deus, Criador de todos, que é a Verdade Absoluta. Nas relações humanas a verdade implica a sinceridade, essencial para a confiança recíproca e para um diálogo frutuoso que leve à paz. A verdade conduz ainda cada um a reconhecer os próprios direitos, mas também os próprios deveres em relação aos outros.

4. Além disso, a paz não pode existir sem a justiça, o respeito pela dignidade e os direitos de cada pessoa. A falta de justiça nas relações pessoais, sociais e internacionais é a causa de tanta inquietação no mundo actual e conduz à violência.

5. Todavia, a justiça deve ser temperada com o amor. Isto implica a capacidade de reconhecer que todos nós pertencemos a uma única família humana, e assim ver os nossos semelhantes como nossos irmãos e irmãs. Isto confere a disponibilidade à partilha tanto da alegria quanto do sofrimento. Torna as pessoas sensíveis às necessidades dos outros como se fossem as próprias, e esta empatia leva-as a compartilhar com os outros os próprios dons, não só os bens materiais, mas também os valores intelectuais e espirituais. Além disso, o amor sabe compreender a fraqueza e, dessa maneira, torna-as capazes de perdoar.

O perdão é essencial para reconstruir a paz depois de um conflito, para que se abra a possibilidade de recomeçar, sobre novas bases, uma relação reconstituída.

6. Tudo isto pressupõe a liberdade, uma característica essencial da pessoa. De facto, a liberdade permite às pessoas agir de acordo com a razão e assumir a responsabilidade das próprias acções. Diante de Deus, cada um de nós é responsável pelo próprio contributo à sociedade.

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