É do conhecimento público as diversas ocasiões em que a APU e seu líder foram conotados com a droga. ???
A última dessas ocasiões aconteceu quando das recentes nomeações no Ministério do Interior, em que se pretendia indicar que o Nuno Nabiam estava sob a pressão dos seus parentes Balantas mergulhados na droga, para a recuperação da antiga rede de narcotráfico, liderada supostamente pelo António Indjai. Portanto, o foco do problema político, para Nabiam, não é o programa do Governo, mas as suspeitas do envolvimento deste governo na droga.
É que, para grande surpresa de todos, o país e os políticos têm recebido informações a conta-gotas, ainda não confirmadas nem desmentidas oficialmente, que apontam para um presumível envolvimento do Governo, especialmente do staff restrito do Primeiro-ministro, na importação desta droga que foi apreendida nas últimas semanas.
O mais grave para a APU e para Nuno Nabiam, é que uma das suas pessoas de confiança e da liderança do seu partido, fazem parte desse staff restrito do Gabinete do Primeiro-ministro. E mais perturbante ainda, presume-se que terá sido este dirigente da APU quem assinou o referido passaporte em questão.
É claro que a oposição, aproveitando estes factos políticos, vai fazer e está a fazer uma enorme pressão sobre o Nuno Nabiam, no sentido deste se retirar da coligação que sustenta o Governo do PAIGC e, consequentemente, deixar o governo cair.
O mais estranho de tudo, é que as pessoas que estão a ser acusadas não parecem fazer para se defenderem. Antes pelo contrário, parece que estão a evitar qualquer situação pública que possa leva-los a ter de falar sobre a situação. Aconteceu na Secretaria de Estado das Comunidades, quando o Bacai Sanha recusou sair do seu gabinete para atender as reclamações do Tony Tavares, Chefe de Gabinete na CCIAS.
O grande dilema da APU e para o seu presidente é o seguinte: i) vai sair da coligação e afastar-me destas suspeitas da droga, ou ii) manter-me na coligação e ser conotado com todas as consequências políticas que estão para chegar.
Na minha modesta opinião, acho que o Nuno Nabiam precisa distinguir dois fenómenos que, embora relacionados, são completamente distintos: i) o acordo de coligação e ii) a corrida as presidenciais.
Em relação à manutenção ou não do acordo, acho que devia separar os indivíduos responsáveis pelas suspeitas de envolvimento no negócio da droga, das instituições que sustentam e participam do acordo. Nesta linha, deveria provocar a saída do actual primeiro-ministro e seu staff restrito, incluindo o dirigente da APU, e guardar a coligação com o PAIGC.
Quem toma as decisões são as pessoas, embora em nome das instituições. Portanto, a haver consequências de uma suspeita de envolvimento, elas deveriam recair sobre os responsáveis e não sobre a instituição. Assim sendo, a APU deveria orientar a sua política, no sentido de preservar a coligação e afastar as pessoas suspeitas de envolvimento na droga. Em consequência desta opção política, a APU votaria a favor da queda do Governo, alegando as suspeitas de envolvimento na droga, mas mantinha-se na coligação, donde emergiria um outro governo da mesma coligação (PAIGC/APU).
A segunda opção, aquela que mais interessa aos partidos da oposição, é levar o APU a votar favoravelmente a queda do governo, mas para abandonar a coligação actual e ajudar a formar uma nova maioria.
Apresentando os fatos desta maneira, compreendo o dilema em que se encontra o candidato Nuno Nabiam, que também tem o DSP do PAIGC, como concorrente as eleições presidenciais.
Carlos Costa