quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

"O cérebro está programado para sobreviver. Não para a felicidade"

Depois de vir apresentar o livro ‘Uma Mochila para o Universo’, Elsa Punset regressa a Portugal para apresentar ‘O livro das Pequenas Revoluções’, editado no país no início do mês, pela editora Planeta. O Notícias ao Minuto falou com a escritora e especialista emocional, para perceber o que nos leva, afinal, a não concretizar grande parte daquilo a que nos propomos.
   

É a terceira vez que vem a Portugal. Já não viajava até ao país há quatro anos, mas sente-se sempre em casa quando cá chega: “os latinos são muito parecidos, por isso acredito que os portugueses lidem com as suas emoções básicas da mesma forma que os espanhóis”, considera.

Mas não só aos países vizinhos ‘O livro das pequenas revoluções’ é dedicado. Pelo contrário, foi best seller em vários países, já que as emoções básicas que sentimos são sempre as mesmas. É por isso que “quando escrevemos livros sobre como lidar com as nossas emoções, podemos levá-los a qualquer parte do mundo”.

Também é comum aos vários leitores a ideia de mudança que muitas vezes nos propomos a nós próprios aquando do ano novo. Se não as conquistamos, é porque não treinamos a nossa mente, mas é o meio exterior que culpamos, como se fosse impossível mudar. Pelo contrário, Elsa Punset garante que o ambiente que nos rodeia “tem muito menos relevância do que pensamos” A grande mudança tem de vir de dentro e por isso há que treinar o cérebro como se uma qualquer outra parte do nosso corpo se tratasse.

"O cérebro é muito bom a mudar, mas tal tem de acontecer de maneira consciente

“O cérebro é muito bom a mudar, mas tem de acontecer de maneira consciente, para tal, é preciso treiná-lo diariamente”, começa por explicar. “Se eu disser que quero um corpo tonificado e for ao ginásio apenas uma vez por mês, nada vai acontecer. Tal como nas mudanças físicas, temos de trabalhar a mente todos os dias, ou pelo menos de uma forma regular durante algum tempo antes de o cérebro aprender. Foi por isso que escrevi este livro”.

E tais mudanças são de facto possíveis, ainda que não sejam imediatas. E sobre este aspeto a escritora esclarece que “o cérebro está programado para sobreviver. Não para a felicidade, mas para a sobrevivência. E por isso memorizamos muitos mais os episódios negativos, associados a medo, raiva ou tristeza, em vez de os momentos bons”. Apesar de estarmos sempre alerta para os aspetos negativos, sabe-se hoje que ser feliz e ter uma visão otimista tem um grande impacto nas nossas vidas, emoções, relações e mesmo a própria saúde. Assim se justifica por que razão importa educarmos a nossa mente para os pensamentos mais felizes.

“Somos feitos de hábitos”, frisa. E é mudando estes hábitos, através de pequenas coisas, que conseguimos atingir uma nova vida, a começar pela auto-descoberta. Para facilitar este processo, o livro foi criado como se de uma caixa de ferramentas se tratasse. Cada ritual não ocupa mais do que uma página. “Desta forma, pode tirar uma foto e levá-la consigo ou enviar a um amigo”. Além disso, o livro não requer uma ordem, sendo que a sua leitura “vai depender do que precisa naquele dia”, é como um convite para que “de forma fácil, simples e prática as pessoas comecem a ter domínio sobre a sua mente”, aponta.

"É mudando os hábitos de que somos feitos, através de pequenas mudanças, que conseguimos atingir uma nova vida

Um livro que demorou a escrever e que podia ter demorado ainda mais. “Queria que fossem 500 rituais e não 250, esta era a ideia inicial, mas podiam até ser 2.000. Nunca são demasiadas as formas para se mudar uma rotina”. Com as 250 ‘pequenas revoluções’, Elsa Punset abrange diversos problemas comuns a praticamente todos nós em dado momento das nossas vidas, passando a mensagem de que há várias maneiras de suportar estas mudanças: “apenas sugiro algumas formas e depois cada um segue a sua vida com uma mente muito mais aberta.”

Depois de ‘O Livro das Pequenas Revoluções’, Elsa Punset publicou já um outro (que ainda não se sabe se chegará a Portugal) que encerra este capítulo de escrita. “Queria criar um conjunto de trabalho que fosse útil para as pessoas e, para já, acho que já disse tudo o que tinha para dizer. Espero que seja útil.”


ELSA PUNSET 
NAOM

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