quarta-feira, 20 de março de 2024

ISRAEL/PALESTINA: O Exército israelita disse hoje que já deteve cerca de 600 supostos combatentes de milícias palestinianas dentro do Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, no âmbito das operações que decorrem há três dias na unidade hospitalar.

© Ahmed El Mokhallalati/Reuters

POR LUSA   20/03/24 

Israel afirma ter capturado 600 combatentes no Hospital Al-Shifa em Gaza

O Exército israelita disse hoje que já deteve cerca de 600 supostos combatentes de milícias palestinianas dentro do Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, no âmbito das operações que decorrem há três dias na unidade hospitalar.

O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, indicou que foram identificados 250 dos detidos como membros do Hamas e da Jihad Islâmica, enquanto estão a ser investigadas as ligações dos outros 350 detidos com estes grupos.

"Estamos a falar de muitos membros da Jihad Islâmica, incluindo comandantes de batalhão e membros e responsáveis políticos do Hamas", explicou Hagari num vídeo gravado à entrada do hospital.

O Exército indicou que, nas últimas horas, as suas forças em conjunto com os serviços de informações internas, Shin Bet, detiveram mais de 300 suspeitos na área e localizaram armas em todo o hospital, incluindo metralhadoras, carregadores, morteiros, granadas e lança-granadas RPG.

Nas buscas no hospital, o Exército afirma ter apreendido também dinheiro no valor de 11 milhões de shekels (2,75 milhões de euros) e notas de dólares e dinares jordanos.

Dois dias depois de o Exército israelita ter invadido pela quarta vez o maior hospital da Faixa de Gaza, na manhã de segunda-feira, os militares continuam a ocupar o complexo hospitalar, que afirmam ser usado pelo Hamas para "fins terroristas".

As forças de Telavive alegam que se trata de "parte do esforço para capturar terroristas que se escondem e operam dentro de edifícios hospitalares e que usam a população civil como escudo humano".

Durante a manhã de hoje, Israel também afirmou ter matado cerca de 90 supostos militantes palestinianos e transferido "160 suspeitos para território israelita para posterior interrogatório".

Por outro lado, insistiu que em todas as suas operações militares dentro do Al-Shifa está a evitar danos a "civis, doentes e equipamentos médicos" e disse que na noite de terça-feira forneceu 1.800 litros de água e 3,8 toneladas de alimentos de ajuda humanitária às pessoas refugiadas dentro do hospital.

No entanto, a agência oficial palestiniana Wafa indicou que alguns dos doentes tiveram de abandonar o complexo hospitalar e dirigir-se para o Hospital Baptista, apesar do seu estado de saúde.

O hospital Al-Shifa voltou a funcionar parcialmente no dia 02 de março para cuidar dos feridos na cidade de Gaza, apesar das dificuldades e dos poucos bens médicos, água e alimentos disponíveis, segundo o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada em 07 de outubro com um ataque em solo israelita do movimento islamita palestiniano Hamas, que deixou 1.163 mortos, na maioria civis, levando ainda cerca de 250 reféns, dos quais 130 dos quais permanecem em cativeiro no enclave.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra total para erradicar o Hamas, tendo sido mortas nas operações militares em grande escala mais de 31 mil pessoas, na maioria mulheres e crianças, de acordo com as autoridades locais, controladas pelo grupo palestiniano.

O conflito, que ameaça alastrar a várias regiões do Médio Oriente, fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humana.


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RÚSSIA/UCRÂNIA: Putin planeia ferrovia de 720 quilómetros até à Crimeia

© REUTERS/Turar Kazangapov

Notícias ao Minuto   20/03/24 

O presidente russo diz que a rota servirá como linha de abastecimento para as tropas caso a Ucrânia destrua a ponte Kerch.

Vladimir Putin planeia construir uma ferrovia 720 quilómetros da Rússia à Crimeia  na tentativa de criar uma linha de abastecimento alternativa para as tropas caso a ponte de Kerch seja destruída novamente. 

O presidente russo disse a uma multidão de apoiantes na segunda-feira que iria garantir que a nova ferrovia, que atravessa a Ucrânia ocupada, estaria operacional em breve.

“Acabo de ser informado de que a ferrovia que liga Rostov-on-Don a Donetsk, Mariupol e Berdyansk foi reconstruída”, disse ainda, citado pelo The Telegraph. 

“Continuaremos este trabalho e em breve os comboios irão até à Crimeia, e esta será outra rota alternativa, além da ponte da Crimeia", continuou. 

Ponte de Kerch   © REUTERS/Stringer

A criação da rota ferroviária, disse ainda, fortalecerá a Rússia. "Vai tornar-nos genuinamente mais fortes", afirmou.

Yevgeny Balitsky, chefe das partes ocupadas de Zaporizhzhia nomeado pela Rússia, acrescentou: "Ao construir uma linha ferroviária – mesmo que seja de via única, resolveremos os problemas dos militares. E o mais importante, resolveremos a questão da exportação de cereais, minério de ferro, carvão e outras mercadorias".

A ferrovia seria numa rota que a tornaria menos vulnerável aos bombardeamentos ucranianos.

Recorde-se que a Rússia conquistou áreas do sul e do leste da Ucrânia nos primeiros meses da invasão de 2022, criando uma "ponte terrestre" para a Crimeia.

Mas a Ucrânia atacou e danificou gravemente a ponte de Kerch duas vezes desde a invasão. O tráfego rodoviário e ferroviário através da ponte é frequentemente interrompido pela ameaça de novos ataques.

As autoridades ucranianas já deixaram claro que consideram a ponte um alvo legítimo e que a atacarão sempre que puderem. O último grande ataque à ponte foi em outubro de 2022, deixando-a  parcialmente destruída.

ESTUDO: Vestígios de cocaína nas águas residuais aumentam em 50 cidades europeias

© iStock

POR LUSA   20/03/24 

Um estudo europeu hoje divulgado sobre as águas residuais de 88 cidades revela que em mais de metade (50) os vestígios de cocaína detetados nas estações de tratamento demonstram um aumento da utilização desta droga.

O estudo 'Wastewater analysis and Drugs -- A European multi-city study', publicado pelo grupo europeu SCORE, em colaboração com o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla em inglês), realizado em 24 países (23 da União Europeia + Turquia) e 88 cidades, entre elas as portuguesas Lisboa, Porto e Almada, detetou em análises de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) uma 'tendência crescente' desde 2011 do consumo de cocaína.

Pela primeira vez neste estudo, que analisou amostras diárias de águas residuais durante um período de uma semana, entre março e maio de 2023 e a que a agência Lusa teve acesso, são apresentados dados internacionais fora da União Europeia (UE), como por exemplo do Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia.

Cerca de 55,6 milhões de pessoas foram analisadas para detetar vestígios de cinco drogas estimulantes ilícitas (cocaína, anfetaminas, metanfetaminas, MDMA/ecstasy e cetamina), bem como de canábis.

Juntamente com o aumento constante das deteções de cocaína, o estudo mostra um aumento recente do uso de MDMA/ecstasy, após um quadro misto na análise anterior.

No caso das anfetaminas e da canábis, as análises registaram padrões divergentes, enquanto nas metanfetaminas mais de metade das cidades registam uma diminuição. Apesar de as deteções variarem consideravelmente entre os locais estudados, 'é significativo' que todas as seis drogas ilícitas investigadas tenham sido encontradas em quase todas as cidades participantes, adianta um resumo do estudo.

Em comparação com análises anteriores, verifica-se uma menor divergência nos hábitos de consumo de droga entre cidades grandes e pequenas.

As principais conclusões do estudo apontam que os resíduos de cocaína nas águas residuais continuam a ser mais elevados nas cidades da Europa Ocidental e Meridional (em especial na Bélgica, nos Países Baixos e em Espanha), mas foram também detetados vestígios na maioria das cidades da Europa Oriental, onde se observaram alguns aumentos.

'Das 72 cidades que dispunham de dados para 2022 e 2023, 49 reportaram um aumento, enquanto para 13 cidades não existiu qualquer alteração e 10 outras registaram uma diminuição. Quando comparadas com locais de estudo fora da UE, cidades no Brasil, na Suíça e nos Estados Unidos apresentam níveis de utilização semelhantes aos das cidades europeias com valores mais elevados', adianta o documento.

Quanto às metanfetaminas, com um consumo tradicionalmente concentrado na Chéquia e na Eslováquia, esta substância está agora também presente na Bélgica, no leste da Alemanha, em Espanha, em Chipre, nos Países Baixos e na Turquia e em vários Estados do norte da Europa (Dinamarca, Lituânia, Finlândia e Noruega). Nas 67 cidades com dados relativos a 2022 e 2023, mais de metade (39) reportaram uma diminuição, 15 um aumento e 13 uma situação estável, enquanto nos restantes os valores encontrados foram e muito baixos a negligenciáveis, embora alguns aumentos tenham sido relatados nas cidades do centro e sul da Europa.

No que se refere ao MDMA, das 69 cidades com dados em igual período, 42 comunicaram um aumento nas deteções (principalmente do sul e centro da Europa), 16 uma diminuição (principalmente no norte da Europa) e 11 uma situação estável, com os resíduos mais elevados encontrados em localidades da Bélgica, da Alemanha, da Espanha, França e dos Países Baixos.

Os dados de 2023 referentes à cetamina revelaram níveis relativamente baixos nas águas residuais comunicados por 49 cidades, mas com sinais de aumento em mais de metade destas.

Relativamente à canábis, a substância mais consumida na UE, as cargas mais elevadas foram encontradas nas cidades da Europa ocidental e meridional, em especial na Chéquia, Espanha, Países Baixos e Eslovénia, refere o estudo, explicando que em 2023 foram observadas tendências divergentes (20 das 51 cidades relataram um aumento em comparação com 2022 e 15 uma diminuição).

O diretor do EMCDDA, Alexis Goosdeel, sublinha no resumo do documento que 'a monitorização das águas residuais é um indicador de vanguarda valioso, que permite alertar precocemente para ameaças emergentes para a saúde e para a mudança de tendências'.


ANGOLA: Funcionários públicos angolanos iniciam hoje greve geral

© Lusa

POR LUSA    20/03/24  

Os funcionários públicos angolanos iniciam hoje a primeira fase da greve geral convocada pelas três centrais sindicais, que terá a duração de três dias, reivindicando aumentos salariais e redução dos impostos.

As três centrais sindicais angolanas aprovaram, por unanimidade, uma greve geral interpolada com início a 20 de março e que vai decorrer em três fases, com um primeiro período de três dias entre 20 e 22 de março, outro de sete dias entre 22 e 30 de abril e outros 11 dias entre 03 a 14 de junho de 2024.

Após auscultação aos trabalhadores, a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical - Central Sindical (FS-CS) concluíram que o Governo não respondeu de forma satisfatória ao seu caderno reivindicativo - aumento do salário mínimo, subida dos salários da função pública,  atualização de subsídios e desagravamento dos impostos - e decidiram, em assembleia geral, avançar para uma paralisação total.

As centrais sindicais começaram por exigir o aumento do salário mínimo dos atuais 32.000 kwanzas (35 euros), para 245.000 kwanzas (268 euros), proposta "flexibilizada", entretanto, para 100.000 kwanzas (109 euros), redução do Imposto sobre o Rendimento de Trabalho para 15% e um representante no conselho de administração do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) angolano, "exigências" que dizem terem sido recusadas pelas autoridades em seis rondas negociais.

As centrais sindicais exigem, também, o reajuste do salário da Função Pública, na ordem de 250 por cento, e a redução do Imposto de Rendimento de Trabalho (IRT) em 10 por cento.

O executivo angolano decidiu propor um salário mínimo em função da dimensão da empresa, nomeadamente 48.000 kwanzas (52 euros) para as pequenas empresas, 70.000 kwanzas (76 euros) para médias empresas e 96.000 kwanzas (104 euros) para as grandes empresas, o que foi recusado pelos sindicatos.

Os sindicatos garantem que os serviços mínimos serão cumpridos e mostram-se disponíveis para continuar com as negociações.

O MPLA, partido no poder desde 1975, manifestou-se solidário com os trabalhadores, mas contesta a aplicação de uma tabela salarial que coloque problemas à solvabilidade do Estado e às famílias, alertando para o aumento do desemprego.

O partido que suporta o executivo angolano defende o aumento salarial fracionado no quinquénio do atual mandato com aumentos de 25% ao ano.


Leia Também: Diversificação económica "não acontece de um dia para o outro", diz FMI

Gâmbia quer voltar a legalizar mutilação genital feminina. "Foi a coisa mais dolorosa ver homens a reduzir a nossa dor à influência ocidental"

Mutilação genital feminina (AP)

Por  Joana Azevedo Viana   Cnnportugal.iol.pt

Ao final de oito anos, uma maioria dos deputados gambianos quer reverter a lei que proíbe a excisão feminina no país. O projeto vai agora ser analisado por uma comissão parlamentar, esperando-se uma decisão final dentro de três meses. Especialistas temem que abra caminho à reversão de outras leis, como a que proíbe o casamento infantil

Proibida na Gâmbia desde 2015, a mutilação genital feminina (MGF) pode vir a ser novamente legal no país, depois de uma maioria de deputados ter aprovado um projeto-lei para reverter a ilegalização aprovada há oito anos. A votação teve lugar na segunda-feira, quando os deputados decidiram enviar a proposta para uma comissão parlamentar, na prática adiando a decisão final por pelo menos três meses.

Os ativistas que lutam contra a MGF na nação de 2,64 milhões de habitantes, de maioria muçulmana, temem a reversão de décadas de trabalho para proteger as raparigas e mulheres gambianas de uma prática que continua a ser realidade em pelo menos 92 países – apesar de em 51 deles já estar proibida por lei, apontam dados da ONG Equality Now.

“O projeto-lei foi enviado para a comissão, o que pode ser uma coisa boa e uma coisa má”, disse Jaha Dukureh, fundadora do grupo Safe Hands for Girls, citada pelo Guardian. “A coisa boa a sair daqui hoje é que a MGF continua a ser ilegal na Gâmbia. Enviar o projeto-lei para a comissão significa que temos um bocadinho mais de tempo, mas significa que, em 2024, ainda estamos a debater cortar os genitais das meninas no meu país-natal. [...] Foi a coisa mais dolorosa ver homens a invalidar as nossas experiências e a reduzir a nossa dor à influência ocidental.”

De acordo com um inquérito nacional das autoridades de saúde da Gâmbia, três quartos das raparigas e mulheres do país com entre 15 e 49 anos já foram sujeitas à prática de excisão feminina, que inclui a remoção parcial ou total da genitália externa, muitas vezes às mãos de pessoas sem formação médica e com recurso a instrumentos como lâminas de barbear. 

Segundo a AP, sob a crença errónea de que a MGF controla a sexualidade das mulheres, há relatos de crianças com menos de cinco anos a serem sujeitas ao procedimento, que não raras vezes resulta em perda de sangue abundante e, em última instância, morte – para além do óbvio impacto na saúde sexual e reprodutiva das mulheres.

Do total de deputados, 42 votaram a favor de enviar o projeto-lei para a comissão parlamentar, e apenas quatro votaram contra a medida, defendida pelo deputado Almameh Gibba como um "suporte da lealdade religiosa e salvaguarda das normas e valores culturais” da Gâmbia. Os que se opõem à medida dizem que mutilar a genitália das mulheres contraria as regras islâmicas, com ativistas anti-MGF a sublinharem que a prática não encontra sustento no Alcorão.

Aprovada em 2015 pelo governo do ex-presidente Yahya Jammeh, a proibição prevê multas e penas de prisão para quem praticar MGF, com Jammeh a defender nesse ano que a prática está “obsoleta” e não constitui um pré-requisito sob o Islão. Em agosto do ano passado, três mulheres foram multadas por mutilar oito bebés do sexo feminino, as primeiras a serem condenadas à luz da lei que proíbe a MGF.

Antes do debate e votação de segunda-feira, a relatora especial dos direitos das mulheres em África, da Comissão Africana dos Direitos Humanos, disse estar preocupada que a possível reversão da lei contra a mutilação feminina abra a porta a outras medidas retrógradas na Gâmbia, como acabar com a proibição de casamentos infantis. “Temos de esperar que a sociedade civil fique totalmente galvanizada e defenda vigorosamente [a lei em vigor]”, disse a gambiana Janet Ramatoulie Sallah-Njie.

domingo, 17 de março de 2024

ONU. Comissão defende mercado comum de carbono com África a ditar preços

© Lusa

 POR LUSA   17/03/24 

A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) defendeu hoje um mercado comum de créditos de carbono em que África tenha uma posição forte e consiga preços mais vantajosos face aos praticados noutros continentes.

"É preciso um enquadramento comum relativamente aos acordos sobre créditos de carbono com as empresas privadas", disse o secretário executivo adjunto, António Pedro, defendendo que as nações têm de ser mais assertivas nas negociações com as multinacionais.

No conjunto de recomendações apresentadas no seguimento da conferência dos ministros das Finanças africanos, que decorreu este mês em Victoria Falls, no Zimbabué, a UNECA defende que as nações africanas devem ter um posicionamento comum sobre créditos de carbono, com os países a terem uma palavra mais forte na definição do preço, que ronda os 10 dólares por tonelada, quando na Europa é dez vezes mais.

África é um continente que tem potencial para gerar cerca de 30% dos créditos de carbono a nível mundial, mas continua no fundo da escala de compensação, recebendo apenas 10% do que o valor praticado na Europa, lamentou o responsável.

Cada crédito de carbono representa uma tonelada de emissões de dióxido de carbono, prejudiciais ao ambiente, que deixa de ser emitida ou é compensada por investimentos verdes, que são comprados por países ou empresas emitentes para compensar a poluição criada pelas suas atividades económicas.

De acordo com a UNECA, o comércio global deste setor deverá chegar perto de um bilião de euros nos próximos 15 anos, segundo as previsões dos analistas.

A defesa de uma posição comum africana nestes créditos foi um dos tópicos abordados pelos ministros das Finanças que se reuniram no Zimbabué no princípio do mês, numa reunião em que reconheceram que também é preciso uma voz unificada na definição das metas da reforma da arquitetura do sistema financeiro global.

"Nós, ministros africanos das Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, defendemos que os países devem desenvolver instrumentos e instituições que possam ultrapassar o défice de mecanismos de financiamento do desenvolvimento e da tecnologia e advogamos pela reforma da arquitetura financeira global, para que seja eficaz e sirva as prioridades de desenvolvimento de África", lê-se no comunicado final da reunião.

Reconhecendo que boa parte das metas da Agenda 2063 não foram cumpridas na primeira década, os ministros salientam que África precisa de mais 1,6 biliões de dólares, cerca de 1,4 biliões de euros, até 2030 para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

"Construir economias verdes inclusivas em África não é simplesmente uma anedota, mas um imperativo urgente que exige a nossa ação concertada", disse o secretário executivo e sub-secretário-geral da UNECA, Claver Gatete, salientando também que a criação de mercados de créditos de carbono mais estruturados e um novo modelo de funcionamento dos mercados financeiros será fundamental para resolver o problema da dívida excessiva.

A média do rácio da dívida pública sobre o PIB nos países da região subiu de menos de 40%, entre 2010 e 2014, para 56,4% entre 2015 e 2019, tendo chegado a praticamente 70,5% em 2020, de acordo com os dados apresentados na reunião da UNECA, cujo próximo encontro será em março de 2025, em Adis Abeba.


Nigéria: 16 soldados mortos numa operação para acabar com confrontos entre duas comunidades

Tropas da Nigéria junto de escolas em Kuriga, Kaduna, Nigeria, 9 março 2024
Por  VOA Português  

Em causa conflitos pela propriedade de terras

ABUJA — Na Nigéria, 16 soldados foram mortos quando realizavam uma operação para parar confrontos entre duas comunidades no Estado de Delta.

O anúncio foi feito neste sábado, 16, no sul, pelo porta-voz do exército, acrescentando que as tropas destacadas na região de Bomadi “foram cercadas por alguns jovens da comunidade e mortos na quinta-feira".

"A equipa de reforço... também foi atacada, levando à morte do comandante, dois majores, um capitão e 12 soldados", disse o brigadeiro-general Tukur Gusau num comunicado.

Os soldados “responderam a um pedido de socorro” após problemas entre as comunidades de Okuama e Okoloba.

Ainda de acordo com o comunicado "o Chefe do Estado-Maior da Defesa, General Christopher Gwabin Musa, dirigiu a investigação e a prisão imediata dos envolvidos no crime hediondo".

Até agora, algumas prisões foram feitas enquanto medidas são tomadas para desvendar o motivo do ataque.

Informações da mídia local revelam que as duas comunidades mantêm um conflito sobre a propriedade da terra nas últimas semanas, que já deixaram várias pessoas mortas.

C/AFP

África subsaariana tem 5 mil milhões de dívida para pagar este ano

© iStock

POR LUSA   16/03/24 

Londres, 16 mar 2024 (Lusa) - Os países da África subsaariana vão ter de pagar cerca de 5 mil milhões de dólares de dívida vencida este ano, um valor que aumenta para 6 mil milhões no próximo ano, fomentando o regresso aos mercados internacionais.

De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, os países da África subsaariana, incluindo Angola, terão de pagar 4,6 mil milhões de euros em dívida que vence este ano, um valor que vai aumentar para 5,5 mil milhões de euros no próximo ano.

No caso de Angola, a Bloomberg escreve que este país lusófono terá de pagar uma dívida de 864 milhões de dólares (793 milhões de euros) no final do próximo ano, o que encoraja as autoridades a voltarem aos mercados para sustentar este pagamento, num contexto de degradação das condições económicas internas, mas de melhoria das condições de financiamento nos mercados internacionais.

A análise da Bloomberg surge poucos dias depois de o Ministério das Finanças de Angola ter anunciado que pretende fazer uma emissão de dívida em moeda estrangeira, precisando que o processo usado será o de 'bookbuilding', ou seja, avaliação prévia do interesse do mercado.

O comunicado datado de 7 de março anuncia que o executivo "pretende realizar uma emissão de Títulos do Tesouro Nacional em Moeda Externa, no âmbito da estratégia de fomento do mercado de títulos públicos".

A operação é aberta a todos os interessados, anuncia, sem adiantar datas nem montantes, especificando aliás que o formato será o de 'Bookbuilding', um processo que serve para avaliar junto do mercado o interesse pelos títulos que quem emite quer colocar.

As maturidades serão de sete e dez anos, com vencimentos em outubro e novembro de 2031, e julho e dezembro de 2034, respetivamente, e os títulos a emitir pagarão cupões numa base semestral, detalha-se ainda na nota.

"A enfraquecida posição externa de Angola vai obrigar o país a ir aos mercados para pagar o título de 864 milhões de dólares que vence no final de 2025", escreve a Bloomberg, notando que "as receitas caíram, diminuindo o atual excedente da balança corrente em um terço, e os pagamentos de dívida à China recomeçaram em 2023", depois do final da iniciativa de suspensão do serviço da dívida, criada no contexto da pandemia para ajudar os países a enfrentarem o aumento das despesas com a saúde.

O anunciado regresso de Angola aos mercados segue o exemplo de vários países da região que voltaram e emitir dívida pública desde o princípio do ano, num movimento iniciado pela Costa do Marfim e seguido já pelo Benim e Quénia, a que se deverão juntar Nigéria, Angola, África do Sul e Gabão, conclui a Bloomberg.


Leia Também: Crise climática vai piorar conflitos, sobretudo em África, diz relatório

sábado, 16 de março de 2024

África subsaariana tem 5 mil milhões de dívida para pagar este ano

© iStock

POR LUSA   16/03/24 

Londres, 16 mar 2024 (Lusa) - Os países da África subsaariana vão ter de pagar cerca de 5 mil milhões de dólares de dívida vencida este ano, um valor que aumenta para 6 mil milhões no próximo ano, fomentando o regresso aos mercados internacionais.

De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, os países da África subsaariana, incluindo Angola, terão de pagar 4,6 mil milhões de euros em dívida que vence este ano, um valor que vai aumentar para 5,5 mil milhões de euros no próximo ano.

No caso de Angola, a Bloomberg escreve que este país lusófono terá de pagar uma dívida de 864 milhões de dólares (793 milhões de euros) no final do próximo ano, o que encoraja as autoridades a voltarem aos mercados para sustentar este pagamento, num contexto de degradação das condições económicas internas, mas de melhoria das condições de financiamento nos mercados internacionais.

A análise da Bloomberg surge poucos dias depois de o Ministério das Finanças de Angola ter anunciado que pretende fazer uma emissão de dívida em moeda estrangeira, precisando que o processo usado será o de 'bookbuilding', ou seja, avaliação prévia do interesse do mercado.

O comunicado datado de 7 de março anuncia que o executivo "pretende realizar uma emissão de Títulos do Tesouro Nacional em Moeda Externa, no âmbito da estratégia de fomento do mercado de títulos públicos".

A operação é aberta a todos os interessados, anuncia, sem adiantar datas nem montantes, especificando aliás que o formato será o de 'Bookbuilding', um processo que serve para avaliar junto do mercado o interesse pelos títulos que quem emite quer colocar.

As maturidades serão de sete e dez anos, com vencimentos em outubro e novembro de 2031, e julho e dezembro de 2034, respetivamente, e os títulos a emitir pagarão cupões numa base semestral, detalha-se ainda na nota.

"A enfraquecida posição externa de Angola vai obrigar o país a ir aos mercados para pagar o título de 864 milhões de dólares que vence no final de 2025", escreve a Bloomberg, notando que "as receitas caíram, diminuindo o atual excedente da balança corrente em um terço, e os pagamentos de dívida à China recomeçaram em 2023", depois do final da iniciativa de suspensão do serviço da dívida, criada no contexto da pandemia para ajudar os países a enfrentarem o aumento das despesas com a saúde.

O anunciado regresso de Angola aos mercados segue o exemplo de vários países da região que voltaram e emitir dívida pública desde o princípio do ano, num movimento iniciado pela Costa do Marfim e seguido já pelo Benim e Quénia, a que se deverão juntar Nigéria, Angola, África do Sul e Gabão, conclui a Bloomberg.


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Faladepapagaio.blogspot.com está em uma situação muito difícil, mas, Insha'Allah, não vamos desistir ☝

Faladepapagaio

quinta-feira, 14 de março de 2024

Greve dos jornalistas: “A situação é de emergência” e o Governo “tem de perder o pudor de ajudar sem interferir nos conteúdos editoriais”

Por  Miguel Sousa Tavares  tvi.iol.pt

Miguel Sousa Tavares analisou a greve dos jornalistas na 5.ª Coluna, rubrica do Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal). O antigo jornalista lembrou que “como em todas as profissões, se não se consegue viver do jornalismo não se pode fazer bom jornalismo”.

“Entendo perfeitamente e apoio as razões da greve dos jornalistas”, assegurou Sousa Tavares, referindo que, no seu entendimento, o Governo deve tomar medidas perante a crise na imprensa..

MINISTÉRIO DO INTERIOR E DA ORDEM PÚBLICA - DESPACHO № 12/GMIOP/2024


O Médico Nefrologista guineense, Fidalgo Raúl Ferreira, lamenta e alerta para o aumento de problemas de Rins nos últimos anos na Guiné-Bissau.


Por: Sulai Seide  Rádio Capital Fm   14.03.2024

Cerimônia funebre de agente policial da 7ª esqurada, que foi brutalmente assassinado a facada durante a patrulha.

 Radio Voz Do Povo 


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PR visita obras e, aproveita para efetuar passeata.


 Radio Voz Do Povo 

PAPA FRANCISCO: "Hipótese distante". Papa diz não ter "razões sérias" para renunciar

© REUTERS/Guglielmo Mangiapane

Notícias ao Minuto   14/03/24 

Aos 87 anos, a saúde de Francisco tem vindo a deteriorar-se. Entre gripes, constipações e crises de bronquite, o Sumo Pontífice já foi obrigado a cancelar a sua agenda por diversas vezes.

O Papa Francisco assegurou não ter intenções de renunciar ao cargo, uma vez que, na sua ótica, não tem "razões suficientemente sérias" para o fazer.

"É uma hipótese distante, porque não tenho razões suficientemente sérias para me fazer pensar em desistir", adiantou Sua Santidade, no seu novo livro ‘Life: My Story Through History’ [‘Vida: A minha história pela história’, em tradução livre], cujos excertos foram publicados esta quinta-feira pelo jornal italiano Corriere della Sera e citados pela agência Reuters.

Aos 87 anos, a saúde de Francisco tem vindo a deteriorar-se. Entre gripes, constipações e crises de bronquite, o Sumo Pontífice já foi obrigado a cancelar a sua agenda por diversas vezes, além de, ultimamente, fazer uso de uma cadeira de rodas ou de uma bengala para se movimentar.

De qualquer modo, o Papa indicou, nesta sua nova obra que será publicada em italiano e em inglês a 19 de março, que goza "de boa saúde e, se Deus quiser, ainda há muitos projetos a realizar". Por isso, justificou que só pensará em renunciar caso tenha um "grave impedimento físico".

Além disso, Francisco defendeu mais uma vez a sua decisão de permitir que casais do mesmo sexo ou em união de facto sejam abençoados, argumentando que a Igreja Católica tem o dever de acolher todos.

"Deus ama todos, especialmente os pecadores", disse.

Por outro lado, o Papa reiterou a sua condenação ao aborto e ao recurso a barrigas de aluguer, tendo salientando que o seu foco nos mais pobres e marginalizados não o torna um comunista ou marxista.

Recorde-se que o antecessor de Francisco, Bento XVI, foi o primeiro Papa a deixar o cargo em cerca de 600 anos. O antigo Sumo Pontífice renunciou em fevereiro de 2013, aos 85 anos, e morreu cerca de 10 anos depois, aos 95 anos.



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Família Mbatonha acusa CMB, de abuso de poder e venda ilegal do espaço e ameaça utilizar meios legais para resolver o problema


 Radio TV Bantaba

Conferência de imprensa da UNTG, liderado pelo Laureano Pereira da Costa


 Radio TV Bantaba 

DECRETO №_ 2024 - (Que instituiu o dia 15 de março Como dia de Cidade ou Municípiode Bissau)

 




COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS _14 de março de 2024

 

DMITRY MEDVEDEV: Fim da guerra? "A única saída é construir a nossa própria fórmula russa"

© Getty Images

Notícias ao Minuto   14/03/24 

Dmitry Medvedev sugeriu a formação de órgãos de governo temporários que decidiriam "sobre o pagamento de todas as indemnizações devidas à Rússia" e que, de seguida, reconheceriam todo o território da Ucrânia como "um território da Federação Russa". 

O ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev, considerou inviável a "fórmula de paz" de Kyiv, propondo uma solução completamente diferente, tendo publicado o seu 'contra plano' de sete pontos no canal Telegram.

De acordo com Medvedev, no seu canal, citado pela Tass, o conflito na Ucrânia só pode ser travado "com base no reconhecimento das realidades", considerando a "fórmula de paz" de Kyiv "acéfala". "A única saída é construir a nossa própria fórmula russa - uma fórmula pacífica e bastante realista. Uma fórmula que seja humana para todos", esclareceu.

As exigências da Rússia, segundo o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, podem incluir a "rendição completa e incondicional da antiga Ucrânia representada pelo grupo neonazista de Kyiv", "o reconhecimento por um parlamento provisório da antiga Ucrânia de que todo o seu território é território da Rússia", bem como "o reconhecimento pela ONU de que a Ucrânia perdeu a sua 'autoridade legal internacional'".

Em conclusão, Medvedev sugeriu a formação de órgãos de governo temporários que decidiriam "sobre o pagamento de todas as indemnizações devidas à Rússia" e que, de seguida, reconheceriam todo o território da Ucrânia como "um território da Federação Russa". 

"Esta é a fórmula de paz suave da Rússia. Penso que se pode procurar um consenso benevolente com base neste tipo de acordo, contando com a compreensão mútua dos nossos amigos mais próximos - os nossos parceiros ocidentais", sugeriu.

Recorde-se que o plano de paz elaborado pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem 10 pontos que Kyiv considera serem indispensáveis para aceitar um entendimento com Moscovo. O plano exige, entre outras coisas, a retirada das tropas russas e a cessação das hostilidades, a libertação de prisioneiros e deportados e a confirmação do fim da guerra.



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Agência Internacional de Energia Atómica não acredita que Rússia recorra a armas nucleares

O diretor da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi. EFREM LUKATSKY

SIC Notícias  14/03/2024

Numa entrevista, Vladimir Putin disse que o país está pronto para uma guerra nuclear, no entanto a AIEA diz não ver condições para o uso de armas nucleares na Ucrânia, pelo menos por agora.

O chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, disse que não acredita que a Rússia vá recorrer ao uso de armas nucleares na guerra na Ucrânia.

"Acho que não vemos no momento condições para o uso de armas nucleares na guerra na Ucrânia. No momento, pelo menos", disse Rafael Grossi em declarações citadas pela agência de notícias russa TASS, após as ameaças de Vladimir Putin.

Ainda segundo a TASS, o líder da Agência Internacional e o Presidente russo discutiram o programa nuclear iraniano.

A aproximação crescente da Rússia e do Irão tem feito crescer as preocupações da comunidade internacional.

Sabe onde fica o mar mais pequeno do mundo?

O título pertence à Turquia, mas pode mudar de mãos em breve. O Mar de Marmara tem cerca de 11 quilómetros quadrados e a Croácia reclama ter um mar com metade do tamanho.

Chama-se Mar de Karin e fica perto de Zadar. A candidatura vai ser apresentada em junho. Se for aceite, a Croácia transforma-se num recordista de "miniaturas", uma vez que já tem os títulos de cidade e rio mais pequenos do mundo.

@SIC Notícias

PAIGC em conferência de imprensa sobre a situaçāo politica na Guiné-Bissau.

 Radio Voz Do Povo 

Curiosidade: A Mesma Mulher? ...falsos pastores??

 

Fonte: Uncle Jay Comedy

COREIA DO NORTE: Kim Jong-un a conduzir um tanque de guerra? Aconteceu (e há imagens)... O líder norte-coreano considerou que os novos tanques do país são os "mais poderosos".

© KCNA via REUTERS

Notícias ao Minuto  14/03/24 

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, testou novos tanques de guerra desenvolvidos pelo país no âmbito de exercícios realizados na quarta-feira.

O momento em que o Jong-un se ‘juntou’ ao exército foi captados pelas agências de notícias, e é possível ver o líder dentro de um tanque de guerra, assim como acompanhado por membros do exército.

O treino acontece numa altura em que se realizam exercícios conjuntos entre a ‘irmã’ Coreia do Sul e os Estados Unidos – ações que que Pyongyang vê como ensaios para uma eventual invasão no seu território.

Segundo a Agência de Notícias Central Coreana (KCNA), os exercícios militares a norte serviram para mostrar as capacidades dos novos tanques desenvolvidos pelo país, instrumentos que Jong-un considerou serem “os mais poderosos”.

A agência estatal norte-coreana dá ainda conta de que durante os exercícios houve uma simulação de batalha em que houve disparos – tal como se pode ver nas imagens.

Já o ministério da Defesa do país tinha dito que iria levar a cabo “atividades militares responsáveis” em resposta aos exercícios feitos por Washington e Seul, que terminam esta quinta-feira.

Índice de Desenvolvimento Humano da ONU revela aumento dramático das desigualdades entre ricos e pobres

Escola ao ar livre debaixo de uma árvore, Benguela, Angola (Foto de Arquivo)

VOA Português   14/03/2024

Cabo Verde é o país lusófono em África melhor colocado, seguido de São Tomé e Angola, todos no grupo de desenvolvimento huamano médio, Guiné-Bissau e Moçambique são de desenvolvimento baixo.

NOVA IORQUE — O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) a nível mundial está em recuperação, mas esse desempenho tem sido parcial, incompleto e desigual.

A conclusão é do estudo “Rompendo o Impasse: Reimaginando a cooperação num mundo polarizado", 2023-2024, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), nesta quarta-feira, 13, que conclui que a distância é ainda maior entre países ricos e pobres e alimenta a polarização política.

O documento analisa o Produto Nacional Bruto per capita, a educação e a expetativa de vida em 191 países.

No quadro geral do IDH, Cabo Verde é o país africano de língua portuguesa melhor colocado, 131, no grupo dos países com desenvolvimento médio, no qual encontram-se também São Tomé e Príncipe, em 141, Angola, 150.

Moçambique continua a ser o pior colocado, ao ocupar o lugar 183, no grupo de desenvolvimento baixo, mas o documento diz que é o único lusófono em África que não desceu em relação à posição ocupada no estudo antetior.

A Guiné-Bissau está na posição 179 e também integra a categoria de países de desenvolvimento baixo.

A nível global, Portugal é o único lusófono no grupo dos países com desenvolvimento humano muito alto, ao ocupar a 43a. posição, enquanto o Brasil está na categoria de países com desenvolvimento humano alto, no lugar 83.

Timor-Leste está no grupo dos países com desenvolvimento humano baixo (155).

Nos três primeiros lugares do IDH estão Suíca, Noruega e Islândia e na cauda encontram-se Somália, 193, Sudão do Sul, 192, e República Centro-Africana, 191.

Os Estados Unidos ocupam o lugar 17o., no grupo dos países com desenvolvimento humano muito alto.

Quadro mundial preocupante, com mais desigualdade

Na análise do IDH a nível mundial, o PNUD conclui que "os países ricos registram níveis recorde de desenvolvimento humano, enquanto metade dos países mais pobres do mundo retrocedeu, permanecendo abaixo do nível de progresso anterior à crise da Covid-19".

Neste cenário, quase 40% do comércio mundial de bens está concentrado em três ou menos países.

O relatório argumenta que o avanço da ação coletiva internacional é dificultado por um emergente “paradoxo da democracia”.

Embora nove em cada 10 pessoas em todo o mundo apoiem a democracia, mais da metade dos entrevistados expressaram apoio a líderes que poderiam prejudicar a ordem democrática, segundo relatório, que justifica a sua conclusao com o fato de que "governos populistas têm taxas de crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, mais baixas".

"Quinze anos após a posse de um governo populista, o PIB per capita é considerado 10% menor do que seria em um cenário de governo não populista", lê-se no documento que revela um “sentimento de impotência”, pois 68% das pessoas relatam que consideram ter pouca influência nas decisões do seu Governo.

"Nova geração dos bens públicos globais”

Os autores argumentam que essa tendência, somada à polarização alimenta abordagens políticas “voltadas para dentro”.

O relatório sublinha que a “desglobalização” não é viável nem realista no mundo de hoje e ressalta que nenhuma região está perto da autossuficiência, "uma vez que todos dependem de importações de outras regiões de 25% ou mais de pelo menos um tipo importante de bens e serviços".

O PNUD apela por uma “nova geração dos bens públicos globais”, composta por quatro eixos: "o planetário, para estabilidade climática, o digital, para a equidade no acesso a novas tecnologias, o financeiro, para fortalecer a assistência humanitária e o desenvolvimento, bem como a redução da polarização e desinformação".

Ao apresentar o relatório, o secretário-geral da ONU afirmou que o mundo vive uma “era de polarização” que afasta a possibilidade de cooperação em temas urgentes como resolução de conflitos e crise climática e tem um “impacto devastador no desenvolvimento sustentável”.

“Fracasso da ação coletiva”

António Guterres disse que o documento revela que a “melhor esperança para o futuro é combater a retórica divisionista e destacar objetivos comuns que unem a grande maioria das pessoas em todo o mundo”.

Por seu lado, o administrador do PNUD, apontou o “fracasso da ação coletiva” para fazer avançar o combate à pobreza e sublinhou que as desigualdades “não só prejudicam o desenvolvimento humano, mas também agravam a polarização e corróem ainda mais confiança nas pessoas e instituições em todo o mundo”.

Achim Steiner apontou que “num mundo marcado pela crescente polarização e divisão, negligenciar o investimento mútuo representa um grave ameaça ao nosso bem-estar e segurança" e concluiu que "as abordagens protecionistas não podem resolver o problema complexo, desafios interligados que enfrentamos, incluindo a prevenção de pandemias, as alterações climáticas e a regulamentação”.