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POR LUSA 26/10/23
A Rússia perdeu cerca de cinco mil soldados nas últimas duas semanas junto às localidades de Avdiivka e Maryinka, no leste da Ucrânia, afirmaram hoje as forças ucranianas, indicando que alguns militares de Moscovo recusam-se a lutar.
"Desde 10 de outubro, o inimigo perdeu mais de cinco mil pessoas nos setores Avdiivka e Maryinka, entre mortos e feridos [em combate]. Também podemos dizer que o número de veículos blindados [russos perdidos] se aproxima de 400", disse o porta-voz das forças de defesa ucranianas, Oleksandr Stupun, citado pelo diário digital independente Euromaidan.
Stupun afirmou que as forças russas estão a tentar retirar e redistribuir reservas de outras áreas e dirigi-las para o setor de Avdiivka, na província de Donetsk, mas, em particular, os combatentes das unidades Storm-Z, referiu o porta-voz, recusam-se a lutar.
"O inimigo continua a empurrar a infantaria para a frente -- eles já não estão muito ansiosos para avançar -- estão a ser registados incidentes de recusa, particularmente por elementos da 'Storm-Z', e motins estão a começar em algumas unidades", descreveu Oleksandr Stupun que, no dia anterior, indicara que as investidas russas diminuíam à medida que se reagrupavam e tentavam progredir.
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede em Washington, e que monitoriza a evolução da situação militar na Ucrânia, as tropas russas continuavam a conduzir operações ofensivas perto de Avdiivka na quarta-feira e registaram avanços.
Nesse mesmo dia, foram divulgadas declarações do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, durante uma inspeção a um posto de comando no leste da Ucrânia, afirmando que o seu exército está a esgotar as forças armadas ucranianas
"A situação atual mostra que o inimigo tem cada vez menos oportunidades. E estas continuarão a ser reduzidas graças aos seus excecionais esforços de combate", afirmou Shoigu aos soldados na região de Donetsk, segundo o Ministério da Defesa, que não indicou a data da visita do dirigente russo.
Forçado a uma série de retiradas no norte, nordeste e sul da Ucrânia em 2022, o exército russo concentrou-se na fortificação das linhas defensivas e resistiu aos esforços ucranianos para libertar os territórios ocupados desde junho.
A visita de Shoigu, a primeira desde agosto, ocorre quando Moscovo tenta a sua própria ofensiva e pretende conquistar a cidade de Avdiivka.
As autoridades ucranianas afirmaram na terça-feira que cerca de mil civis permaneciam em Avdiivka e ordenaram-lhes que abandonassem a cidade.
"Devido ao agravamento da situação, o número de pessoas dispostas a deixar Avdiivka e cidades próximas aumentou. É mortalmente perigoso permanecer lá, porque os foguetes russos destroem casas todos os dias e enterram civis sob os escombros", escreveu o ministro do Interior ucraniano, Ihor Klymenko, na plataforma Telegram.
Também na terça-feira, Mykhailo Podolyak, conselheiro do Gabinete do Presidente da Ucrânia, disse que as forças ucranianas continuavam a resistir às fortes investidas russas na região de Donetsk e que a batalha de Avdiivka era decisiva.
"Houve muitas, mas penso que esta [Avdiivka] é uma das mais importantes. Na minha opinião, é a última tentativa da Rússia de tomar a iniciativa na frente", disse o conselheiro, em declarações à agência UNIAN.
A "defesa ativa", tal como definida pelo Presidente russo, Vladimir Putin, transformou-se numa ofensiva geral em Avdiivka, que até ao momento não conseguiu superar as fortificações construídas pelos ucranianos nos últimos oito anos.
A chegada do outono, acompanhada de chuva e humidade, dificulta o avanço das brigadas motorizadas, e facilita o trabalho defensivo dos ucranianos em Donetsk.
"Os combates em Avdiivka são extremamente difíceis. O número de vítimas do lado russo excede tudo o que se possa imaginar, assim como a quantidade de armas que estão a ser destruídas", observou Podolyak.
O chefe da administração militar ucraniana na área, Vitali Barabash, confirmou na terça-feira que "os russos estão a mobilizar grandes forças de infantaria e blindados".
"As perdas são brutais, mas isso não os impede. O assalto continua. Avançam como loucos, caem às dezenas e depois de um tempo voltam. São muitos", comentou.
Segundo o diário norte-americano The Wall Street Journal, os russos estão a cavar túneis de quase 100 metros de comprimento para evitar que sejam detetados.
No entanto, 'bloggers' militares russos admitem que os campos minados ucranianos são atualmente impenetráveis para as unidades russas.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).