© LusaPOR LUSA 01/06/23
O problema da falta de parte da verba prometida pela CEDEAO para apoiar as eleições legislativas de domingo na Guiné-Bissau já foi ultrapassado, anunciou hoje o chefe da missão de observadores daquela organização regional, Jorge Carlos Fonseca.
"Segundo as informações que obtive há pouco, é um problema que já está ultrapassado, há sempre outros problemas que vão sendo resolvidos, mas esse problema financeiro está resolvido", disse o ex-presidente de Cabo Verde, em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.
O chefe da missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), referiu, no entanto, que há outras questões por resolver como "alguns problemas logísticos" ou um problema de voto antecipado de militares e de forças de segurança, "mas que também estará ultrapassado".
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) marcou para hoje uma reunião para esclarecer as eventuais alterações ao processo de votação dos militares e das forças de segurança.
Jorge Carlos Fonseca considerou ainda que a questão da legitimidade da CNE, cujo presidente foi nomeado presidente do Tribunal Supremo, "foi muito bem resolvida", tendo sido nomeado um secretário-executivo "que será uma espécie de presidente interino que fará as vezes de presidente da CNE" e esta solução foi aceite pelos partidos políticos, "o que quer dizer que não vai haver problema na proclamação dos resultados".
Questionado sobre as preocupações manifestadas pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de interferência do Presidente na campanha a favor do partido que ajudou a fundar, o Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15), o ex-presidente de Cabo Verde escusou-se a comentar, alegando que está no país como "chefe de uma missão de observação eleitoral".
"Iremos pronunciar-nos sobre aquilo que a gente viu, observou, mas as questões sobre a atuação política do Presidente da República, dos membros do Governo, isso não nos cabe fazer", disse, acrescentando que como cidadão pode ter a sua opinião, mas que não lhe cabe "fazer análises, comentários sobre o funcionamento do sistema de Governo" num país que nem sequer é o seu.
Sobre se estão reunidas as condições para a realização das eleições, Jorge Carlos Fonseca considerou que sim.
"Acho que sim, porque senão não viria cá, sou otimista por natureza, sou antigo chefe de Estado de um país irmão da Guiné-Bissau, nós queremos ajudar na medida das nossas possibilidades para que o processo eleitoral decorra bem, de forma pacífica, que não haja violência, de forma justa e transparente, tendo em conta as limitações que o país tem", disse.
A CEDEAO tem no país um grupo de 15 elementos da missão de longa duração, a que se juntou agora mais uma missão de 60 pessoas da missão de curta duração.
No total, segundo a CNE, estarão no país cerca de 200 observadores eleitorais.
O Presidente guineense recebeu também em audiência o chefe da missão de observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros timorense Alberto Carlos, e prevê receber o líder da missão da União Africana, Joaquim Chissano.
A porta-voz da CNE, Felisberta Moura Vaz, disse na quarta-feira que aquele órgão estava ainda a aguardar a disponibilização de 300 milhões de francos CFA (457 mil euros) do financiamento total prometido pela CEDEAO para as legislativas de domingo, mas garantiu não estar em causa a realização das eleições.
Esta verba, disse, servirá para "financiar a operação eleitoral", nomeadamente para "pagar às pessoas que vão trabalhar no terreno".
Perto de 900 mil eleitores estão recenseados para votar nas legislativas de domingo, a que concorrem 20 partidos e duas coligações.
A campanha eleitoral termina na sexta-feira.