O PAM APELA À AÇÃO NO DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO PARA EVITAR MAIS UM ANO HISTÓRICO DE FOME
Bissau – O mundo está em risco de mais um ano de fome sem precedentes à medida que a crise alimentar global continua a levar ainda mais pessoas à deterioração dos níveis de insegurança alimentar aguda, adverte o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) no apelo a uma ação urgente para enfrentar as causas profundas da crise atual em vésperas do Dia Mundial da Alimentação, que se assinala a 16 de outubro.
"Estamos perante uma crise alimentar mundial sem precedentes e todos os sinais sugerem que ainda não assistimos ao pior. Nos últimos três anos, os números da fome têm atingido repetidamente novos picos. Deixem-me ser claro: as coisas podem e vão piorar a menos que haja um esforço em grande escala e coordenado para enfrentar as causas profundas desta crise. Não podemos ter mais um ano de fome sem precedentes", disse o Diretor Executivo do PAM, David Beasley.
A crise alimentar global é uma conjunção de crises concorrentes - causadas por choques climáticos, conflitos e pressões económicas - que tem continuado a aumentar o número de pessoas gravemente inseguras em todo o mundo, incluindo na Guiné-Bissau. Mais de 9 porcento dos Guineenses necessitam de assistência alimentar imediata, particularmente nas regiões de Gabu (31%), Oio (27,6%), e Bafatá (18,4%).
Com base no tema deste ano para o Dia Mundial da Alimentação - "Não deixar ninguém para trás" - o PAM apela a um esforço coordenado entre governos, instituições financeiras (IFI), sociedade civil, sector privado, e outros parceiros para mitigar uma crise alimentar ainda mais grave em 2023. Isto inclui o reforço das economias nacionais, sistemas de proteção social, e sistemas alimentares regionais e domésticos - à velocidade e à escala.
Na Guiné-Bissau, os planos de trabalho assinados em 2022 com os ministérios responsáveis pela agricultura, saúde e proteção social permitem que um quadro de coordenação e sinergia se torne crítico para uma resposta eficaz à atual crise alimentar exacerbada pela crise na Ucrânia.
“Estamos comprometidos a continuar a trabalhar com as autoridades e parceiros de desenvolvimento na Guiné-Bissau para garantir que todos os Guineenses, sem exceção, tenham acesso a alimentos saudáveis e seguros”, afirmou o Representante e Diretor do PAM na Guiné-Bissau, João Manja.
“Em consonância com isso, estamos a desenvolver um novo programa de atividades mais abrangente e inclusivo para os próximos cinco anos, onde por exemplo, pretendemos continuar a impulsionar o programa de compra de produtos locais para abastecimento das cantinas escolares, com o duplo objetivo de melhorar a nutrição das crianças em idade escolar e apoiar a produção agrícola local”, explicou.
Entre outras atividades desenvolvidas na Guiné-Bissau, o PAM está a trabalhar com pequenos agricultores nas regiões de Gabu, Bafatá e Quinara na intensificação da produção das culturas de arroz, através de uma parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e Ministério de Agricultura. No campo da nutrição, o PAM está a apoiar 21.000 crianças de 5 a 59 meses de idade através distribuição de alimentos nutritivos especializados para o tratamento e prevenção da desnutrição.
Embora estes esforços proporcionem sucesso a algumas das pessoas gravemente vulneráveis, é contra um cenário global desafiante em que o número de pessoas com fome aguda continua a aumentar, exigindo uma ação global concertada para a paz, estabilidade económica e apoio humanitário contínuo para garantir a segurança alimentar em todo o mundo.
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O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas é a maior agência humanitária do mundo, salvando vidas em emergências e, através da assistência alimentar, contribuindo para a paz, estabilidade e prosperidade das pessoas que recuperam de conflitos, de desastres e do impacto das alterações climáticas.
13 de outubro de 2022
Charlotte Alvarenga Alves
Communication Officer
World Food Programme
Guinea-Bissau, Bissau