© LusaNotícias ao Minuto 18/08/21
Três destacados democratas no Senado dos Estados Unidos pediram ao Presidente do seu próprio partido, Joe Biden, explicações para a retirada caótica das tropas norte-americanas do Afeganistão, comprometendo-se a iniciar investigações.
Os três senadores são o presidente da Comissão de Relações Externas do Senado, Bob Menendez, o responsável da Comissão dos Serviços Secretos, Mark Warner, e o líder da Comissão das Forças Armadas, Jack Reed.
Em comunicado divulgado na terça-feira, Menendez disse estar "desapontado" por a administração de Joe Biden "claramente não ter avaliado com precisão as implicações de uma retirada rápida".
"Estamos agora a assistir aos resultados horríveis de muitos anos de fracassos políticos e dos serviços de informações", disse o senador, nascido em Cuba, que manteve uma posição independente em matéria de política externa, não hesitando em criticar algumas das decisões de Biden.
Enquanto presidente da Comissão de Relações Externas, Menendez disse que organizará uma audiência no Senado para avaliar as negociações "falhadas" da administração de Donald Trump (2017-2021) com os talibãs, que culminaram num acordo de retirada das tropas norte-americanas, quase 20 anos após os ataques de 11 de Setembro.
Essa audiência terá também como objetivo examinar a execução "falhada" desse acordo pela atual administração, acrescentou Menendez.
O presidente da Comissão das Forças Armadas no Senado, Jack Reed, também anunciou na terça-feira que aquela comissão vai realizar audições para perceber "o que correu mal" no Afeganistão.
Já o presidente da Comissão dos Serviços Secretos do Senado, Mark Warner, disse, na segunda-feira, que trabalhará com outros legisladores para fazer as perguntas "duras e necessárias" sobre a razão pela qual os Estados Unidos não estavam preparados para lidar com o avanço rápido dos talibãs e o colapso do governo afegão.
"Devemos essas respostas ao povo americano e a todos aqueles que tanto lutaram e sacrificaram", afirmou Warner.
As declarações dos três senadores refletem a frustração sentida no Partido Democrata sobre a saída precipitada do Afeganistão, com imagens de desespero no aeroporto de Cabul de afegãos que tentavam escapar aos talibãs.
Joe Biden disse na segunda-feira que defendia "firmemente" a decisão tomada.
"Depois de 20 anos, aprendi com relutância que nunca é um bom momento para retirar as forças [norte-]americanas", sublinhou.
Segundo uma sondagem divulgada na terça-feira, o apoio dos norte-americanos à retirada das suas tropas do Afeganistão caiu drasticamente com a chegada dos talibãs ao poder, com metade dos inquiridos a desaprovar a forma como Joe Biden geriu a situação.
Apenas 49% dos 1.999 inquiridos pelo 'Politico' e 'Morning Consult', entre 13 e 16 de agosto, apoiaram a decisão do Presidente dos Estados Unidos de sair daquele país da Ásia Central.
Em abril, quando Joe Biden anunciou que todos os soldados norte-americanos iam deixar o Afeganistão, a aprovação era de 69%.
Mesmo entre os eleitores democratas, só 53% aprovam a gestão da saída do Afeganistão por Joe Biden, números longe da habitual popularidade dentro do partido, que costuma "situar-se entre os 70 e 80%", apontaram os autores da sondagem.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
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Por LUSA 18/08/21 Os militares norte-americanos descobriram restos humanos no trem de aterragem do avião militar invadido por afegãos em pânico no aeroporto de Cabul na segunda-feira, revelou a Força Aérea dos EUA, que está a investigar o incidente.
"Para além dos vídeos colocados online e dos relatos de imprensa de pessoas que caíram do avião durante a partida, foram encontrados restos humanos no trem de aterragem do C-17, quando aterrou na Base Aérea de Al Udeid, no Qatar", disse a porta-voz da Força Aérea dos EUA, Ann Stefanek.
"A investigação será minuciosa para que possamos obter todos os factos sobre este trágico incidente", acrescentou em comunicado.
A Força Aérea norte-americana irá rever todos os vídeos que circulam nas redes sociais do avião de transporte C-17, que centenas de pessoas perseguiram, algumas tentando desesperadamente agarrar-se aos flancos ou às rodas. Outro vídeo mostrou a mesma aeronave em voo sobre Cabul e aquilo que parecia serem duas pessoas a cair da mesma.
A porta-voz da Força Aérea dos EUA não adiantou um número total de mortos nem confirmou relatos de que uma pessoa foi esmagada pelas rodas do avião antes da descolagem.
O C-17 tinha transportado para Cabul equipamento para os reforços militares americanos, enviados para o Afeganistão para assegurarem evacuações civis.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
Porém, o caos instalou-se na segunda-feira no aeroporto de Cabul com muitas pessoas a tentarem fugir do país.