© Getty ImagesPOR LUSA 09/12/22
O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) anunciará na próxima semana o apoio à adesão da União Africana como membro permanente do G20, numa altura em que a influência da Rússia e da China aumentou no continente.
O anúncio será o remate da Cimeira de Líderes EUA-África, que começa na terça-feira, em Washington, e decorre até quinta-feira, segundo Judd Devermont, diretor do Conselho de Segurança Nacional para os Assuntos Africanos, numa declaração.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, convidou 49 líderes africanos a participar na cimeira de três dias em Washington.
"Há muito que a África deveria ter um assento permanente nesta organização", disse Devermont. "Precisamos de mais vozes africanas nas conversações internacionais sobre economia global, democracia e governação, alterações climáticas, saúde e segurança".
A União Africana (UA) representa os 54 países do continente e o G20 é composto pelas principais economias industriais e emergentes do mundo e representa mais de 80% do Produto Interno Bruto mundial. A África do Sul é atualmente o único membro africano do G20.
A iniciativa foi liderada pelos Presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e do Senegal, Macky Sall, que chegaram a pedir diretamente a Biden o apoio à adesão da União Africana em nome dos Estados africanos.
A representação no G20 permitirá aos países africanos pressionar mais eficazmente o grupo a implementar a sua promessa de ajudar o continente a lidar com as alterações climáticas.
O Presidente sul-africano, na reunião do G20 do mês passado, na Indonésia, sublinhou a importância da adesão da União Africana para a realização dos objetivos climáticos.
"Apelamos à continuação do apoio do G20 à Iniciativa Africana para as Energias Renováveis como meio de trazer energia limpa ao continente nos termos africanos", disse Ramaphosa na reunião.
"Isto pode ser melhor alcançado com a adesão da União Africana ao G20 como membro permanente", acrescentou.
Devermont disse que o anúncio se baseia na estratégia da administração para a África subsaariana e na sua defesa de acrescentar membros permanentes de África ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Este empurrão surge numa altura em que os países africanos foram duramente atingidos pelo impacto económico da invasão russa na Ucrânia. Este cenário faz com que seja difícil aos EUA ganharem o apoio dos Estados africanos durante os votos da ONU que condenam a Rússia pela sua invasão e anexação dos territórios ucranianos.