© ReutersPOR LUSA 23/08/23
A Turquia reafirmou hoje o seu apoio à integridade territorial da Ucrânia, perante a agressão russa, aproveitando para pedir a Moscovo, com quem mantém relações próximas, para libertar os ativistas tártaros detidos na península da Crimeia anexada.
Numa comunicação por vídeo na cimeira da Plataforma da Crimeia, que hoje se realizou em Kyiv, com a participação de líderes de várias dezenas de países, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu continuar a lutar pela paz, num esforço de mediação entre a Ucrânia e a Rússia, com quem continua a manter relações estreitas.
"Reafirmo o nosso apoio à integridade territorial da Ucrânia, incluindo a Crimeia", assegurou Erdogan, que manifestou a sua preocupação com o destino do povo tártaro, de origem turca e oriundos da Crimeia sob ocupação russa, pedindo às autoridades de Moscovo para libertarem os ativistas tártaros ali detidos.
Após a primeira intervenção da cimeira, reservada ao Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, de visita a Kyiv, também a Presidente da Hungria, Katalin Novák, insistiu na necessidade de preservar "a soberania, a independência e a integridade territorial da Ucrânia".
De igual, forma, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, apelou à urgência em encontrar uma solução para o conflito na Crimeia, anexada pela Rússia em 2014 e que continua a ser um dos polos cruciais da invasão iniciada em fevereiro de 2022,
Também por vídeo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, lembrou que, tal como fez na Crimeia em 2014, a Rússia está a tentar anexar ilegalmente regiões ucranianas, como Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.
"A Rússia está a tentar roubar a identidade de cidadãos ucranianos, a raptar crianças e a retirar pessoas das suas casas", disse Michel, referindo-se em particular à questão do povo tártaro.
"A União Europeia continuará a apelar à plena responsabilização por estes crimes, incluindo o crime de agressão, e não reconhecerá qualquer tentativa ilegal de alterar o estatuto dos territórios da Ucrânia, incluindo a República Autónoma da Crimeia e a cidade de Sebastopol", prometeu o líder do Conselho Europeu.
O Presidente da República português defendeu hoje que qualquer discussão sobre o futuro da Ucrânia que exclua a questão da península da Crimeia é "um ruído" disfarçado de apoio à população do país invadido.
"Não é possível separar a questão da Crimeia da invasão total do território da Ucrânia. Qualquer tentativa, subjetiva ou objetiva, de separar as duas questões representa não uma ajuda, não um apoio à população ucraniana, mas um ruído que é desnecessário", considerou Marcelo Rebelo de Sousa.
Ladeado pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que o conflito de hoje é indissociável da invasão da Crimeia em 2014, considerado o primeiro momento da violação da integridade territorial daquele país pela Federação Russa.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.