segunda-feira, 19 de junho de 2023

Discriminação da mulher no Afeganistão pode ser crime contra a humanidade

© DANIEL LEAL/AFP via Getty Images

POR LUSA    19/06/23 

Genebra, Suíça, 19 jun 2023 (Lusa) -- Peritos da ONU alertaram hoje que as mulheres e as raparigas no Afeganistão são vítimas de discriminação que pode constituir uma perseguição baseada no género e ser considerada um "crime contra a humanidade".

"As autoridades parecem estar a governar através de uma discriminação sistemática com a intenção de submeter as mulheres e as raparigas a um domínio total", disse o relator da ONU para os direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett.

A discriminação no Afeganistão pode ser classificada como "apartheid de género", criando uma segregação semelhante à da raça, disse Bennett ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra, Suíça, citado pela agência espanhola EFE.

Os talibãs reconquistaram o poder no Afeganistão 20 anos depois de terem sido derrubados por uma intervenção militar dos Estados Unidos, a que se seguiu uma ocupação do país por uma força internacional até agosto de 2021.

No relatório, a ONU refere que a imposição de regras como o uso obrigatório do véu islâmico e a política do 'maharam' (guardião masculino) constituem "um ambiente de controlo" que impede a circulação livre fora de casa.

Os relatores apelam à comunidade internacional e à ONU para que prestem mais atenção a esta discriminação generalizada, que dizem ter conduzido a um aumento dos casamentos forçados de crianças e à venda de crianças.

As conclusões do relatório baseiam-se num inquérito realizado a mais de duas mil mulheres afegãs de diferentes origens.

A pesquisa também revelou que quase metade das inquiridas conhecia pelo menos uma mulher ou rapariga que tinha sofrido de ansiedade ou depressão desde o regresso dos talibãs.

"A deterioração da saúde mental é uma preocupação séria para todas as mulheres com quem falámos", comentou o Grupo de Trabalho sobre a Discriminação contra as Mulheres.


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