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POR LUSA 19/06/23
A Nigéria, a maior e mais populosa economia africana, introduziu uma nova taxa de câmbio única, acabando com o mercado paralelo, uma das várias medidas implementadas pelo novo presidente, que os analistas aprovam apesar dos custos sociais.
"O regime de múltiplas taxas de câmbio era uma grande distorção ao funcionamento do mercado", disse o responsável pelos Assuntos Fiscais na PwC em Abuja, Taiwo Oyedele, à agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
Tal como acontecia em Angola até 2018, a Nigéria tinha uma taxa de câmbio fixa para o naira, a moeda local, mas o mercado paralelo praticava preços muito mais altos, o que introduzia dificuldades para os operadores no mercado, principalmente as empresas estrangeiras que eram confrontadas com vários valores diferentes para a moeda local.
A substituição do governador do banco central da Nigéria, que entretanto foi preso, e a remoção dos subsídios aos combustíveis, são duas das medidas que o novo Presidente, Bola Tinubu, está a implementar na maior economia da África subsaariana, no âmbito de um programa de reforma económica para equilibrar as contas públicas do país.
A utilização de diferente taxas de câmbio "era a principal razão para os investimentos em projetos e o investimento direto estrangeiro ter basicamente parado nos últimos anos", acrescentou o fiscalista, considerando que "resolver este problema crítico vai desbloquear novos investimentos que vão levar ao crescimento, geração de emprego e receitas para o governo poder atender às necessidades dos cidadãos".
Para já, a introdução de um câmbio único em função do valor de mercado levou a uma desvalorização significativa, com a moeda local a cair para de 460 para 755 nairas por dólar logo na quarta-feira, e recuperando ligeiramente até ao final da semana.
Outra das medidas já aplicadas por Bola Tinubu, que escolheu o seu vice-presidente para liderar uma comissão de reforma económica do país, é a remoção dos subsídios aos combustíveis, seguindo o exemplo de Angola, que também a está a retirar gradualmente o valor subsidiado pelo Estado na compra de gasolina.
A população ficou assim obrigada a pagar mais pelo combustível de que necessita não só para se deslocar, mas também para garantir energia para os geradores caseiros, o que, aliado à desvalorização do naira, fará os preços dos alimentos importados subir ainda mais. Para o analista Kalu Aja, "vai causar uma dor significativa na população a curto prazo, mas vai corrigir a economia".
Para o economista da consultora Capital Economics Jason Tuvey, as duas medidas impopulares, mas necessárias, comprovam a determinação do novo Presidente: "Vindo tão rapidamente depois da remoção dos subsídios aos combustíveis, a desvalorização da naira e a unificação das várias taxas de câmbio manda um sinal muito claro de que a Nigéria está a afastar-se das políticas do Presidente Buhari que distorciam o mercado, o que foi bem recebido pelos investidores".
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