quinta-feira, 27 de agosto de 2020

ÁFRICA: ECONOMIA - Presidente cessante do BAD formaliza recandidatura

@Lusa
Por LUSA   26/08/20
O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, anunciou hoje que está disponível para um novo mandato à frente da instituição financeira, tendo feito um balanço positivo dos primeiros cinco anos.

"Nestes Encontros Anuais, eu ofereço-me a vós, nossos governadores, para vossa consideração para um segundo mandato, enquanto presidente", afirmou Adesina, dizendo que o faz "com humildade" e com "um forte sentido de responsabilidade e compromisso".

Os governadores do banco, tradicionalmente os ministros das Finanças e da Economia dos Estados-membros do BAD, reúnem-se esta semana, pela primeira vez de forma virtual, nos Encontros Anuais, que deverão ficar marcados pela reeleição de Adesina para um segundo mandato de cinco anos.

No seu discurso, Akinwumi Adesina assinalou que África tem enfrentado dificuldades, destacando a pandemia de covid-19, que obrigou à realização dos encontros de forma virtual.

"A pandemia de covid-19 está a espalhar-se depressa e a causar muitos danos e dificuldades nunca vistas", frisou o presidente do BAD, sublinhando as vidas e postos de trabalho perdidos, assim como as "muito profundas e vastas" perdas económicas pelo continente.

Nesse sentido, Adesina apelou para a união entre os Estados-membros.

"A nossa humanidade coletiva nunca foi tão desafiada (...), a nossa interdependência, a nossa necessidade de estarmos juntos, unidos e focados, nunca foi mais importante", disse.

Adesina sublinhou que a união "tem sido sempre a força do Banco Africano de Desenvolvimento", lembrando o aumento de capital em outubro de 2019, de 93 mil milhões de dólares (73,7 mil milhões de euros ao câmbio atual) para 208 mil milhões de dólares (176,1 mil milhões de euros) e o reforço do financiamento, em junho, do Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD) em 35%.

Nos esforços para o combate à pandemia, que já matou 28.934 pessoas e infetou 1,2 milhões desde a deteção do primeiro caso, em fevereiro, Adesina destacou o Instrumento de Resposta à covid-19, estabelecido em abril no valor de 10 mil milhões de dólares (8,4 mil milhões de euros), assim como a emissão, em março, de 3 mil milhões de dólares na bolsa de Londres em títulos de dívida de cariz social, tendo assegurado a manutenção do 'rating' AAA (melhor nível) por parte da Fitch e da Standard & Poor's ainda no primeiro semestre.

Segundo uma nota enviada à Lusa, até 20 de agosto, tinham sido aprovados 2,3 mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros) para os países-membros do BAD e mais 1,1 mil milhões de dólares (930 milhões de euros) já tinham sido entregues aos países-membros do FAD.

"Estas ações refletem a nossa ambição, o nosso compromisso inabalável e a responsabilidade incessante de apoiar, estabilizar e fortalecer as economias africanas", vincou Adesina.

O atual presidente do BAD reconheceu ainda estar "orgulhoso" do trabalho e da organização do banco, fazendo um balanço dos cinco anos de mandato.

"O tempo passou rápido. Rápido foi também o nosso impacto nestes cinco anos para os progressos de África: 18 milhões de pessoas passaram a ter acesso a eletricidade, 141 milhões de pessoas beneficiaram da melhoria das tecnologias agrícolas para a segurança alimentar, 15 milhões de pessoas têm acesso a financiamento, 101 milhões de pessoas têm acesso a melhores transportes, e 60 milhões de pessoas ganharam acesso a água e saneamento", enumerou.

A reunião deste ano do BAD surge na sequência das críticas feitas pelos Estados Unidos da América à decisão da comissão de ética do banco, que ilibou Akinwumi Adesina das acusações feitas por um conjunto anónimo de funcionários sobre favorecimento de familiares e atribuição de contratos.

A votação dos governadores sobre a reeleição de Adesina, o único candidato à liderança do mais importante banco multilateral africano acontece na quinta-feira, último dia destes encontros que acontecem numa altura de grande incerteza e significativas dificuldades económicas e financeiras decorrentes da pandemia e da descida do preço das matérias-primas, de que muitos países dependem para equilibrar os orçamentos.

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